29 abril 2008

Petição pela Linha do Tua VIVA


Como tenho mostrado pelas fotografias recentes neste Blog, a Linha do Tua é um dos locais mais bonitos de se percorrer no Nordeste Trasmontano. A par disso, é uma importante obra de engenharia feita por aqueles que acreditaram que os que cá viviam, também tinham direitos.
Os movimentos a favor da manutenção da linha (contra a barragem), são muitas vezes acusados de nem saberem onde fica o Tua, de serem estrangeiros. Os que vivemos aqui, e que queremos continuar a viver, também somos capazes de imaginar outro tipo de desenvolvimento, sem destruição do nosso património e sem esvaziamento da região de quase tudo o que foi conquistado com muito esforço. Apregoa-se o desenvolvimento à custa da desertificação, do encerramento, da entrega das poucas coisas valiosas que temos aos grandes interesses económicos.
Os próprios autarcas estão "tão convencidos" das vantagens da construção da barragem, que na reunião que tiveram em Carrazeda de Ansiães a meados de Abril, quando pensavam discutir as contrapartidas a pedir, decidiram criar uma comissão para o estudo do desenvolvimento da região, aceitando como possível a manutenção da Linha do Tua como factor de potencial desenvolvimento.
Aconselho a leitura da Petição pela Linha do Tua neste endereço, e a assinarem-na, como forma de empenhamento na defesa de um património que é nosso, mas que queremos deixar às gerações futuras.

Mais informação aqui:
http://www.alinhadotua.com
http://www.linhadotua.net

A fotografia foi tirada no di 05 de Abril de 2008, perto da estação de Abreiro.

26 abril 2008

Na Linha do Tua - 3


Mais um passeio fantástico pela Linha do Tua, desta vez no concelho de Mirandela. Foi a terceira etapa e percorri a linha entre Cachão e Mirandela. Toda a reportagem pode ser vista no Blog de um amigo meu, de Frechas.

25 abril 2008

Entre a delicadeza das flores e a dureza das rochas


Depois de algumas semanas com dias sombrios, nuvens negras e chuva, foi com alegria que vi chegar de novo o céu azul a Vila Flor. Quando saio de casa, olho o alto do Facho e vejo um céu azul salpicado por nuvens brancas como o algodão, desperta em mim a vontade de percorrer montes e vales, saboreando a Primavera, saciando-me das cores, bebendo o canto das aves.
Saí em direcção a Samões por caminhos já bem conhecidos. Nas bermas explodem flores de todas as cores. A manhã mal tinha despertado! As folhas ainda decoradas com gotas de orvalho, disparavam raios de luz, ofuscando a câmara.

Parei em Samões para um café, mas os bares ainda estavam fechados. Segui pela Rua do Corniteiro n.º2, atravessei a estrada nacional, continuei pelo Carvalhal e comecei a descer para o vale onde corre a Ribeira do Vimieiro. Era a primeira vez que fazia este percurso, não sabia muito bem o que ia encontrar. A paisagem à minha frente estava magnifica! Giestas, sobreiros e enormes pedras combinavam-se num extenso jardim. O amarelo das maias, alternava com o branco, com o violeta do rosmaninho, tudo suportado num manto verde. As rochas, ainda que enormes, apresentavam aqui e além regularidades que demonstravam a intervenção do homem. Todas estas encostas, hoje completamente selvagens, foram no passado cultivadas. Pouco antes de chegar à ribeira avistei uma pega azul (Cyanopica cyanus), ave que nunca tinha visto no concelho.

No fundo do vale corre a Ribeira do Vimieiro, agora com bastante água, em direcção a Freixiel e depois ao Tua. Ao longo da ribeira há verdes lameiros rodeados de freixos. O som da água saltando de pedra em pedra, combinava na perfeição com o cantar dos rouxinóis e felosas. De longe chegava o cantar do cuco, que ecoava nas encostas como se saísse das próprias fragas.

