30 agosto 2009

Meu Tua, minha saudade

Solto de paixão
Desliza o Tua determinado a …amar
As flores, o campo a natureza
As águas doces deste rio de …acalmar
Que por vezes, corre lentamente vazio
Confiando na minha chegada.
Este mar de beleza, avolumada
Intensamente apaixonado,
Num misto de esperança e enternecido
Corre o Tua de mansinho e engalanado.
A leveza da sua água é contagiante
Vai depois, entregar-se ao Douro
Oferecendo o seu mais valioso… tesouro
A natureza pura desta paisagem
Num combinado de ternura e nostalgia
Mesmo o mais rebelde dos seres… ele contagia
Até para quem o vê de …passagem.
Enquanto admiro a sua liberdade
Por entre salgueiros e olmos de …saudade

Poema: Fernando Silva
Fotografia: Rio Tua, na Ribeirinha.

28 agosto 2009

Flor do Mês - Agosto 2009

Quando chega o mês de Agosto é sempre um problema para escolher a Flor do Mês. Não porque não existam flores selvagens, normalmente protegidas por uma boa ramagem cheia de espinhos, mas porque as poucas resistentes existentes não são muito representativas, ou seja, quase não se dá por elas.
Escolhi para o mês de Agosto de 2009 a cenoura-brava.Trata-se de uma planta herbácea bienal, que pode atingir entre os 20 e os 80 cm de altura. Passa praticamente despercebida nos campos incultos e na borda dos caminhos e sebes. Quando floresce o caso muda de figura. A época de floração estende-se de Abril a Agosto e as suas "flores" são muito bonitas. As inflorescências (modo como as flores estão dispostas) são umbelas terminais, densas e planas constituídas por 2 tipos de flores: flores brancas, periféricas e uma flor central purpúrea e estéril. Pouca gente repara nesta pequena flor central, muitas vezes pensam tratar-se de um insecto. As pequenas flores são brancas mas no início podem ter uma cor bastante rosada. Eu aprecio bastante a sua disposição, em umbela, que quer dizer chapéu-de-sol de cor clara. Esta disposição é determinante do família a que a cenoura-brava pertence, as unbelíferas (agora Apiáceas).
O nome científico da cenoura-brava é o mesmo que da espécie cultivada, Daucus Carota L.. Apesar da espécie selvagem também possuir a mesma raiz aprumada onde acumula reservas, esta não tem a cor "cenoura" e é muito lenhosa, imprópria para consumo. Mesmo assim creio que, noutras paragens, é cozinhada em cataplana, tendo as características medicinais da sua "prima" comestível. As raízes e sementes são vendidas para fins medicinais.

As fotografias da cenoura-brava foram tiradas em Macedinho e no Arco.

26 agosto 2009

Festa de S. Bartolomeu (2)

Durante os dias 22, 23 e 24 festejaram-se em Vila Flor, as festas em honra de S. Bartolomeu. Não acompanhei de perto os festejos, mas estive presente na procissão e aproveitei para registar alguma imagens.
Aqui fica um pequeno vídeo para os que não puderam estar presentes verem a procissão, mas também para os que estiveram presentes poderem recordar.
Vídeo da procissão.

24 agosto 2009

A promessa


"A ermida da Senhora dos Anúncios é na Ribeira. Tem a curiosa particularidade de assentar num outeiro, único na extensão da planície da Vilariça, antes das elevações das margens, dizer um pouco esquemático, já se vê. Planura, planura e, de repente, um cone regular, frente a Santa Justa, com uma capelinha branca lá acima. Assim como uma assadeira e um dedal no fundo!
A festa mete pouca gente: é uma entre a família ribeirinha e dos altos circundantes. Tem a sua procissão, o seu sermão, os seus foguetes, bazar e música.
Dali, abarca-se todo o imenso e fecundo vale desde os Vilares até lá para o Carrascal, para a Foz, no Douro. Pelos montes que o enquadram, espreitam casinhas pardas da Cardanha, da Adeganha, das Cabanas, da Horta, de Vilarelhos, da Burga e, mais longe, de Benlhevai.
A Maria da Paz lá foi, como prometera. E a promessa era pequena. Nem voltas de joelhos, nem penitências debaixo dos andores, nem dar as tranças. Apenas isto: rezar um tercinho à Virgem com toda a devoção por a ter livrado do grave perigo em que esteve; e recitar em voz alta, quando a igrejinha ainda estivesse vazia, uns versinhos da sua cabeça, que ela tinha decorado para oferecer à Senhora.
E assim foi. Chegou cedo e prendeu a arreata do jerico que trouxera, a um poste do adro. Entrou na capela pé ante pé e, vendo que não estava ninguém, ajoelhou, persignou-se e recitou, com os olhos meigos fitos na Virgem Maria:

Oh, minha Nossa Senhora,
Virgem do meu coração!
Quando eu 'stiver em má hora
Enviai-me um abelhão.

