06 agosto 2008

A Cabral Adão


Noite

A mãe-noite estendeu as suas asas
Por sobre a serra verde, a dormitar.
Alvejam nas vertentes mini-casas
Banhadas de mistério e de luar.

Grilos e ralos erguem seu cantar,
As estrelas faiscam como brasas.
Águas da serra vão a deslizar
De salto em salto, até às leiras rasas.

De mim, também se ergueu uma canção
Sem música, sem letra, sem rumor,
Um toque singular do coração

Que preencheu o espaço em meu redor,
Que as estrelas correu, de mão em mão,
E recolheu a mim, suspensa em dor!

Soneto de Cabral Adão, publicado no jornal "Notícias de Mirandela".

13 comentários:

Anónimo disse...

Lindo poema, belo trabalho!!! Aníbal, continue a divulgar o que de belo se encontra na nossa terra e que a sua sensibilidade tão bem sabe captar!!!...Recordar os que souberam criar beleza à sua volta, demonstra que é uma pessoa fora do vulgar!!! Continue... Eu serei sempre uma admiradora dos seus trabalhos.
Cumprimentos
Anita
Anita

Xo_oX disse...

Quem sou

Há dias, na Senhora da Assunção,
Onde pra Trás-os-Montes nasce o dia,
Alguém manifestou a convicção
De ser outro o João de Santa Luzia.

Mas logo veio a rectificação
Por bons amigos meus, e nem valia
A pena qualquer vaga discussão,
Tão rasteirinha é minha valia.

João por ter nascido em vinte quatro
De Junho, de novecentos e dez.
De Santa Luzia, em consid'ração
Da capelinha morta que idolatro,
Junto da escola morta que me fez...
E tudo quer dizer: Cabral Adão.

Cabral Adão

Xo_oX disse...

Esfarrapado!

Sonhei contigo, amor! (será ainda
Amor que eu sinto, igual ao que senti?).
Sonhei que vinhas, como outrora, linda,
Com os teus filhos em redor de ti.

Abriste os braços como quem sorri
Co'a graça antiga, graça que não finda.
Apertaste-me a mão com frenesi
E eu disse: «Que surpresa! Sê benvinda!»

Falámos sobre tudo, à boa paz:
O tempo, os nossos bens - nanja o passado!
E a apertar os cordões dum teu rapaz,

Baixámo-nos, de rostos lado a lado,
E os lábios se tocaram (que mal faz?!)
Nun beijo de raspão, esfarrapado!

Cabral Adão

Xo_oX disse...

Versos tristes

Se eu com lágrimas escrevesse versos,
Servindo de tinteiro o coração,
E de pena meus olhos, sempre imersos
Nas tintas da saudade e da ilusão,

Verias que poemas tão diversos
Daqueles que ora escreve a minha mão
Faria pra te dar, poemas tersos,
Nascidos da mais pura inspiração!

Assim, já certamente não descrias
Do pensamento fixo dos meus dias,
Do meu apaixonado bem-querer.

O amor todo amargura não se extingue,
E quanto mais é o fel, mais se distingue
Das doces afeições que dão prazer!

Cabral Adão

AG disse...

Obrigado D. Anita
Os versos são como lufadas de ar fresco para moderarem o Verão quente e seco.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Ó Aníbal, que bem fez ter copiado todos os poemas do trabalho!!! Eu ainda tentei passá-los para o papel, mas eles eram mais rápidos do que a minha mão... Obrigada por ter completado a obra!!!... Vou guardá-los porque são muito lindos!!!
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Olá.
BELISSIMO. Trabalho excelente, esta montagem *****.
Estás a trabalhar bem e eu pensei que já estavas de férias.
É como dizes, é "uma lufada da ar..." que sendo quente de intensidade poetico/crmática dá uma sensação fresca de bem estar com a vida, mesmo em pleno Agosto. (que por sinal por aqui, porto, está até bem fresquinho e com chuva à mistura).
Lá para a semana vou andar por aí.
Até lá.
Um abraço
Li Malheiro

AG disse...

Olá Li(ão)...
Esse é o "castigo" para quem troca este "Reino Maravilhoso" por outras terras mais húmidas.
Temos que nos encontrar, num passeio "À Descoberta de Carrazeda". Continuação de boas férias

Anónimo disse...

Aníbal, vou pedir-lhe autorização para perguntar ao Li Malheiro se, por acaso, conhece uma professora de Parambos, cujo primeiro nome não me vem agora à memória, e que estava casada com um Gentil (Regente agrícola) e que foram viver para Ponte do Lima?! Ela trabalhou comigo em Vila Flor e o casal era uma simpatia!!! Há muito tempo que não sei nada deles. Se souber de quem estou a falar, agradecia notícias. Ah, agora me lembro, ela chamava-se Maria Antónia, se a memória não me atraiçoa. Tinha uma irmã mais nova que esteve com ela em Vila Flor, no ano de 66/67.
Desculpe o abuso, mas pode ser que saiba alguma coisa, visto que a terra é pequena e as pessoas conhecem-se...
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Mais uma ajuda para o li Malheiro: a professora em questão chama-se Maria Antónia Malheiro. Dada a coincidência do apelido, talvez sejam familiares...
Aníbal, desculpe-me o abuso, mas, quem sabe se eu vou saber duma pessoa com quem se convivia muito bem!!!...
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Olá Anita.
Se conheço.É minha parente, somos primos direito, ela e o Gentil Continuam a residir por Ponte de Lima e a irmã mais nova cresceu, claro, e está lá para as bandas do Porto. A prima Antoninha, como eu a trato,já está reformada.
Saudações com amizade.
Li Malheiro

Anónimo disse...

Já regressada de férias, vim logo ao encontro do "À descoberta...". Foi com muito agrado que soube notícias da colega Maria Antónia Malheiro. Obrigada ao LI Malheiro, e, se tiver oportunidade, apresente os meus cumprimentos à sua prima e marido. Se calhar já não se lembram de mim... (Sou a Anita Fonseca). Agradeço, também, ao Aníbal por ter permitido este contacto e desejo-lhe umas boas férias na companhia da família.
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Simplesmente...lindo com Arte e Beleza,adoramos passar uns dias de Ferias em Vila Flor este ano la estaremos novamente ..Parabens