Deliciei-me a fotografar a água, os lameiros, as giestas cheias de flores. Quando cheguei às Olgas, avaliei o tempo que me restava. Já não tinha tempo suficiente para seguir até Freixiel, pelo que decidi começar a subida em direcção a Samões. Um agricultor tinha-me falado de algumas rochas com cavidades naturais que existiriam num monte ali próximo. Chamam-lhe as fragas das janelas! Deixei o caminho e segui em direcção a um local que aparece sinalizado nos mapas como Borralho. Atravessei com dificuldade uma ribeira que junta água desde o Barracão e que vai morrer um pouco mais abaixo juntando-se a mais duas ou três. Este local é conhecido pelo nome de Borrega. Estava bastante desanimado, o caminho terminou! Felizmente avistei um enxertador numa vinha próxima. Fui ter com ele. Surpreendeu-se com o meu interesse pelas fragas, mas indicou-me num monte ali próximo o local que poderia corresponder ao que procurava.

Deixei a bicicleta. O caminho tinha mesmo terminado. Segui a pé, com dificuldade pela muita vegetação existente, até ao local que me indicou. Encontrei realmente fragas escavadas no seu interior. Havia infinitas formas escavadas. Umas pequenas, onde cabia apenas um bugalho, outras muito grandes. Numa delas encontrei um ninho de melro azul (Monticola solitarius), com seis ovos. Foi a primeira vez na minha vida que vi um ninho desta ave. Habitam nestas encostas rochosas, já os tinha encontrado quando subi a Linha do Tua.

Voltei à pressa para a bicicleta. O tempo voou e tinha que regressar rapidamente a Vila Flor. Entrei em Samões pela Rua da Lameira e segui pela estrada até casa.
Quilómetros percorridos em BTT: 15

20 abril 2008

À Descoberta, em BTT (1)


Hoje foi dia de ir À Descoberta, em BTT. Foram mais de uma centena os participantes na III Rota da Liberdade organizada pelo Clube de Ciclismo de Vila Flor. Os dias chuvosos afastaram alguns atletas, mas, os que compareceram, puderam percorrer caminhos de rara beleza, em volta de Vila Flor.
O dia amanheceu cinzento, mas não choveu até à uma da tarde, altura em que grande parte dos participantes já tinha terminado a prova. Os mais aficionados do pedal, tiveram trilhos à sua altura. Os aficionados da natureza, entre os quais me incluo, pudemos admirar paisagens a partir dos pontos altos do concelho e percorrer caminhos cheios de verde, salpicados de flores de todas as cores, escorrendo água em cada curva.

Habituado que estou a percorrer todos os caminhos sozinho, foi agradável percorre-los hoje acompanhado de tantas pessoas.

Está de parabéns a organização da prova. Também eles apostam na Descoberta e divulgação do concelho de Vila Flor.

Quilómetros percorridos em BTT: 20

18 abril 2008

18 de Abril é o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios


Hoje, 18 de Abril é o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. O Ministério da Cultura escolheu como tema deste ano “Património Religioso e Espaços Sagrados” abrangendo não só os locais cristãos mas também outros locais ligados ao culto em épocas anteriores ao cristianismo. A nível nacional estão previstas centenas de iniciativas envolvendo as autarquias, misericórdias, associações, museus e escolas. Pelo que sei não está nada previsto, em Vila Flor. Pode ser uma boa oportunidade para uma visita a alguns dos espaços religiosos de grande valor histórico e artístico existentes no concelho.

A igreja matriz de Vila Flor é um espaço bem digno de uma visita. A sua fachada, a talha dos altares laterais, a capela da Senhora das Graças, a própria imponência do edifício são aspectos a admirar. Pelo concelho há também outros locais de culto com características individuais marcantes, que proporcionam visitas enriquecedoras. Sem querer esgotar as possibilidades atrevo-me a sugerir a igreja matriz de Trindade, a igreja matriz de Valtorno e a igreja matriz de Santa Comba da Vilariça. Aqui mais próximo, a igreja matriz de Roios é também de uma riqueza singular. Para quem aprecia um passeio ao ar livre, mais em contacto com a natureza, há sempre a possibilidade de um passeio ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção ou Santuário de Nossa Senhora da Lapa.

17 abril 2008

Mais gravações em Vila Flor


Vila Flor animou-se mais uma vez com a rodagem de algumas cenas da telenovela “A Outra”, para a TVI. Durante a terça, quarta e quinta-feiras, foram rodadas cenas em vários pontos da vila. As cenas que se decorrem em Vila Flor e que são realmente aqui rodadas, são as que envolvem Zé Bento, Rosa Silva, Clara e a Paulina. Desta vez estiveram em Vila Flor um bom leque de actores, entre os quais várias crianças que espevitaram o imaginário nos alunos das escolas.

