23 junho 2008

II Feira de Gastronomia, Artesanato e Produtos Regionais - Freixiel


Cheguei a Freixiel por volta das três da tarde. O dia estava anormalmente quente (para aquilo que estamos habituados). No largo da feira já ardiam os assadores, estava montada a tasquinha e a cascata feita de buxo, com o S. João em lugar de destaque. Um grupo de homens mais afoitos, jogava à malha, mas, muitos abrigavam-se das chispas do sol debaixo do tecto das barracas, onde estavam expostos os produtos: esculturas em madeira representando santos, presépios ou máscaras e também pintura, tudo de um artista local; fumeiro, vinho, azeitonas, azeite e vários tipos de biscoitos; seguia-se uma secção com bordados, ponto cruz, arraiolos, etc. Esta representava a maior parte dos produtos expostos, mas não é de admirar, o grupo de bordados esteve na base da realização desta segunda edição da Feira de Gastronomia, Artesanato e Produtos Regionais de Freixiel. Estive presente na primeira edição da feira e também tive o prazer de visitar a exposição que esteve patente na galeria de exposições do Centro Cultural de Vila Flor, entre Maio e Junho de 2007.

Desta vez, a minha atenção centrou-se em pequenas bonecas. Com roupas feitas em croché, pareciam autênticas princesas! A habilidade com que as roupas foram feitas e a combinação de cores utilizadas, deram um bom tema para eu fotografar.
Pouco depois começaram os jogos tradicionais. O saltar à corda foi uma alegria. Os mais novos aderiram com energia mas com pouco jeito. Foram necessárias algumas demonstrações dos mais velhos, para estes aprimorarem a técnica. Pouco depois, dava gosto vê-los a saltar em grupo, todos em sintonia.!
A brincadeira continuou com as crianças a mergulharem a cara numa bacia com água, para depois procurarem um rebocado, com a boca, noutra bacia com farinha. Houve até quem experimentasse o mesmo jogo com vinho!

A corrida de sacos também esteve presente, mas as temperaturas não permitiam muito esforço.
Aproveitei um momento de acalmia para dar um passeio por algumas ruas da aldeia. O evento decorria no Largo da Ponte Nova, mas, ali ao lado, o Pelourinho merecia bem alguns minutos de atenção. Além do céu azul com nuvens brancas, janelas e varandas com petúnias de cores vivas, completavam o quadro. Só os fios eléctricos destoavam. Demorei-me no Largo do Pelourinho, procurando o melhor ângulo. Indiferente ao movimento e à música, um grupo de idosos ocupava o seu lugar de sempre, à sombra, em volta de eterna mesa de pedra. Soube por eles que esta era a “equipa suplente”, porque a “equipa principal” jogava no café.
Segui para o Largo das Fontes e continuei pela Rua Eng. António Trigo de Morais. O calor não permitia parar durante muito tempo. Andei ainda pela Rua Grande, Rua do Canto e Rua do Concelho. Entrei no Café Trasmontano para me refrescar um pouco. É quase um museu! Demorei-me imenso a admirar todos os artefactos dependurados nas paredes ou a elas encostados. Foi como uma viagem ao passado: rocas, arados, grades, crivos, peneiras, meleias, albardas, jarros, bilhas, regadores, cabaças, etc. Vale bem a pena fazer-lhe uma visita, quer pela rusticidade do local, quer pela quantidade e variedades de artigos expostos.

Voltei ao recinto da feira. Aos poucos começou a juntar-se mais gente. O momento mais importante estava quase a acontecer. O Rancho Folclórico de Freixiel aglutina as pessoas e toda a aldeia se juntou para os ver actuar. Cada vez maior, com (muito) jovens e com idosos, (a idade pouco conta) todos dançam e cantam com uma alegria sem igual.
Caiador que cheira a cal
Carpinteiro a madeira
Cada qual no seu ofício
Eu também sou lavadeira

Eu também sou lavadeira
Lavo no Rio Jordão
Lavo saias e entremeios
Também lado o coração.

Estas é que são as saias
Estas saias é que são
São dançadas e bailadas
Da raiz do coração.

A acompanhar estas quadras encadeiam-se as mãos, gira a roda e troca o par. Sempre a mesma alegria, sempre com toda a cara num completo sorriso. As gargantas não se cansavam:

Ó Matilde sacode a saia
Ai ó José alevanta o braço
Deita o joelho em terra ai rico amor
Põe-te a pé dá-me um abraço.

O tempo passou, estando cada vez já mais fresco, sem se dar por isso. Eram 19 e trinta quando o rancho deu por terminada a sua actuação. O sr. Presidenta da Junta de Freguesia pegou no microfone para valorizar o empenho e trabalho realizados em torno do evento, congratulando-se com a festa/feira. Convidou todos os presentes para um lanche, que se seguiu.
Enquanto se prepararam as mesas, alguns foram ensaiando alguns passos de dança, a frescura do final de tarde já convidava a uma noite de folia.
Foi grande o grupo que se juntou para confraternizar. Os assadores não pararam durante toda a tarde! Frango de churrasco e fêveras, acompanhadas com bom vinho, permitiram mais um momento de são convívio.
Eram quase nove da noite quando saí de Freixiel. A aparelhagem sonora que animou o dia, debitava as músicas que fazem saltar o pé em qualquer arraial. A festa continuou.

11 comentários:

Anónimo disse...

