16 abril 2009

De BTT a Vale Frechoso

O meu reencontro com os passeios em BTT aconteceu no dia 26 de Março. Já há bastante tempo que não saía a pedalar, há algumas razões para isso, mas também há bastantes para eu quebrar este meu jejum das duas rodas.
Optei por um percurso curto, sem dificuldades, só para praticar um pouco. A escolha recaiu sobre Vale Frechoso.
Segui pela estrada apreciando a paisagem. Só com Vale Frechoso à vista é que fiz a primeira paragem. Encostei a bicicleta na berma da estrada e segui a pé em direcção ao marco geodésico da Rosa, no Monte Rosa. O que me encanta neste cabeço de 643 metros de altitude (além do curioso nome) é a vegetação rasteira que o rodeia, excelente para apreciar as primeiras amostras da Primavera. Tudo em redor estava florido! As giestas de flores brancas, várias variedades de urze e a carqueja. Foi mesmo a carqueja que mais me cativou. O amarelo quente, a lembrar o mel, destacava-se no azul do céu, quando olhado de um ângulo perto do solo. Curiosamente as abelhas não procuram as flores de carqueja.
Depois de passar bastante tempo sentado no chão numa tentativa de captar todo o colorido da vida perto do solo, parti em direcção à aldeia de Vale Frechoso. Não tinha um percurso estudado, iria percorrer as principais ruas à espera de ser surpreendido por algum pormenor que me escapou em visitas anteriores.
Quando se chega à aldeia temos o S. Lourenço a receber-nos, no seu nicho recente e bem cuidado. S. Lourenço é o padroeiro de Vale Frechoso, já o era no séc. XIII, embora a igreja ainda não fosse a actual.
À esquerda está a capelinha dedicada a Nossa Senhora de Lurdes, num local elevado, bem exposto ao sol e aos elementos. Também em Samões há uma capelinha dedicada a Nossa Senhora de Lurdes.
Outro dos locais de passagem obrigatória é o Largo da Fonte. É um dos pontos centrais da aldeia. Aqui se realiza a festa de Verão (10 de Agosto), se situam os lavadouros, água potável, um pequeno jardim, o coreto e a Fonte Romana ou Fonte Velha. Tal como outras também assim apeladas no concelho, não é uma verdadeira fonte romana mas sim medieval, o que não lhe retira o interesse. Pena que a sua posição quase soterrada, não a torna muito estética nem visível.
Pela Rua da Igreja vêem-se algumas das construções mais interessantes da aldeia: a Casa Paroquial e uma antiga casa abastada com uma cerca muito interessante em ferro forjado. A Casa Paroquial é uma casa-solar do Séc.XVIII. É impossível não reparar no seu bonito portal, mas fica ainda mais bonito quando a rama de videira tem folhas que se entrelaçam sobre ele. A casa com a vedação em ferro mostra alguns sinais de decadência, mas daria excelentes fotografias de pormenores do trabalho em ferro.
Fui de seguida à igreja matriz, não é fácil encontrá-la aberta. Sobe o olhar desconfiado das pessoas que rezavam, tirei algumas fotografias do aspecto geral. Felizmente alguns dos presentes já me conheciam e sossegaram os olhares desconfiados. Nas escadas que sobem para o coro está gravada a era de 1860, não percebi porquê, uma vez que a igreja terá sido mudada para este local em 1750. Os altares poderão estar relacionados com o período entre essas datas, mas muito interessantes são mesmo as imagens em granito colocadas no frontispício e que foram recuperadas da anterior igreja.
Depois de sair da igreja dei um longo passeio pelas principais ruas da aldeia: Rua do Arco, Rua do Outeiro, Rua do Castelo, Rua Francisco António Pereira, Rua da Portela, Rua das Eiras, etc. Aqui e ali apreciei vestígios de tempos com mais vida, encontrando-se agora as casas em ruínas, como que petrificadas no tempo e no espaço.
É de reforçar o topónimo Castelo. Existe mesmo um castro romanizado, onde não tive ainda a oportunidade de estar. Pelo que dizem os habitantes da aldeia, poucos vestígios existem, mas tal não se deverá à devastação provocada pela primeira guerra mundial, mas sim a causas muito anteriores a esse acontecimento. Está aí reportado o aparecimento de duas lucernas, que são pequenas lamparinas a azeite usadas pelos romanos há 2 mil anos! É um local que me falta conhecer este Cabeço do Castelo ou Castelo de Valadares.
Ao circular de novo à frente da igreja, vi as pessoas que estavam a sair. Passei mais de uma hora à conversa com algumas idosas que me falaram animadamente da sua aldeia. Fez-me falta um gravador, mas quem sabe não o levarei na próxima visita!
Já depois das dezoito horas parti de regresso a casa. Escolhi seguir um percurso alternativo e desci por caminhos rurais em direcção a Roios. O sol já estava baixo e não me permitiu muitas mais fotografias. Ainda assisti quando os últimos raios de sol beijaram o cabeço de Nossa Senhora da Assunção.
Foi um passeio muito agradável. Percorri 22 quilómetros em BTT e passei uma excelente tarde de sol em contacto com a natureza e com as pessoas de Vale Frechoso. Nesta aventura - À Descoberta - só custa partir.

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5 comentários:

Transmontana disse...

Passeio saudável, bem descrito e ilustrado por boas fotos!!!
Parabéns e...Continue. A gente gosta de visitar,ainda que virtualmente, lugares que nunca viu.
Cumprimentos
Anita

Esmeralda disse...

Olá!
Parabéns por TUDO! OBRIGADA!
...mas senhores visitantes...este mestre da escrita e das imagens, hoje faz anos. É verdade!!!
PARABÉNS, Aníbal!!!
Grande abraço,
Esmeralda

Transmontana disse...

Olá:
PARABÉNS ao aniversariante e MUITOS ANOS DE VIDA!!!
Hoje merece um abraço!!!
Anita

Anónimo disse...

Olà SENHOR ANIBAL .
De novo em terras de FRANCA longe de VILA FLOR mas tao pertinho graças ao seu magnifico trabalho.
Esses passeios por terras de VALFRECHOSO tao perto de LODOES minha terra natal faz me lembrar os meus tempos de miudo.
Mais uma vez muito obrigado .
Se me permite novamente aproveito para mandar um abraço a S D.ANITA.
um abraço amigo.

GUILHERME.SOUSA FRANCA

Anónimo disse...

Boas, parabéns pelo exelente trabalho que é este blog... Permite-me que divulga que a Junta de Freguesia de Vale Frechoso tem um novo site em valefrechoso.jfreguesia.com e esperemos pela sua visita...