16 dezembro 2008

Imagens fugidias

No dia 30 de Novembro falei pela primeira vez com o escritor João de Sá. Depois de ler o seu primeiro livro "Versos para Vila Flor", senti-me imediatamente cativado pela sua forma de escrever. Creio que já li todos os livros e fui mostrando aqui, no blogue, pequenos pedaços que me apeteceu partilhar. Claro que a primeira coisa que fiz foi confessar o meu "pecado", de divulgar, sem autorização, algumas das pérolas que João de Sá escreveu. Como seria de esperar de uma alma sensível, não só se mostrou satisfeito, como me prometeu um novo livro que está prestes a ser editado. Infelizmente o dia foi muito preenchido e não houve possibilidade de conversar em profundidade com o escritor, mas, logo que ele volte a Vila Flor, tentarei de novo colocar-lhe algumas questões que me surgiram à medida que lia os seus livros.
O poema de hoje, de que gosto muito, faz parte do seu último livro "Vila à Flor dos Montes". Trata-se de uma colectânea de poemas, compilados para o livro, mas que foram escritos ao longo de alguns anos. Inclui um conjunto de poemas de Natal, muito adequado para a época que se aproxima.

Imagens fugidias

Tudo o que é leve
Venha visitar-me:
A neve, sobretudo a neve.
O fumo branco
Que se liberta, à tarde,
Dos fornos de cozer o pão.
O gesto e o amassar,
A doçura do levedar.
A transpiração da terra.
A chama da candeia
- Pérola de resina
Que se incendeia.
O orvalho na pétala da rosa
Inexistente.
O roçagar da asa
De uma ave, sem pressa,
Brandura de fruto a amadurar.
A cama,
Aquele jeito de nos acolher
E a toalha da mesa
Tão perto de nos dizer
Os segredos
Da água e do vinho.
As madressilvas
Ornando a parede do caminho.
A criança que passa,
Atravessando a manhã,
Ao encontro da beleza total
De uma abelha
Afagando uma flor que desfalece,
E, ao olhar para trás,
Desaparece.



As fotografias são do dia 16 de Dezembro. Quase ao pôr-do-sol, subi ao miradouro e à Nossa Senhora da Lapa e tirei um bom conjunto de fotografias. A magia que se via lá do alto, era inacreditável.

3 comentários:

Anónimo disse...

A poesia é muito bonita e muito adequada à quadra que estamos a atravessar!!!
Mas as fotografias não se ficam atrás... A primeira, especialmente, é um encanto!!!
O Aníbal é um artista da fotografia, e não só!!!...
Parabéns
Cumprimentos
Anita

Anónimo disse...

Relativamente ao assunto "freguesia mistério 22"- localização da respectiva rocha, junto desta, e nesta época natalicia, encontra-se um belo presépio merecedor da visita dos que apreciam este tipo de iniciativas.
Não vou divulgar a localidade para não estragar todo o magnifico trabalho do Prof. Anibal, aproveito para o felicitar pela construção de todo este excelente tesouro da nossa "Terra",muito obrigado!
A.Silva

Alexandrina Areias disse...

As fotos são magníficas...
O poema, é belo... Um título que encaixa na perfeição... assim como, a escolha das imagens seleccionadas, pois não deixam de ser umas "imagens fugidias" de alguns dias nesta época do ano...
Parabéns!