27 junho 2011

Parque de Campismo de Vila Flor (2011)

Com o calor a apertar, tornando-se mesmo sufocante nos últimos dias, são muitos os que procuram locais mais frescos como o complexo de existente em Vila Flor, junto à albufeira do Peneireiro.
O Parque de Campismo de Vila Flor encontra-se junto à albufeira ocupando uma área de cinco hectares completamente arborizada que proporciona uma temperatura agradável a par de momentos únicos de contacto com a natureza. São carvalhos, castanheiros, medronheiros, choupos, etc. num ambiente integrado e natural mas com os equipamentos necessários para um Campismo/Caravanismo com qualidade. Tem 3 balneários bem distribuídos, um bar com esplanada, mini-mercado, campos de ténis, campo de futebol, etc.
Aos campistas é facultado o acesso gratuito à piscina, situada a poucos metros da entrada do parque. É um lugar único para mergulhar, apanhar banhos de sol e rodeada de árvores, permitindo boas sombras nas horas de maior intensidade solar.
Para quem queira manter a forma, há em volta da albufeira um circuito de manutenção. Este circuito também é excelente para calmos passeios ao fim da tarde saboreando o fresco da noite e os cheiros da natureza. Também é possível a prática de pesca.
Para descobrir o concelho, nada como planear algumas visitas com a ajuda deste Blogue. São altamente recomendados: um passeio por Vila Flor, descobrindo o seu museu e as suas ruas mais típicas; uma visita ao santuário de Nossa Senhora da Assunção,em Vilas Boas, local com uma vista única do território transmontano; uma subida às Capelinhas e ao miradouro, em Vila Flor, apreciando o adormecer da Vila ao fim da tarde.
Para levar de Vila Flor, não faltarão recordações mas há bom vinho, azeite, azeitonas, queijo e outras iguarias que podem ser apreciadas nos restaurantes do concelho ou compradas para levar um pouco de Vila Flor para casa.
As taxas praticadas pelo Parque de Campismo são as mesmas do ano passado.
Como praticante e apreciador da prática do campismo há coisas que me desgostam profundamente. Nem todos os campistas têm a mesma idade (nem a mesma educação) e o respeito pelos outros é meio caminho andado para arranjar bons amigos. O respeito pelo horário de silêncio é, para mim, um dos melhores indicadores de um bom Parque de Campismo. Também o respeito pelas instalações, traduzido numa adequada utilização, não vandalizando, ou sujando de forma expressa, é um sinal de boa educação que, infelizmente, deixa muito a desejar.