Um dos pontos mais utilizados para as filmagens é o Largo dos Condes de Sampaio onde se situa a casa onde vive Rosa Maria (coma a sua filha adoptiva Clara). Foi à porta desta casa que a mãe biológica de Clara, Joana Guerreiro (Núria Madruga) veio bater à porta.
Também foram rodadas cenas referentes ao casamento de Zé Bento com a Rosa, na casa que pertenceu aos Corte Real, na Praça da República, junto à Casa Africana. Ao fim da tarde de hoje as condições atmosféricas adversas dificultaram as cenas filmadas em frente à igreja matriz, envolvendo o padre e Vasco Grilo (Tózé Martinho).
Foram muitos os que participaram como figurantes e muitos mais os que presenciaram de longe o “vamos gravar”, “corta”, “acção”, “vamos repetir”.

14 abril 2008

É madrugada



É madrugada
madrugada sem véspera
e sem manhã

Já canta a passarada
acordam das entranhas da terra
melodias da gravidade pelo vazio
acordam e chilreiam - felizes

Deles tenho o canto
meu
o desencanto
(e) a sua companhia
(e) a memória viva de um morno pranto
Tenho este hábito macabro
gozo do gozo que me silicia
Embala-me o cansaço a mágoa
esse canto sem magia
que aprendi nas costas do diabo
nas tuas costas
e me foge pela madrugada
a troco de um tudo pouco nada

Embala-me esse chilrear manso

Quero que saibais
assim como isto e muito mais
embebedarei o meu descanso

Poema de Manuel M. Escovar Triggo, natural do Vieiro, do livro "Acidentais", publicado em 1987 em Coimbra.
Fotografia(HDR) tirada no Cabeço do Pereiro, em Lodões, no dia 12/04/2008.

13 abril 2008

No Cabeço de Santa Cruz em Lodões


Ontem foi dia de partir À Descoberta. Tinha muita vontade de continuar a minha caminhada pela Linha do Tua, mas o acidente desta semana estragou-me os planos. Vamos esperar as composições voltem a circular entre Mirandela e o Tua para continuar essa aventura.
A ideia do percurso de hoje chegou de França, do sr. Guilherme, emigrante de Lodões. Já há algum tempo que me vinha lembrando da existência de vestígios arqueológicos num cabeço perto de Lodões, conhecido como Cabeço da Santa Cruz, mas cujo nome é Cabeço de S. Pedro.
Já passei muitas vezes perto do Cabeço do Pereiro mas levava sempre outros destinos. Também nas muitas vezes que passo em Sampaio, via a cruz, em cima do morro e aumentava a minha curiosidade.
O dia estava muito pouco convidativo para passeios. Havia muitas nuvens e a chuva fez várias aparições durante a manhã. A meio da tarde clareou um pouco e pareceu-me que poderia ser possível fazer uma visita ao Cabeço de S. Pedro. Convenci o meu filho Rafael a acompanhar-me.
Deixámos o carro na estrada entre Roios e Lodões ali perto do caminho que dá acesso à Quinta de Vale de Cal e continuámos a pé. Há ali 3 cabeços sendo o Cabeço do Pereiro o mais alto (368 metros) e o de melhor acesso. O som da água na Ribeira de Roios a bater nas rochas fez diferença na escolha do percurso. Descemos por um caminho que segue em direcção a Sampaio acompanhando a ribeira de perto, situado entre esta e os três cabeços. Infelizmente também ao longo deste caminho há bastante lixo e ferro velho despejado ao acaso. Já nos encontrávamos a sul do último cabeço quando compreendemos que tínhamos que abandonar o caminho e seguir pelo monte.
O cabeço mais a Sul tem 319 metros de altitude. O acesso pela vertente Sul é muito difícil. É pena ter tão difícil acesso, dava um bom local para treino de escalada! Depois de alguma dificuldade na progressão devido ao mato conseguimos por fim chegar ao topo. Daí conseguimos ver com clareza o Cabeço de S. Pedro, também ele de acesso difícil e com 355 metros de altitude. Aproximámo-nos também pelo Sul, com uma bela visão, mas tivemos que ladear o cabeço para lhe termos acesso pelo Norte.

