31 dezembro 2009

Bom Ano Novo

Prunus dulcis

Desejo a todos os vilaflorenses e visitantes do Blogue, um 2010 cheio de saúde, paz, dinheiro e amor. Cá nos vamos encontrar para continuarmos À Descoberta deste cantinho de Portugal.

Foto: Amendoeira entre Samões e Freixiel.

24 dezembro 2009

Promissão de Luz

NATAL 2002 - PROMISSÃO DE LUZ

Uma gruta exígua.
A luz duma estrela
E uma criança
Transida de frio.
Um halo de esperança
Mais perto da terra:
Que lindo arco-íris
Florindo bonança!

A morte que morre
Pra que nasça a vida.
Promissão de luz
Que, a meio da noite,
O homem conduz.
E o débil Menino,
De palhas ornado,
Com o Mundo fechado '
Nas sagradas mãos.
Seu nome é Jesus.

Há um céu mais puro
Sobre nossos olhos.
E, se é de argila
O afã de o tocar,
Que a alma se erga
Das rotas do corpo,
Mesmo convencida
De lá não chegar.
Só com atenção
De o querer alcançar.

Erguem-se os pinheiros
Cobertos de neve
- Cajados floridos
De antigos romeiros.
E a tal luz divina
É fonte de estio
Volvida canção
Transformada em rio.
É sopro de paz
Num vibrar de sino.
Grão que se desfaz,
No anseio incontido
De vir a ser pão.

Não fiques sentado.
Bem perto, a teu lado,
Há um outro homem
De mão compungida,
Que bem pode ser
Teu pródigo irmão.
É sempre uma vida
A ser atendida.
Estende-lhe a mão.

Caminha, não pares.
Que a fé te ilumine
Na rota sem termo
Da presença ausência
Que tudo define.
Buscamos a essência,
E a razão descrê.
Por trás da aparência
Há sempre um porquê.

Não queiras ser gelo.
Não cales o grito.
Intimo e perfeito
Em ti há o dom
De seres infinito,
De guardares o eterno
No instante dum som.

Não é amanhã.
É hoje, é agora.
Assim acredites
Na janela aberta
E saibas proferir
A palavra certa
Da breve chegada.
E então, de repente,
Será madrugada!

Poema de João de Sá, do Livro Vila à Flor dos Montes (2008).
As fotografias são uma amostra de um vasto conjunto de presépios que estiveram em exposição na Escola EB2,3/S de Vila Flor.

Feliz Natal


Desejo a todos os visitantes do blogue e amigos um Natal em paz, saúde e cheio de coisas boas.

22 dezembro 2009

Caminhada perto de Samões


No dia 19 fiz uma pequena caminhada para me despedir do Outono. A tarde estava gelada. Logo à saída de Vila Flor passei por uma charca e a água tinha a superfície completamente gelada. A solução para o frio é fácil e barata: andar depressa.
Pensei em explorar percursos já meus conhecidos. Não me sinto com preparação para grandes aventuras, e, nesta altura do ano a noite chega muito depressa. Pensei em ir a Candoso mas depois optei por descer de Samões à ribeira do Vimieiro (entre Samões e Candoso), seguir a ribeira até à Ola e subir depois até Samões, regressando a Vila Flor. O percursos servir-me-ia também para testar um GPS que me tinham emprestado.

Depois de passar Samões fui surpreendido por um grande número de estacas de madeira espalhadas ao longo dos montes. Sou levado a pensar que são as marcações para alguma estrada, talvez o IC5! Parece-me estar a ser montado um grande estaleiro perto do marco geodésico do Concieiro, muito perto de Carvalho de Egas. Será que o desenvolvimento está a chegar ou será a mais um contributo para a desertificação do interior?

