24 março 2007

Perdido no Vale da Vilariça II



Hoje a saída foi mais uma vez sem destino definido. O objectivo era pedalar. O trabalho pesou mais um pouco e, desde domingo passado, que não andei de bicicleta. Não levei a máquina fotográfica. Sei que, com ela, o pedal fica para segundo plano.
Quando dei por mim estava a caminho da Trindade. Pensei ficar por Benlhevai e procurar vestígios históricos mas segui até à Trindade. Entrei na aldeia. Não me demorei muito e comecei a descer para Valbom. Deixei a estrada nacional e desci à aldeia. A população esperava o padre para a celebração da eucaristia. Desci toda a aldeia e continuei por um caminho até à Barragem da Burga. Como agradecia uma máquina fotográfica!
Ladeei a barragem. Há um grande cruzeiro de granito embelezado com um canteiro de amores-perfeitos. É um local calmo, agradável, onde teria ficado mais algum tempo de boa vontade.
Comecei a subir para Vilares da Vilariça. A posição e exposição desta aldeia é fantástica. Tal como previa, o Vale da Vilariça tem outro aspecto visto daqui. Parece mais largo, mais verde mas mais irregular, cheio de pequenos montes. A vista é bonita, mesmo quando as amendoeiras perderam as suas flores.
Tomei a estrada de Pombal mas rapidamente a larguei para me aventurar por caminhos em pleno coração do Vale. Cruzei várias ribeiras, segui em várias direcções tentando tomar a direcção da foz, para Sul. O meu sentido de orientação funcionou bem e dei comigo em Santa Comba da Vilariça. Bem perto da aldeia encontrei a Capela de S. Jorge. Anda em obras. As paredes estão novas, caiadas. O chão também foi reposto de novo. Tudo está pronto para receber de volta o santo. Até o jardim em volta se encontra cheio de lírios floridos.

Nem sequer entrei na aldeia. Aquela estrada parece não ter fim! Se de carro é longa experimentem de bicicleta. Passei Assares, Lodões e cheguei a Sampaio. As pernas já davam sinais de alguma fadiga mas ainda me faltava uma última aventura.
Ao subir de Sampaio para Vila Flor, antes de chegar à Quinta do Calhau, virei à esquerda e comecei a subir, no meio do eucaliptal ao cimo do monte onde se situa o marco geodésico de Santa Marinha. O local tem uma altitude máxima de 463 metros, mas, curiosamente, o Marco não se encontra no ponto mais alto, mas num local mais avançado em relação ao vale. Encontrei as ruínas daquilo que pode ter sido uma capela, talvez de Santa Marinha. O local daria um santuário lindíssimo. Há um pequeno planalto no alto da montanha. Saltei sobre as fragas em direcção ao Vale. Abeirei-me do precipício e apreciei uma das mais bonitas vistas do Vale da Vilariça. Ocupando uma posição quase central, é possível ver o vale nascer no sopé da Serra de Bornes na Burga, percorre-se um grande extensão até o ver desaparecer lá para os lados da Foz. Fez-me lembrar de um dia, há mais de 15 anos, em que estive na Senhora do Castelo, no lugar de S. João, na Adeganha. É também um miradouro fantástico para o Vale!
Mais uma vez a noite surpreendeu-me, sentado no alto dos rochedos, questionando a velocidade com que vivemos, sem tempo para saborear os espaços, que, de tão perto que estão, não reparamos neles. Tenho que voltar a este local, mas da próxima, acompanhado pela objectiva da câmara (que não me deixa mentir).
A fotografias foram tiradas do arquivo (não faltam!).

Quilómetros percorridos neste percurso: 46
Mapa do percurso
Total de quilómetros de bicicleta: 749
Total de fotografias: 15 040

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá!
(para a última foto)
...se me imaginar num fundo de mar castanho, mesmo, mesmo, ao centro, o que vejo passando por mim/por cima de mim? Afastando-se...Algo de grande porte!...Baleia?
Abraço
EL
(...é provável que depois de respirar Trás-os-Montes, a minha sensibilidade fique mais campestre...e os meus comentários se revistam de outros sentires... vamos lá ver...)

AG disse...

Viva

Pois, pois, e não é só o ar campestre que aqui se respira que dá inspiração. São também os folares, os amigos... um "mar" de coisas e de nuvens que se renovam cada dia.

Anónimo disse...

Olá!
...de volta... soube a pouco... como sempre...
É verdade: inspirei ar campestre e ar de amigo de verdade; saboreei os deliciosos folares; comi bem que me fartei...Foi muito bom!
Abraço
EL

castela (Portugal Notável) disse...

Parabéns pelo blog. Passarei a ser visita assídua.