31 dezembro 2009

Bom Ano Novo

Prunus dulcis

Desejo a todos os vilaflorenses e visitantes do Blogue, um 2010 cheio de saúde, paz, dinheiro e amor. Cá nos vamos encontrar para continuarmos À Descoberta deste cantinho de Portugal.

Foto: Amendoeira entre Samões e Freixiel.

24 dezembro 2009

Promissão de Luz

NATAL 2002 - PROMISSÃO DE LUZ

Uma gruta exígua.
A luz duma estrela
E uma criança
Transida de frio.
Um halo de esperança
Mais perto da terra:
Que lindo arco-íris
Florindo bonança!

A morte que morre
Pra que nasça a vida.
Promissão de luz
Que, a meio da noite,
O homem conduz.
E o débil Menino,
De palhas ornado,
Com o Mundo fechado '
Nas sagradas mãos.
Seu nome é Jesus.

Há um céu mais puro
Sobre nossos olhos.
E, se é de argila
O afã de o tocar,
Que a alma se erga
Das rotas do corpo,
Mesmo convencida
De lá não chegar.
Só com atenção
De o querer alcançar.

Erguem-se os pinheiros
Cobertos de neve
- Cajados floridos
De antigos romeiros.
E a tal luz divina
É fonte de estio
Volvida canção
Transformada em rio.
É sopro de paz
Num vibrar de sino.
Grão que se desfaz,
No anseio incontido
De vir a ser pão.

Não fiques sentado.
Bem perto, a teu lado,
Há um outro homem
De mão compungida,
Que bem pode ser
Teu pródigo irmão.
É sempre uma vida
A ser atendida.
Estende-lhe a mão.

Caminha, não pares.
Que a fé te ilumine
Na rota sem termo
Da presença ausência
Que tudo define.
Buscamos a essência,
E a razão descrê.
Por trás da aparência
Há sempre um porquê.

Não queiras ser gelo.
Não cales o grito.
Intimo e perfeito
Em ti há o dom
De seres infinito,
De guardares o eterno
No instante dum som.

Não é amanhã.
É hoje, é agora.
Assim acredites
Na janela aberta
E saibas proferir
A palavra certa
Da breve chegada.
E então, de repente,
Será madrugada!

Poema de João de Sá, do Livro Vila à Flor dos Montes (2008).
As fotografias são uma amostra de um vasto conjunto de presépios que estiveram em exposição na Escola EB2,3/S de Vila Flor.

Feliz Natal


Desejo a todos os visitantes do blogue e amigos um Natal em paz, saúde e cheio de coisas boas.

22 dezembro 2009

Caminhada perto de Samões


No dia 19 fiz uma pequena caminhada para me despedir do Outono. A tarde estava gelada. Logo à saída de Vila Flor passei por uma charca e a água tinha a superfície completamente gelada. A solução para o frio é fácil e barata: andar depressa.
Pensei em explorar percursos já meus conhecidos. Não me sinto com preparação para grandes aventuras, e, nesta altura do ano a noite chega muito depressa. Pensei em ir a Candoso mas depois optei por descer de Samões à ribeira do Vimieiro (entre Samões e Candoso), seguir a ribeira até à Ola e subir depois até Samões, regressando a Vila Flor. O percursos servir-me-ia também para testar um GPS que me tinham emprestado.

Depois de passar Samões fui surpreendido por um grande número de estacas de madeira espalhadas ao longo dos montes. Sou levado a pensar que são as marcações para alguma estrada, talvez o IC5! Parece-me estar a ser montado um grande estaleiro perto do marco geodésico do Concieiro, muito perto de Carvalho de Egas. Será que o desenvolvimento está a chegar ou será a mais um contributo para a desertificação do interior?

