06 agosto 2009

Furtivo sortilégio


Meu ninho encastoado na fissura
Dum olmo que um Grifo plantou.
Meu agro que o Destino semeou,
Perfil de serra em linha de secura.

Alta chama parada na lonjura
De um astro que tanto a cerceou
Que em centelha viva a transformou
Pra ser Flor, em vez de queimadura.

Meu berço de infante, embalo e paz
Do que em mim me divide, e me compraz
Na sublime graça de chegar.

Quero fundir-me em ti, correr nas fontes.
E se me entremostrares o Ser, nos montes,
Levar-te-ei, pela mão, a ver o mar!

Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.
Fotografia: Vilarinho das Azenhas, a caminho do santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

Outros poemas de João de Sá: Flor-poema, Maravilhamento, Absoluto visível, Serra, A pergunta, Consagração, Jogos de infância, O nosso pão, Senhora da Lapa, Pescador de Estrelas.

4 comentários:

Transmontana disse...

Mais um lindo poema de João de Sá, ilustrado por uma bela foto!!!
Parabéns!!!
Cumprimentos
Anita

Alexandrina Areias disse...

Olá, bom dia!
Adorei esta foto!!! Tanto pela sua composição... como pelas suas cores...! Excelente!
Enquadra-se na perfeição neste belo poema de João de Sá.
Parabéns!
Cmc's

AA

Anónimo disse...

Boa tarde... Esta foto de facto é muito bonita mas é de Vilarinho das Azenhas e não de Vilarinho da Castanheira

Esmeralda disse...

Olá
Subscrevo o que acima se disse. Sim. Como é possível não se gostar do poeta e do fotógrafo?
Obrigada e Parabéns a ambos
Abraço
Esmeralda