Um abelhão, uma vespa,
Uma víbora ou lacrau,
Que desvie dos meus passos
Quem para mim quiser ser mau.

Defendei-me do inimigo,
Oh, Senhora dos Anúncios!
E sede sempre comigo
A ditar-me os «abrenúncios».

Se virdes qu'eu o mereço,
Um homem fero me dai,
Pra vivermos, eu vos peço,
Sempre, sempre em Benlhevai!

Oh, Senhora minha Mãe!
Se achardes pecado em mim,
Mandai-me ferrar também
Por bicharoco ruim.

Senhora! Dobrai-me a fé
E guardai-me uma casinha
Com Deus sempre ali ao pé!
Salve, Mãe! Salve, Rainha!

Depois, rezou o terço vagarosamente, confiadamente."

Excerto do livro Paisagens do Norte, escrito por Cabral Adão e publicado em 1954. Este livro teve uma segunda edição pela Câmara Municipal de Vila Flor em 1998 (Minerva Trasmontana, Vila Real). Pode ser encontrado no Museu Berta Cabral, na sala dedicada a Vila Flor.
Fotografia: Agosto de 2009, no alto do Facho.

22 agosto 2009

Vila Flor - Festa de S. Bartolomeu


22/08
22:00 Arraial com o Grupo Musical “Midnes”

23/08
22:00 Actuação de “Trio Odemira”
23:00 Actuação do grupo musical “Sindikato”

24/08
08:00 Alvorada com salva de Morteiros
11:00 Missa Solene
18:00 Procissão pelas principais ruas de vila
  • Banda Filarmónica de Vila Flor
  • Bombeiros voluntários de Vila Flor
  • Grupo de Escuteiros de Vila Flor
22:00 Arraial com o grupo “Os Implacáveis”
24:00 Fogo de Artifício

S. Bartolomeu, Padroeiro


S. Bartolomeu,
Meu Santo protector,
Por mim tão amado
Filho do Senhor
Como eu te venero,
O Teu amor eu quero,
Por Ti tenho graças
De Ti tanto espero

Levo o olhar ao céu
Trago a Tua imagem
Alivia-me a dor,
Dá-me força e coragem
Levo o olhar ao céu
Trago a Tua imagem
Tu és companheiro da minha viagem

S. Bartolomeu
És meu companheiro
Tal como o Senhor
És do mundo inteiro
És meu padroeiro
Como eu Te quero
Meu conselheiro
Como eu te venero

Levo o olhar ao céu
Trago a tua imagem
Alivias-me a dor
Dá-me força e coragem
Levo o olhar ao céu
Trago a Tua imagem
Tu és companheiro da minha viagem

Quero estar a teu lado,
Apóstolo de Jesus
Tu és o caminho
Que ao céu me conduz
Santo milagroso
Ouves as minhas preces
S. Bartolomeu
De mim tudo mereces

Levo o olhar ao céu
Trago a tua imagem
Alivias-me a dor
Dá-me força e coragem
Levo o olhar ao céu
Trago a tua imagem
Tu és companheiro da minha viagem

Tal como o Senhor
És do mundo inteiro
Vila Flor Te idolatrou
O seu padroeiro

Levo o olhar ao céu
Trago a tua imagem
Alivia minha dor
Dá-me força e coragem
Levo o olhar ao céu
Trago a tua imagem
Tu és companheiro da minha viagem

Em louvor de S. Bartolomeu

Poema: Fernando Silva
Fotografia: imagem de S. Bartolomeu, Vila Flor.

21 agosto 2009

Capital do Mundo

Ontem fiz um curto passeio em companhia do meu filho mais novo. Subimos ao alto do Facho para olharmos o horizonte mas uma bandeira no cimo do talefe despertou a nossa atenção. Foi ela que me lembrou a expressão Vila Flor - Capital do Mundo. A Vila tem no seu ponto mais alto a bandeira de Portugal, como uma verdadeira capital!

