24 julho 2008

20 de Julho - Chega de Bois

Terminou mais uma Feira de Produtos e Sabores, TerraFlor, já na VI edição. O acontecimento que chamou mais à atenção, a mim e muitas outras pessoas, foi a Chega de Bois.
Realizou-se no dia 20, no campo de futebol do Vila Flor. A afluência de público foi considerável e esperava-se um bom espectáculo. Realizaram-se 5 lutas de touros, nem todas do agrado do público. Já assisti a eventos semelhantes, no planalto mirandês e sei que estas lutas são bastante imprevisíveis.
Houve alguns momentos entusiasmantes, embora de curta duração. Mesmo a grande distância, registei alguns momentos, em fotografia, que agora partilho neste painel.

18 julho 2008

Fragas


Que fragas, aquelas! Duras.
Não se lavram.
Não andam, não se mexem.
Vivas, vêem e ouvem. Mas não falam!
Testemunhas perpétuas dos que passam.
Batidas pelo sol e pelo vento, não dão pão. Só quando moídas em pó-terra.
Abrigam aves e répteis; os homens , às vezes.
Vêm rios da vida e ouvem promessas.
- Fragas de Deus e do Diabo, GRITEM!

Poema de Nascimento Fonseca, publicado no jornal Enié a 23 de Julho de 1975.
Fotografia: Cabeço de Santa Cruz, Lodões, 12 de Abril de 2008

17 julho 2008

Novo Blogue - A Linha é Tua


Cada um luta por aquilo em que acredita e eu acredito que, por todas as razões, económicas, ecológicas, históricas, emocionais, etc. a Linha e o Rio Tua devem manter-se sem barragem.
De todos os argumentos que os defensores da construção da barragem apresentam, apenas concordo com um: a necessidade crescente de água potável. De resto, quantos mais argumentos apresentam, quantas mais bandeiras de progresso agitam, mais me convencem de que estão errados, tal como errada está a sua visão da vida, do homem e do futuro.
Tenho feito várias visitas à Linha do Tua e ao Rio Tua, tenho feito bastantes fotografias e (d)escrito algumas emoções, porque para mim as emoções valem mais do que alguns tostões. Decidi juntar tudo, de Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Mirandela, num só Blogue, a que chamei - A Linha é Tua (http://alinhaetua.blogspot.com/)
Neste blogue vou colocar o que tinha distribuído em vários blogues, no que se refere à Linha do Tua, e talvez concentrar notícias relacionados com o tema. É mais um "À Descoberta", mas desta vez inter-concelhio, porque o rio, sendo fronteira, é também barco, ponte, proximidade.

16 julho 2008

No Cabeço


No dia 15 de Julho fiz um curto passeio de bicicleta, juntamente com o meu filho, ao cabeço de Nossa Senhora da Assunção. Curiosamente dia 15, um mês antes do grande acontecimento que é a Festa da Senhora da Assunção, a 15 de Agosto, venerada neste santuário.
Mesmo ao fim da tarde, o calor era muito. Estávamos no alto do cabeço quando chegou aquilo a que eu chamo a hora mágica. É um momento de nostalgia, de cores quentes e grandes silêncios.
Quase dava para ouvir as abelhas que continuavam no seu trabalho infindável, acompanhadas por um batalhão de outros insectos.
Tivemos também tempo para espiar os coelhos que saíram das suas tocas e que corriam, aos grupos, em todas as direcções. Nunca vi tanto coelho na minha vida!

De regresso a casa, ainda demos mais uma espreitadela num caso raro de adaptação dos animais ao homem. Trata-se de um ninho de uma pequena ave, alvéola-branca (Motacilla alba), construído num lugar incrível! Num púcaro, pendurado numa concha, que por sua vez está também pendurada. Tudo isto num equilíbrio muito frágil, mas onde o milagre da vida já aconteceu. Os filhotes estão cada vez mais desenvolvidos e, espero, que nos próximos dias abandonem o ninho. Isto porque, estão muito acessíveis a uma série de animais predadores e até ao homem, que nem sempre tem um comportamento civilizado, em situações semelhantes.
Deixo uma fotografia do ninho, mais tarde poderei revelar o local.

