30 março 2007

Êxtase


No dia 25 de Março, quando voltava de um passeio pelo Vale da Vilariça, subi (à descoberta) ao monte a Poente de Sampaio onde se encontra o marco geodésico de Santa Marinha. Na altura fiquei fascinado com a vista e prometi a mim mesmo voltar o mais rápido que pudesse. Para fotografar, o mês é importante, a semana, o dia ou mesmo a hora do dia. Sabia que em pouco dias a paisagem mudaria completamente e não queria perder o espectáculo que vi.
Como o passeio era curto, até levei o tripé, sempre dá uma ajuda para fazer fotografias panorâmicas.
No cimo do monte há um planalto, aproximadamente com 500 metros de cumprimento, 60 ou 70 metros de largura, que se estende perpendicularmente à posição do vale. Na vertente virada a Sampaio o declive é mais suave e florestado com pinheiro bravo. Na vertente a Poente o planalto termina abruptamente em enormes penhascos que algumas aves de rapina aproveitam para vigiarem uma grande área em redor, procurando alimento.
No planalto erguem-se pequenos conjuntos de rochas, aqui e além, mas há espaços bastante direitos e limpos.

Toda a área foi tomada de assalto pela Primavera. As giestas brancas (Cytisus multiflorus) está no auge de floração. Intercalando com a esteva (Cistus ladaniferus e outras), preenchem quase todo o planalto. Aqui e ali surgem pequenas manchas de urze (Erica cinérea) e mais raramente aparecem também as carquejas (Pterospartum tridentatum) e alguns pirliteiros (Crataegus monogyna). Há também rosmaninho (Lavandula stoechas), mas pouco, e um infindável colorido de plantas floridas mais pequenas que não consegui identificar. A Urze está já na fase descendente de floração mas todas as outras estão na máxima pujança.
Pinheiros (Pinus pinaster), carrascos (Quercus coccifera), sobreiros (Quercus suber) e zimbros (Juniperus communis), quebram na paisagem a linha rasteira dos arbustos.
Como se este manjar da natureza não fosse já suficiente, levantam-se os olhos e caímos de joelhos com tanta beleza! São 360 graus de verde, coroado por bonitas nuvens brancas incrustadas num num azul, com centenas de pontos a desfiarem a atenção. Aldeias, quintas, montanhas, estradas, olivais, tudo daqui se domina, tudo parece pequeno, só o Vale da Vilariça se oferece, tudo recebe em seu regaço e a tudo dá vida. Até os penhascos estão cheios dela!
Perdi-me percorrendo o vale, da Foz do Sabor ao alto da Serra de Bornes, visitando cada aldeia, percorrendo cada estrada e ribeiro. Dois pequenos piscos olhavam para mim, admirados, do alto do marco geodésico! Quando subi ao marco geodésico (460 metros de altitude), já várias horas tinham passado desde que tinha chegado ao planalto, 400 metros atrás! Montei o tripé e ensaiei as panorâmicas com 360º.

Mais à frente estão ruínas de uma construção robusta que pode ter sido uma capela. As paredes são largas, feitas de xisto e barro, mas a porta assentava em granito bem aparelhado. Ao lado desta construção rectangular, orientada para Poente, há vestígios de outra estrutura.
O monte chama-se Santa Marinha e o marco geodésico Marco de Santa Marinha, mas não encontrei nenhuma referência a uma capela nos livros .
Quando cheguei à ponta do planalto, depois das ruínas, avistei a Junqueira. As nuvens semeavam grandes manchas escuras em todo o vale, estava na hora de regressar. O caminho de volta foi mais rápido mas não deixou de ser fantástico abeirar-me dos penhascos, admirar a obra do homem, lá ao fundo, olhar para as minhas costas e admirar a obra da natureza. Foi esta última que me manteve mais de quatro horas neste pedaço de terra com cerca de 3000 metros quadrados, em silêncio, adorando os elementos, tal como o homem há milhares de anos o fazia.