Foi precisamente no acesso por Norte que encontrámos os primeiros vestígios arqueológicos. Neste cabeço existiu um povoado fortificado, que se prolongou na idade do ferro até ao período do domínio romano. Praticamente inacessível por Este, Sul e Oeste, na vertente Norte do cabeço existiu uma linha defensiva feita de pedras miúda quartzítica. No interior deste linha defensiva os espaços existentes são muito irregulares e encontram-se cobertos por mato denso. Por mais que tentasse procurar alguma ordem não consegui. Encontrei pedaços de argila alguns de vasilhas.
A quantidade de pedra existente na zona mais alta parece sugerir a existência de alguma espécie de torre de vigia, como devem ter existido muitas outras ao longo dos montes que ladeiam o vale.
No alto do cabeço está cravada uma enorme cruz de madeira. Há vestígios de ali ter existido alguma estrutura em ferro talvez uma cruz com um gradeamento de ferro a rodeá-la, mas não se percebe com clareza. Ainda procurei vestígios de alguma cruz em pedra que tivesse sido tombada, mas não encontrei nada. A explicação o topónimo Cabeço de Santa Cruz parece evidente, não sei se há algo mais do que a existência de uma enorme cruz, naquele lugar há pelo menos muitas décadas.
A luz do dia ia diminuindo. Lá no alto, nas Portas do Sol, era onde hoje ele se recolhia e não onde nascia, como o habitual. Já não tivemos tempo de subir ao cabeço mais alto. Regressámos ao automóvel e depois à estrada, de regresso a Vila Flor.

12 abril 2008

Flor do Mês - Março 08


Terminado o período da amendoeira em flor, que ainda se prolongou quase até ao fim do mês de Março na freguesia de Valtorno, chegou a altura de fazer um balanço do que se passou pelo concelho, em termos de floração. Tive a minha actividade de Descoberta (em Vila Flor), bastante limitada, fazendo poucas deslocações pelo concelho. A planta selvagem que floriu durante este mês foi a urze. Há muita urze espalhada por várias encostas do concelho principalmente nos solos xistosos, mas não é esta a minha escolha.
Neste mês a minha escolha não recai sobre a flor de uma planta selvagem, mas de novo sobre uma planta cultivada, trata-se da nabiça. Esta planta, de tão vulgar que é, raramente merece a nossa atenção, mas há quem a aprecie no prato. O nome científico da nabiça é Brassica napus L. e pertence à família das cruciferas (como a couve). É muito utilizada para a alimentação do gado, mas, poucas plantas haverá, que sejam tão aproveitadas para a alimentação humana: comemos as suas raízes (nabos), comemos as suas folhas e caules (quando jovens) e comemos as suas flores (os grelos). Para completar este aproveitamento, na variedade oleifera (conhecida por colza), são aproveitadas as sementes para a produção de óleo.

Tanto as variedades selvagens, como as cultivadas, florescem em Março-Abril, proporcionando uma cor amarelo-canário aos campos e alimento para as abelhas, que procuram as flores com grande entusiasmo.
Quando era jovem recordo de ter roído os nabos crus muitas vezes, mas são mais utilizados para confeccionar sopas. Como com alguma frequência folhas de nabiça, mas estas crescem rapidamente, deixando de ser tão apelativas. Os grelos com batatas cozidas são muito apreciados, acompanhados por carne grelhada ou mesmo uma boa alheira. Também é frequente em Trás-os-montes fazer-se arroz com grelos, muito saboroso.

As fotografias mostram-nos que para além de todo o potencial agrícola da planta, a beleza que confere à paisagem, tornaram o mês de Março único, pintado de amarelo vivo que se combina bem com o azul do céu.
As três fotografias de hoje foram tiradas junto a Vila Flor, num campo de nabiças em flor, que apreciei em fotografia mas que também tive oportunidade de apreciar no prato.

09 abril 2008

A Outra - Fraga Amarela


Na telenovela "A Outra",da TVI, Kiko tirou algumas fotografias fantásticas na Fraga da Pena Amarela, em Vila Flor. Esta referência, que já foi repetida várias vezes, chamou à atenção de alguns telespectadores, que me perguntam se a dita fraga existe mesmo. Não sei se existe. A telenovela é ficção e quem vê as imagens sem conhecer a região pode pensar que a queda d’água do Síbio, em Coleja e o Castelo de Ansiães, na Lavandeira, (ambos no concelho de Carrazeda de Ansiães) são em Vila Flor. O mesmo se passa com o Gavião. As imagens afinal nada têm a ver com a aldeia abandonada do Gavião, em Vila Flor.
Contudo, existe no concelho uma Fraga Amarela. Está localizada na freguesia de Vilas Boas, entre Meireles e Vale Frechoso. O melhor acesso, talvez o único, é a pé. Partindo da estrada N214, próximo (1 Km) do cruzamento para Vale Frechoso, em direcção a poente. Também ali próximo está o marco geodésico do Flor da Rosa, a 643 metros de altitude, que já fotografei várias vezes.