O grande pinheiro manso entre Samões e Carvalho de Egas nunca tinha sido alvo da atenção merecida. Parei durante algum tempo para o fotografar. Estranhei uma placa suspensa da árvore que dizia: “Não tucar no pinheiro”. Será que alguém tinha coragem de danificar a centenária árvore?
Comecei a descida para o vale. Estas encostas são selvagens, quer do lado de Samões, quer do Candoso. Há muitas formações graníticas com formas curiosas, vigiadas por carvalhos, pinheiros, sobreiros e castanheiros que sobreviveram a um sem número de incêndios. O sol teimava em espreitar por entre as nuvens, mesmo por cima de Candoso, ameaçando-me esconder-se a qualquer instante. E esse instante não demorou a chegar, pouco depois das 17 horas da tarde. Aproveitei os últimos raios que ganharam tonalidades douradas ao passarem por entre as folhas dos carvalhos. Eram os últimos acenos de Outono que se preparava para partir.
Quando cheguei ao coração do vale esperava encontrar os lameiros a transbordarem de água, mas não foi isso que encontrei. A montante do caminho, a ribeira levava alguma água, mas esta desaparecia de repente, como que por magia, num banco de areia que se atravessava no seu caminho. Percorri quase dois quilómetros da ribeira, mas não voltei a ver esse precioso líquido regressar a superfície! Os lameiros estão secos, não vi as tradicionais levadas que espalhavam água por todo o lameiro para favorecer o crescimento de erva fresca.

As sombras não me permitiam grandes manobras fotográficas. Os picos dos montes mais altos, como o Faro ou o Cabeço, nadavam num mar de luz enquanto o fundo dos vales mergulhavam nas sombras e nos silêncios preparando-se para mais uma noite fria. Uma noite capaz de gelar a humidade por baixo de superfície do solo, criando cristais de gelo que já não me recordava de encontrar há muito tempo.

A Ola é um local onde há várias cortes para o gado. Onde há gado há cães pastores. Já apanhei alguns sustos nesse local, mas desta vez consegui passar sem ser notado. Subi por um caminho já bem conhecido até Samões. Mesmo com pouca luz não resisti a tentar registar em fotografia algumas oliveiras com os troncos dilacerados pelos anos. Mesmo com o seu ar fantasmagórico apresentavam-se carregadas com os seus frutos negros, que mais tarde se irão transformar em luz, ou mais certamente num líquido dourado para temperar um saboroso prato de nabiças.

À medida que em subia a encosta, a luz ia descendo deixando-me na mais completa solidão. Acenderam-se as luzes em Samões orientando-me os passos. Não tive dificuldades no percurso porque não me afastei do caminho. Atravessei a aldeia em direcção à igreja; das suas traseiras parte o caminho em direcção a Vila Flor.
Cheguei a Vila Flor já noite cerrada. O percurso tem pouco mais de 12 quilómetros, mas, como sempre, o número de quilómetros é muito subjectivo. Quando demoro muito a fazer poucos quilómetros é bom sinal, é porque foi interessante.
Nota: esqueci-me que dizer que o GPS ficou sem bateria, assim não pude realmente verificar se correspondia às minhas necessidades.
Mapa do percurso
GPSies - VFlor_Olas_VFlor

21 dezembro 2009

Neva de novo em Vila Flor


São sensivelmente duas da manhã e Vila Flor encontra-se coberta por um manto branco, de neve. Está muito frio. A neve tem caído com alguma intensidade, mas, às vezes é intercalada com a queda de chuva. Quando o dia clarear tanto podemos ter uma paisagem completamente branca, como a neve pode ter desaparecido com a chuva. Também é possível que haja muito gelo e que as estradas estejam intransitáveis.

11:00 - 21-Dez. Durante a noite formou-se uma camada de gelo em tudo que estava molhado. As plantas dobravam com o peso do gelo e parecia tudo vidrado.
Às nove da manhã o gelo tinha desaparecido. Penso que deve ter chovido bastante e a temperatura subido.
Durante a manhã tem chovido bastante e parece-me que todas as estradas estão circuláveis. Ainda se vê muita neve, mas está a derreter com a chuva que continua a cair.

16 dezembro 2009

Nevou em Vila Flor


Hoje fui surpreendido por um amanhecer diferente, havia muita neve em Vila Flor. Por várias razões, não tenho acompanhado as notícias, não estava a par das previsões do tempo, pelo que foi uma completa surpresa. Só me apercebi do que se passava quando saltei da cama para me preparar para ir para o trabalho. A visão que tenho da casa onde moro não é nada má, permite ter uma panorâmica da Vila. Foi assim como acordar sonhando!

