22 setembro 2007

Em Freixiel, entre uvas e vestígios arqueológicos


Hoje desci até Freixiel. Já não visitava esta simpática aldeia, cheia de razões arqueológicas e naturais para ser visitada, há bastante tempo. Uma das razões que hoje orientou a bicicleta pelos caminhos de Freixiel foi a época das vindimas. A cooperativa já começou a produzir vinho, e, sendo hoje Sábado, muita gente aproveitaria para vindimar.
Decidi descer de novo o caminho de Samões a Freixiel. Passei por aqui no dia 18 de Maio, com a paisagem repleta de cores e as ribeiras cheias de água. Hoje iria ser diferente.
Deixei, Samões para trás. Os lameiros estão secos, só os freixos e algumas giestas emprestam alguma frescura. A descida até à Ribeira das Olgas (completamente seca) foi rápida. A partir daqui o caminho parecia muito pouco utilizado, compreendi porquê: há muita areia, muita terra, por vezes tão fina que parece cinza, espalhada pelo caminho. Nalguns pontos é muito difícil (e perigoso) andar de bicicleta. Encontrei uma ou outra vinha já vindimada, mas a grande maioria ainda estava por vindimar. Fui surpreendido pela grande quantidade de uvas que têm as videiras. Brancas, negras, de bagos gordos e apetitosos, provocando a uma pausa.
Até chegar à igreja de Freixiel, as vinhas intercalam com sobreiros e algumas oliveiras. Fui descendo calmamente. A Ribeira do Pelão também está completamente seca, por isso só me restavam as uvas para fotografar. Foi o que fiz.
Entrei na aldeia por detrás da igreja e dirigi-me ao Largo do Pelourinho, pela Rua do Conde. O meu objectivo “arqueológico” era a Necrópole do Salgueiral. Segui pela bonita e recente rua que encontra a estrada de Folgares junto às alminhas. Parecia-me que teria acesso ao Salgueiral pela estrada de Folgares, mas estava enganado. Valeu-me um grupo de vindimadores que me deu uma localização mais precisa. Voltei à aldeia, passei a Ponte do Vieiro e virei à esquerda. Segui o caminho até chegar de novo à ribeira, num pontão recente. Deixei aí a bicicleta e comecei a subir pelo leito da ribeira que está completamente seca. Na frescura das margens florescem algumas plantas e as borboletas aproveitam, o seu ciclo está a chegar ao fim. Achei que já tinha passado o local, por isso subi a ribeira até encontrar uma elevação de rochas perto da margem. Devia ser ali próximo. Procurei, procurei, mas nem sinal de sepulturas escavadas na rocha.

Na minha busca pelas sepulturas fui encontrando algumas rochas no mínimo curiosas. Existem neste local muitas rochas graníticas de forma côncava. Por momentos pensei encontrar vestígios de coberturas de várias sepulturas, mas devem ser formações naturais. O mais curioso, foi encontrar enormes rochas, com forma de menir, que estariam envolvidos por essas rochas côncavas. Encontrei também uma rocha que me intrigou, com pelo menos seis covinhas escavadas. O tempo passava e não conseguia encontrar as ditas sepulturas. Procurei um agricultor ali perto. Mesmo com a ajuda da sua idosa mãe, não conseguiram dar-me nenhuma indicação. Mais a Norte andava um grupo de vindimadores, fui ao seu encontro. Pelo menos dois deles (um bastante jovem) conheciam a localização exacta das mesmas. Desci de novo para perto da ribeira e, com as indicações preciosas dadas, consegui encontrar duas sepulturas escavadas no granito. Cristiano Morais situa as sepulturas no séc. V d.C. e fala em três, não em duas. Também a última localização feita pela Extensão do IPA - Macedo de Cavaleiros apenas conseguiu localizar duas descrevendo-as desta forma: “São ambas muito semelhantes, rectangulares, de lados abaulados, com orientação Norte-Sul. A primeira fica no princípio e no ponto mais elevado do afloramento, enquanto a segunda fica a meio do afloramento, cerca de 10 metros a Sul da primeira.”
O Sol já estava baixo, não me permitiu grande margem de manobra nas fotografias. Saí do Salgueiral e “corri” até à aldeia. Pretendia acompanhar a entrada das uvas no lagar. Cheguei ligeiramente atrasado, mas ainda pude testemunhar um grupo de pessoas pisando as uvas com os pés, como nos velhos tempos.


Já era tarde. Parti em direcção a Vila Flor, seguindo a estrada e olhando muitas vezes para trás. É sempre bonito o pôr-do-sol, enquanto se sobe a estrada N314.
Quilómetros do percurso: 25
Total de quilómetros em bicicleta: 1506

3 comentários:

PEREYRA disse...

As uvas são uma tentação! Até apetece deixar Lx e ir aí participar nas vindimas!

Anónimo disse...

vem-te para cá trabalhar alfacinha!!!

AG disse...

Mais um a vindimar ali no Vieiro, dava imenso jeito...