Outras notícias neste Blog, sobre a telenovela "A Outra".

06 abril 2008

Na Linha do Tua - 2


Ontem foi dia de mais uma etapa À Descoberta da Linha do Tua e do Rio. Depois da experiência da primeira etapa que me levou do Cachão à Ribeirinha, pensei na melhor maneira de continuar, em direcção ao Tua. Optei por descer parte da linha na automotora, partindo da Ribeirinha e fazer o caminho de regresso caminhando (2). Depois de estudar um pouco a linha, achei que podia caminhar da Brunheda até à Ribeirinha, e foi isso que eu fiz.
O dia estava bonito, sem nuvens, quente, a convidar para o passeio ao ar livre. Pouco depois das 10 da manhã já estava na Ribeirinha. Estacionei o carro e ainda tive tempo de ir até ao rio tirar algumas fotografias. Às 10:30 chegou a automotora. Transportava 8 viajantes, o condutor, o revisor e um cão. Não era o único interessado em registar as belezas da paisagem em fotografia, havia pelo menos mais três pessoas. Em Abreiro entraram mais 4 pessoas, sem bagagem, com todo o aspecto de viajarem por prazer.

Quase sem dar conta, estava na Brunheda. Desci da automotora e esta continuou em direcção ao Tua. Comecei a caminhada de regresso exactamente às 11 horas. Calculei que percorrer o caminho me levasse 2 horas e 3 para tirar fotografias.
Na maior parte do percurso não há caminho e por isso tinha que caminhar pela linha. Onde fosse possível e interessante, deixaria a linha e desceria até ao rio. Também tinha por objectivo fotografar a flora e fauna. O ano corre muito seco e não há muita vegetação. Com as temperaturas amenas que se fazem sentir, há muitas plantas floridas e por isso não me faltariam motivos para fotografar.
Pensei em subir à ponte para ter uma boa perspectiva da linha e da estação, mas desisti, isso ira levar-me bastante tempo.
A primeira coisa que me surpreendeu, foi a quantidade de vinhas que estão a ser plantadas nas encostas do Tua! Havia muitos grupos a trabalhar em novas vinhas. Ao contrário do que se imagina, existem nas duas encostas do rio muitas terras ainda cultivadas. A maior parte são vinhas, mas há também oliveiras e amendoeiras. A segunda, foi a quantidade de ninhos que há nos barrancos da linha.
Tinha andado cerca de dois quilómetros quando me surgiu a primeira açude. Havia ainda as paredes de uma azenha e como o acesso era fácil, desci ao rio. A construção é grande e robusta. As mós ainda lá estão. Estava eu entretido a tentar fotografar o movimento da água quando um melro-da-água (Cinclus cinclu) vei-o investigar-me. Fiquei excitado, é uma ave difícil de fotografar, não desperdicei a oportunidade. Ao longo de todo o percurso observei muitos cágados, alguns enormes. Estão sempre muito atentos e é difícil aproximarmo-nos deles. Também observei algumas garças-reais, perdizes, melros e melros azuis (Monticola solitarius, como eu). Curiosamente não vi nenhuma ave de rapina.