29 março 2007

Meireles


Meireles é uma povoação pequena, situada na estrada que desce para o Cachão, no sopé do monte de Nossa Senhora da Assunção, já perto do vale. Pertence à freguesia de Vilas Boas.
Face à paisagem que a rodeia, parece ainda mais pequena, perdida lá no fundo das encostas. É assim que eu a vejo e é assim que aparece nesta fotografia. Toda a paisagem envolvente conduz o olhar para um ponto, o lugar onde se situa a aldeia. De um lado o Cabeço, de onde Nossa senhora da Assunção vela peles almas dos habitantes de muitos quilómetros em redor, do outro, a Serra do Faro, com uma vista magnífica para o Rio Tua e onde espero ainda subir um dia destes. Lá ao fundo, no centro da fotografia, na linha do horizonte, a Serra de Bornes, atenta, não se deixando destronar nesta disputa das alturas.

26 março 2007

Um cesto de coisas de valor



Trago neste cesto
Coisas de valor
Dá-me cá o cesto
Dá-me o teu amor

Meu amor não dou
Fica só comigo
Roda rapariga
Que eu vou contigo

Trago neste cesto
Amor e Alegria
Represento o Bairro
De Santa Luzia

Trago neste cesto
Coisas de valor
Dá-me cá o cesto
Dá-me o teu amor

Meu amor não dou
Fica só comigo
Roda rapariga
Que eu vou contigo

Trago neste cesto
Perfumes da Terra
Represento o Bairro
Da Rua da Serra.

Canção do Grupo de Vila Flor
Cortejo de Oferendas - 1951

24 março 2007

Perdido no Vale da Vilariça II



Hoje a saída foi mais uma vez sem destino definido. O objectivo era pedalar. O trabalho pesou mais um pouco e, desde domingo passado, que não andei de bicicleta. Não levei a máquina fotográfica. Sei que, com ela, o pedal fica para segundo plano.
Quando dei por mim estava a caminho da Trindade. Pensei ficar por Benlhevai e procurar vestígios históricos mas segui até à Trindade. Entrei na aldeia. Não me demorei muito e comecei a descer para Valbom. Deixei a estrada nacional e desci à aldeia. A população esperava o padre para a celebração da eucaristia. Desci toda a aldeia e continuei por um caminho até à Barragem da Burga. Como agradecia uma máquina fotográfica!
Ladeei a barragem. Há um grande cruzeiro de granito embelezado com um canteiro de amores-perfeitos. É um local calmo, agradável, onde teria ficado mais algum tempo de boa vontade.
Comecei a subir para Vilares da Vilariça. A posição e exposição desta aldeia é fantástica. Tal como previa, o Vale da Vilariça tem outro aspecto visto daqui. Parece mais largo, mais verde mas mais irregular, cheio de pequenos montes. A vista é bonita, mesmo quando as amendoeiras perderam as suas flores.
Tomei a estrada de Pombal mas rapidamente a larguei para me aventurar por caminhos em pleno coração do Vale. Cruzei várias ribeiras, segui em várias direcções tentando tomar a direcção da foz, para Sul. O meu sentido de orientação funcionou bem e dei comigo em Santa Comba da Vilariça. Bem perto da aldeia encontrei a Capela de S. Jorge. Anda em obras. As paredes estão novas, caiadas. O chão também foi reposto de novo. Tudo está pronto para receber de volta o santo. Até o jardim em volta se encontra cheio de lírios floridos.