O grande pinheiro manso entre Samões e Carvalho de Egas nunca tinha sido alvo da atenção merecida. Parei durante algum tempo para o fotografar. Estranhei uma placa suspensa da árvore que dizia: “Não tucar no pinheiro”. Será que alguém tinha coragem de danificar a centenária árvore?
Comecei a descida para o vale. Estas encostas são selvagens, quer do lado de Samões, quer do Candoso. Há muitas formações graníticas com formas curiosas, vigiadas por carvalhos, pinheiros, sobreiros e castanheiros que sobreviveram a um sem número de incêndios. O sol teimava em espreitar por entre as nuvens, mesmo por cima de Candoso, ameaçando-me esconder-se a qualquer instante. E esse instante não demorou a chegar, pouco depois das 17 horas da tarde. Aproveitei os últimos raios que ganharam tonalidades douradas ao passarem por entre as folhas dos carvalhos. Eram os últimos acenos de Outono que se preparava para partir.
Quando cheguei ao coração do vale esperava encontrar os lameiros a transbordarem de água, mas não foi isso que encontrei. A montante do caminho, a ribeira levava alguma água, mas esta desaparecia de repente, como que por magia, num banco de areia que se atravessava no seu caminho. Percorri quase dois quilómetros da ribeira, mas não voltei a ver esse precioso líquido regressar a superfície! Os lameiros estão secos, não vi as tradicionais levadas que espalhavam água por todo o lameiro para favorecer o crescimento de erva fresca.

As sombras não me permitiam grandes manobras fotográficas. Os picos dos montes mais altos, como o Faro ou o Cabeço, nadavam num mar de luz enquanto o fundo dos vales mergulhavam nas sombras e nos silêncios preparando-se para mais uma noite fria. Uma noite capaz de gelar a humidade por baixo de superfície do solo, criando cristais de gelo que já não me recordava de encontrar há muito tempo.

A Ola é um local onde há várias cortes para o gado. Onde há gado há cães pastores. Já apanhei alguns sustos nesse local, mas desta vez consegui passar sem ser notado. Subi por um caminho já bem conhecido até Samões. Mesmo com pouca luz não resisti a tentar registar em fotografia algumas oliveiras com os troncos dilacerados pelos anos. Mesmo com o seu ar fantasmagórico apresentavam-se carregadas com os seus frutos negros, que mais tarde se irão transformar em luz, ou mais certamente num líquido dourado para temperar um saboroso prato de nabiças.

À medida que em subia a encosta, a luz ia descendo deixando-me na mais completa solidão. Acenderam-se as luzes em Samões orientando-me os passos. Não tive dificuldades no percurso porque não me afastei do caminho. Atravessei a aldeia em direcção à igreja; das suas traseiras parte o caminho em direcção a Vila Flor.
Cheguei a Vila Flor já noite cerrada. O percurso tem pouco mais de 12 quilómetros, mas, como sempre, o número de quilómetros é muito subjectivo. Quando demoro muito a fazer poucos quilómetros é bom sinal, é porque foi interessante.
Nota: esqueci-me que dizer que o GPS ficou sem bateria, assim não pude realmente verificar se correspondia às minhas necessidades.
Mapa do percurso
GPSies - VFlor_Olas_VFlor

21 dezembro 2009

Neva de novo em Vila Flor


São sensivelmente duas da manhã e Vila Flor encontra-se coberta por um manto branco, de neve. Está muito frio. A neve tem caído com alguma intensidade, mas, às vezes é intercalada com a queda de chuva. Quando o dia clarear tanto podemos ter uma paisagem completamente branca, como a neve pode ter desaparecido com a chuva. Também é possível que haja muito gelo e que as estradas estejam intransitáveis.

11:00 - 21-Dez. Durante a noite formou-se uma camada de gelo em tudo que estava molhado. As plantas dobravam com o peso do gelo e parecia tudo vidrado.
Às nove da manhã o gelo tinha desaparecido. Penso que deve ter chovido bastante e a temperatura subido.
Durante a manhã tem chovido bastante e parece-me que todas as estradas estão circuláveis. Ainda se vê muita neve, mas está a derreter com a chuva que continua a cair.

16 dezembro 2009

Nevou em Vila Flor


Hoje fui surpreendido por um amanhecer diferente, havia muita neve em Vila Flor. Por várias razões, não tenho acompanhado as notícias, não estava a par das previsões do tempo, pelo que foi uma completa surpresa. Só me apercebi do que se passava quando saltei da cama para me preparar para ir para o trabalho. A visão que tenho da casa onde moro não é nada má, permite ter uma panorâmica da Vila. Foi assim como acordar sonhando!

