![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYaBC34Ju_mHoWkCUiglTgcZKhgtEeNGCfLxNqGARBgXYAtqbnXfcNZjY5Fr7C3LvraYy9j5k_3AJpRbb08IghoFFVDH-MKaqgGNHxK26NtwdX2Bgu5QMhrECHxFhuKLwpakEuXg/s400/VilaFlor1034.jpg)
Ontem foi dia de mais uma etapa
À Descoberta da
Linha do Tua e do Rio. Depois da experiência da primeira etapa que me
levou do Cachão à Ribeirinha, pensei na melhor maneira de continuar, em direcção ao
Tua. Optei por descer parte da linha na automotora, partindo da
Ribeirinha e
fazer o caminho de regresso caminhando (2). Depois de
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZJTnEdn6MEp6zwUMalE5OmlZK-bNr39sduYAd3x8dBs9fQ93v9yX3BhPde6mQ_VUnNDTEADbdDa3CllNZM17Q5QK6kyEnQr4es0qwu5_M_b-eqIS6YRQIUJH4kQ8gVhaxKMYUrA/s200/VilaFlor1030.jpg)
estudar um pouco a linha, achei que podia caminhar da
Brunheda até à
Ribeirinha, e foi isso que eu fiz.
O dia estava bonito, sem nuvens, quente, a convidar para o passeio ao ar livre. Pouco depois das 10 da manhã já estava na
Ribeirinha. Estacionei o carro e ainda tive tempo de ir até ao rio tirar
algumas fotografias. Às 10:30 chegou a automotora. Transportava 8 viajantes, o condutor, o revisor e um cão. Não era o único interessado em registar as belezas da
paisagem em fotografia, havia pelo menos mais três pessoas. Em
Abreiro entraram mais 4 pessoas, sem bagagem, com todo o aspecto de viajarem por prazer.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf4hMTOMh6rxgi5L01Z6AUHRdY-7YXGeQFI3N_xsqmcLhtb36puKbpsec-mOLB77idt-QkeqIZuoeabHPFnM0Ii-1d7FEx8cEvHLW-CKX1-4AcIfZ4BUv3EgEkUZ8xhW9kv5eIpQ/s400/VilaFlor1036.jpg)
Quase sem dar conta, estava na
Brunheda. Desci da automotora e esta continuou em direcção ao
Tua. Comecei a caminhada de regresso exactamente às 11 horas. Calculei que percorrer o caminho me levasse 2 horas e 3 para tirar fotografias.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUqJwBNcKhcwHBrgCNKUzrIh7zui1k4rKqFylCFTHqfFo1C3PKR6bTk2J1vHHi91hXAHqhxA6XqArflapkj7n_yvldWXIcUDbtB5QxJX451rlijGx06FfCthTxwIJMRVKW2nU-Iw/s200/VilaFlor1031.jpg)
Na maior parte do percurso não há caminho e por isso tinha que caminhar pela linha. Onde fosse possível e interessante, deixaria a linha e desceria até ao rio. Também tinha por objectivo fotografar a flora e fauna. O ano corre muito seco e não há muita vegetação. Com as temperaturas amenas que se fazem sentir, há muitas plantas floridas e por isso não me faltariam motivos para fotografar.
Pensei em subir à ponte para ter uma boa perspectiva da linha e da estação, mas desisti, isso ira levar-me bastante tempo.
A primeira coisa que me surpreendeu, foi a quantidade de vinhas que estão a ser plantadas nas encostas do
Tua! Havia muitos grupos a trabalhar em novas vinhas. Ao contrário do que se imagina, existem nas duas encostas do rio muitas terras ainda cultivadas. A maior parte são vinhas, mas há também oliveiras e amendoeiras. A segunda, foi a quantidade de ninhos que há nos barrancos da linha.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibwrk0He9kx57nty076JIlclebhoBROQE2t5Z3OuK8IPVWLEoF9SftdLqC4Y_um-jfdeWu5e0KTyRNooASTUUFSZn1qHAqW9_etiXfZRBLDSczt7MgsqpzjwNIylUJrmQQdRm5XQ/s200/VilaFlor1035.jpg)
Tinha andado cerca de dois quilómetros quando me surgiu a primeira açude. Havia ainda as paredes de uma azenha e como o acesso era fácil, desci ao
rio. A construção é grande e robusta. As mós ainda lá estão. Estava eu entretido a tentar fotografar o movimento da água quando um melro-da-água (
Cinclus cinclu) vei-o investigar-me. Fiquei excitado, é uma ave difícil de fotografar, não desperdicei a oportunidade. Ao longo de todo o percurso observei muitos cágados, alguns enormes. Estão sempre muito atentos e é difícil aproximarmo-nos deles. Também observei algumas garças-reais, perdizes, melros e melros azuis (
Monticola solitarius, como eu). Curiosamente não vi nenhuma ave de rapina.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxqGICKd3_uZVG_tVkCu-Vy6sP9a-eFR3S5IuFrigLLTIfWcy1FxPkLsVs1_8C5YcowK0gvVGBDacwIPfXUs7abQrY92UGT22rPXb6yImKJ6TZJ60j9f8hwC2l4vWAlw3S2i2DmA/s400/VilaFlor1038.jpg)
A segunda açude vim a encontrá-la junta à estação de
Codeçais. Também aproveitei para descer ao rio e fazer algumas fotografias. Na ombreia da porta da azenha pode ler-se com facilidade os anos de 1879 e 1939. Neste ponto, faz-se a divisão de 3 concelhos:
Carrazeda de Ansiães,
Murça e
Mirandela. Pouco depois de subir à linha, passou a automotora em direcção a
Mirandela.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4LEUwmeabdL7_v0gIbBouN-H-bMfksX20MqdKhhhomDCKCoYWXxoayI7hdkNI0NlIQD-EF1OGswU4B9_cMIZVePFioCy5-PAIbDrVva0Od5yaZR22Tj63dD-MXXu3kY4fEXcCdA/s200/VilaFlor1033.jpg)
Nesta zona a vegetação é composta por giestas, freixos, choupos, sobreiros e carrascos. Há também algumas estevas, pilriteiros, torgas e gilbardeiras. Os
pilriteiros (
Crataegus monogyna) estão particularmente bonitos, carregados de flor, branca, miudinha e cheirosa. As plantas
anuais e muitas bolbosas também estão em flor, despertando a minha atenção. Isto já para não falar das violetas selvagens que se encontram ao longo do rio, dos pequenos amores-perfeitos selvagens que estão por todo o lado.