Nem sequer entrei na aldeia. Aquela estrada parece não ter fim! Se de carro é longa experimentem de bicicleta. Passei Assares, Lodões e cheguei a Sampaio. As pernas já davam sinais de alguma fadiga mas ainda me faltava uma última aventura.
Ao subir de Sampaio para Vila Flor, antes de chegar à Quinta do Calhau, virei à esquerda e comecei a subir, no meio do eucaliptal ao cimo do monte onde se situa o marco geodésico de Santa Marinha. O local tem uma altitude máxima de 463 metros, mas, curiosamente, o Marco não se encontra no ponto mais alto, mas num local mais avançado em relação ao vale. Encontrei as ruínas daquilo que pode ter sido uma capela, talvez de Santa Marinha. O local daria um santuário lindíssimo. Há um pequeno planalto no alto da montanha. Saltei sobre as fragas em direcção ao Vale. Abeirei-me do precipício e apreciei uma das mais bonitas vistas do Vale da Vilariça. Ocupando uma posição quase central, é possível ver o vale nascer no sopé da Serra de Bornes na Burga, percorre-se um grande extensão até o ver desaparecer lá para os lados da Foz. Fez-me lembrar de um dia, há mais de 15 anos, em que estive na Senhora do Castelo, no lugar de S. João, na Adeganha. É também um miradouro fantástico para o Vale!
Mais uma vez a noite surpreendeu-me, sentado no alto dos rochedos, questionando a velocidade com que vivemos, sem tempo para saborear os espaços, que, de tão perto que estão, não reparamos neles. Tenho que voltar a este local, mas da próxima, acompanhado pela objectiva da câmara (que não me deixa mentir).
A fotografias foram tiradas do arquivo (não faltam!).

Quilómetros percorridos neste percurso: 46
Mapa do percurso
Total de quilómetros de bicicleta: 749
Total de fotografias: 15 040

23 março 2007

Vila Flor passado e presente



Quem ainda não visitou a Exposição Vila Flor em Memória – Cortejo de Oferendas 1949-1951 deve aproveitar a oportunidade, antes que a mesma seja encerrada. É uma boa amostra da Vila Flor de outros tempos. As fotografias são deliciosas e algumas com muito boa qualidade.
Hoje transcrevo uma canção do Grupo de Vila Flor, do Cortejo das Oferendas de 1949.
Acompanho os versos do vira com duas fotografias da Vila. A primeira é uma vista muito conhecida, mas sempre bonita, de uma zona que bem podia apresentar este especto em 1949. A segunda representa uma das ruas mais antigas de Vila Flor, bem perto do Arco de D. Dinis, onde se pensa que tenham vivido judeus, há alguns séculos atrás.

I
Das Vilas de Trás-os-Montes
Para mim é um amor
Andar com ela ao colo
Aos beijos a Vila Flor

Refrão:
Ó vira que vira
E torna a virar
As voltas do vira
Só eu as sei dar

II
As capelinhas do Lemos
E a de São Sebastião
Os mais lindos arraiais
Dos tempos que já lá vão

III
Cachopas entrai
Na roda que vira
Quem entra não sai
Na roda do vira

IV
Rapazes e raparigas
Dançai o vira ligeiro
Ao som das vossas cantigas
O vira é traiçoeiro

22 março 2007

Solar dos Aguilares


Pretendia começar uma volta pelos solares mais importantes do concelho. Depois de ler um pouco sobre o assunto optei por começar por este - Solar dos Aguilares. Além de ser dos mais antigos senão o mais antigo (possivelmente do séc. XV aparecendo também como do séc. XIII) , é sem dúvida aquele que tem um papel de maior relevo na história do concelho.
Este solar situa-se no Largo Dr. Alexandre de Matos (e na Rua Baltazar Correia de Morais). O nome de Solar dos Aguilares vem-lhe do facto de ter pertencido aos Aguilares, primeiros donatários de Vila Flor.
Apresenta as armas reais na fachada principal e na fachada a poente a Flor de Liz rodeada de quatro águias (símbolo dos Sampaios) e outro brasão com a Flor de Liz, símbolo da vila.
Neste edifício funcionaram os Paços do Concelho até 1937. Aqui funcionou também a prisão a Biblioteca e o Museu.
Actualmente funciona apenas como Museu, fundado em 1957, tendo sido alvo de alguma interversão no interior mas mantendo toda a traça do edifício.
Em frente no "Largo do Pelourinho" esteve em tempos o Pelourinho de Vila Flor que depois foi desmontado, abandonado e restaurado em 1937, ocupando o lugar onde actualmente se encontra.

21 março 2007

Ó Senhora da Assunção


Tal como alguém recordou, hoje, além de se celebrar o Dia Mundial da Floresta, é também o Dia Mundial da Poesia. Deixo um conjunto de quadras recolhidos por Sofia Gonçalves, dedicadas à Nossa Senhora da Assunção (Santuário de Vilas Boas).