25 junho 2011

Festa de S. João no Mourão

No dia 23 de Junho realizaram-se no Mourão as tradicionais festas de S. João. Este ano coincidiram com um dia feriado, o que me permitiu acompanhar de perto estas festividades.
Cheguei à aldeia a meio da tarde e a paz era tanta que eu pensei ter-me enganado na data. O palco montado na Largo de São Ciriaco desfez as minhas dúvidas. Depois de um largo passeio pela aldeia apercebi-me que as actividades estavam a decorrer no campo de futebol.
Nesse local decorreu uma animada disputa dos jogos da malha e do cepo, de que acompanhei a parte final. Estes jogos têm os seus adeptos habituais, que jogam como poucos e têm gosto em jogar. Estou habituado a vê-los, por exemplo na Festa das Maias, em Folgares. Em jogo estavam prémios como presuntos e cabritos, que já esperavam pelos vencedores dentro da casa dos milagres.
No largo preparavam-se tudo para um grande arraial. O porco no espeto começava a espalhar o seu aroma pelas redondezas. Preparavam-se as mesas e partia-se o pão. Mais tarde assaram-se as as sardinhas e barriga de porco.
Ao início da noite foi erguido o enorme mastro, um pinheiro com cerca de 10 metros de altura. Depois de revestido por palha, elevou-se às alturas com a força dos braços dos homens, já habituados a esta prática antiga.
Pouco depois das oito da noite, já com os prémios dos torneios entregues, iniciou-se o jantar. Parecia que a população de Mourão tinha triplicado! Na verdade havia pessoas de todo o concelho e até pessoas do concelho de Carrazeda de Ansiães!
O grupo musica, penso que se chamava "Terceira Geração", tocava música popular, nem sempre com grande afinação. É um grupo de jovens, irreverentes, que por vezes levaram o apimentado das músicas a excessos, mas poucos deviam estar com atenção às letras. A maior parte das pessoas dançava animadamente porque a noite estava muito fria, e, ou se aquecia o corpo com uns copos de vinho, ou com danças animadas ao som da concertina.
 Já depois da meia noite foi pegado fogo ao vareiro. Estava vento e as chamas devoraram rapidamente a palha. Mal o pote de barro preso nas alturas caiu ao chão e se desfez em mil pedaços, também a multidão debandou, restituindo à aldeia a sua habitual pacatez.
A queima do vareiro é uma prática levada a cabo em muitas localidades de Portugal, mas na maior parte delas faz-se por altura do Carnaval (embora se faça também nos Santos Populares). Tentei falar com algumas pessoas e saber mais pormenores sobre a tradição mas, não encontrei grande receptividade. A organização desconhecia a existência deste blogue e tive alguma dificuldade em justificar a minha presença e o porquê de tantas fotografias.
Foi uma boa oportunidade para Descobrir mais do Mourão, mas acredito que as pessoas são mais recetivas e abertas do que o que senti. Voltarei, logo que haja outra oportunidade.

23 junho 2011

Peregrinações – Capela de Santa Maria Madalena (Macedinho)