A segunda açude vim a encontrá-la junta à estação de Codeçais. Também aproveitei para descer ao rio e fazer algumas fotografias. Na ombreia da porta da azenha pode ler-se com facilidade os anos de 1879 e 1939. Neste ponto, faz-se a divisão de 3 concelhos: Carrazeda de Ansiães, Murça e Mirandela. Pouco depois de subir à linha, passou a automotora em direcção a Mirandela.
Nesta zona a vegetação é composta por giestas, freixos, choupos, sobreiros e carrascos. Há também algumas estevas, pilriteiros, torgas e gilbardeiras. Os pilriteiros (Crataegus monogyna) estão particularmente bonitos, carregados de flor, branca, miudinha e cheirosa. As plantas anuais e muitas bolbosas também estão em flor, despertando a minha atenção. Isto já para não falar das violetas selvagens que se encontram ao longo do rio, dos pequenos amores-perfeitos selvagens que estão por todo o lado.
Depois de percorrer pouco mais de 5 quilómetros encontrei a primeira ponte. Identifiquei imediatamente o local. Só podia ser a ribeira que atravessa Freixiel a juntar-se ao Rio Tua. Encontram-se à direita da linha, a poucos metros, ruínas de várias casas. Deve ter existido aqui possivelmente alguma quinta. O rio sofre um estreitamento, as águas correm muito agitadas e fazem muito barulho.
Depois de andar 8 quilómetros estava na estação de Abreiro. Já tinha perdido a conta às fotografias, felizmente a bateria ainda estava para durar e, portanto, podia continuar. Após passar uma zona onde vale é mais aberto, depois da ponte de Abreiro, entra-se na zona mais agreste deste percurso. O rio estreitece de tal forma que parece ser possível saltar de um lado para o outro.

Depois da Ponte do Diabo, desci pelas fragas para fotografar alguns rápidos do rio. Esta zona é muito perigosa, deve haver poços com muita profundidade e águas muito violentas. O barulho era ensurdecedor.
Nas frestas das rochas crescem violetas e Jacinto-dos-campos (Hyacinthoides hispânica) com cores tão delicadas que são difíceis de fotografar. As águas agitadas do rio pareciam agora de outra cor.
Cada curva do rio, cada curva da linha, abrem horizontes para infindáveis composições de cores e enquadramentos. Dividi-me entre os grandes planos das encostas, a vegetação que ladeia o rio e as curvas preguiçosas da linha. O tempo foi passando e aproximava-me cada vez mais da Ribeirinha.
Entretanto verifiquei que estava quase na hora da automotora passar de novo em direcção ao Tua. Tomei posição num ponto alto e esperei pacientemente. Às 16:50 a automotora passou, permitindo-me mais algumas fotografias.
Pouco tempo depois a violência das águas foi diminuindo gradualmente. O rio alargou-se e surgiram enormes árvores nas suas margens. A Ribeirinha estava perto! Abandonei a linha e segui mesmo junto à água até chegar à aldeia. As águas estavam calmas e os reflexos da folhagem formavam harmoniosos quadros.

Cheguei à estação já eram seis horas. Ultrapassei em duas horas a minha previsão, mas fiz o percurso sem pressas, descendo ao rio várias vezes e tirando mais de 1300 fotografias. Não senti cansaço, apenas alguma fadiga nas pernas e o pescoço a ferver do sol que apanhou. Fazendo o percurso pela linha seriam mais ou menos 12 quilómetros. Com as voltas que dei, não faço ideia quantos quilómetros percorri.

Já sinto muita vontade de fazer o resto do percurso até ao Tua.

(Outras fotografias deste passeio percurso podem ser vistas aqui.)

05 abril 2008

De volta ao pedal

No dia 4 de Abril retomei os meus passeios de bicicleta. O mês de Março não foi muito positivo. O facto de estar na exposição de fotografia aos fins-de-semana, o apagamento da máquina fotográfica, o descontentamento com a bicicleta que acusa o mau uso e também um pouco de acomodação, contribuíram para muito sedentarismo.
Munido da nova máquina fotográfica mas com o físico um pouco enferrujado, decidi dar um passeio numa área não muito distante de Vila Flor, tentando percorrer alguns trilhos da prova III Rota da Liberdade, em BTT, que vai ter lugar em Vila Flor no próximo dia 20 de Abril.
Saí em direcção à Fonte do Olmo, mas depois segui pela retaguarda da Quinta de S. Domingos até perto de Samões. Virei a poente em direcção ao campo de futebol de Samões e continuei até ao marco geodésico do Concieiro, perto do Santuário de Santa Cecília. Virei a Sul e foi encontrar a estreita estrada que segue da Barragem para o Seixo de Manhoses. Virei para a barragem. Tentei ladear o Parque de Campismo por sul, mas o trilho que aí existe está agora vedado. Contornei a Barragem por Norte e segui de novo em direcção ao campo de futebol de Samões. Segui depois em direcção à estrada nacional N215, muito próximo da zona industrial de Vila Flor. Subi ao longo da Quinta de Carvas, contornei todo o morro do Facho, por Trás-da-Serra, chegando ao pôr-do-sol ao miradouro da Senhora da Lapa. Aproveitei para admirar a paisagem até o tempo se esgotar. Voltei a Vila Flor.