Ó Senhora da Assunção
Que estais lá no cabecinho
Botai a vossa bênção
A quem vai cá no caminho.

Ó Senhora d’Assunção
Que estais no cimo do vale,
Bem podeis vós, Senhora,
Dar saúde a quem tem mal.

Ó Senhora d’Assunção
Quem vos varreu o terreiro?
As meninas de Vilas Boas
Com raminhos de lilás.

Ó Senhora d’Assunção
Senhora tão pequenina
Comadre da minha mãe
Senhora minha madrinha.

Ó Senhora da Assunção
Que dais aos vosso romeiros?
- Dou-lhe água da minha fonte
Sombra dos meus castanheiros.

A Senhora d’Assunção
Tem um galo no seu sino
Cada vez que o galo canta
Ela afaga o Menino.

A Senhora d’Assunção
Tem um tear à janela
Quando o sol vem porta a dentro
Todo o fiado lhe quebra.

A senhora d’Assunção
Tem um vestido de seda
Que lhe compraram os anjos
Na feira de Carrazeda.

A Senhora d’Assunção
Tem uma fita amarela
Que lhe trouxeram os soldados
Quando vieram da guerra.

Ó Senhora d’Assunção
Eu p’ró ano lá hei-de ir,
Ou casado ou solteiro
Ou mulinho de servir.
Sofia Gonçalves

A chegada da Primavera em terra que é Flor


A chegada da Primavera sempre foi e será um momento para festejar. O Equinócio de Primavera é um acontecimento muito comemorado em várias culturas onde a nossa Páscoa vai buscar algumas raízes.
Numa vila que é Flor, a chegada de Primavera tem um significado especial. Quando D. Dinis passou pela Póvoa de Além Sabor a caminho de um encontro amoroso nas Terras de Miranda, deve te-lo feito nesta altura do ano, porque decidiu mudar-lhe o nome. No foral concedido em 24 de Maio de 1286, pelo próprio D. Dinis, é imortalizado o nome - Vila Flor.
Os tempos mudaram. Ninguém passa por estas terras de charrete a caminho de um encontro amoroso, com noivas do outro lado da fronteira. Mas, a terra, mantém o mesmo encanto, o mesmo colorido, o mesmo perfume.
A mostrá-lo está este bouquet em versão moderna, (Wallpaper) de flores selvagens, que eu "colhi" durante o mês de Março.

19 março 2007

No dia 18 de Março fui a Freixiel



No dia 18 de Março fui a Freixiel participar na I – Feira de Gastronomia, Artesanato e Produtos Regionais mas a vertente descoberta e aventura não ficou descurada. Saí de bicicleta, a meio da manhã com o almoço na mochila. Segui até Samões e, antes de chegar a Carvalho de Egas, meti por uma caminho à direita que pensei (e bem) que me conduziria a Freixiel.
O percurso é agradável e a Natureza está cada vez mais desperta, cheia de sons, luz e cor. Já não há flores nas amendoeiras, mas, em cada palmo de terra, despontam pequenas maravilhas de todas as cores.
A certa altura, mais ou menos a meio do percurso, encontrei uma ribeira com bastantes quedas de água. Subi e desci uma parte do curso procurando um lugar para algumas fotografias. O sol do meio-dia em contraste com os pontos sombrios, não permitiu captar toda a beleza, mas vale bem a pena visitar este local.
Continuei a descida. De repente, numa curva, encontrei um bom grupo de pessoas e reconheci no meio delas alguns rostos. Tratava-se do Grupo de Montanhismo de Vila Real, na sua Marcha da Primavera – 93.ª Marcha da Juventude. Já nos tínhamos encontrado, em Dezembro, em Folgares! Troquei com eles dois dedos de conversa e continuei a descida até Freixiel, deixando-os almoçar, tranquilamente, à sombra dos sobreiros.


