02 maio 2012

Peregrinações - Capela de S. Lourenço (Arco)

Depois da memorável caminhada feita em janeiro a Meireles pensei dar por terminadas as Peregrinações, mas ao olhar a listagem dos itinerários feitos notava-se a falta de uma freguesia, curiosamente Vila Flor! À exceção de uma caminhada, todas as restantes tiveram como ponto de partida a Vila, e, por isso, nunca faltaram fotografias do amanhecer, do momento da partida. Mas se o objetivo é Descobrir, a Vila também possui um património invejável, que merece mais uma visita e alguma divulgação.
Junto à Fonte do Olmo
 Integrado na freguesia de Vila Flor está o lugar do Arco. Dista cerca de 3 km da Vila e não oferece muitas alternativas de percursos, sob pena de nos afastarmos em vez de nos aproximarmos. Usando alguns caminhos vicinais e alguns troços de estrada, partimos no dia 14 de abril com direção à aldeia. A manhã estava sombria, com nuvens negras com ameaça de chuva a qualquer instante. Esse instante acabou por acontecer quando chegámos à Fonte do Olmo, nas imediações da Estádio Municipal.
Estrada do Arco
Passada a tormenta o céu ficou azul e a terra exalou o cheiro agradável a terra molhada. Prosseguimos o caminho com uma visão admirável para o vale. A terra sedenta de água parecia ganhar vida e até as poucas flores existentes ganham nova vida salpicada por gotas de água cristalina.
Depois de mais um troço por um caminho chegámos ao Arco, pela rua da Ladeira, depois de passarmos junto ao cemitério de onde se tem uma vista admirável. Todas as ruas do Arco confluem num ponto, precisamente no largo onde se encontra a capela de S. Lourenço (Largo de S. Lourenço). Daí partem a rua da Lavadeira, em direção a Vila Flor, a rua do Cascalhal (para o Nabo), a rua Pincipal e depois do Fundo do Povo (que pode levar ao Gavião), a rua da Igreja que desce para o polidesportivo e também dá acesso a Seixo de Manhoses.
A tormenta já desceu à  Vilariça
O pequeno templo, de costas para o largo, está como é tradição orientado para poente. Exteriormente é uma construção sóbria, bem cuidada, argamassada mas com o frontispício em rústico granito. A torre sineira é centra, simples suportando uma cruz e dois pináculos mais pequenos, mas semelhantes aos que existem nas extremidades do frontispício. Um pequeno óculo em forma de trevo, acima da padieira permite entrar alguma luz do poente.
Capela de S. Lourenço
Não admira que toda a construção tenha ótimo aspeto, foi restaurada em 2001, sendo feita a inauguração das obras a 16 de Junho, tal como reza uma placa colocada no seu interior.
A simplicidade exterior não deixa adivinhar a beleza interior. Os altares são em talha destacando-se o dourado, o vermelho e um azul escuro, quase negro. Esta combinação de cores produzem um todo austero mas muito alegante. O interior é muito luminoso fruto também do sistema de iluminação recente.
Interior da Capela de S. Lourenço
Em termos de arte sacra são de destacar um Cristo Crucificado que ocupa a posição central no altar mor e a imagem do padroeiro, já minha conhecida porque integra nas procissões das festas da Vila. O Cristo está muito impressivo, com os músculos peitorais e abdominais muito vincados, tal como os vasos sanguíneos de braços e pernas.Tem chagas espalhadas por todo o corpo.
A imagem de S. Lourenço deve ser a mais antiga da igreja. S. Lourenço segura um livro e uma grelha, que simboliza o seu martírio, nos primeiros séculos da igreja. Como diácono tinha a sua responsabilidade os bens da igreja, que podem muito bem estar representados pelo livro que segura.
Imagem de S. Lourenço na procissão da festa da Vila
Os dois altares laterais são, de acordo com o meu gosto, ainda mais bonitos! No altar de Nossa Senhora de Fátima o contraste das cores é muito marcante. No topo da talha há uma pomba branca. Seria interessante saber quem ocupou o altar anteriormente, porque esse elemento devia estar relacionado com a imagem, mas não com a atual. Falta dizer que a capela deve ser de 1777, data registada na talha, e as aparições em Fátima deram-se em 1917.
O terceiro altar é o Altar das Almas, onde está uma interessante imagem de S. Miguel Arcanjo a submeter o diabo em forma de besta, com o poder da Cruz e da espada.
Chama também à atenção, sobre o arco-cruzeiro, um brasão quase completamente apagado, não sendo possível identificar as armas.
Rua do Arco
Feita a visita à capela, agradeço a quem nos nos acompanhou, ainda fizemos um passeio até ao fundo da aldeia. As ruas estão muito limpas e cheias de jardim. Há muitos becos com casas em ruínas onde havia fornos e teares, mas onde já não mora ninguém. No final da aldeia há uma eira onde faço quase sempre uma paragem, quer para admirar a paisagem, quer para dar uma espreitadela nas pequenas hortas junto ao ribeiro.
Rua do Fundo do Povo, junto à eira.
Regressámos ao centro da aldeia e seguimos pela rua da Igreja e depois pela do Santo Velho? Porquê este nome? Onde este acesso se junta com a estrada do Seixo há um nicho escavado na rocha. Eram umas alminhas, mas não sei se isso tem a ver com o nome da rua.
O regresso a casa aconteceu calmamente, seguindo de novo até à Fonte do Olmo. Depois cortámos à direita para o cruzamento com a estrada para conhecermos a pista para bicicletas que foi construida desde Vila Flor até àquele local. Não foi possível tirar nenhuma fotografia porque já não havia bateria na máquina, mas fica para a próxima.

1 comentário:

Anónimo disse...

Belas fotos do Arco, os meus avós casaram -se nesta capela.



Fernando Borges Cruz
São Paulo - Brasil