No dia 26 de Março de 2011 fiz uma longa caminha até Macedinho, freguesia da Trindade. Quase sempre há algo que justifique a escolha para a caminhada, neste caso, foi somente vontade de voltar a Macedinho, onde já não ia a algum tempo. Não é um daqueles destinos que escolho com frequência, mas ainda há uma séria de coisas que gostava de conhecer melhor, como o Castelo.
Macedinho fica a alguns quilómetros de Vila Flor, por isso a caminhada foi só de ida e desta vez sozinho.
Os caminhos percorridos começam a ser bastante repetitivos, mas nunca são iguais. Quer a paisagem em redor, que muda com as estações do ano, quer o próprio piso, que no Inverno se cola às botas em forma de lama e de Verão está repleto de sementes secas que se agarram às meias e se tornam incomodativas.
Estávamos nos finais de Março, com a Primavera já em andamento, mas o dia estava pouco simpático, cheio de nuvens e a ameaçar chover. Nas Capelinhas as glicínias lançavam as primeiras flores, ainda timidamente. Atrás da serra eram as campainhas que cobriam o manto de musgo aveludado sob os pinheiros e castanheiros. Perto de Roios apareceu a carqueja, em plena floração, a torga, em grande quantidade e campos de nabiças em flor.
Depois de ter passado Roios começou a chover. Apesar de estar preparado para a chuva, acabei por ficar com as botas completamente encharcadas, o que me dificultou baste toda a caminhada. Subi a calçada em direcção à Quinta do Dr. Pimentel, que fica a poucas centenas de metros da estrada Vila Flor - Macedo. Na borda do que restava de um pinhal que estava a ser cortado para madeira encontrei umas pequenas orquídeas. Depois de algumas caminhadas que tenho feito nas margens do Rio Sabor, onde tenho encontrado algumas espécies de orquídeas selvagens, tenho-me empenhado mais na sua busca no concelho de Vila Flor, mas não tenho tido muito sucesso. Embora nunca tenha dado notícias disso, há algumas espécies bastante abundantes, embora poucas pessoas olhem para elas como orquídeas. A verdade é que o são.
 Quase sem dar por isso cheguei a Vale Frechoso. Junto da capela de Nossa Senhora de Lurdes começa um caminho que leva à estrada, mesmo na direcção certa. Este foi único troço novidade do percurso, porque o restante já o tinha feito em bicicleta ou a pé.
Passei junto à Penha do Corvo, tendo em vista o marco geodésico da Pedra-luz. Durante muito tempo avistei ao longo do caminho pegadas bastante profundas. Seriam de um lobo ou de um cão? Não cheguei a descobrir, mas senti alguns arrepios, como se o animal me estivesse a observar. Vi várias vezes lobos em liberdade nas minha juventude.
Cheguei ao marco geodésico conhecido por Pedra-luz, perto das duas das tarde, com cerca de 14 quilómetros percorridos. Pelo caminho já tinha comido a merenda, mas a bateria da máquina fotográfica já estava com falhas e o entusiasmo já não era muito. Tentei adiantar caminho descendo quase em linha recta em direcção à aldeia, mas foi asneira. Aquelas montanhas são muito perigosas, cheias de poços da exploração mineira. Curiosamente há evidências de prospeções recentes com tubos novos, com menos de um ano! A vegetação é muito densa e impossível de penetrar. Mesmo cansado, voltei a trás e segui o caminho que já conhecia, que me levaria entre Macedinho e Vale da Sancha. Foi então que algo apareceu para animar a minha peregrinação. Foi mais uma planta, cheia de botões prestes a explodir de côr. Não era uma planta qualquer mas sim Peónias, também conhecidas por ramos-de-raposa, ou rosa-albardeira (Paeonia officinalis). Foi um achado! Já tinha percorrido aquelas encostas pelo menos 3 vezes, mas nunca tinha tido a sorte de encontrar esta espécies, totalmente desconhecida para mim no concelho de Vila Flor. Enquanto descia a encosta fui encontrando mais exemplares desta planta.
Este achado animou-me bastante e cheguei a Macedinho perto das três da tarde.A tranquilidade no pequeno povoado era total. Circulei durante algum tempo por entre as casas sem ver ninguém (o que não quer dizer que não sejamos vistos).
A capela está situada no centro da aldeia, perto de outra, mais pequena, de S. António. Já a visitei várias vezes, mas foi recuperada em 2008. No frontispício está uma placa em mármore evocativa desse restauro. Trata-se de uma capela maneirista e barroca, com uma planta longitudinal composta por uma nave, uma capela-mor e uma sacristia rectangular adossada. Na fachada principal, destaca-se uma pequena sineira e um portal de verga recta e, no interior, um retábulo-mor de barroco.
Esta foi uma das mais demoradas caminhadas realizadas nesta série "Peregrinações", embora não seja a mais longa. O mau tempo e o terreno acidentado foram os maiores problemas, mas o balanço foi muito positivo.
Mais tarde voltei a Macedinho, de carro. Subi ao alto da colina em busca das peónias mas fotografei outras espécies. Foi uma tarde fotográfica memorável.

GPSies - VilaFlor_Macedinmho

18 junho 2011

Agenda Cultural - 19 de Junho 2011

Amanhã realiza-se mais uma Feira de Gastronomia Artesanato e Produtos da Terra, em Freixiel. A Agenda Cultural do Município indica que é a IV edição, mas a mim parece-me que é a V. Numeração à parte esta feira é uma boa opção para a passagem da tarde de domingo de forma agradável. O artesanato, os produtos da terra, entre eles o pão e o vinho, que são muito bons em Freixiel e depois a animação, com música, folclore quase obrigatório, são as vertentes que preenchem o dia a dão animação à aldeia que já foi sede de concelho.
Actuação do Rancho Folclórico de Freixiel na III Feira de Gastronomia, Artesanato e Produtos Regionais, no dia 28 de Junho de 2009.