19 agosto 2009

A Alma de Vila Frol

No dia 18 de Agosto fui assistir à peça de teatro "A Alma de Vila Frol". Trata-se de uma peça inspirada num texto do escritor vilaflorense João de Sá (que por acaso gosto muito de ler). O escritor também assistiu à peça e proferiu algumas palavras, no início da mesma.
A peça reconstruiu alguns quadros da vida de D. Dinis, que na hora da morte recorda momentos marcantes da sua vida, alguns dos quais em Vila Flor onde encontra uma linda pastora, Maria Frol. A história cruzou-se com a lenda e com o imaginário, ao balanço de uma selecção musical fantástica (também muito do meu agrado).Em cena entram muitos actores, crianças, jovens e idosos, de Valtorno e Alagoa, que deliciaram os presentes proporcionando momentos de emoção e boa disposição.
A sala estava cheia e foi uma boa amostra de que as gentes de Vila Flor estão receptivas a eventos culturais desta natureza.
Estão de parabéns todos os intervenientes.

18 agosto 2009

O Passado e o Presente (2)


PASSADO
Quando a moura gente a Ibéria invadiu,
Das terras lusas, de hoje, nem uma só fugiu
À arrogância atrós daquela gente insana
Que, agrupada, aos milhares, em grande caravana,
Percorrera terras num galopar veloz,
p'ra incutir, no ânimo do vencido,
A realidade do valor que tinha tido,
Noutras grandes lutas, aquela pobre gente,
Que pobre se chamou por não ter sido crente.

Aí vêm eles envoltos num turbilhão de pó...
Parece qu'estou a ver aquela gente sem dó,
Sem piedade, sem fé, sem crença e sem amor,
Avançar, destruir, queimar, trespassar sem dor
Os palpitantes peitos da devota gente,
Regar com sangue, extravasado, ainda quente,
A terra agreste que os cavalos vão pisando
E os corpos frios dos soldados entulhando.

Aqui vieram e assentaram arraiais
Fazendo desta terra uma fortaleza mais
Para assegurar a vitória da conquista.
No topo da colina de onde se avista
Todo o caminho que à terra vem parar,
A gente invasora pensou em levantar
Um castelo alto e forte, donde a vigia,
Em constante permanência, ver podia
Todo o movimento d'entrada e de saída.

A fortaleza que p'ra resistir à lida
De futuros combates, construída fora,
Erguia-se naquele altinho onde, agora,
De Deus a majestosa casa se levanta.

PRESENTE
Então, fora ali no lugar da Igreja Santa
Que os mouros ergueram o castelo de que fala?

PASSADO
Sim... depois de abrir ali profunda vala.
Destruindo o rochedo que aflorava à terra
Para aproveitar dele a pedra que ele encerra,
Alicerces fundos e largos são lançados
Que aguentassem com o peso dos murados.

Naquele lugar o castelo fortaleza
Lá estava levantado. Em toda a redondeza,
Um muro alto com ameias e seteiras
Erguido fora para que de duas maneiras
O castelo e a Vila fossem defendidos:
C'oa defesa real dos muros construídos,
E c'oa eventual resistência dos soldados
Na defesa da muralha experimentados...

Excerto da Revista "O Passado e o Presente", em dois actos e 10 quadros, escrita por Dr. Artur Trigo Vaz e levada à cena em Vila Flor nos dias 31 de Dezembro de 1949 e 1 de Janeiro de 1950.

17 agosto 2009

Minha Terra, Cristalina e enamorada


Nas pétalas das tuas flores revejo os meus amores
Nelas, encontro o mais profundo rumo da minha vida
Terra predilecta…dos meus aromas, sigilos e adores
Eternamente esbelta, vais permanecer para sempre…embevecida

Em ti, residirei de corpo e alma, constantemente…apaixonado
Meu tesouro, em ti, revelas o mais puro enaltecimento
Porque te vejo na mais bonita áurea, num sublime enamorado
As tuas fragas, a tua floresta…um verdadeiro valimento

Que guardas numa conjuntura lindíssima e sempre protectora
Num postal superiormente ilustrado de raríssima beleza
Porque tu, adquires a paisagem mais deslumbrante e…sedutora
De natureza genuína e bela, desta aguarela, na mais fascinante pureza

Alvorada do meu mais empolgante e fortificador acordar
Vila Flor és minha pérola, possuis a forte razão do meu viver
De planícies de réditos que no seu mais intimo dulcificar
Fazes dos teus descendentes o maior amor, jardins de intenso apetecer

Poema do vilaflorense Fernando Silva.
Fotografia tirada no Facho, a preto ebranco e "pintada" no computador.