O passeio não foi muito longo, mas foi o suficiente para “castigar” o corpo e para explorar as potencialidades da nova máquina fotográfica. Não vai ser fácil esquecer todas as potencialidades que permitia um total controlo dos parâmetros da fotografia. Esta máquina é totalmente automática, não permitindo praticamente nada mais do que enquadrar e disparar, o que é muito pouco. Neste primeiro contacto, o entendimento foi difícil. À parte o generoso zoom 10X (equivalente a 280 mm numa câmara analógica), tudo me pareceu muito limitado. Pode ser desconhecimento e falta de habituação, vamos tentar de novo numa próxima oportunidade.
Quilómetros deste percurso, em BTT: 23
Total de quilómetros em bicicleta: 1778

04 abril 2008

BTT - III Rota da Liberdade - 20 de Abril de 2008


No próximo dia 20 de Abril vai ter lugar mais em Vila Flor mais uma prova de BTT, a III Rota da Liberdade. Depois do grande sucesso que a prova teve em Abril de 2007, esperam-se agora um evento ainda melhor, contando já com mais de 140 participantes pré-inscritos.
Na minha opinião, o percurso escolhido, mais em altitude, vai permitir mais frescura, mais variedade na paisagem e talvez até menos pó do que aquele que vivemos, nalguns troços da prova, em pleno Vale da Vilariça, no ano passado. Pelo que percebi, a prova dai decorrer no espaço entre Vila Flor, Samões, Carvalho de Egas, Santuário de Santa Cecília, Gavião, Arco com uma incursão partindo de Samões em direcção a Freixiel mas virando à esquerda no Ribeiro das Olas em direcção a Candoso, descaindo depois para Carvalho de Egas.

No fundo serão 3 provas, Passeio, Meia-maratona e Maratona, de acordo com as capacidades e anseios de cada um. Os três percursos partilham, em parte, os mesmos trilhos, tendo respectivamente 25 , 37 e 50 Km. Novidade também é a utilização dos Parque de Campismo para "quartel-general" da prova, local de partida, banhos e também como local de dormida para quem quiser vir para Vila Flor no dia anterior.
Conheço bem toda a área a percorrer. Mesmo sem saber com exactidão o percurso, no passeio que fiz no dia 4 pude comprovar que se o as condições climatéricas estiverem favoráveis, será uma grande prova.
Mostro neste post algumas fotografias, tiradas no dia 4 de Abril, dos locais a percorrer durante as provas.

Mais informações sobre toda a organização da prova, incluindo inscrições, podem ser encontradas no Blog do Clube de Ciclismo de Vila Flor.

01 abril 2008

Testemunhas - Exposição fotográfica


Terminou ontem a exposição de fotografia, TESTEMUNHAS, que esteve patente na galeria do Centro Cultural em Vila Flor durante todo o mês de Março, com fotografias da minha autoria. Apetece-me tecer algumas considerações, mesmo não sendo um balanço e muito menos uma avaliação.
A ideia de fazer a exposição como complemento do Blog, à Descoberta de Vila Flor, parece-me ter resultado bem. Muitos dos visitantes do Blog fizeram questão de estar presentes, mas muitas outras pessoas, normalmente afastadas da tecnologia e da web, também viram as fotografias.

Em termos de visitantes, não posso dizer se foram muitos ou poucos. Apenas estive presente 3 domingos, pela tarde. Nos dois primeiros domingos do mês, houve bastante movimento na vila e muita gente aproveitou para visitar a exposição. Não tenho qualquer indicador do número de visitantes durante a semana.
Ao escolher expor fotografias a preto e branco e tendo como temática trabalhos em ferro no concelho, sabia de antemão que não seria uma exposição para toda a gente visitar e gostar. Muita gente foi apanhada de surpresa, pelas fotografias. Esperavam lindas paisagens e encontraram pedaços de ferro, a preto e branco. Mas, mais surpreendidas ficavam quando reconheciam que todos os dias passam pelos locais fotografados e nunca se tinham apercebido da beleza que eles têm.