Também amanhã, vai realizar-se a festa religiosa da Santíssima Trindade, na Trindade. Não será, com certeza, uma grande festa, uma vez que se trata de uma das mais pequenas aldeia do concelho. Além dos actos religiosos, Eucaristia e procissão com os andores da Santíssima Trindade e do Sagrado Coração de Jesus, este pode ser um bom dia para visitar e conhecer a bonita igreja matriz da Trindade, românica, uma das mais interessantes construções religiosas do concelho.

Esta manhã estive na Trindade. O largo da igreja, centro da aldeia, já estava engalanado para a festa.

16 junho 2011

Freguesia Mistério n.º 48

O desafio Freguesia Mistério, na sua edição número 47 teve 13 participantes. Decorreu durante o mês de Maio e consistia em identificar a freguesia onde existi um painel de azulejos com a imagem de uma Nossa Senhora. Quando coloquei este desafio estava convencido que seria muito, muito fácil de adivinhar, mas os resultados mostram o contrário. A tendência de voto inclinou-se para Vale Frechoso, talvez porque já coloquei outros painéis de azulejos dessa aldeia em desafios anteriores. Eu dei a pista que seria importante descobrir de que Nossa Senhora se tratava: é Nossa Senhora do Castanheiro. Com esta informação parece-me que seria relativamente fácil relacioná-la com a freguesia de Valtorno, que seria a resposta correta.


Os votos ficaram distribuídos desta forma:
Nabo (2) 15%
Trindade (2) 15%
Vale Frechoso (9) 69%
A imagem pintada no painel tem muitas semelhanças com a existente no interior da igreja matriz. Este painel de azulejos encontram-se ao fundo do caminho que dá acesso à igreja, através de uma alameda. É facilmente visível para quem passa no cruzamento que dá acesso à estrada do Mourão. É pena que alguns vândalos tenham causado alguns estragos, mas também há quem aqui acenda velas e deposite flores, como a fotografia ilustra.

O desafio que está a decorrer desde o início do mês consta, mais uma vez, na identificação de umas alminhas. Trata-se de um marco, que não deve ser muito antigo, junto a uma das principais estradas do concelho, à entrada de uma aldeia.
Em que freguesia podemos encontrar estas alminhas?
Participe com o seu palpite  (na margem direita do blogue).

09 junho 2011

Vila Flor (vista parcial)

Vista parcial da vila de Vila Flor em Fevereiro de 2011. São visíveis as nabiças floridas e também algumas amendoeiras em flor, à luz difusa do amanhecer.

08 junho 2011

Cabeço - Ascenção do Senhor

No Cabeço, em Vilas Boas, celebram-se várias festas ao longo do ano. A mais importante, a que mais gente chama ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção é a festa realizada a 15 de Agosto, mas há outras que também são marcantes e dignas de serem referenciadas.
No dia 5 de Junho a igreja Católica celebrou a Ascensão do Senhor. Esta festa religiosa leva ao santuário centenas de crentes vindos de distintos pontos do concelho e de concelhos limítrofes. Esta festa tem uma característica que a liga a este blogue, muitos dos crentes deslocam-se para o santuário a pé, em peregrinação.
Esta foi razão suficiente para a caminhada habitual de Domingo, da série "Peregrinações" fosse programada para o Santuário, em Vilas Boas.
Foram muitos os que connosco se cruzaram pelos caminhos; vindos de Vila Flor, Samões, Candoso, Freixiel ou Vieiro. A pé, ou de bicicleta, foram vários os meios, mas o destino foi o mesmo.
Este encontro, no alto de um monte, tem algum paralelismo com a festa celebrada. Há milhares de anos atrás, Jesus Cristo, ressuscitado, encontrou-se com os discípulos no alto do um monte, na Galileia.
Não chegámos a tempo de seguir o programa, chegando ao capela perto do meio dia, quando já a procissão Via lucis fazia o percurso descendente em direcção à base do santuário onde se celebrou a Eucaristia.
Fizemos também a pé o percurso de regresso a casa, a hora aceitável para o almoço.
Pela tarde abateu-se sobre Vila Flor ( e também Vilas Boas) um forte temporal, com chuva abundante e trovões, como é pouco habitual, mas que começa a ser frequente nesta Primavera.
Para mim foi uma realização, uma vez que, há 4 anos que planeava integrar-me  nesta peregrinação ao Cabeço.