Entrei em Freixiel junto à Capela de S. Sebastião, a nascente da aldeia. Esta capela tem um arco gótico e foi mandada construir por D. Manuel I, no séc. XVI.
Dirigi-me rapidamente ao Largo de Pelourinho. Estava na hora de almoço e tive facilidade em fotografar os artigos expostos sem o burburinho das pessoas. Para surpresa minha, fui reconhecido, o que me valeu um bom prato de arroz doce para sobremesa do “almoço”!
Reencontrei amigos, pessoas que já conhecia e conheci novas, todas sorridentes, cheias de alegria como se deve estar num dia de festa. Conversei com o escultor Bruno, com o jovem Ricardo Magalhães, que promete dar cartas no ciclismo português, com os irmãos Fátima e Jorge, visitei o CAG (onde fui recebido com toda a simpatia) e conheci Cristiano Morais, um profundo conhecedor da história de Freixiel, do concelho de Vila Flor e de outros concelhos limítrofes.


A meio da tarde, quando se realizaram os jogos tradicionais, subi ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário. A vista da aldeia da Senhora do Rosário do Calvário é sempre deliciosa.
Antes de terminar o jogo de futebol de 5 feminino, entre Freixiel e Zedes, parti, pela estrada em direcção a Vila Flor. A frescura da noite já me apanhou pelo caminho mas ainda tive tempo para olhar para trás e registar mais uma panorâmica do pôr-do-sol com Freixiel a repousar depois de um grande dia de festa.


Quilómetros percorridos neste percurso: 23
Mapa do percurso
Total de quilómetros de bicicleta: 703
Total de fotografias: 14506

18 março 2007

Aldeias Vivas – Freixiel


No dia 18 de Março de 2007 realizaram-se em Freixiel um conjunto de actividades dinamizadas no âmbito do programa Aldeias Vivas. Este programa enquadra-se na linha de intervenção "Acções Integradas de Base Territorial – Empregabilidade", da medida 2.5, concretamente na AIBT do Douro - Eixo 2 - Programa Operacional do Norte, sob a coordenação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Norte.
A intervenção contemplada por este Programa inscreve-se no Eixo Prioritário referente às Pequenas Iniciativas Empresariais que pretendem complementar os projectos FEDER apoiados no âmbito das Medidas 2.1 a 2.4 designadamente os relacionados com as Aldeias Vinhateiras e as Portas da Terra Quente. Encontram-se integradas neste projecto duas freguesias do concelho de Vila Flor, Vilas Boas e Freixiel.
Pelas 10 horas da manhã foi aberta oficialmente a “I – Feira de Gastronomia, Artesanato e Produtos Regionais de Freixiel”. Foram montadas algumas barracas junto ao Pelourinho onde estiveram em exposição e venda um conjunto de produtos regionais e artesanato feito em Freixiel.
Numa das barraquinhas eram apresentados trabalhos em ponto de Arraiolos (tapetes, almofadas e quadros), rendas e bordados, trabalhos em ponto cruz, realizados na vertente “Comunidade Aprendente” do projecto Aldeias Vivas. Todos trabalhos realizados com grande sentido estético e mestria.
Noutra barraquinha estavam expostos produtos da terra e gastronómicos. Azeite, figos secos, nozes, azeitonas, feijão pequeno, queijo, linguiças, alheiras, económicos, rosquilhas, folares, azeite vinhos e licores.
Podiam também ser admiradas esculturas feitas em várias variedades de madeira representando essencialmente motivos religiosos. Um bonito presépio esculpido em oliveira chamava a atenção de toda a gente.
Depois de almoço, o espaço foi-se enchendo preparando-se para o tão esperado retorno do Grupo de Cantares de Freixiel. Começaram a surgir das ruas pessoas com trajes tradicionais acrescentando mais colorido à festa enquanto se ouvia no sistema de som montado na Junta de Freguesia “Hoje há festa na aldeia, vais ter que arranjar par…”.
O grupo de cantares organizou-se à entrada da aldeia (perto da igreja matriz) e fez o aparecimento no Largo do Pelourinho, onde foram recebidos com entusiasmo. Além de cantarem, fizeram uma pequena exibição de dança (dois pares) tentando acender de novo a chama que permita reactivar o Rancho Folclórico “adormecido” há quase 20 anos.
Seguiram-se os Jogos Tradicionais, com a pequenada a mostrar grande adesão.
Ao final da tarde foi tempo de futebol feminino. Toda a gente se deslocou para a entrada da aldeia para ver o encontro de futebol de cinco entre Freixiel e Zedes. A animação foi grande, com adeptos a apoiarem as duas equipas que se entregaram na disputa da bola e dos golos.
Durante a manhã foi também feito o lançamento da Pagina Web de Freixiel.
Foram muitos os que se deslocaram a Freixiel para assistirem a esta pequena festa. Sentiu-se Vida na aldeia e seria bom que iniciativas deste género se repetissem em Freixiel e noutras aldeia.
Estão de parabéns os organizadores e a população de Freixiel que recebeu e encantou quem os quis visitar.


