21 junho 2007

Em busca de vestígios arqueológicos em Macedinho


No dia 18 fiz um pequeno passeio a Macedinho. Eu sei que é um pequeno lugar (não há muita gente a votar nele como próxima visita) mas como coloquei o Castelo (em Macedinho) como candidato a uma das 7 Maravilhas do concelho de Vila Flor, achei que tinha de conhecer melhor este lugar, para poder exercer melhor o meu voto.
Como tenho feito perceber, há mais de um mês que o clima está muito incerto. No dia 18 estava um céu azul intenso, com nuvens muito brancas, bonitas, daquelas que me fazem suspirar pelo campo cada vez que, no trabalho, olho pela janela e as vejo. O tempo muda bruscamente, por isso tentei chegar a Macedinho o mais rapidamente possível, mas, a 3 quilómetros de Vila Flor, tive um furo. Como já ando prevenido com tudo o que é necessário, resolvi a situação e segui em frente. Passei pela Trindade. Intriga-me esta aldeia. Sempre deserta e quando se vê uma pessoa, rapidamente desaparece, desconfiada, não percebo bem porquê, sou assim tão mal apresentado?
Depois de mais uma paragem no centro da Trindade (quantas vezes já aqui estive?), decidi seguir pela estrada N578, mesmo com intenção de conhecer o percurso. Por um caminho que desce pela Rua de Macedinho, na Trindade, chegaria a Macedinho mais rapidamente. Ao chegar a Freixeda, já no concelho de Mirandela, cortei à esquerda pela N1096 até Macedinho. Tinha que falar com alguém e perguntar pelo Castelo. Em Sampaio, no dia 13 de Junho, andei uma tarde inteira em busca das Antas e ninguém me soube dizer onde estavam!
No centro da aldeia, onde estive a 6 de Fevereiro, espreitei de novo para a pequena capela de S. António. Desta vez não consegui ver nada. Como o sol entrada directamente pelos vidros da porta colocaram uma cortina que não deixa ver o interior da capela. Por sorte minha vi um habitante que preparava o seu tractor para a lavouro. Tratava-se nem mais nem menos, do mesmo senhor que me orientou no caminho, no dia 6 de Fevereiro, entre Benlhevai e Macedinho! Reconheceu-me, mostrou um sorriso enigmático quando lhe perguntei pelo Castelo. – Está a ver aquele sobreiro lá no alto? Claro que estava a ver,... centenas de sobreiros cobriam toda a encosta. Sem pressas comecei a subir a em direcção ao dito sobreiro, olhando para trás em busca de uma boa panorâmica de Macedinho. O sol começou a aquecer, pelo menos deu-me essa impressão, pelas grossas gotas de suor que escorriam do meu capacete. Aproveitei também para fotografar algumas plantas e animais na berma do caminho.
Depois de passar a mãe-de-água, devo ter escolhido o sobreiro errado, dei comigo no meio de mato com giestas, sargaços e silvas mais altos que eu. Do outro lado da ribeira que escorre entre o Lomba da Veiga e o marco geodésico da Pedra Luz (que espero visitar um dia) vi algumas construções. Será o Castelo? Abandonei a bicicleta, atravessei a ribeira e segui (com muitíssima dificuldade) até ao local. Trata-se de construções mais recentes que deveriam servir de apoio a algumas minas ali por perto. Descobri mesmo um túnel subterrâneo de deveria servir para desviar a água de um pequeno riacho para uma conduta que se destinava provavelmente à lavagem do minério. Se não fosse tão difícil (e perigosa) a deslocação neste local, teria explorado mais. Não me restou outra alternativa, regressei à bicicleta e voltei para trás, este caminho já não era caminho.
Pouco antes da mãe-de-água recomecei a subir. Quase no topo do monte pareceu-me ver restos de uma muralha. Agora sim, estava no Castelo.
As evidências das muralhas tornaram-se cada vez maiores. Encontrei enormes quantidades de pedaços de tégulas, imbrices e outras coisas em barro. Não concordo nada com Virgílio Tavares quando afirma que não devia passar de um pequeno castro. A espessura das muralhas, a sua perfeição e conservação, a extensão do planalto ocupado e a quantidade de vestígios que se encontram evidenciam uma forte presença humana que se prolongou durante décadas ou mesmo mais. Este castro, fortemente fortificado, utilizado também pelos romanos, deve ter servido de apoio à extracção mineira feita nas imediações. Pelo caminho se segui depois encontrei vestígios de grandes minas escavadas nas encostas do Lombo da Veiga e no Carvão.

Os vestígios eram tantos que dei comigo a recolher enormes pedaços de tégulas romanas, a escavar, a apanhar escória, rochas enigmáticas na forma e no tamanho. Este é sem dúvida um local que merecia ser estudado. Tenho a certeza que muito se poderia descobrir procedendo a algumas escavações.
Ao fotografar alguns fragmentos de barro acabou-se-me a bateria da máquina fotográfica. Ainda tinha a HP de recurso, mas já havia pouca luz. Contrafeito, abandonei o local continuando para poente pensando alcançar Benlhevai. Neste percurso deve ter existido uma estrada com alguma importância permitindo o acesso às minas e ao Castelo, mais acessível por Sul do que partindo de Macedinho.
Pressenti estar próximo de do marco Pedra Luz (que nome curioso!) mas já não havia tempo para mais explorações.
Felizmente o caminho entrou numa zona de declive mais suave e levou-me bastante à frente de Benlhevai, quase na Penha do Corvo, já a descair para Vale Frechoso.
O Cabeço já se encontrava envolto num céu laranja com raios de fogo, estava prestes a anoitecer. Mesmo assim não tive pressa. Sentia-me satisfeito. O Castelo de Macedinho tinha-se revelado bastante interessante, bem digno de se candidatar a maravilha de Vila Flor.
Quilómetros percorridos neste percurso: 40
Total de quilómetros de bicicleta: 1320
Total de fotografias: Perdi a conta

5 comentários:

Anónimo disse...

Sou um filho de Macedinho no estrangeiro, concordo com voçê, em que o castelo de esta linda aldeia havia de ser estudado. Mais um vestigio de vidas humanas pasadas nesse local é o chamado "tanque dos mouros" pelos habitantes de Macedinho, está perto do castelo, mais indo pelo caminho que vai para o minerio

AG disse...

Também ouvi falar desse "tanque" mas não o consegui descobrir. Não sei se se tratará de algum lagar romano...

Anónimo disse...

também acho q aquilo é una espécie de lagar, é muito perto do castelo, indo em direçâo ás salgueiras

Anónimo disse...

Entro aqui no diálogo, para mais uma vez agradecer ao autor e oferecer todos os nossos préstimos e assim poder contribuir para ajudar a descobrir Macedinho.
Também eu sou de Macedinho, mas apenas ao fim de semana me encontro lá; contudo gostava que o prof. numa das suas futuras deslocações, pois acredito que vá have-las, procurasse contactar com o meu cunhado Manuel Lima para ele o poder acompanhar ao que nós chamamos a "Lagareta".
Obrigada mais uma vez

Anónimo disse...

Sou de MAcedinho e moro cá ainda. Sou sua colega e agradeço o interesse mostrado neste pequeno torrão. Gostava de poder colaborar consigo na descoberta de Macedinho. Há aqui gente que sabe muito mais que eu, mas tudo está em vias de se perder, pois os novos vão e os velhos esquecem.
Muito obrigado pelo bom trabalho e parabéns pelas fotos fantásticas que mostra.
Irene Lima