Em termos económicos, dado que coloquei as fotografias à venda pelo preço de 25 euros cada, o negócio foi como era de esperar pouco rentável. Não tive qualquer apoio para fazer a exposição. As despesas com a impressão das fotografias e com as molduras foram na íntegra suportadas por mim. A venda das fotografias pretendia recuperar alguma coisa das centenas de euros que gastei. Digo recuperar alguma coisa, porque mesmo vendendo todas as fotografias não equilibraria as despesas, o preço era simbólico. Vendi algumas, felizmente todas a pessoas que apreciam o que faço. Outras, vou ter o prazer de as oferecer àqueles que me têm incentivado, sem eles não teria havido exposição.
O aspecto mais positivo da exposição foi sem dúvida o meu trabalho. Adorei fotografar os pormenores em ferro; adorei voltar a fazer fotografias a preto e branco. Depois disto, com certeza que vou continuar a fotografar a preto e branco, pormenores em ferro ou não. Na exposição, tal como no Blog, só coloquei o que gosto. Estou satisfeito com o que fiz.

Pelas mensagens que os visitantes deixaram escritas, sou levado a pensar que gostaram. Não faltam palavras de agradecimento pela divulgação de Vila Flor e também de incentivo a continuar. É isso que vou tentar fazer.
Decidi colocar todas as fotografias, em miniatura, aqui no blog. Assim mesmo os que não puderam visitar a exposição vão agora ver as fotografias que estiveram expostas, e se quiserem, fazer alguns comentários.
Além de um vídeo com as 30 fotografias que estiveram expostas (com um bonito fundo musical de Beethoven), vou colocar alguns conjuntos com 37 fotografias, todas as que estiveram na exposição. Vou também colocar a indicação do local fotografado, informação que decidi não colocar durante a exposição.

Primeiro conjunto com 9 fotografias
Primeira linha: A primeira fotografia e terceira foram tiradas no mesmo local. Na Praça da República, em Vila Flor. A fotografia do meio é uma parte da porta do mercado, em Vila Flor.
Segunda linha: A primeira fotografia foi tirada no miradouro, em Vila Flor. A segunda fotografia de uma varanda de uma casa abandonada, na Rua Sidónio Pais, em Vila Flor. A terceira fotografia o portão de uma casa à direita da Casa Africana, na Praça da República.
Terceira linha: A primeira fotografia é um pormenor de um lindo portão no Largo Manuel António Azevedo; a segunda fotografia é um pormenor das grades de uma janela perto do início da Rua do Saco; a terceira fotografia é um portão de uma propriedade no Nabo, junto à capela de Nossa Senhora do Carrasco.

Segundo conjunto com 9 fotografias

Primeira linha: A primeira fotografia é um pormenor do gradeamento da pia baptismal, na igreja de Freixiel; a segunda fotografia é um pormenor do anfiteatro ao ar livre do Centro Cultural, em Vila Flor; a terceira fotografia é um pormenor de uma janela da casa onde está uma farmácia perto do museu.
Segunda linha: A primeira fotografia é da uma varanda de uma casa abandonada na Praça da República, em Vila Flor; a segunda fotografia é da varanda de uma casa em ruínas perto da Fonte Romana, não sei se é na Rua da Misericórdia; a terceira fotografia é o pormenor de uma janela de uma casa situada na Avenida Doutor Francisco Guerra, por detrás da Câmara Municipal.
Terceira linha: A primeira fotografia é um pormenor no telhado da Casa dos Milagres, no santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas; a segunda é um portão de uma garagem no início da Avenida Doutor Francisco Guerra; a terceira fotografia é um pormenor do portão do cemitério, em Freixiel.

Terceiro conjunto com 8 fotografias

Primeira linha: A primeira fotografia é na Praça da República, em Vila Flor; a segunda é uma janela na Rua Doutor Alexandre Alveres Aragão; a terceira é um pormenor da porta do cabido da capela de Nossa Senhora do Carrasco, no Nabo; a quarta é uma varanda na casa onde funciona a farmácia, junto ao museu.
Segunda linha: A primeira fotografia é um pormenor no santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Candoso; a segunda é de um portão no início da Rua Doutor Alexandre Alveres Aragão; a terceira é um pormenor de uma varanda, numa casa em ruínas, na Praça da República; a quarta é um pormenor do portão do cemitério, em Freixiel.

Quarto conjunto com 4 fotografias

Primeira linha: Medalhão numa porta da capela no santuário de Nossa Senhora da Lapa, em Vila Flor.
Segunda linha: a primeira fotografias apresenta um candeeiro e paisagem, vista do Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas; a segunda é também o Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas; a terceira é uma varanda, numa casa em frente ao museu.