Quando chegámos a casa, o céu revestiu-se de cores de oiro, realmente fantástico. Apeteceu-nos sair de novo, para admirar os tons frágeis e momentâneos com que o horizonte se pintava.

Quilómetros percorridos em BTT: 14
Total de quilómetros de bicicleta: 1848

14 julho 2008

De volta à Linha do Tua

Esta é a continuação do passeio que fiz, a pé, no dia 12 de Julho. Começou em Freixel, continuou pela Ribeira da Cabreira até à foz, no Rio Tua.

Cheguei ao Rio Tua às duas horas da tarde. Fiz questão de descer junto à margem e ir ao exacto local onde as águas da ribeira se diluem no ainda grande caudal do rio. Espreitei a ponte do comboio - que salta a ribeira - e preparei-me para a segunda etapa, agora já em terreno meu conhecido.
Aproveitei para calar o estômago, enquanto caminhava. Já podia seguir tranquilamente.
As primeiras observações levaram-me a comparar a paisagem com aquela que encontrei em Abril de 2008. A erva seca substituiu o manto de flores que ladeava a linha, mas o rio continua igual, vigoroso e barulhento. Este troço da linha foi objecto de uma intervenção, mesmo até ao Cachão. Parece-me que aproveitaram a movimentação das máquinas para o enterramento de uma estrutura de mangas de plástico (com o objectivo de receberem redes de fibra óptica), para limparem as valetas, ajeitarem a gravilha, substituírem algumas travessas, colocarem novos sinais, etc. Tantos melhoramentos numa linha a abater?!

Até à estação de Abreiro, foi um passeio. A estação está transformada em estaleiro, mas não encontrei água, nem casas de banho.
Aborreceu-me o facto de não passar nenhuma automotora. É mais agradável fotografar a linha, quando esta está ocupada.
Aproveitei a paz ambiente para fazer uma viagem no tempo. Imaginei a que velocidade seguiria a composição que transportou El-Rei Dom Luís e a rainha D. Maria Pia, que se deslocavam a Mirandela para a inauguração da linha, a 27 de Setembro de 1887. Imaginei-me a registar o momento com a minha moderna câmara digital (imaginação fértil). Imaginação também não faltava a Rafael Bordalo Pinheiro, que esteve presente na cerimónia, na estação de Mirandela.
Parti para a etapa seguinte, Ribeirinha. Gosto muito deste troço. As águas encolhem-se por entre rochas gigantescas, fazendo muito barulho; na margem oposta há formações graníticas interessantes; começa a aparecer o cume da Serra do Faro, meu vigilante de muitos passeios. No quilómetro 31 encontrei uma nascente de água. Era saborosa e aproveitei para repor as reservas que transportava.

Um pouco mais à frente há um rochedo elevado, entre a linha e o rio. Aproveito sempre para fazer fotografias doutro ângulo, subindo ao rochedo. De repente, saindo das curvas da Ribeirinha, apareceu um grupo de pessoas que caminhava pela linha. Eram mais de uma dezena. Ainda pensei que se tratava do grupo com quem pensara encontrar-me, mas não. Continuaram em direcção a Abreiro e eu à Ribeirinha. Ao vê-los afastarem-se, em linha, pela linha, lembrei-me: porque é que ainda ninguém se lembrou de criar um passeio ao lado da linha? Um passeio com pouco mais de 50 cm de largura, seria suficiente para que os caminhantes pudessem percorrer, facilmente, toda a extensão da linha. Não teria sido difícil fazer esse passeio, em cimento, à medida que formam enterrando a estrutura para a fibra óptica.
Quando cheguei à estação da Ribeirinha, estava na hora de passar a automotora, no sentido Mirandela-Tua. O senhor Abílio, “guarda” sempre atento da estação, prontamente me abasteceu de água fresca. Trocámos algumas palavras enquanto a automotora não chegava. Chegou, e parou. Também na automotora viajava um grupo de amigos, meus, da fotografia e da Linha do Tua! Ainda tive tempo para os cumprimentar, a automotora fica sempre alguns minutos na Ribeirinha. Seguiu em direcção ao Tua, e eu, em direcção a Vilarinho das Azenhas. Neste troço, mal se avista o rio. Às vezes sigo pelo caminho, que é paralelo à linha, mas decidi manter-me na linha. Nas oliveiras em redor vêem-se muitos rebentos novos! Parecem estar a recuperar da doença que as afectou e que matou bastantes, nestas zonas baixas.
Não fiz nenhuma pausa no Vilarinho. O cansaço já era muito, doíam-me os pés. Caminhar pela linha, pisando de travessa em travessa, não é rápido e maça muito a base dos pés. Na maior parte do percurso não há outra alternativa, mas nalguns locais há uma pequena faixa de terra, que se deve aproveitar.