Depois de percorrer pouco mais de 5 quilómetros encontrei a primeira ponte. Identifiquei imediatamente o local. Só podia ser a ribeira que atravessa
Freixiel a juntar-se ao
Rio Tua. Encontram-se à direita da linha, a poucos metros, ruínas de várias casas. Deve ter existido aqui possivelmente alguma quinta. O rio sofre um estreitamento, as águas correm muito agitadas e fazem muito barulho.
Depois de andar 8 quilómetros estava na estação de
Abreiro. Já tinha perdido a conta às fotografias, felizmente a bateria ainda estava para durar e, portanto, podia continuar. Após passar uma zona onde vale é mais aberto, depois da ponte de
Abreiro, entra-se na zona mais agreste deste percurso. O rio estreitece de tal forma que parece ser possível saltar de um lado para o outro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1iJx4oEQmVl5Zth4SuT2_SnSJaJ12Lre6hQXR9S7FHeKtQA-DHO-Mt47RyTtcpQGxMjJITCKPKjFiTDsWYawKkO7ObkbrPRuJFHab7BbE6b90E6DsqBLHuzZxzRydzlhHXwiKjA/s400/VilaFlor1032.jpg)
Depois da Ponte do Diabo, desci pelas fragas para fotografar alguns rápidos do rio. Esta zona é muito perigosa, deve haver poços com muita profundidade e águas muito violentas. O barulho era ensurdecedor.
Nas frestas das rochas crescem violetas e
Jacinto-dos-campos (
Hyacinthoides hispânica) com cores tão delicadas que são difíceis de fotografar. As
águas agitadas do rio pareciam agora de outra cor.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7RyJarBFLzWIyBioXXJwBvn2w488KkM6MGr8bag5PiS4DS8ck0NOzY9HwMF9SNNC6b73tAl4Sd7LVWg3Fy7Asg8ylpa2iAq912oA976sMDY_lehfUNQgP_cr-nD0F7-X2UaLTwg/s200/VilaFlor1037.jpg)
Cada curva do rio, cada curva da linha, abrem horizontes para infindáveis composições de cores e enquadramentos. Dividi-me entre os grandes planos das encostas, a vegetação que ladeia o rio e as curvas preguiçosas da linha. O tempo foi passando e aproximava-me cada vez mais da
Ribeirinha.
Entretanto verifiquei que estava quase na hora da automotora passar de novo em direcção ao
Tua. Tomei posição num ponto alto e esperei pacientemente. Às 16:50 a automotora passou, permitindo-me mais
algumas fotografias.
Pouco tempo depois a violência das águas foi diminuindo gradualmente. O rio alargou-se e surgiram enormes árvores nas suas margens. A
Ribeirinha estava perto! Abandonei a linha e segui mesmo junto à água até chegar à aldeia. As águas estavam calmas e os reflexos da folhagem formavam
harmoniosos quadros.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_gA3a2FFFLFFzOpfvC-md7kbj_S-1SnzkmtwFAPHVUKYAFN9JWzCff-qkehAfWl5xtMECZDztStHtOqiAoxPHNf8WE7BFygA-izsq-ueTrODuauXrnHy-AMvV0FPPUMs52wE2PQ/s400/VilaFlor1039.jpg)
Cheguei à estação já eram seis horas. Ultrapassei em duas horas a minha previsão, mas fiz o percurso sem pressas, descendo ao rio várias vezes e tirando mais de 1300 fotografias. Não senti cansaço, apenas alguma fadiga nas pernas e o pescoço a ferver do sol que apanhou. Fazendo o percurso pela linha seriam mais ou menos 12 quilómetros. Com as voltas que dei, não faço ideia quantos quilómetros percorri.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibw6MquWWBeKRGmNeQURjTVuWoGgCu467gZHT6TWwDHJyEnTVN8bgsRvHaxBv95tL4suec0bDGTr3QGTSoPPHPXgPlwquB9MOk8mvNPwQDMx9Cd-YOaDBF5jCIDHHc3rFzYvYgnA/s400/VilaFlor1005n.jpg)
Já sinto muita vontade de fazer o resto do percurso até ao
Tua.
(Outras fotografias deste passeio percurso podem ser vistas
aqui.)