Ó Freixiel
Ó Freixiel terra linda onde eu nasci
Outra assim igual tão linda eu nunca vi
O meu coração s’tá nesta canção
Vai nela o amor qu’eu sinto por ti.

No meio da Rua Grande está um laço d’algodão
Todos passam e não caem só eu caí na prisão.
O meu coração está nesta canção
Vai nela o amor qu’eu sinto por ti.

O Pelourinho da Praça deita bandeiras de luto
Os rapazes emigram, raparigas choram muito.
O meu coração está nesta canção
Vai nela o amor qu’eu sinto por ti.

(uma das canções cantadas pelo Grupo de Cantares de Freixiel)

Trindade

A Trindade dista da sede de concelho aproximadamente 17 quilómetros. Aqui de encontram a estrada N102 que se estende ao longo do Vale da Vilariça e que continua em direcção a Macedo de Cavaleiros (traçado do IP2), com a N214 que aqui começa e que termina na Estação de Caminhos de Ferro no Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães). Foi aqui também que alguém se lembrou de colocar a placa - Vila Flor capital do mundo.
Os meus passeios de bicicleta já passaram por duas vezes na Trindade: uma, na primeira vez que fui a Santa Comba da Vilariça e outra quando fui a Macedinho.
Valbom e Macedinho são anexas à freguesia da Trindade.
A Igreja Matriz é de estilo românico com uma torre central de um sino apenas. À volta, um pouco abaixo do beiral do telhado apresenta vários cachorros salientes.
A Trindade merece que lá volte e a visite com mais atenção e é isso que irei fazer logo que possa.

17 março 2007

Valbom à vista



Apesar de ser um meio pequeno, Valbom, pertencente à freguesia de Trindade, também é merecedor de uma fotografia neste Blog, enquanto não acontece uma visita mais pormenorizada. Já passei na estrada nacional várias vezes mas nunca desci a Valbom.
Esta fotografia foi tirada no dia 18 de Fevereiro.

16 março 2007

À descoberta do Nabo



No dia 14 saí em direcção ao Arco. Como estive no dia 12 no Gavião, tracei planos para uma nova aventura, porque, lá do alto, vêem-se muitos caminhos, muitas alternativas, muitos quilómetros e horas de aventuras. Também tinha prometido a mim mesmo visitar o Ribeiro do Arco antes da chegada do Verão. Depois do Arco, o ribeiro tem um trajecto com um grande declive que gostava de conhecer e onde há ruínas de alguns moinhos.

Pedalei rapidamente até passar o Arco, queria aproveitar o tempo e a bonita tarde de sol. Pouco depois de deixar a aldeia em direcção ao Nabo, larguei a estrada e comecei a descer por um caminho à direita, em direcção ao ribeiro. O caminho desce rapidamente e cheguei ao ribeiro bastante abaixo do ponto que eu queria. Deixei a bicicleta, comecei a subir pela margem. A natureza explode de música e cor. Há flores por todo o lado, as aves cantam, o sol aquece, as árvores ganham folhas. É um verdadeiro hino à vida.
O local onde se situam os moinhos, Moinhos, tem umas centenas de metros de rocha granítica rija que o ribeiro desgasta há milhares de anos. Algumas pequenas cascatas alindam o cenário que se completa com flores em ambas as margens.
Não fora o desafio de ir ao Nabo e teria ficado por ali até o sol se esconder, sentado ou deitado no chão, fotografando as pequenas flores que despontam por todo o lado e que darei a conhecer brevemente.