Já passava das seis da tarde, o sol dava alguns sinais de querer descansar. Nos rochedos escarpados sobre o rio já se notava o alaranjado do entardecer. Passou mais uma automotora, esta só até Abreiro.
Perto do Cachão encontrei, junto à linha, uma planta que nunca tinha visto. Trata-se de uma espécie de feto, mas muito grande e lenhoso! Nunca o vi em lugar algum, ao longo de toda a linha, só encontrei aqui pequenas manchas, em locais escarpados e sombrios, como é típico dos fetos. Vou procurar saber mais desta planta.
Já muito devagar, fui-me aproximando do fim do meu passeio. E devo dizer que não terminei no melhor local. O aspecto do Complexo do Cachão, para quem passa na linha, é tudo menos bonito e o cheiro ainda é pior.
Foi um longo passeio, cheio de emoções e magníficas paisagens.

13 julho 2008

Pela Ribeira da Cabreira, em Freixiel


12-07-2008 Tinha o dia de hoje reservado para acompanhar um grupo de pessoas que ia percorrer a Linha do Tua. A comunicação falhou, de forma que só me restou definir o meu próprio percurso. A primeira ideia, seria eu fazer a pé, a parte da Linha do Tua que percorre o concelho de Vila Flor. No fundo era isso que eu tinha pensado fazer, para acompanhar o grupo de caminheiros que iria percorrer toda a linha, em vários dias.
O concelho de Vila Flor começa a poucos metros do complexo do Cachão, onde o acesso é fácil. A estrada Cachão-Vilarinho das Azenhas acompanha a linha. O limite entre Vila Flor e Carrazeda de Ansiães não é tão acessível. A marcação entre as freguesias de Pereiros e Freixiel, percorre uma zona agreste, entroncando no Rio Tua, algures entre as estações de Abreiro e Codeçais. O ponto de referência é a Ribeira da Cabreira, embora os limites das freguesias não a acompanhem. Com chegar a este local? Tive uma ideia! Porque não ir até Freixiel e descer ao longo da Ribeira da Cabreira? É fácil imaginar, difícil de acreditar, mas não estamos a falar de descoberta e aventura?

Por volta das 11:30 horas estava na Rua da Estrada dos Folgares, em Freixiel. Já há muito que tinha germinado a ideia de acompanhar a Ribeira da Cabreira até à foz, no Rio Tua. Ainda era muito jovem quando a percorri, Cabreira abaixo, até Freixiel, tinha agora oportunidade de terminar a tarefa.
O percurso estava traçado: desceria até ao Rio Tua/Linha do Tua, tentando acompanhar de perto a Ribeira da Cabreira; percorreria a Linha do Tua, até ao Cachão, passando por Abreiro, Ribeirinha e Vilarinho das Azenhas; voltaria a Vila Flor, de carro. Este itinerário deixava-me pouco mais de 20 quilómetros para percorrer a pé.
Deixei a aldeia, em direcção à ribeira. Acompanhei-a durante pouco tempo. Desviei-me depois, por entre vinhas e oliveiras, em direcção às sepulturas escavadas nas rochas, no Salgueiral. Neste local já estive.
O dia prometia. O céu estava azul, povoado de nuvens brancas. A temperatura era alta, mas fazia-se sentir um ventinho ligeiro, amenizando a caminhada. Ia ser uma tarde farta de "disparos".

