12 janeiro 2007

À descoberta de Freixiel

O passeio a Freixiel já estava a faltar. É uma das maiores aldeias do concelho e também uma das mais ricas em história. Vila e sede de concelho desde o séc. XII (até 1836), aí se fixaram muitas famílias abastadas havendo um número significativo de casas senhoriais.
Conhecia um pouco de Freixiel, posso até dizer que é a aldeia que melhor conheço do concelho de Vila Flor. Já aí joguei futebol várias vezes, frequentei os arraiais ou passei em visita turística com a família.
Saí de Vila Flor um pouco mais tarde que o habitual, por isso não fiz praticamente nenhuma paragem até chegar a Freixiel. Quando atravessei a Ribeira Redonda bem me apeteceu ficar por ali. Tenho a certeza que essa ribeira me proporcionaria boas imagens, mas continuei.
Junto ao cruzeiro, cortei à esquerda, passei por trás do cemitério em obras e pedalei para a famosa Forca. O caminho está calcetado (já faz algum tempo). Na Forca havia algumas novidades: placas explicativas do monumento e da história da própria aldeia. Numa placa pode ler-se que o lugar se chama “Portela da Forca” e que estamos perante um imóvel de interesse público (desde 1958). Num painel há uma bonita fotografia panorâmica da aldeia, assinalando diversos pontos de interesse. Não é fácil encontrar tanta informação nos pontos turísticos, nem mesmo na sede de concelho. Faço apenas um reparo: o painel com a vista panorâmica da aldeia tapa parcialmente a forca e estraga as fotografias. Não sei se era possível fazer melhor, mas incomodou-me.
Desci um pouco e pela Rua do Ribeirinho cheguei à Fonte Romana e Fonte das Bicas, não sem antes ter passado por uma janela manuelina que já tinha fotografado há quase 20 anos atrás.
A Fonte Romana, tal como outras no concelho, é medieval. O potencial fotogénico deste agradável conjunto perde-se num emaranhado de postes e fios eléctricos. Fiz um conjunto de fotografias e dirigi-me para o centro da aldeia. Para mim o centro da aldeia é o Pelourinho. Símbolo da autonomia administrativa, em granito, com mais de seis metros de altura é encimado por um capitel quadrangular. Uma das faces apresenta-se picada. Diz o povo que foi aquando das invasões francesas, mas, o mais certo, é esse facto estar ligado a mudanças políticas e administrativas.
Como habitualmente, neste lugar, um grupo de idosos jogava as cartas. Mais ao longe ainda se ouviam os gritos das crianças no recreio da escola.
Atravessei a ribeira que vem da Cabreira e segui em direcção ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário. Da última vez que aí estive, andavam a pavimentar o largo. E eu que aqui sujei tanto os meus sapatos nos arraiais do Verão…
À medida que o Sol se aproximava de Folgares, as casas iam ganhando tonalidades mais quentes e o Vale da Cabreira enchia-se múltiplos planos em tons de azul-verde. Os meus olhos (e a câmara) rodavam, não querendo perder nada, desde a “porta” que se abre para o Rio Tua, percorrendo o centro da aldeia, seguindo pela Rua Queimada para subir pelo vale até ao alto do Pé-de-cabrito.
Quando algumas chaminés começaram a cuspir fumo compreendi que estava na hora de sair dali.
Cheguei de novo ao Pelourinho, a geada já queimou os Manueis que aqui fotografei há algum tempo atrás. Ali perto está a Associação e a Junta de Freguesia. Lembrei-me do GAC (Gabinete de Apoio ao Cidadão). Será que é ali que funciona?
Não entrei, as sombras já começavam a cobrir as ruas de paralelo (Casa do Concelho) que me conduziram por cafés, casas brasonadas, recantos cheios de história com pedras que testemunharam a evolução dos tempos e das pessoas.
Dirigi-me à igreja matriz. Perto dela está a Capela de Santo Cristo onde algumas pessoas, de semblante carregado, velavam algum ante querido falecido. A igreja domina todo o vale à sua volta. De qualquer ponto que olhemos para Freixiel, ela está lá, elevada, marcando o ritmo do tempo e convidando à oração.
A luz faltava. Pedalei tentando alcançar a os últimos raios de Sol que subiram rapidamente da Ponte do Vieiro, pela Quinta da Serra até ao talefe.
Aqui e além parava. Olhava para trás e dividia-me entre a vontade de ficar a gozar toda a paz e beleza que o cenário me transmitia e a necessidade de subir, pouco a pouco até ultrapassar a Ribeira de Brunhais. Depois, foi “voar” até casa.

Quilómetros percorridos de bicicleta: 24
Total de quilómetros de bicicleta: 269
Total de fotografias: 5070

3 comentários:

Anónimo disse...

Força Aníbal,estás a fazer um belo trabalho, tens que dar a conhecer ao Mundo os outros concelhos Nordestinos. Um Abraço R. Salvador

Anónimo disse...

Olá Aníbal!
Obrigada! Gostei! Grande foto, a da Forca.
Concordo com umas fotos no ribeiro da Redonda, lá mais prá frente...Tenho fotos das minhas filhas, nas margens, há umas cinco Páscoas atrás, bem bonitas!!!! Mesmo com um caudal considerável, o leito é muito rico de verde... era....e de flores.
Um "reparosito": "as ruas de paralelo", não são da rua do Concelho, são da rua Grande.
Grande abraço.
EL

Anónimo disse...

Olá, eu sou de Freixiel e senti uma enorme alegria ao ver a minha «terrinha» num blog. Até porque no momento estou longe (Madeira)e esta é uma forma de me aproximar da minha terra. Estou a adorar ver as fotos. Por favor, continue!!!
Até breve.
Rosa Gouveia