30 março 2007

Êxtase


No dia 25 de Março, quando voltava de um passeio pelo Vale da Vilariça, subi (à descoberta) ao monte a Poente de Sampaio onde se encontra o marco geodésico de Santa Marinha. Na altura fiquei fascinado com a vista e prometi a mim mesmo voltar o mais rápido que pudesse. Para fotografar, o mês é importante, a semana, o dia ou mesmo a hora do dia. Sabia que em pouco dias a paisagem mudaria completamente e não queria perder o espectáculo que vi.
Como o passeio era curto, até levei o tripé, sempre dá uma ajuda para fazer fotografias panorâmicas.
No cimo do monte há um planalto, aproximadamente com 500 metros de cumprimento, 60 ou 70 metros de largura, que se estende perpendicularmente à posição do vale. Na vertente virada a Sampaio o declive é mais suave e florestado com pinheiro bravo. Na vertente a Poente o planalto termina abruptamente em enormes penhascos que algumas aves de rapina aproveitam para vigiarem uma grande área em redor, procurando alimento.
No planalto erguem-se pequenos conjuntos de rochas, aqui e além, mas há espaços bastante direitos e limpos.

Toda a área foi tomada de assalto pela Primavera. As giestas brancas (Cytisus multiflorus) está no auge de floração. Intercalando com a esteva (Cistus ladaniferus e outras), preenchem quase todo o planalto. Aqui e ali surgem pequenas manchas de urze (Erica cinérea) e mais raramente aparecem também as carquejas (Pterospartum tridentatum) e alguns pirliteiros (Crataegus monogyna). Há também rosmaninho (Lavandula stoechas), mas pouco, e um infindável colorido de plantas floridas mais pequenas que não consegui identificar. A Urze está já na fase descendente de floração mas todas as outras estão na máxima pujança.
Pinheiros (Pinus pinaster), carrascos (Quercus coccifera), sobreiros (Quercus suber) e zimbros (Juniperus communis), quebram na paisagem a linha rasteira dos arbustos.
Como se este manjar da natureza não fosse já suficiente, levantam-se os olhos e caímos de joelhos com tanta beleza! São 360 graus de verde, coroado por bonitas nuvens brancas incrustadas num num azul, com centenas de pontos a desfiarem a atenção. Aldeias, quintas, montanhas, estradas, olivais, tudo daqui se domina, tudo parece pequeno, só o Vale da Vilariça se oferece, tudo recebe em seu regaço e a tudo dá vida. Até os penhascos estão cheios dela!
Perdi-me percorrendo o vale, da Foz do Sabor ao alto da Serra de Bornes, visitando cada aldeia, percorrendo cada estrada e ribeiro. Dois pequenos piscos olhavam para mim, admirados, do alto do marco geodésico! Quando subi ao marco geodésico (460 metros de altitude), já várias horas tinham passado desde que tinha chegado ao planalto, 400 metros atrás! Montei o tripé e ensaiei as panorâmicas com 360º.

Mais à frente estão ruínas de uma construção robusta que pode ter sido uma capela. As paredes são largas, feitas de xisto e barro, mas a porta assentava em granito bem aparelhado. Ao lado desta construção rectangular, orientada para Poente, há vestígios de outra estrutura.
O monte chama-se Santa Marinha e o marco geodésico Marco de Santa Marinha, mas não encontrei nenhuma referência a uma capela nos livros .
Quando cheguei à ponta do planalto, depois das ruínas, avistei a Junqueira. As nuvens semeavam grandes manchas escuras em todo o vale, estava na hora de regressar. O caminho de volta foi mais rápido mas não deixou de ser fantástico abeirar-me dos penhascos, admirar a obra do homem, lá ao fundo, olhar para as minhas costas e admirar a obra da natureza. Foi esta última que me manteve mais de quatro horas neste pedaço de terra com cerca de 3000 metros quadrados, em silêncio, adorando os elementos, tal como o homem há milhares de anos o fazia.

1 comentário:

Anónimo disse...

ola
gosto em particular das tuas fotos,é a razao principal q aqui me traz...no entanto, a tua descriçao dos locais, por veze s é tao precisa, q quase os podia desenhar so aler, mm se nc ai estive!!
tb tenho aprendido coisas novas qt à obtençao de fotos...obg por td.
felicidades
abraço
D.