Em tempos idos, toda esta zona dos terrenos onde me deslocava, esteve alagada. As águas da Cabreira e do Pelão juntavam-se no local onde está hoje Freixiel. Não deve ter sido fácil rasgar no etéreo granito uma saída, serpenteando entre altas montanhas, até ao Rio Tua. Quase pude adivinhar o local, quando percorri as rochas que dividem dois mundos: o vale fértil onde se situa hoje Freixiel e o percurso agreste que se seguiu, com enormes blocos de granito sob os quais a ribeira desaparece, para surgir mais abaixo, sempre agitada, fugidia e transparente. A partir deste ponto, a paisagem parou no tempo. Adivinham-se os caminhos sufocados pelo mato; vêem-se, de onde em onde, oliveiras selvagens, sobreviventes; a única mostra da mão humana, são os sobreiros, sem cortiça. Os sobreiros são os únicos que sobrevivem, à medida que os homens abandonam as terras, limitando-se aos terrenos mais férteis, em voltas das aldeias.
A certa altura o caminho terminou, eu sabia que isso ia acontecer. Fui progredindo no terreno alternando de margem, tentando aquela que me parecia mais favorável. Era impossível seguir pelo leito da ribeira.
Ainda muito próximo de Freixiel encontrei as ruínas de alguns moinhos, penso que se chamam os Moinhos da Peiada. Arranhei-me todo nas silvas, mas não consegui seguir em frente sem lhes fazer uma visita completa. Há dois moinhos, cada um com rodízios, mas construídos em cascata, ou seja, a água, depois de fazer funcionar o primeiro moinho, era aproveitada pelo segundo, ideia também utilizada nalgumas barragens hidroeléctricas.
Continuei ribeira abaixo. A certa altura pareceu-me ver um cintilar azul metálico, sobre uma rocha! Era mesmo verdade, um guarda-rios (Alcedo atthis) exibia-se! Fiquei atrapalhado! Queria trocar a objectiva, mas tinha medo que a ave se fosse embora, são muito rápidos. Nem tentei aproximar-me mais, tentei a fotografia mesmo assim.

Mais abaixo encontrei a estrutura de uma antiga ponte, já destruída. Não tem acessos, deve ter sido abandonada há muito tempo. Faria esta ponte parte de uma rede de estradas, com ligação à antiga ponde de Abreiro? Em Pereiros há uma ponte romana, na Ribeira das Lages, que aqui se junta à Ribeira da Cabreira. O pilar, no leito da ribeira, tem as juntas rusticamente tapadas com cimento. Qual será a antiguidade desta ponte? É uma boa questão a investigar.
Pouco depois encontrei um pontão, recente, permitindo aos veículos atravessarem facilmente a ribeira. Este caminho vem de muito perto da ponte romana, Ponte das Olgas, de que falei. Segue directamente até ao rio, e eu aproveitei para seguir por ele. Os limites da freguesia de Pereiros ultrapassam o leito da ribeira, subindo ao cume da Serra Tinta, seguindo por ele até ao rio. Estava, portanto, em território do concelho de Carrazeda de Ansiães.
O caminho é bom, compreende-se, segue por entre valados de vinhas jovens, modernamente plantadas! Estou em querer que este caminho deve ser muito antigo. Pereiros não consta das estações da Linha do Tua, desde o seu início, então de que são aquelas ruínas que estão junto à linha, perto da foz da Ribeira da Cabreira? Estas ruínas intrigaram-me da primeira vez que por ali passei, a caminhar. Agora ainda fico mais intrigado por saber que há um caminho, bastante bom até, que liga este "fim-de-mundo" à aldeia de Pereiros.
Cheguei ao Rio Tua às duas horas da tarde. Fiz questão de descer ao rio e ir ao exacto local onde as águas da ribeira se diluem, no ainda grande caudal. Espreitei a ponte do comboio que salta a ribeira e preparei-me para a segunda etapa, agora já em terreno meu conhecido.

A aventura continua, pela Linha do Tua, talvez amanhã...

12 julho 2008

11 julho 2008

VI TerraFlor | feira de produtos e sabores

17 a 20 de Julho 2008 em Vila Flor
Preocupado com o meu desconhecimento do programa da VI TerraFlor, alguém teve a amabilidade de me enviar o conjunto completo dos cartazes, salvo os que ainda vão sair no decorrer da feira. Creio que foi o próprio D. Dinis! Como gosto de partilhar, estão disponíveis na margem direita do Blog. Basta clicar neles e abri-los, para que fiquem legíveis.