Vesti-me à pressa, comi qualquer coisa, agarrei no equipamento fotográfico e, antes das nove, já eu andava pela parte antiga da Vila a fotografar alguns recantos, com medo que a neve derretesse de repente. Fui à escola, inteirar-me do que se passava. Estavam presentes apenas pouco mais de uma dezena de alunos, que se divertiam construindo um boneco de neve. Os autocarros dos transportes escolares não chegaram. Pelo que ouvi, alguns ainda partiram das aldeias, mas tiveram que dar meia volta e regressar ao local de partida.
Era muito difícil circular nas estradas. A neve estava bastante gelada, o que a tornava escorregadia e perigosa. Pelas 10 horas da manhã recomeçou a nevar com muita intensidade. Foi o sinal definitivo que o dia de trabalho estava perdido. Foi pena, porque até tinha bastantes coisas programadas, mas, paciência.
Regressei ao coração da vila para continuar o meu passeio. Não fui o único a registar tão bonito momento em fotografia. Havia outros "turistas" a "saborear" a neve e o dia sem trabalho.
À tarde não nevou, começou mesmo a chover.


A noite está fria e poucas amostras de neve persistem. Caem algumas gotas e o nevoeiro cobre toda a vila. Se a noite não arrefecer o suficiente para congelar as estradas, amanhã será possível circular sem problemas.

Noite de fados - 19 de Dezembro


No dia 19 de Dezembro, pelas 19 horas vai ter lugar no Centro Cultural de Vila Flor, uma grande noite de fados, com Cidália Moreira.

14 dezembro 2009

No coração do nevoeiro


Quanta magia se descobre no coração do nevoeiro! Um longo passeio pelo Parque de Campismo de Vila Proporcionou-me momentos mágicos, como este.

08 dezembro 2009

Concurso de Montras e Presépios e Gala de Cantar dos Reis


À semelhança dos anos anteriores a Câmara Municipal de Vila Flor vai organizar, também este ano, um Concurso de Montras e Presépios e a gala de Cantar dos Reis.
Para o concurso de Montras e Presépios é necessário proceder à inscrição até ao dia 22 de Dezembro. Podem concorrer qualquer casa comercial (nas montras) e
Freguesias, Escolas, Associações/instituições, Grupo de pessoas (rua, bairros) do Concelho. Os presépios têm que estar obrigatoriamente no exterior dos edifícios.
No ano passado o 1.º prémio valia 120€ e o 5.º, 50€

Concurso de Montras e Presépios, em 2008




A gala de Cantar os Reis aberto a todas as instituições do concelho tem sido muito concorrida. O acontecimento terá lugar no Centro Cultural de Vila Flor, dia 10 de Janeiro (Domingo), às 14h30m.
Estive presente nesta gala, nos últimos anos e as reportagens continuam por aqui, no blogue.

2009
2008
2007

07 dezembro 2009

Medronhos


Medronhos fotografados perto do Arco. Os medronheiros estão cobertos de flores e frutos maduros. Além de serem um lindo espectáculo para o olhar são também um alimento excelente para as aves que deles se alimentam.

04 dezembro 2009

Súplica

Manda-me um grão, um só, da terra querida
Tatuada de voos de narcejas.
Meneios de pinheiros e carquejas.
Algo que tenha ritmos de vida.

Não esqueças o bálsamo da ferida
Que ainda me lacera. E as cerejas,
Em folhas de videira, em que tu estejas
Mesmo em cor e aroma resumida...

E um copo de resina e os dedos
- Os mais hábeis no jogo das sementes -
Afeitos à tormenta, à dor, aos medos.

Manda-me o que puderes e me desperte
Para um novo incêndio de poentes
Que com a minha terra me concerte!

Poema de João de Sá, Vila à Flor dos Montes, 2008.
Fotografia: Vila Flor, do alto da serra.