Voltei a descer o ribeiro, apanhei a bicicleta e continuei em direcção ao Nabo. Encontrei uma grande quantidade de medronheiros, sem dúvida uma das maiores manchas de "árvores" desta espécies que já encontrei! Pouco antes de chegar ao Nabo, o caminho que seguia, levou-me de novo à estrada. Era isso que eu queria. No local onde está o depósito de água, pouco depois do campo de futebol, é um dos melhores miradouros da aldeia.
Cheguei ao centro pela Rua do Rebentão, esta era a minha segunda visita. Alguns idosos aproveitavam os últimos raios de sol, junto à igreja. Subi a Rua do Cimo do Povo até à Capela de Nossa Senhora do Carrasco. Admirei a paisagem em redor, com calma e voltei ao Largo admirando algumas bonitas casas tradicionais entre as quais a sede da Associação São Gens. Segui pela Rua do Cabo do Lugar. O Centro de Dia é uma obra que se destaca, quer pela sua imponência quer pela arquitectura ou cor das paredes.
Quando as sombras já cobriam metade da aldeia comecei a (penosa) subida até à estrada N215 que me conduziria a Vila Flor. A falta de luz não me permitiu mais devaneios fotográficos, mas, à chegada, pude admirar Vila Flor ao anoitecer. Quando se pensa que já mais não há mais nada para descobrir, o ambiente à nossa volta surpreende-nos e somos constantemente confrontados com novas visões daquilo que pensávamos já ter descoberto.

Quilómetros percorridos neste percurso: 19
Mapa do percurso
Total de quilómetros de bicicleta: 680
Total de fotografias: 14008

15 março 2007

Redescobir o Seixo de Manhoses


No dia 12 de Março saí de bicicleta em direcção à Barragem do Peneireiro sem grande convicção. O dia estava muito cinzento, embora quente, mas nada favorável a reportagens fotográficas. Ladeei a barragem pelo lado direito e comecei a subir em direcção ao Seixo de Manhoses por uma estreita estrada. A vida que desperta nos montes, rapidamente me afastaram da estrada. Entrei num caminho à direita e percebi que me levava ao marco geodésico do Concieiro, onde estive há pouco tempo. Logo que pude cortei à esquerda e comecei a descer perto do Ribeiro do Moinho, em direcção ao Seixo onde cheguei rapidamente. No Seixo ia ter um bom desafio fotográfico para conseguir fazer uma fotografia razoável com tantas colinas e ruas que partem em direcções totalmente opostas. O local onde me encontrava não era mau, mas havia muitas árvores e apenas via meia dúzia de casas. Deixei a Rua da Atafona, onde encontrei mais uma Escola Primária abandonada e comecei a descer em direcção pela Rua do Castelo para o centro da aldeia. No Largo de Santo António há sempre gente! Foi a quarta vez que passei no Seixo de bicicleta e vejo sempre aqui um grupo de idosos a “matar” o tempo.
Olhei em volta procurando pontos de onde conseguir uma boa panorâmica da aldeia – Não vai ser fácil. Pensei.