Homenagem


Oiro em Oiro

Era o sol e era um giestal em flor.
Havia luz a rodos na campina,
Uma orgia fantástica de cor
Que me tomou de pânico a retina.

Do sol doirado, os raios, em 'splendor,
Bombardeavam com poalha fina
As giestas amarelas, e um furor
Se espalhava nos ar's, de luz citrina!

Era oiro no oiro, luz na luz,
Uma batalha insana de rivais:
Giestas - o alvo; o sol - o arcabuz;

Desintegra-se a tinta dos giestais
E a cor entra em meus olhos, sai, reluz,
Enche estes versos e não finda mais!

Soneto de Cabral Adão, publicado no jornal "Notícias de Mirandela".

10 julho 2008

Flor do Mês - Junho 08

O mês de Junho já terminou há alguns dias e eu ainda não elegi a Flor do Mês de Junho. Poderia colocar à votação, sempre me chegava algum feedback, mas quem é que tem tempo para andar por aí a olhar para as flores, ainda mais silvestres?

De alguns exemplares mais apelativos e mais próximos dos perímetros urbanos, fui dando conta aqui, no Blog. Não há nenhum que se destaque, como no mês anterior, as giestas.
Sei que as papoilas e os pampilhos vão ficar com ciúmes, mas, a minha escolha, recai sobre uma pequena planta, típica de zonas rochosas, que a maioria das vezes cresce nas frestas dos rochedos graníticos e xistosos. É o que se chama uma planta rupícola. Estou a falar do cravinho ou cravinas-bravas (Dianthus lusitanus). É frequente em todo o interior do país mas também em Espanha e Marrocos.
A planta é vivaz. As flores solitárias, hermafroditas, com cálice tubuloso e corola cravinosa, com 5 pétalas dentadas, rosadas, 10 estames, 2 estiletes. Os caules são finos e lenhosos.
Não é fácil fotografar os pequenos cravos, em pormenor. Primeiro, porque são pequenos, segundo porque são de uma cor tão delicada, que as câmaras têm dificuldade em registar.
Não é necessário grande esforço para encontrar esta flor. Na berma das estradas, desde que haja escarpas rochosas, ela espreita, singela, delicada e perfumada. A floração vai de Junho a Setembro, por isso ainda há muito tempo para as admirar.

09 julho 2008

Capela de Santa Maria Madalena - Macedinho


Há muito tempo que não escrevo sobre Macedinho! Por não escrever, não quer dizer que dele me tenha esquecido, apesar de me parecer que a ligação entre Macedinho e Vila Flor ser muito difusa, quer devido à dimensão, quer ao afastamento. Onde é que as crianças de Macedinho frequentam a escola? Fica a pergunta.
A última vez que estive em Macedinho foi a 20 de Maio de 2008. Colhida pelo calor da tarde, a aldeia parecia encostar-se ao ribeiro, procurando a frescura das suas margens. A exuberância da Primavera começava, nas pequenas flores, prolongava-se por carrascos e sobreiros subindo depois aos céus, em nuvens brancas, como cordeiros de alva lã saltando e brincando em perseguições de puro gozo.
Reinava uma paz infindável, no centro da aldeia. O sol reflectia-se nas paredes da capela recentemente restaurada, fazendo-me semicerrar os olhos. O calor era demasiado, mesmo para Primavera.

Procurei refúgio do sol escaldante, no interior da capela barroca. Respirava-se um ambiente agradável. Nem colunas de granito, nem abóbadas gigantes; tudo simples tudo pequeno… mas sentia-se o mesmo silêncio, a frescura das grandes catedrais.
Estava tudo impecável. Até os arranjos com flores naturais pareciam prolongamentos das vestes das imagens. Por detrás do sacrário destaca-se, na parece branca, um altar em talha dourada, encimado por uma conjunto com motivos vegetalistas, duas aves estilizadas e dois anjos, segurando um coração, também dourado. A riqueza do conjunto destoa da simplicidade do resto da capela, sugerindo, uma grande antiguidade ou uma outra origem, que não esta capela. Trata-se possivelmente de talha do séc. XVIII.
Nesta capela adora-se Santa Maria Madalena, figura com tanta importância, que tem despertado o interesse de pintores, escritores e romancistas. Esteve presente na crucificação de Cristo, sendo apontada pela literatura mais recente como uma tentação de Cristo, apóstola ou Sua esposa.