Vesti-me à pressa, comi qualquer coisa, agarrei no equipamento fotográfico e, antes das nove, já eu andava pela parte antiga da Vila a fotografar alguns recantos, com medo que a neve derretesse de repente. Fui à escola, inteirar-me do que se passava. Estavam presentes apenas pouco mais de uma dezena de alunos, que se divertiam construindo um boneco de neve. Os autocarros dos transportes escolares não chegaram. Pelo que ouvi, alguns ainda partiram das aldeias, mas tiveram que dar meia volta e regressar ao local de partida.
Era muito difícil circular nas estradas. A neve estava bastante gelada, o que a tornava escorregadia e perigosa. Pelas 10 horas da manhã recomeçou a nevar com muita intensidade. Foi o sinal definitivo que o dia de trabalho estava perdido. Foi pena, porque até tinha bastantes coisas programadas, mas, paciência.
Regressei ao coração da vila para continuar o meu passeio. Não fui o único a registar tão bonito momento em fotografia. Havia outros "turistas" a "saborear" a neve e o dia sem trabalho.
À tarde não nevou, começou mesmo a chover.


A noite está fria e poucas amostras de neve persistem. Caem algumas gotas e o nevoeiro cobre toda a vila. Se a noite não arrefecer o suficiente para congelar as estradas, amanhã será possível circular sem problemas.

Noite de fados - 19 de Dezembro


No dia 19 de Dezembro, pelas 19 horas vai ter lugar no Centro Cultural de Vila Flor, uma grande noite de fados, com Cidália Moreira.

14 dezembro 2009

No coração do nevoeiro


Quanta magia se descobre no coração do nevoeiro! Um longo passeio pelo Parque de Campismo de Vila Proporcionou-me momentos mágicos, como este.

08 dezembro 2009

Concurso de Montras e Presépios e Gala de Cantar dos Reis


À semelhança dos anos anteriores a Câmara Municipal de Vila Flor vai organizar, também este ano, um Concurso de Montras e Presépios e a gala de Cantar dos Reis.
Para o concurso de Montras e Presépios é necessário proceder à inscrição até ao dia 22 de Dezembro. Podem concorrer qualquer casa comercial (nas montras) e
Freguesias, Escolas, Associações/instituições, Grupo de pessoas (rua, bairros) do Concelho. Os presépios têm que estar obrigatoriamente no exterior dos edifícios.
No ano passado o 1.º prémio valia 120€ e o 5.º, 50€

Concurso de Montras e Presépios, em 2008




A gala de Cantar os Reis aberto a todas as instituições do concelho tem sido muito concorrida. O acontecimento terá lugar no Centro Cultural de Vila Flor, dia 10 de Janeiro (Domingo), às 14h30m.
Estive presente nesta gala, nos últimos anos e as reportagens continuam por aqui, no blogue.

2009
2008
2007

07 dezembro 2009

Medronhos


Medronhos fotografados perto do Arco. Os medronheiros estão cobertos de flores e frutos maduros. Além de serem um lindo espectáculo para o olhar são também um alimento excelente para as aves que deles se alimentam.

04 dezembro 2009

Súplica

Manda-me um grão, um só, da terra querida
Tatuada de voos de narcejas.
Meneios de pinheiros e carquejas.
Algo que tenha ritmos de vida.

Não esqueças o bálsamo da ferida
Que ainda me lacera. E as cerejas,
Em folhas de videira, em que tu estejas
Mesmo em cor e aroma resumida...

E um copo de resina e os dedos
- Os mais hábeis no jogo das sementes -
Afeitos à tormenta, à dor, aos medos.

Manda-me o que puderes e me desperte
Para um novo incêndio de poentes
Que com a minha terra me concerte!

Poema de João de Sá, Vila à Flor dos Montes, 2008.
Fotografia: Vila Flor, do alto da serra.

29 novembro 2009

Cogumelos (3)


No Sábado saí em direcção a Benlhevai à procura de um fungo muito especial no tronco dos velhos castanheiros. Não encontrei o dito fungo, conhecido pelos nomes de Vaquinhas ou Línguas de Vaca, mas tirei algumas belas fotografias aos castanheiros e apanhei uma boa quantidade de Sanchas ou Pinheiras. Já integraram o meu almoço de hoje, mas guardei algumas em fotografia para poder mostrar.