Aníbal,
Que bela feira, a de Freixiel!!!
Com as suas fotos e a descrição que fez, conseguiu levar-me à "festa" e acompanhá-lo em todas as ruas que eu recordo com saudade, dos meus tempos de infância. Só não sei qual é o café que tem tão grande variedade de objectos antigos em exposição...Fica uma visita prometida para a próxima vez que lá for.
Como estão lindas as janelas e varandas que fotografou!!!
Estão todos de parabéns: quem fez a festa e o Aníbal que tão bem a descreveu.
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Olá
É verdade: quem lê o texto e vê estas fantásticas fotos, tem mesmo de estar em festa (...a do coração), mesmo longe da "festa".
A pergunta da localização do café é para o Aníbal, mas eu posso ajudar: fica exactamente depois do lagar do senhor Ernesto Lima, no mesmo lado da rua, no sentido de quem se dirige para o centro da aldeia.
Aníbal, então deixa-se assim uma pessoa pró nostálgica e deprimida???? Pois. Não pude correr, saltar, brincar, pular, comer, dançar...como gostaria... Nada disso. Estou só a brincar... A vida é assim mesmo: dá-nos umas coisas e, tira-nos (ou priva-nos) de outras...
Peço autorização para daqui fazer um pedido ao nosso Presidente da Junta: Senhor João, quando puder, dê, se faz favor, uma vista de olhos no postal ilustrado de Zêdes...Visione bem estas fotos/mosaico de Freixiel...e outras que já existem.... e que são igualmente fantásticas!!! Será que algo mais se pode construir? Eu acredito que sim e, confio na sua disponibilidade e empenho para se dar mais "grandeza" a essa aldeia. E, quem sabe, AVANÇAR... Registei com agrado a sua simpatia em convidar os presentes para partilharem do repasto que prepararam e, daí, sairem com as barriguinhas compostinhas!!! Valeu!
Obrigada Aníbal, por TUDO.
Um grande beijo para toda a família.
Esmeralda

Anónimo disse...

Foi mesmo uma festa muito linda!
Bem acompanhada, com a boa pinga e o belo churrasco.
Tá toda a gente de parabens!

Anónimo disse...

Esmeralda, obrigada por me ter elucidado acerca do café de Freixiel que tem as peças expostas! Eu já imaginava que devia ser esse...
Eu sou natural de Freixiel, prima do Carolino Jorge, seu cunhado. Ainda me lembro de si, em criança. Um abraço
Anita

Anónimo disse...

Olá professora Anita(para mim será sempre a profª Anita, não se importa pois não?)!
Sim, sei que é de Freixiel; aliás já me congratulei com a adesão de mais uma conterrânea (viu/leu?, neste espaço. Tenho na minha memória bem presente a sua fisionomia; as suas duas filhas; e o meu querido professor de Português - professor Fonseca - seu marido. Retenho, dentre vários, dois momentos muito importantes para mim: foi com ele que aprendi e ainda a sei de ponta a ponta a "Ode Marítima"; gravou uma redacção por mim escrita/lida, onde era obrigatório utilizarmos o "aqui; ali; além..." Coisas simples que, simplesmente, marcaram uma miúda receptora de formação e, porque não, de afectos.
Estou muito contente por saber que "está por aqui"...
Um beijinho de ternura da
Esmeralda

Anónimo disse...

olá professor! que reportagem maravilhosa! é verdade, foi uma bela festa.freixiel quando quer,faz lindas coisas.estou muito orgulhosa,pois também eu dei o meu pequeno contributo na barraca dos bordados,parabéns para todos:câmara,junta,rancho,comissão de festas e grupo de bordados e porque não, a todos os participantes!bem haja professor.
fátima rosinha
24 junho,2008

Anónimo disse...

Olá, Esmeralda!
Fiquei contente por saber que ainda se lembra de mim...
O Aníbal tem o condão de juntar as pessoas, à volta do seu trabalho!!! Sou uma fã incondicional de tudo quanto faz para a divulgação da nossa terra e das suas gentes... Cá nos encontraremos mais vezes...
Um beijinho e obrigada pelas palavras simpáticas, a respeito do meu marido.
Anita

Anónimo disse...

Esmeralda,
Só hoje li o seu comentário onde fala de mim e do meu marido. Não sei como me escapou.Obrigada pelas palavras afectuosas com que se refere a ele. Elas caem bem fundo no meu coração. Obrigada ao Aníbal que permite, com os seus maravilhosos trabalhos, que se relembre o professor amigo, desaparecido há 25 anos!!!...
Um beijo de gratidão e estima
Anita

Anónimo disse...

ola professor anibal...foi um dia espetacular...conseguimos realizar a segunda feira de gastronomia, artesanato e produtos regionais, pois claro com a ajuda do grupo de bordados, onde nos tambem demos o nosso comtributo,com a ajuda da junta de freguesia, da camara municipal e com a comissao de festas e com a presença de toda a aldeia conseguimos realizar um dia diferente e mt bonito. desde ja agradece-mos os seus lindos textos e fotos de freixiel...por isso, é que toda a gente canta assim" freixiel é um jardim toda a gente diz assim: É TAO LINDA A NOSSA TERRA"
um abraço e continue a fazer nos visitas e a promover os eventos desta linda terra.

filipe velho e familia

Anónimo disse...

Momentanemente longe mas sempre perto no meu coração,deixo o meu apreço e admiração,a todos quantos colaboraram neste evento,que tão bem projecta Freixiel e as suas gentes laboriosas.
Abraço aos amigos que tenho em Freixiel,também aos que estão fora(Esmeralda e profªAnita).
Do bom professor Fonseca,já falei a cada uma o que me vai na alma,embora nunca seja demais,lembrar,quem tanto nos queria,quem tanto nos ajudou na escada da vida.Será sempre o professor nºum.
obrigado,abraço a todos.
Mais uma vez obrigado caro Anibal.
Rui Guerra

Anónimo disse...

Olá
...para o Rui (o Aníbal não se importa...)
Agradeço e retribuo esse abraço, "ganda" Rui!!!
Abraço-vos
Esmeralda