16 agosto 2009

Descrição


Assim, com as mãos na água, as mulheres lavavam roupa, e discutiam;

Tratava-se da tarde, ainda tarde, o sol descia para os lados da vila. Ninguém podia objectar que a noite caía sem o conhecimento de milhares de outras; eles regressando da terra, aí por baixo, pela volta dos tristes, pela estrada
de Sampaio, e de Roios;

Tratava-se da vinda do campo, depois do dia de trabalho; as charruas com terra, as mãos
habituadas;

Entretanto, juntava-se gente na praça; quem estivesse no Rossio, ou mais para o fundo da vila, sabia-o; juntava-se gente às portas, alargava-se
o falar;

E a noite caía. Era mais uma. Cai assim, ensombrando as pedras escuras, as vestes
os homens, as mulheres. Uma e outra, mulheres vergadas depois da carga
do dia;

À porta do café, na praça, um dos patrões da vila;
tal como há dez anos, apenas um pouco mais velho;

À porta de casa, cada emigrante
os que chegaram a casa.

De Modesto Navaro, "Ir à Terra"; Edição do autor, 1972.

14 agosto 2009

Romaria de Nossa Senhora da Assunção - Programa

As festas realizadas no Cabeço, em Vilas Boas em honra de Nossa Senhora da Assunção, são das maiores de toda a região. Este ano vão realizar-se entre os dias 02 e 15 de Agosto.

Rio Tua na Ribeirinha (2)

Mais um a fotografia do Rio Tua, na Ribeirinha.

12 agosto 2009

Recordações


Vila Flor dos olhos meus
Dos meus antepassados
No teu bonito museu
Tens memórias do passado

Ver-te ao amanhecer
Traz-me alegria constante
Tu sabes agradecer
Ao teu povo emigrante

As minhas recordações
Do Rossio ou da Praça
Fica em nossos corações
Todo aquele que aqui passa

Adoro o teu encanto
Em ti colhi uma flor
Vou viver com o teu pranto
Vou recordar minha dor

As tuas muralhas velhinhas
Recordações do passado
O Monte das capelinhas
O miradouro a seu lado

Poema do vilaflorense Fernando Silva.
Fotografia: Praça da República em Vila Flor

08 agosto 2009

As Quatro Estações do Ano

O amaciar da Primavera,
com o verde-colorido da esperança,
mostra o que é, será e já foi era
em justo calendário de criança.
E, depois, o Verão,
com forte calor de suar,
mostra o suave leão
este a servir o amar.
Em seguimento o Outono
para a natureza mostrar
o de cada qual a seu dono,
com o certo e a guardar.
Vem o Inverno a seguir,
com o frio e a alvura,
que não faz ninguém fugir
para mais a neve é pura.

Primavera, Verão, Outono, Inverno...
Aqui não temos o anano;
mas o grande, forte, eterno
das quatro estações do ano.

Poema de José Trigo, do livro "- Homem, quem és..., que és...?", Edições Tribuna, 2006.

José Carlos Costa Trigo nasceu em 12 de Fevereiro de 1961, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, filho de Mário da Silva Trigo e de Àida dos Remédios Costa. Actualmente vive em Vila Flor. É autor de vários livros em poesia, prosa onde também publica os seus desenhos.

07 agosto 2009

Freguesia Mistério 30

Tal como era esperado, o enigma da Freguesia Mistério 29 foi bastante participado e com grande tendência para a resposta certa. Participaram 24 pessoas que distribuíram os votos da seguinte forma:
Freixiel (1) 4%
Nabo (3) 13%
Roios (1) 4%
Samões (2) 8%
Sampaio (1) 4%
Santa Comba de Vilariça (10) 42%
Trindade (1) 4%
Vila Flor (3) 13%
Vilas Boas (2) 8%
Mesmo assim, só 42% dos participantes indicou a resposta Santa Comba da Vilariça como resposta correcta. A fotografia mostra um dos três bonitos cruzeiros que existem nesta freguesia. aliás, já existiam fotografias no blogue dos restantes dois cruzeiros (1, 2). Este é conhecido como o Cruzeiro d'Avenida, é o que se situa mais a norte e é seguramente o mais recente dos três (afirma-se que são do Séc. XIII).
Já há alguns dias que está disponível o enigma Freguesia Mistério 30. É um pouco mais difícil identificar a sua localização, mas aqui ficam algumas pistas: é na sede de uma freguesia; a freguesia é no vale da Vilariça; como há muitos visitantes desta freguesia que frequentam o Blogue, espero que pelo menos estes identifiquem esta curiosa e antiga fonte.
Este mistério vai ficar durante todo o mês de Agosto. A votação é possível na margem direita do Blogue.