28 novembro 2009

Flor do Mês - Outubro de 2009


Estamos praticamente no final de Novembro e eu ainda não seleccionei a flor para representar o mês de Outubro. A minha escolha recaiu mais uma vez numa pequena flor, pouco vistosa mas que quase toda a gente conhece o nome: açafrão.
O açafrão é uma planta bolbosa, da família das Iridáceas, da qual se extrai o uma especiaria tão apreciada como cara. Para a obtenção de um quilo de açafrão são necessárias mais de 100 mil flores das quais apenas se aproveita os estigmas e estiletes.


Esta flor, de cores e aromas tão delicados, tinha que habitar este concelho que é Flor. É endémica em toda a Península Ibérica. A espécie que pode ser encontrada em flor, um pouco por todo o concelho, durante os meses de Outono é a Crocus sativus que eu tenho visto na beira dos caminhos, na bordadura de alguns lameiros ou bosques.
As fotografias foram obtidas em Roios a 17 de Outubro de 2009.

26 novembro 2009

Alminhas, Padrões de Portugal Cristão


Encontrei no museu Berta Cabral, em Vila Flor, um pequeno livro de 1955, escrito por P.e Francisco de Babo, “Alminhas” Padrões de Portugal Cristão, (3.ª edição). Interessei-me imediatamente, pois há muito tempo que não lia nada sobre o tema Alminhas que, em tempos, comecei a publicar no Blogue. O livro não correspondeu às minhas expectativas. É basicamente um incentivo à construção e recuperação das alminhas mas permite saber qual o espírito da época a respeito deste peculiar devoção do purgatório. Este culto das alminhas faz pleno sentido em conjugação com outros rituais como o Dia dos Fieis Defuntos, as missas do de saimento e sétimo dia. Também existiu em grande parte das paróquias a confraria das Almas, ainda subsistindo algumas pelo país.
A respeito das Alminhas, diz:
“Eram estas, em tempos que foram, nota benta e espiritual da paisagem e polvilhavam o solo de Portugal de lés a lés, postadas humildemente à beira dos caminhos das aldeias, vilas e povoados, gritando de contínuo aquelas labaredas vermelhas rusticamente pintadas, no contraste do verde, do escuro ou do branco ambiente.
E as almas simples dos que passavam, com fé viva e alma amiserada a crepitar no peito, rezavam baixo um pai-nosso e uma ave-maria, parando a contemplar a Senhora meiga do Carmo ou do Alívio, e as chamas ardentes e rubras onde as almas se esbraseavam em sofrimento e dor. Tiravam do bolso ou da algibeira, quase desprovida, pequeninas moedas da sua penúria, óbulo da viúva precioso e rico dos olhos de Deus e lançavam-no pela greta da caixinha de ferro ou da soleira furada de granito, adrede ali dispostas.
E, ao cabo, de tantos grãozinhos se faria o pão gostoso para a fome, quero dizer, as pequeninas oferendas haviam de juntar-se e converter-se, os pequeninos sacrifícios, na riqueza imensa do Santo Sacrifício do Altar, grandioso sufrágio das pobres Detidas e individadas. Serão o seu resgate do cárcere do Fogo”.

 As alminhas lembravam aos vivos o purgatório, mas destinavam-se também à recolha de esmolas, com as quais se celebravam missas pelas almas. Os mealheiros da altura ou eram metálicos de madeira ou de barro, sendo necessário parti-los para retirar as dádivas.

“Que belos que são e como pincelam a paisagem esses nichos esparsos por aldeias, vilas e cidades, de Norte a Sul do país, à beira de caminhos, estradas, ruas e praças!
Quantos deles esperam alma pia e carinhosa para uma restauração em forma, avivando-lhes a pintura ou substituindo-a por um painel azulejado, limpando-lhes o rebordo de pedra ou reaformoseando-lhes a arquitectura! Quanta vez será necessário dar maior solidez à caixa das esmolas embutida na base imunizando-a da cupidez sacrílega de vulgares ratoneiros! Mas a frequente inspecção e recolha das esmolas ali acumuladas será sempre de recomendar às pessoas encarregadas de velar por tão santa tarefa e a maneira mais eficaz de evitar furtos do sagrado pecúlio.”
Percebe-se ao longo de todo o livro um forte apelo à construção de nichos, cruzeiros e disseminação de mealheiros.  Um grande movimento nacional para que em cada aldeia, em cada bairro, o solo seja sacralizado com a presença de “Alminhas”. O movimento tem tal poder que começam a ser enviados painéis para a construção de alminhas noutros pontos do antigo império.


