28 setembro 2008

Vila Flor - Seixo - Gavião - Arco


No dia seis de Agosto convidei alguns familiares meus para virem À Descoberta da Vila Flor. O convite incluía uma caminhada por caminhos rurais, seguida de um lanche junto da Barragem do Peneireiro. Concluo dizendo que o lanche foi um sucesso, mas a caminhada não agradou a todos. Alguns preferiram ficar na tranquilidade do bar da piscina, mas, eu e mais 7 pessoas, acabámos por fazer uma caminhada que durou mais de uma hora e meia.

Este pequeno passeio teve a virtude de me levar a pensar em fazer outros percursos, a pé, com uma distância e duração consideráveis. Eu digo muitas vezes que a bicicleta anda depressa demais, por isso só me resta mesmo caminhar.

Hoje (28/09) tracei mentalmente um percurso para fazer a pé: sair de Vila Flor em direcção à barragem do Peneireiro; seguir até ao Seixo de Manhoses; depois até à aldeia abandonada do Gavião; seguir até ao Arco e regressar a Vila Flor.

Quando saí, não fazia uma ideia exacta da distância a percorrer. Conheço bem os caminhos e não me faltavam alternativas para seguir o trajecto escolhido. O ideal seria fazer todo o percurso por caminhos rurais, mas isso iria alongá-lo.
A manhã estava luminosa, o céu sem nuvens e circulava um ar bastante frio. Deixei a Vila pelo Rua dos Louseiros. O caminho foi limpo de silvas e segui encantado com os exuberância do sumagre, que por ali abunda. Mais à frente, o caminho está algo irregular, dá-me ideia de que abriram valas para colocar uma estrutura de tubos para fazer passar cabos de fibra óptica.
A minha vontade era tomar a direcção de Samões e seguir depois até ao Santuário de Santa Cecília, mas, decidi contornar a barragem, seguir cerca de um quilómetro em direcção ao Seixo, e depois meter à direita por uma caminho rural que tanto pode levar ao Seixo, como ao Santuário, como ao marco geodésico do Concieiro.

O principal motivo de atracão nos campos são as videiras carregadas de uvas. Há uma grande quantidade delas, e todas com um excelente aspecto.
Quando dei por mim, já tinha ultrapassado o Seixo. Encontrei a estrada e desci à aldeia para fazer uma visita à Fonte Sangrinho.

Era quase meio dia quando atravessei a aldeia em direcção ao Gavião. O estreito caminho que liga o Seixo ao Gavião está ladeado de vinhas e olivais. Só o som dos meus passos perturbava o silêncio do local. Os figos invadem o caminho, caindo de maduros. Nem aves, nem rebanhos!
Nos poucos minutos que estive no Gavião a vista saciou-se do grandioso, percorrendo o vale e subindo à serra maior, de onde começaram a surgir algumas nuvens brancas.
No caminho que conduz ao Arco, foram os medronheiros que atraíram a minha atenção. As suas folhas verdes, parecem enceradas. Os frutos, raros e pequenos, não mostram ainda toda a sua cor.

À chegada ao Arco foram as hortas que me receberam. Já despidas de muitos dos seus legumes, exibem couves viçosas decoradas com cércias e dálias. Neste canto de paraíso, só o cheiro não é dos mais agradáveis.
Subi a Rua do Fundo do Povo sem que ninguém desse por mim. Nas soleiras das portas os figos secavam ao sol.
No caminho para Vila Flor aproveitei as nuvens brancas para completar o quadro das vinhas repletas de frutos. Muitas amêndoas ainda esperam nas árvores o momento de serem colhidas. Deixei de me preocupar com o tempo, a vila já se via ao longe.
Completei o meu percurso (perto de 16 Km) em cerca de quatro horas. Tenho quase a certeza que vou repeti-lo, noutras alturas, com pequenas variações, a pé, ou de bicicleta. Um ponto de interesse neste passeio de Outono, foram os frutos, em breve serão os cogumelos, a chuva, quem sabe se a neve e depois virão as flores. Nunca sabemos o que nos reserva um olhar atento, num momento sem tempo, numa vontade sem intenção.

7 comentários:

Anónimo disse...

Passeio saudável, fotos maravilhosas!!! Parabéns, Aníbal, continue...
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Olá
...subscrevo o que acima disse a nossa estimada profª Anita.
Gostei, especialmente do remate: o nosso Mestre, filosoficamente analisando, a contrariar, e bem, o que Santo Agostinho, defende em relação ao tempo: o momento em tempo, não mais tem do que esse tempo....aqui, o momento pode até ter todo o tempo.... Lindo!!!!!
Obrigada
Esmeralda

Anónimo disse...

Olá. Quando julgamos que já nos tinhas mostrado tudo o que de belo têm as paisagens de Vila Flor, eis que nos surpreendes com esta prosa emoldurada com fotos magnificas, os tons verdes iniciais são aquele tom que nos enche a alma, mas os das uvas maduras...senhor! que belos tons a natureza cria e que um olhar atento como dizes e, eu acrescento, só um verdadeiro caçador de imagens podes ter olho e sensibilidade para reter assim estes momentos e já sonhar com os cambiantes que vão ter estas paisagens: com chuva, com neve com flores...
Só nos resta esperar.
Dizer-te que adorei é um lugar comum, mas adorei mesmo.
Um abraço.
Li Malheiro

Angel disse...

Maestro.Gracias.
Por cierto,vaya uvas.
Suerte a todos los trasmontanos con la vendimia,y buen vino.

Anónimo disse...

Olá
Aníbal, Li, Rui, profª Anita, OUTROS que se associem, para quando uma caminhada em conjunto??!!
Grande abraço
Esmeralda

AG disse...

Grande desafio Esmeralda, mas quer o Li, quer a Esmeralda já participaram pelo menos numa passeata do À Descoberta. O Rui G. já me lançou várias vezes o desafio, mas todos temos uma vida muito ocupada. Mas não é impossível.

Obrigado também ao Angel, do outro lado do Douro. As uvas são muitas. Se o vinho tiver qualidade, não vamos passar sede no próximo ano (uma vez que água cada vez temos menos). Não me esqueço da visita prometida às "bodegas".

Anónimo disse...

Olá
...é verdade, Aníbal. Andamos todos numa roda viva. A minha proposta e/ou desafio, não mais quererá demonstrar que é bom, desde que possível, gente da boa, encontrar-se. Só. Mas, lá que é difícil, é. E eu tou aqui tão longe... Tadita (como aqui me diriam...)
Abraço
Esmeralda