19 maio 2012

e de repente é noite (VII)

Nos vasos do coração
depositas o sangue das rosas,
num jardim de apreensivos deuses.
Um acordeão de estrelas
percorre-te a garganta,
menos veloz que a minha dor.
Um sorriso magoado nos fustes do porvir.
Silenciosos, trocamos sinais
para nos encontrarmos na praça deserta,
entre as árvores que povoam as noites
da fulgurante nudez dos seus diálogos.
Não quebremos, com as palavras,
a inocência de nossas idades
levedando
sob as pálpebras da minha nostalgia.
Só tu és a exacta medida do invisível,
a transparência que completa o dia.
Passas e não fazes sombra,
porque és luz atravessando a luz.


Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Vila Flor, alto do Facho.

1 comentário:

Transmontana disse...

Bom dia, Aníba!

Lindos: o poema e a foto!
Agradeço a partilha!

Um domingo feliz.

Anita