Em 1955 o Ministro das Obras Públicas determina que a Junta Autónoma das Estradas promovesse a conservação dos nichos existentes junto às estradas nacionais em conjunto com a reparação destas. A conservação das restantes competia às Autarquias Locais e Juntas Fabriqueiras, podendo o estado comparticipar através do Fundo de Desemprego.

1.ª Fotografia - Alminhas junto à estrado do Seixo de Manhoses.
2.ª Fotografia - Alminhas em Lodões.
3.º Fotografia - Alminhas na base de um cruzeiro em Vilas Boas.

17 novembro 2009

16 novembro 2009

Cogumelos (2)


No dia 14 de Novembro saí pela segunda vez à procura de cogumelos. Dirigi-me para uma zona de pinhal perto da barragem do Peneireiro, onde tinha encontrado alguns rocos na minha primeira saída. Durante uma hora quase não encontrei nada. Já se encontram poucos rocos e, os poucos que se vêem, já estão bastante adiantados e não vale a pena colhe-los. Ainda bem que sobram alguns. Não podemos esquecer que o que se apanha dos cogumelos é apenas uma pequena parte do organismo, ou seja, os corpos frutíferos que têm por função propagar os esporos. É importante não destruir os cogumelos que não apanhamos.
Passada mais de uma hora parti em direcção ao Seixo de Manhoses apenas com dois exemplares de cogumelo.
Fiz uma paragem num pinhal. Deixei a máquina fotográfica no carro e dei uma volta de reconhecimento. O meu entusiasmo aumentou quando vi, bastante escondida, a primeira sancha. Voltei ao carro rapidamente, pensando para mim: - Pode não dar para o almoço, mas vai dar uma bela fotografia.

Encontrei de seguida uma grande quantidade de sanchas, quase todas bastante grandes e alguns rocos. A certa altura cruzei-me com um casal de idosos que já traziam um cesto cheio, inclusive com alguns moncosos! Além de me facilitarem algumas fotografias, até me ofereceram os três moncosos mais bonitos! Acabei por ainda encontrar mais alguns.
Entusiasmei-me e só voltei para casa após a uma da tarde, depois de me telefonarem para lembrar o almoço. Procurar cogumelos é das actividades mais relaxantes e interessantes que conheço. Infelizmente, desse meu passatempo de criança (passatempo útil uma vez que os cogumelos tinham um papel importante na nossa alimentação nesta época do ano) pouco resta. Por isso, foi com grande entusiasmo que saboreei toda a manhã nesta actividade.


Voltei para casa com a quantidade suficiente para fazer um bom guisado. Os poucos rocos que trouxe acabaram por ir para o lixo. As sanchas estavam excelentes, tal como os moncosos.
Também touxe um roco, à parte, que me ofereceu dúvidas quanto à espécie. Como não encontrei ninguém com quem confirmar se era mesmo comestível ou não, acabou por ir também para o lixo.
Se tiver oportunidade, vou repetir a experiência. Talvez assim consiga fazer um pequeno levantamento fotográfico sobre cogumelos do concelho.

Variedade de que falo no texto:
Rocos (roques, fusos, frades) - Macrolepiota procera
Sanchas (setas) - Lactarius deliciosus
Moncosos - Boletus edulis

11 novembro 2009

Amoras


As amoras são já uma recordação dos passeios de Verão. Esta fotografia foi tirada junto de um dos moinhos de água do ribeiro de Valtorno.