06 agosto 2009

Peça de Teatro - A Alma de Vila Frol

Nos dias 12 e 18 de Agosto vai haver teatro no Centro Cultural de Vila Flor. "A Alma de Vila Frol" é um texto original do escritor vilaflorense João de Sá, adaptado ao teatro por Maria Isabel Cardoso. Vai ser representado pelo Grupo de Teatro Amador de Valtorno/Alagoa.

Desenvolvimento da Peça de Teatro:
1325, 7 de Janeiro, no Paço de Santarém o Rei D. Dinis está a
morrer. O clero, a nobreza e o povo, procuram notícias do Rei.
A Rainha D. Isabel cede ao pedido do Rei, trazendo-o ao jardim. Ele
sente-se inconformado; procura desesperadamente colocar ordem
nos pensamentos que o torturam…não sabe onde esconder o fim
que se aproxima e viver do passado os momentos que o fizeram
feliz.
A Rainha tranquiliza seu marido e Rei. Ajuda-O, com sabedoria e
amor, a encontrar os factos mais belos que fizeram parte duma
existência breve – 64 anos.
O Rei D. Dinis vai descansar, vai dormir, vai sonhar!
Os sonhos povoam todo o ser deste Rei determinado e poeta. Da
gaveta do pensamento sai o dia em que foi armado cavaleiro por
seu avô Afonso X.
Recorda com alegria o gesto admirável de sua esposa, Rainha D.
Isabel, ao travar com êxito a batalha entre as suas tropas e as de
seu filho D. Afonso, mais tarde D. Afonso IV.
Chega também à lembrança o dia em que reconheceu que a Rainha
D. Isabel ultrapassava a existência normal dos mortais…MILAGRE
DAS ROSAS!
E porque sentia, mesmo em sonho, que a sua vida estava no fim,
precisava de se penitenciar, pensava ele, do mais grave mas
delicioso pecado que cometeu; a sua paixão desmedida por uma
pastora transmontana, chamada Maria Frol.
Passo a passo descreveu todos os momentos passados na longínqua
Póvoa de Além Sabor à qual em homenagem a este terno e proibido
amor, chamou de Vila Frol (por Foral em 1286).
O Rei D. Dinis reconciliado com ele e com o mundo morreu em paz.

Fonte: C.M. Vila Flor

Furtivo sortilégio


Meu ninho encastoado na fissura
Dum olmo que um Grifo plantou.
Meu agro que o Destino semeou,
Perfil de serra em linha de secura.

Alta chama parada na lonjura
De um astro que tanto a cerceou
Que em centelha viva a transformou
Pra ser Flor, em vez de queimadura.

Meu berço de infante, embalo e paz
Do que em mim me divide, e me compraz
Na sublime graça de chegar.

Quero fundir-me em ti, correr nas fontes.
E se me entremostrares o Ser, nos montes,
Levar-te-ei, pela mão, a ver o mar!

Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.
Fotografia: Vilarinho das Azenhas, a caminho do santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

Outros poemas de João de Sá: Flor-poema, Maravilhamento, Absoluto visível, Serra, A pergunta, Consagração, Jogos de infância, O nosso pão, Senhora da Lapa, Pescador de Estrelas.

05 agosto 2009

04 agosto 2009

A caminhar por trás-da-serra...