Passei o Lar de Santa Bárbara, edifício de maiores dimensões da aldeia e parei junto à Capela de Nossa Senhora do Rosário que encontro sempre fechada. No Largo da Capela virei à esquerda, pretendia subir a um monte a sudoeste da aldeia. Passei pela direita do Senhor dos Aflitos, pregado na cruz, surpreendido com a minha coragem. O caminho é mesmo inclinado! Em poucos metros estava a mais de 600 metros de altitude e com uma boa visão da maior parte da aldeia. Não se assemelha a nenhuma que fotografei até agora. São ruas muito inclinadas subindo e descendo em várias direcções, distribuídas por uma grande área, ocupando várias colinas. Fiquei por aqui bastante tempo, olhando e fotografando em todas as direcções.
Desci de novo à aldeia. Segui pela Rua Principal até ao Jardim-de-infância e meti pela Rua da Fisga à procura da Fonte do Sangrinho. Trata-se de uma fonte medieval da qual já ouvira falar. O local foi alvo de arranjos recentes e está muito agradável. Fiquei destroçado com um enorme poste eléctrico “plantado” mesmo por cima da fonte! Se a fonte é medieval já devia estar lá quando “plantaram” o poste, bem podiam ter escolhido outra localização.
Regressei ao centro da aldeia e segui para a Igreja. Perto da Rua da Igreja avistei lá ao fundo o que parecia um bonito ribeiro e desci um pouco. Ouvia o som da água corrente e achei que seria um lugar agradável. De facto podia ser. O ribeiro está lá, mas, a partir daquele ponto, os esgotos correm ininterruptamente para ele, descendo em banhos de espuma e lixo, saltitando de pedra em pedra numa alameda de laranjeiras.
Voltei à aldeia e segui para a igreja que estava aberta. Tirei algumas fotografias e continuei em direcção ao cemitério, para chegar ao meu terceiro ponto de observação elevado. Deixei a bicicleta e entre oliveiras e videiras subi ao Monte Grande. Ensaiei novas panorâmicas da aldeia, por entre amendoeiras em flor. Via novas ruas, mas outras tinham-se escondido.
Atrás de mim encontrei algumas ruínas que me intrigaram. Havia amontoados de pedras que mais pareciam muralhas defensivas! O monte é elevado, está a 623 metros de altitude e domina uma grande área em redor. No meio dos valados das videiras comecei a encontrar grandes pedaços de cerâmica. Já não tinha dúvidas, ali existe um antigo castro. Procurei mais evidências mas pouco mais encontrei do que grandes paredões de rochas soltas e muito cerâmica, com várias espessuras e qualidades de barro. Um guia especialista conseguiria ver muito mais.
Depois de muito deambular, voltei atrás buscar a bicicleta e segui para o marco geodésico da Cheira (227 metros de altitude), cuja localização já tinha estudado. Tinha grandes expectativas mas o estado do tempo e o adiantado da hora não estavam à altura e fiquei um pouco desiludido. Avista-se Vila Flor, parte do Arco, o Nabo e uma grande extensão do Vale da Vilariça. Nesta zona há muitas amendoeiras mas as flores já perderam as pétalas dando lugar a novas folhas que já despontam.
Voltei ao caminho e segui até à aldeia abandonada do Gavião, onde estive no meu primeiro passeio em bicicleta, em Vila Flor, a 30 de Outubro do ano passado. Alguém andou a fazer um levantamento topográfico! Será que vamos ter uma revitalização do local?
Tracei com o olhar um percurso para o regresso. Não tinha ideia se ia seguir por “bons caminhos” mas, mais uma vez, arrisquei e mais uma vez a sorte esteve do meu lado. Segui do Gavião, em linha recta em direcção ao Arco onde cheguei mais rapidamente do que eu estava à espera. Também no Arco, junto do ribeiro se situam as fossas sépticas, mas, aqui, pelo menos nesse dia, a água corria cristalina.
Subi a aldeia com a bicicleta à mão sujeitando-me às chalaças de um idoso que me confessou ter ido a Mirandela de bicicleta, ele mais a sua Maria!
Segui para Vila Flor satisfeito com o passeio: consegui meter todo o Seixo numa fotografia; encontrei um castro de desconhecia; subi a mais um marco geodésico; visitei o Gavião; fotografei o Nabo e o Arco e… já me esquecia, “almocei” no Monte Grande num “jardim” de amendoeiras em flor.

Quilómetros percorridos neste percurso: 20
Mapa do percurso
Total de quilómetros de bicicleta: 661
Total de fotografias: 13520

14 março 2007

Vila Flor ao anoitecer


Hoje foi dia de partir à descoberta. O percurso foi muito interessante (Arco e Nabo), em contacto com a natureza. Cheguei a Vila Flor já tarde, mas mesmo a tempo de entrar na Avenida Marechal Carmona e deparar com mais um espectáculo.