18 outubro 2007

Na Serra de Bornes


Não sei se pelo caminho já percorrido, se pela dificuldade de adaptação a um novo horário, se pela nostalgia do Outono, tenho sentido algumas indecisão sobre os percursos a seguir. No entanto, havia um que há muito estava definido na minha cabeça, pedalar até ao alto da Serra de Bornes.
A aventura teve lugar no dia 13 de Outubro. Estava um bonito dia de sol, com um ar fresco, por vezes mesmo frio. A distância que pretendia percorrer estava bastante além daquilo que por norma faço. Para complicar a situação, já estava quase no Barracão quando verifiquei que a máquina fotográfica não tinha o cartão de memória, pelo que tive de voltar a casa. Forcei o andamento, mas por pouco tempo. Mesmo na beira da estrada encontrei os primeiros cogumelos do ano, rocos (Macrolepiota procera)! Parei para os fotografar, Se o Outono vier a feição, pode ser que faça também algumas incursões na Micologia. É uma área que me interessou desde criança. Em 26 de Novembro de 2006 fotografei, em Candoso, um curioso Phalus impudicus, mas tenho encontrado muitos outros cogumelos.
Não podia distrair-me muito, segui viagem. A segunda paragem só aconteceu na Trindade. Já aqui parei imensas vezes, mas, mais uma vez, segui viagem sem ter visitado a igreja. Quem já seguiu da Trindade para Macedo de Caleiros, verificou a inclinação daquelas subidas! Optei por olhar para o chão, progredindo pouco a pouco, sem grande stress.
O Vale da Vilariça está ali, todo a meus pés. Havia muita neblina, pouco se conseguia avistar. Estava nos limites do concelho de Vila Flor, entrei no concelho de Macedo de Cavaleiros.

Antes de chegar ao cruzamento, já perto de Bornes e recomeçar a subida para o alto da serra, apanhei um bom punhado de castanhas que encontrei espalhadas pela valeta. Enquanto subia a encosta da serra, fui admirando a paisagem. Não se conseguia ver o Vale da Vilariça, mas, o início do mesmo, onde se encontra encaixada a aldeia da Burga oferecia um excelente panorama. O meu físico começou a ressentir-se do esforço, era tão fácil virar para trás e aproveitar a descida… Não, não sou de desistir facilmente. Quando cheguei perto da entrada para a Pousada Nossa Senhora das Neves, já não aguentava pedalar mais. Continuei a subida com a bicicleta à mão. A visão vai-se alargando perdendo-se a noção da imensidão de trás-os-montes que se avista. A vegetação ressequida só ganha outra dimensão com alguns sobreiros, aqui e além, espalhados pela serra. No fundo do vale, alguns choupos brancos introduzem uma mancha de cor na paisagem quebrando as cores frias.
O ar fresco da montanha foi atenuando o meu cansaço. Atingi os 1200 metros de altitude próximo das 16 horas. Repousei um pouco e aproveitei para rilhar algumas castanhas.
Esta serra tem uma proeminência de 621 metros (a Serra do Marão tem 689 metros). Esta medida topográfica relaciona a altitude da montanha com a área envolvente e com as serras vizinhas mais altas que ela.

Sendo dia 13 de Outubro, achei curioso o facto de existir no alto da serra um painel de azulejos representando Nossa Senhora de Fátima, sobre a azinheira, com os pastorinhos.
Não é do topo da montanha que se tem a melhor vista para o Vale da Vilariça! Fui descendo lentamente, abeirando-me das escarpas, procurando ângulos mais arrojados. O vale começou a ganhar tonalidades mais doces, mas, com muita pena minha, não podia ficar ali até ao crepúsculo. Já não tinha água, estava cansado, o regresso (embora menos violento) ia demorar. À medida que ia descendo, fiz inúmeras paragens. A luz do fim de tarde estava cada vez mais fotogénica e o ar cada vez mais frio. Acelerei até à Trindade onde aproveitei para me reabastecer de água. A partir daí, doseei o esforço para chegar a casa o que aconteceu ao cair da noite. Foi um longo passeio. A tarde não esteve muito propícia para a fotografia. Desta vez acho que a bicicleta ficou vaidosa, mas as fotografias também se podem mostrar.
Quilómetros do percurso, em BTT: 62
Total de quilómetros em bicicleta: 1597

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá
(...e eu que tenho a informação na mala há tanto tempo...)
Para visitares a igreja da Trindade, vai ter com o senhor Ernesto ou com a D. Maria Olímpia).
Textos e imagens do melhor...Parabéns!
Abraço
Esmeralda

Anónimo disse...

Mas...este rilhar das castanhas: simplesmente delicioso...pelo acto e pelo sabor...
Abraço
Esmeralda

Anónimo disse...

O vale da Vilariça!Que vale maravilhoso,cheio de riquezas!!Adoro essa paisagem, lindo visto de Bornes, tem q ir lá quando está escondido com o nevoeiro!!

Anónimo disse...

olaaa, decidi dar uma vista de olhos no teu blog, adorei, um abraço do teu sobrinho, ate um dia dstes