09 novembro 2009

Freguesia Mistério 33


Durante o mês de Outubro esteve em votação a Freguesia Mistério n.º 33. Participaram 15 pessoas, que distribuíram os votos da seguinte forma:
Candoso (2) 13%
Freixiel (1) 7%
Lodões (2) 13%
Nabo (7) 47%
Valtorno (1) 7%
Vilarinho das Azenhas (1) 7%
Vilas Boas (1) 7%
Mais uma vez a votação no Nabo se destacou, mas não era essa a freguesia em questão. O painel de azulejo que a fotografia documenta pode ser encontrado em Valtorno. Está no primeiro andar de uma casa abandonada e completamente em ruínas. Apresenta a curiosidade de ter um sulco escavado em volta do painel, o que demonstra claramente que alguém tentou arrancar os azulejos, não sei se os proprietários se outras pessoas. Como se nota no canto inferior direito, não foi possível descolar os azulejos, e, por isso, ainda lá continuam.
O enigma que já está disponível desde o dia 1 de Novembro representa um nicho. Sempre é mais visível do que um painel de azulejos numa casa em ruínas! O nicho é muito bonito, mas o vidro da porta está demasiado justo. Além de ser difícil tirar fotografias à imagem da Sagrada Família que está no interior, por vezes fica completamente embaciado com a humidade não se conseguindo ver nada.
Este nicho em granito está numa freguesia onde o granito não abunda.
Em que freguesia podemos encontrar este nicho?
Participe indicando o seu palpite na margem direita do Blogue - Freguesia Mistério n.º33.

06 novembro 2009

05 novembro 2009

Diospiros


No concelho de Vila Flor há alguma produção de diospiros, nomeadamente na vila onde há um pomar bastante extenso, com uma produção considerável, principalmente enquanto as geadas não têm efeitos.
A planta foi introduzida na Europa no séc. XVIII, vinda  da China e do Japão. Também é conhecido por cáqui, caque ou dióspiro.
As árvores da família do diospiro são conhecidas por terem uma madeira muito dura como é o caso do ébano.
Encontrei algumas plantações de dispospiros nos arredores de Roios. As plantas ainda são jovens mas já estão carregadinhas de frutos. Foi aí que fiz algumas fotografias destes doces frutos.

03 novembro 2009

O Som das Musas




Nos dias 06/ 07 e 11 / 13/ 14 de Novembro vai decorrer em Vila Flor o 3.º ciclo de Concertos, O Som das Musas.
Todos os concertos vão ter lugar no Centro Cultural de Vila Flor.

29 outubro 2009

Agonia solar

Hora de sombra e fim. A luz vermelha
Do sol exausto, é cinza na ramagem;
Os pulsos latejando, a fria aragem
É gelha, funda em perfil de velha.

No fluir dum riacho cor de telha,
Da tarde aérea, a subtil imagem
Derrama o pranto ardente da viagem
Que, por momentos, o seu vulto espelha.

Do Facho vem um anúncio de inquietude.
E o corpo harmonioso da virtude
Transmuta-se em arbusto de saudade...

E a hora, a treva, o vento, a água triste
É tudo o que, no mundo, sofre e existe
Sem ódio, sem revolta e sem vaidade!

Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.

27 outubro 2009

Cogumelos


Hoje aproveitei algum tempo livre para tentar a minha sorte na apanha de cogumelos. A apanha não foi significativa, 3 apenas, mas foi o suficiente para poder fazer algumas fotografias. Já há vários anos que espero poder fotografar e mostrar algumas variedades de cogumelos comestíveis do concelho, pode ser que este Outono se proporcione.

23 outubro 2009

As primeiras flores


Depois das primeiras chuvas começam a aparecer as primeiras flores do Outono. Nas capelas fui encontrar as merendeiras (Colchicum montanum) Flor do Mês em Setembro de 2008. Já há outras, mas são todas pequenas bolbosas que conseguiram armazenar reservas para agora poderem florir com a queda de apenas algumas gotas de água.
Durante esta semana choveu com alguma intensidade. Não  é ainda suficiente para fazer correr as ribeiras ou engrossar os rios. Faz muito frio e espera-se que continue a chover.
Também já sonho encontrar cogumelos selvagens, já foram encontrados alguns exemplares.

22 outubro 2009

Natureza Harmoniosa

Vagueio nos campos destas terras
Em jeito de... passeio,
Por estas encostas fartas
E rasos vales de natureza,
Que embelezam estas correntezas,
Espelham toda a bondade
De valados de... riqueza,
Cachos de saudade.
Trepo por estes caminhos pedestais
Que me provocam liberdade
Que procriam o meu voltar
Aqui rememoro a minha juventude
Nestas terras de arrebatar
De giestas de... ternura,
Das flores à verdura
Onde as urzes proclamam,
As estevas me chamam
Num convite irrecusável,
Entre fragas... admiráveis
Neste pedaço adoro o céu
Este sítio também é meu
Aqui abraço a natureza bela
Que vejo desta janela
Chamada Campo... meu paraíso,
Porque estas flores campestres
Que só em passeios pedestres
Me oferecem o que mais... preciso,
Paz... natureza... paz

