16 setembro 2007

Um dia morreu


Maravilha por uns dias
é triste
magoa chamar-lhe destino
ter de dize-lo a cada criança
deixar-lhe verter uma lágrima que lave a sua esperança

A natureza Terra mãe criou-a bela
fê-la sedução
deu-lhe um coração
e tão pouco tempo para ser amada
Deu-lhe uns dias poucos
insuficientes para espalhar a sua ternura
para acariciar todas as flores
para ouvir falar de amores
para desejar fosse sonho
fosse loucura

Em redopio
vive a borboleta
vive o tempo - todo seu
o que sobra das gentes - um dia morreu

Poema de Manuel M. Escovar Triggo, natural do Vieiro, do livro "Acidentais", publicado em 1987 em Coimbra.
Fotografia tirada no Santuário de Nossa Senhora da Lapa a 02-09-2007.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá
Que lindo poema!
- Obrigada a quem o escreveu. E tão bem... A borboleta não morreu simplesmente: de certeza que o Manuel não escreveu sobre ela só porque lhe sobrou tempo: ele dedicou-lhe um tempo especial, um tempo de ternura e de admiração...e obrigou-nos a criar um outro tempo - de reflexão - para assim olharmos o que nos rodeia de uma forma diferente. Não apenas só porque sobra...
- Obrigada pela escolha, Aníbal.
Abraço
Esmeralda