07 junho 2011

Voz dos sinos

Como pastor atento dum rebanho
De mansas ovelhinhas, bom pastor,
Ergue-se a igreja matriz, dum tamanho
Que sobrepuja tudo ao seu redor,

Ali, na pia baptismal, um banho
Tomou a nossa alma, redentor;
E no sacrário brilha o Santo Lenho
E a Eucaristia, a dar-Se por amor.

Torres bem altas, azulejos finos,
Coruchéus e pilar's monumentais,
O templo é sentinela e oração

A tansmitir a'Deus pla voz dos sinos,
No repique festivo ou nos sinais,
As vibrações o nosso coração.

Soneto retirado do livro “Versos – Vila Flor”, impresso em Novembro de 1966, da autoria do Dr. Luís Manuel Cabral Adão.
Ouros poemas de Cabral Adão: Árvore em flor, Trovoada, Carícia real e Modelação

05 junho 2011

Ruralidades (02)

Em Fevereiro, no Arco, ainda se preparava a terra para as batatas, mas agora elas já cresceram, viçosas e cheias de promessas. Os plásticos servem para espantar os pássaros das ervilhas.

04 junho 2011

Ruralidades

Foi talvez em Fevereiro, junto à Rua dos Louseiros, em Vila Flor, que me deparei com esta cena digna de mais uma fotografia. As nabiças foram enterradas,foram alimentar a terra, mas a fotografia ficou e já correu mundo no Flickr e agora aqui. São cenas rurais, cheias de beleza e nostalgia.

03 junho 2011

Carvalho de Ega (01)

Aspeto da passagem inferior ao traçado do IC5 em Carvalho de Egas. Por aqui vai passar o caminho que sai da rua da Atafona/ ou igreja de Santa Catarina, em direção a Vila Flor ou Samões.
Este era o aspeto em Janeiro, agora está ligeiramente diferente, mas muito longe ainda de estar terminado. Junto à aldeia de Carvalho de Egas o traçado é escavado em granito bem rijo, sendo aberto à custa de muito dinamite.

02 junho 2011

Peregrinações – Capela de Nossa Senhora do Rosário (Samões)