As imagens que mais se destacam, é o Sagrado Coração de Jesus e uma Nossa Senhora, segurando o Menino. Esta última parece ser bastante antiga.
Também, São Gabriel, com a sua implacável espada, merece um nicho só para si.
Depois de uns instantes de silêncio e paz, saí para a rua, para o calor, a agitação, a velocidade que nos escraviza tanto como o pecado. Deixei Macedinho adormecido, tal qual o encontrei, apenas beneficiei, por instantes, da sua intimidade.

07 julho 2008

Passeio pedestre a Carvalho de Egas

05-07-2008 - Hoje foi dia de Descoberta. O ar fresco do fim de tarde estava convidativo ao passeio. Pensei num percurso fácil, adaptado à família, pois ia ter a companhia dos meus dois filhos.
Já não é a primeira vez que fazemos passeios pela natureza. Os Passeios Pedestres que fizemos no Planalto Mirandês e as descidas ao Rio no Sabor, em Mogadouro, ainda estão bem frescos na nossa memória. Infelizmente, em Vila Flor, apenas tivemos conhecimento de um evento destes, mas durante a semana, em período lectivo!

Sempre que temos saído, optamos normalmente por uma subida ao Facho; é aliciante, mas decidi propor algo alternativo. O destino seria Carvalho de Egas. Seguiríamos sempre por caminhos, tentando percorrer a antiga estrada real. Como passatempo, apresentei um desafio de conquista de pontos para quem encontrasse ou visse alguns seres vivos ou coisas (eu já conhecia o caminho): Havia pontos para quem encontrasse rochas em forma de ovo, campos de futebol, alminhas, para quem visse coelhos, raposas, etc. Assim obriguei-os a estarem atentos e ocupados. A mim chegava-me a máquina fotográfica, os comentários aos diferentes lugares por onde íamos passando e o alerta para determinada planta, rocha, vista ou ave.
Em poucos dias, a paisagem está completamente diferente. Os tons de palha cobrem grande parte do horizonte, mas o nosso percurso levou-nos a percorrer grandes manchas de verde, com videiras, sobreiros, oliveiras, castanheiros, etc.

Saímos pela estrada N215 em direcção ao Barracão. Pouco antes de chegarmos às bombas da gasolina, cortámos por um caminho à esquerda. Esse caminho conduz a Samões. Eram seis da tarde. A luz estava quente e o céu azul. Aqui e além encontrámos pequenos tufos de flores que fui mostrando. Até um ramalhete de ervilhas-de-cheiro deu mais interesse ao passeio!
Não chegámos a ir a Samões. Perto dos depósitos de água, seguimos em direcção ao campo de futebol de Samões. Fizemos depois um percurso um pouco acidentado, com curvas e algumas rochas no caminho. É muito agradável para fazer de bicicleta, mas a pé também vale a pena. Aqui há hortas verdejantes das gentes de Samões. As batateiras já têm as rama seca, esperam ser arrancadas, e os feijoeiros trepam pelos paus que lhe servem de suporte. O feijão-pequeno está um palmo acima da terra. Será um bom manjar para algumas perdizes, daqui a algum tempo.

Compuseram recentemente o caminho. Até colocaram cimento nalguns locais mais complicados! Se por um lado é bom que os acessos estejam compostos, eu sei que isso também vai possibilitar que as pessoas vão despejar lixo mais no coração do monte, verifico isso em qualquer caminho.
Foi um bom passeio ornitológico! Não sei se pela hora, se pelo facto de seguirmos a pé, tranquilamente, encontrámos uma grande quantidade de aves interessantes: poupa (Upupa epops), pombo-torcaz (Columba palumbus), picapau-verde (Picus viridis), tentelhão (Fringilla coelebs), pintassilgos (Carduelis carduelis), abelharuco (Merops apiaste), pintarroxo (Acanthis cannabina), picanço-real (Lanius excubitor), etc.