No dia 28 de Julho fiz mais um passeio pedestre, desta vez em direcção a Roios. Saí pelas quatro da tarde em direcção ao alto do Facho, pela Rua do Carriço. O dia estava quente e foi muito saboroso sentir o ar fresco do alto do monte. Nunca cansa olhar Vila Flor deste ponto alto e deixar descansar os olhos em toda a paisagem em redor. Não fui o único a pensar assim, no miradouro havia vários grupos de jovens.
Depois de alguns minutos de pausa, desci às Capelas. Uma que nunca me esqueço de visitar é onde está Santo Bernardino. Até um pisco-de-peito-ruivo gosta de descansar na companhia do santo.
Apanhei o caminho que desce pelo meio do pinhal até Roios. A descer todos os santos ajudam e a frescura da sombra dos pinheiros estava bastante agradável.
Percorri, em vários sentidos, as principais ruas de Roios. Mesmo quando passo várias vezes no mesmo sítio há sempre pormenores que despertam a minha atenção. Roios é uma aldeia que gosta de se alindar e eu gosto de a ver assim, cheia de flores, mesmo em pleno Verão. Também é interessante que, quando todas as aldeias estão a abandonar os seus fontanários, em Roios tenham construído mais dois, e, ao que sei, com água de uma nascente.
O meu passeio estava praticamente no início e por isso segui por um caminho que parte dos tanques de lavar a roupa em direcção ao nascente. Sempre que tenho seguido essa direcção, volto a casa com as pernas todas arranhadas pelas estevas. É difícil encontrar seguimento nos caminhos. Desta vez decidi arriscar pouco e ao fim de caminhar durante algum tempo desci à estrada que segue para Lodões.
Cortei depois à direita por um caminho que segue para o Cabeço de Santa Cruz e para Sampaio.
Pelas 18:30 estava junto ao Ribeiro de Roios, tinha percorrido 9 quilómetros e Vila Flor estava cada vez mais distante. Desisti da ideia de chegar a Sampaio e comecei a subida, de pouco mais de 200 metros de altitude, até aos 570, em Vila Flor. Escolhi um caminho totalmente desconhecido, cheio de declive. É o estradão que existe a circundar a floresta de eucaliptos que se estende até à Quinta do Caniço. Foi uma subida esgotante, em passo rápido com medo que anoitecesse e eu ainda sem atingir o Alto da Caroça. Optei por não seguir até esse ponto mais elevado e, a certa altura, desviei-me em direcção à estrada de Roios, que fui encontrar junto à Quinta de Valongo.
Já eram poucos os raios de sol que conseguiam passar pela Porta do Sol, quando cheguei a Vila Flor!
Vídeo do percurso feito em Roios
Percurso GPSies - VilaFlor_Roios_Sampaio_VilaFlor

03 agosto 2009

Um passeio por Roios


Roios esteve em festa este fim-de-semana! Já que não fotografei a festa, deixo um pequeno vídeo feito com fotografias da aldeia, num passeio pedestre, que realizei no dia 28 de Julho.

Nota: Parece que a Agenda Cultural, me enganou quanto à festa que será só no próximo fim-de-semana!

01 agosto 2009

O Passado e o Presente (1)


Passado

Depois de tanta canseira,
De tanto correr e mirar,
Vim, afinal, parar
No socalco da ladeira
Que s'estende prazenteira,
Deste meu saudoso lar.

O horizonte, a terra, o ar
Eu conheço muito bem...
Daquele monte, além,
Onde se ergue um altar
Que convida a rezar
A Virgem Santa e Mãe;

Daquele tão lindo monte
Que da Lapa foi chamado,
Um panorama afamado,
De longínquo horizonte
S ' estende mesmo defronte
Para todo e qualquer lado.

Serras de grande porte
Limitam nossa visão...
A Estrela... a poente o Marão,
A branca Sanábria a Norte
E, bem perto, a Bornes forte
De terra que dá bom pão.

Entre o Reboredo escuro
Do carvão que é sua terra
E a Lapa... bela serra
Que escondera, em seguro,
O tesouro belo e puro
Qu'inda hoje ela encerra,

Estende-se, belo e bom,
Da Vilariça o gram vale
Que, não tendo outro igual,
Merece por si o dom,
Em fertilidade e tom,
De ser ele o principal.

Lá no fundo, mansamente,
Num barulhar que ecoa,
A fértil, seiva se escoa
Na caudalosa corrente
Do sabor... e este, finalmente,
Ao grande Douro a doa.

De tudo isto estou certo...
Não me enganam estes sinais.
Mas, ao reparar n ' outros mais
Qu' agora vejo bem perto,
Sinto coração aberto
De pungimentos brutais;
Pois custa-me imenso a crer
Qu'este torrão em flor,
Este sepulcro de amor,
Que m'assistira ao nascer
E m'ensinara a viver,
Seja a minha Vila Flor.

Excerto da Revista "O Passado e o Presente", em dois actos e 10 quadros, escrita por Dr. Artur Trigo Vaz e levada à cena em Vila Flor nos dias 31 de Dezembro de 1949 e 1 de Janeiro de 1950.

Nossa Senhora do Carrasco - Nabo

As festas em honra de Nossa Senhora do Carrasco, no Nabo, vão ter lugar no dia 9 de Agosto.