Poema de Fernando Silva
Fotografia: Sobreiros em Vale Covo (Freixiel)

20 outubro 2009

Caminhada pelo vale Covo



Fez ontem um mês que fiz uma caminhada memorável entre as freguesias de Candoso e Freixiel. Já várias vezes falei do vale escavado entra Candoso e Mogo de Malta, Vale Covo, e circulei pelas suas encostas, mas nunca o tinha explorado com calma, a pé. O percurso que estudei, com algum pormenor, partia de Candoso, percorria o vale até Freixiel e regressava a Candoso por outro caminho, percorrendo o cume das montanhas.
Fui de carro até Candoso: Deixei-o no fundo da aldeia, junto das alminhas, onde me pareceu melhor situado para o regresso.

Subi a rua principal até junto da igreja e parti em direcção ao poente pela rua do Malbarato. Pensei em subir à capela de Nossa Senhora da Assunção, mas não foi necessário. Assim que deixei as últimas casas da aldeia entrei, de repente, no coração das fragas decoradas aqui e além por frondosos sobreiros. Também havia alguns castanheiros e pequenas courelas com oliveiras bem cuidada.

Uma família de corvos vigiava-me dos fraguedos mais altos. Quando era criança aprendi a olhar estas aves com superstição, mas agora sei que os corvos são muito inteligentes e úteis. Vivem em grupos familiares constituídos por um casal e um ou dois filhos. Acompanharam-me dos céus durante grande parte da tarde, alternando entre as duas encostas do vale.

O caminho desce em zig-zag pela encosta de encontro ao centro vale. Concentrei a minha atenção nas árvores. Os sobreiros são excelentes sobreviventes! Nem os incêndios, nem a seca, muito menos o abandono conseguem matar estas árvores fantásticas, que apresentam uma impressionante verdura, quando o resto da vegetação agoniza pela falta de água. De onde em onde avistam-se antigos fornos de secar os figos. Aquele vale está cheio deles, tal como a Cabreira e a zona do Vieiro. Também encontrei algumas construções em ruínas.

Eram quase dezoito horas quando cheguei à “crica da vaca”. Para quem não sabe é uma nascente, em que a água “nasce” das rochas. Curiosamente ainda corria abundantemente! Repus as minhas reservas de água e rebusquei alguns bagos de uva nas vinhas recentemente vindimada. Estava praticamente a um terço do meu percurso e já as sombras cobriam parte do vale. Acelerei o passo até chegar à entrada de Freixiel, mais concretamente à forca. Durante alguns minutos saboreei a tranquilidade da aldeia, indiferente ao meu olhar. A luz chegava pela abertura por onde a ribeira da Cabreira se esgueira em direcção ao Tua.

Abandonei o local e parti a toda a pressa pelo caminho da Redonda que liga a Samões. A luz foi-se esvaindo e o céu cobrou-se de todas as cores que o fogo pode conter. A preocupação de andar o caminho não foi suficientemente forte para me fazer andar. Rendi-me ao colorido do horizonte e captei cada silhueta de sobreiro, cada rochedo dourado, cada sombra no caminho.

Só quando a noite caiu por completo parei de fotografar o por do sol. Faltavam-me sensivelmente 5 quilómetros para chegar a Candoso e tinha sério receio de me perder. A zona que percorria é muito, muito agreste. È um percurso íngreme e, talvez por isso, me orientei melhor. Quando encontrei um caminho meu conhecido sosseguei um pouco. Já tinha estado naquelas paragens no dia 18 de Julho de 2007 quando subi ao marco geodésico do Pelão.

O tempo rendia e não havia maneira de vislumbrar ao longe as luzes de Candoso! De repente, do meio da noite, surgiram algumas luzes. Cheguei à aldeia já depois das oito e meia da noite. Foi uma caminhada longa, mais de 12 quilómetros. Se demorei muito, foi porque gozei o tempo e me fartei de tirar fotografias. Este percurso é excelente, quem sabe vou repeti-lo noutra época do ano.

Percurso:
GPSies - Candoso_Freixiel_Candoso