A segunda peregrinação de Fevereiro aconteceu no dia 26 e teve como destino Samões. Tal como já disse anteriormente, as caminhadas realizadas nesse mês tiveram como destino locais onde havia probabilidades de se encontrarem amendoeiras em flor.
Um destino assim tão próximo, justificou a utilização de equipamento fotográfico de melhor qualidade, em oposição à máquina fotográfica de bolso, normalmente utilizada.
A sessão fotográfica começou antes da caminhada, uma vez que encontrei as primeiras amendoeiras em flor, aqui mesmo, quase no centro de Vila Flor, antes mesmo de me encontrar com o companheiro de "viagem". Pode parecer estranha a publicação de imagens destas, neta altura do ano, mas é "saboroso". É como sentir de novo o perfume das flores nas manhãs orvalhadas de Fevereiro.
O caminho é curto e sobejamente conhecido. É só o caminho mais interessante que liga a Vila Flor, mas parece-me que tem os dias contados! Andaram a arrancar as videiras em redor... parece-me que se vai tornar numa estrada.
Rapidamente chegámos a Samões. Acedemos à aldeia por detrás da igreja e não faltavam amendoeiras em flor nas imediações. Não fomos diretamente à capela escolhida como destino da nossa "peregrinação", antes escolhemos afastar-nos da aldeia em direção a poente. Nesta zona há bons terrenos agrícolas e eram várias as pessoas que se encontravam pelos campos a trabalhar. Ainda bem, o caminho que seguimos não tem continuidade e assim podemos pedir autorização para circular pelos terrenos.
Havia uma razão para querermos ir ali. Crescem no local imensas margaças, formando um manto muito extenso e bonito. Já em anos anteriores tirei algumas fotografias no local.
Mesmo antes de atingirmos os campos com margaças, chamava a atenção à distância uma amendoeira carregada de flores incrivelmente rosa. O dono do terreno, emigrante em Paris, facultou-nos o acesso e chegámo-nos mais perto. Além dos ramos repletos de flores rosa, tinha também alguns ramos com flores brancas, estas bem mais normais.
Pouco depois chegámos ao campo com margaças (mais conhecidas como margaridas). As joaninhas tinham chegado antes de nós e havia-as às dezenas! O terreno estava bastante encharcado obrigando a algum cuidado.
Um pouco mais à frente encontrámos algumas pessoas a limparem oliveiras, com quem conversámos bastante tempo sobre oliveiras, olival e azeite, num ano com uma produção baste boa.
O nosso objetivo era atingir um ponto bastante elevado entre o Carvalhal e a Moira. Nesse lugar há alguns amendoais mais recentes, mas a floração dessas amendoeiras é mais tardia. Sentámo-nos nas rochas a olhar para as Olgas enquanto comemos o magro farnel.
Regressámos à aldeia. A capela de Nossa Senhora do Rosário fica no fundo do povo. É uma bonita capela, que sofreu obras há muito pouco tempo. As pedras do seu cabido mostram bem a antiguidade deste templo. O seu interior também está muito bem cuidado.
No regresso a Vila Flor ainda passámos junto à capela de Nossa Senhora de Lurdes, bem situada junto à estrada nacional.
A caminhada realizada teve a extensão de cerca de 9km. O tempo esteve fantástico e encontrámos as amendoeiras em flor que esperávamos encontrar. Foi uma das mais interessantes caminhadas já realizadas.

01 junho 2011

Às crianças da minha terra

Todas as vezes que vos vejo
E me espelho em vós
Sinto cá dentro o desejo
De vos estreitar a sós!

Sinto saudades imensas
Apertar-se-me o coração
Dos tempos de inocências
E doutros que já lá vão!

Sinto lágrimas bailarem-me
De tantos dias felizes
Os embargos a sufocarem-me
Nestes meigos deslizes!

Vós sois na inocência
Madrigais em flor
Eu já sou a plangência
Cantando no Mundo a dor!

Há bem pouco, eu era então,
Miudinho como vós
Sentindo já no coração
Pesares, carpires e dós!...

Era assim criança imbele
Não sei bem... como dizer
Uma pombinha sem fel
Caída do Céu ao nascer!

Era assim gentil criança
Como vós o sois ainda
Uma saudade na lembrança
Dessa idade tão linda!


Brincava como vós brincais
Em doce paz e harmonia
Sem jamais soltar ais
Do romper ao fim do dia!

Ressaltava e pulava
Nesta Terra sem igual
Eu ainda mal falava...
Tinha o tamanho dum pardal!...

Era assim como vós
Uma florinha d'açucena
Um fiozinho de retrós
A bordar esta cena!...

Vinha p'la mão de meus Pais
A caminho da escola
Soltando longos ais
Ou brincando com a bola!...

As vezes p'la tardinha,
De penumbra doce ou fria
Seguia com minha Mãezinha
Rezar a Jesus e a Maria!

E depois, na brincadeira.
Como vós ainda brincais
A vida era tão fagueira
Como não encontrei mais!...

Poema do vilaflorense Cristiano de Morais, do livro Riquezas e Encantos de Trás-os-Montes, publicado em 1950.
As fotografias foram tiradas no dia 01-06-2009, na Escola EB2,3/S de Vila Flor.