Aproveitei a oportunidade para mostrar certas brincadeiras que fazíamos em crianças, com elementos da natureza. Folhas, flores, frutos, caules, quase tudo servia para brincar. Um assobio que fiz ao meu filho mais novo, não se calou durante todo o percurso!
Quase sem querermos, chegámos a Carvalho de Egas. Já estávamos a caminhar há hora e meia!
Neste pequeno povoado não podemos procurar casas brasonadas ou grandes monumentos históricos. Até a igreja é muito pequena, embora bonita (e com o som do relógio mais melodioso de todos os relógios do concelho, já o tinha dito). Sobre a porta principal, virada a poente, pode ler-se “FESCE ESTA OBRA NO ANNO DE 1772 SENDO VIGARIO LVIS ESTEVES. Há uma porta lateral em arco, estando sobre ela marcada a data, 03-09-1992, possivelmente 220 anos depois da construção. Na fachada principal está gravado, na própria porta, o ano 1888.
Percorremos as principais ruas da aldeia: Rua da Atafona, Rua da Igreja, Rua da Estrada, Rua da Escola, Rua do Centro, saindo pela Rua da Capela. Ainda pretendíamos subir até ao Santuário de Santa Cecília, mas dos quintais, já nos chegava o cheiro a sardinha assada, lembrando a hora da ceia.

Subimos a Rua da Estalagem Nova (de onde vem este nome?!) mas não chegámos a ir ao santuário. Cortámos à esquerda em direcção ao marco geodésico do Concieiro, no lugar de Pedromacho.
Passámos pelo campo de futebol de onze, de Carvalho de Egas, mais parece um giestal! Passámos também pelas dois nichos de alminhas, da antiga estrada real. Alguém colocou numa delas, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima! Ao chegarmos ao marco geodésico, virámos à direita por um caminho que desce até Seixo de Manhoses. Esse pareceu-me o caminho mais rápido, mas talvez me tenha enganado. Descemos até encontrarmos a estrada entre a Barragem do Peneireiro e Seixo de Manhoses. O sol já deixava grandes mantas de sombra no Vale da Vilariça. Era quase noite! O passeio tinha corrido tão bem, tinha sido tão agradável, que telefonei para casa para que nos fossem buscar junto ao Parque de Campismo! Já tínhamos percorrido 11 quilómetros, não valia a pena exagerar e estragar o que tinha sido tão bom.

Fica a vontade de repetir passeios destes. Se isso acontecer, não faltará a máquina fotográfica para registar as belezas do percurso e partilhar com quem queira "acompanhar-nos".

03 julho 2008

Freguesia Mistério 17

Está na hora de desvendar a Freguesia Mistério n.º16. A votação terminou no fim do mês de Junho tendo participado, 32 pessoas. O indicador da freguesia é uma fonte. Não encontrei nenhuma referência a esta fonte, por isso, fiquei surpreendido quando por ali passei e a vi. Não é nenhuma fonte romana, mas deve ter uma idade próxima de algumas que assim são apelidadas.
Esta fonte está situada junto da estrada N1156, à saída de Vilas Boas, em direcção a Meireles, pouco depois da escola do 1.ºciclo. É uma fonte arcada, em granito, com a entrada parcialmente também em granito. A metade direita da entrada vedada com uma porta de chapa pintada de verde. Nunca vi o interior. Está num nível inferior à estrada e quase passa desapercebida a quem passa de carro.
Há muitos visitantes desta página, com origem de Vilas Boas. Essa é a razão porque 25% dos votos estavam correctos. a distribuição dos votos foi a seguinte:
Assares (4) 13%
Lodões (1)3%
Mourão (1)3%
Nabo (5)16%
Samões (2)6%
Sampaio (2)6%
Santa Comba de Vilariça (1) 3%
Seixos de Manhoses (2)6%
Vale Frechoso (1) 3%
Vila Flor (4) 13%
Vilarinho das Azenhas (1) 3%
Vilas Boas (8) 25%

O desafio número 17, desta série Freguesia Mistério, está representada por umas alminhas. Há muitas pelo concelho, mas todas são diferentes! Em que freguesia podemos encontrar estas alminhas? Mais uma pista: também estão junto a uma estrada nacional.

Participe votando.

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