22 agosto 2013

TerraFlor 2013

Começa hoje a Feira de Produtos e Sabores, TerraFlor, na sua X edição. Este evento, que tem passado por diversas transformações, entre as quais a mudança no calendário anual e o local do evento, não deixa de ser a maior oportunidade do concelho mostrar o seu melhor, com destaque para os produtos agrícolas, o artesanato e o folclore.
O azeite é o produto rei, aparece em grande no cartaz, embora não se verifique nenhuma atividade que lhe seja especialmente dedicada.
A feira aparece, tal como em 2011, em simultâneo com as Festas em Honras de S. Bartolomeu, padroeiro de Vila Flor e o feriado municipal, que é 24 de Agosto. Desta forma a animação serve dois princípios, chama gente para a feira e anima as pessoas da festa, sendo desnecessária a destrinça onde começa uma e ou acaba a outra.
Como novidade desta edição surge a recriação histórica de uma feira medieval quinhentista. As expetativas são muitas e como acontece numa altura em que ainda há muita gente no concelho, pode ser que seja uma atividade muito participada e apreciada.
Já habitual é o dia dedicado ao Mundo Rural, dia 25 de agosto. Não percebo a numeração dos concursos de ovelha churra e de cabra serrana, que já iam na XXI edição (o de cabra serrana) e VII edição (o de ovelha churra) e voltam ambos à VII. O Cão de Gado Transmontano também vai estar presente, não em concursos, como era habitual, mas numa mostra/leilão.
A animação musical está em partes iguais atribuída a grupos locais e a outros não locais. Merece destaque no dia 23, hoje, a apresentação de vários grupos tradicionais. Hoje é o dia do folclore (pelo menos no Brasil). O grande nome está prometido para o dia 23 e é ele GNR (Grupo Novo Rock), que não precisa de apresentações. É uma boa oportunidade para as bandas locais chegarem a mais pessoas, são elas Our Stone, Os Troika e Autarkia
Completam o evento um seminário e um colóquio, que espero sejam participados e uma atividade desportiva, cicloturismo.
No que toca à festa de S. Bartolomeu, e uma vez que muito do programa é comum, destaca-se a Eucaristia e a majestosa procissão pelas artérias da vila. Será, sem dúvida um dos momentos altos do fim de semana em Vila Flor.

17 agosto 2013

Senhora da Esperança, em Benlhevai (Vídeo)

Vem Senhora da Esperança, vem
Vem abençoar

Nossos caminhos vem iluminar,
Nossa capela bem abençoar,
Nossos trabalhos vem iluminar,
O nosso mundo vem abençoar.

A nossa igreja vem iluminar,
Os imigrantes bem abençoar,
Nossa famílias vem abençoar,
A nossa vida vem abençoar.

A nossa terra vem iluminar,
Nossa crianças vem abençoar,
Os nossos jovens vem iluminar,
Todo este povo vem abençoar.

Inauguração da capela da Senhora da Esperança, em Benlhevai, no dia 11 de Agosto de 2013.

15 agosto 2013

Expo- Benlhevai 2013

Benlhevai teve durante os dias 9, 10 e 11 de agosto uma série de atividades integradas na Expo- Benlhevai 2013. Este evento vai já na terceira edição, com uma adesão crescente por parte da população da aldeia.
No dia 9 abriu a exposição de artesanato e no dia 10 a festa foi animada com o grupo Troika Música Pimba. Tenho pena de não ter visto a exposição de artesanato, mas só estive em Benlhevai no dia 11 e já não havia nada exposto.
O programa do dia 11 iniciou-se com a celebração da Eucaristia celebrada pelo P. Leite. À entrada da capela-mor estava o andor com a imagem de Nossa Senhora da Esperança, imagem que se destinava à capela de Nossa Senhora da Esperança, situada a curta distância da aldeia e recentemente recuperada.
Terminada a Eucaristia o andor foi levado em procissão até à capela, que foi benzida. Todo o espaço estava decorado com flores naturais, com bancos e preparado para receber a imagem de Nossa Senhora. A imagem foi colocada no local próprio, na capela mor, para grande regozijo da população.
O poder autárquico também estava representado, uma vez que a recuperação do espaço teve um forte envolvimento da Câmara.
Terminada a cerimónia toda a população regressou a aldeia para onde já estavam colocadas as mesas para "merenda", que foi mais um bom almoço. Havia de tudo: frango no churrasco, fêveras, barriga de porco, sardinhas, pão quentinho, vinho, água e várias variedades de frutas. Também havia uma grande quantidade e variedade de sobremesas doces porque toda a população foi convidada a participar, levando uma sobremesa.
À medida que as pessoas comiam mais carne a mais sardinhas foram preparadas. Estava tudo muito saboroso. A refeição foi longa permitindo momentos de muito convívio entre diferentes gerações e entre emigrantes e residentes.
Terminada a refeição, alguns pares ensaiam alguns passos de dança, mas o calor era intenso não favorecendo o baile.
A meio da tarde chegou o Grupo de Cantares de Alfândega da Fé. Depois de encontrado um lugar à sombra encantaram os presentes com as suas músicas e canções durante o resto da tarde.
Estão de parabéns a Associação Cultural e Desportiva de Benlhevai, Associação de Caça, Junta de Freguesia, Fábrica da Igreja, bem como toda a população que se envolveu e participou nas diferentes atividades.
Os meus agradecimentos pessoais à Junta de Freguesia pela sua amabilidade para comigo.

14 agosto 2013

Capela de Nossa Senhora da Esperança - Benlhevai

Visitei pela primeira vez a capela de Nossa Senhora da Esperança em Setembro de 2007. Na altura achei que esta merecia melhor destino do que aquele a que estava votada. A minha descrição da visita dizia:
"Com cuidado entrei no interior completamente invadido de mato. Algumas árvores mais possantes, como carvalhos, vão engrossando as raízes, pondo em risco o pouco que resta. As paredes, que resistiram impávidas à passagem do tempo, ficam fragilizadas porque a água das chuvas lhe penetra nas entranhas, arrastando-lhe o barro."
 Os documentos oficiais descrevem-na assim:
"Planta composta por nave única retangular e capela-mor também retangular. Não apresenta cobertura, mas esta seria de duas águas, conforme empena no frontispício. O aparelho, que o mau estado do reboco descobre, é em alvenaria de xisto com silhares graníticos nos cunhais, cornijas e vãos. Fachada principal orientada, portal em arco pleno de nove aduelas largas sendo a chave mais delgada. Impostas salientes e, sob a do lado S., cruz de malta em baixo relevo. Alçado N. cego e os virados a E. e S. possuem uma pequena fresta de voamento na capela-mor. Interior sem pavimentos e rebocos. O arco correspondente ao portal é, pelo interior, abatido, apresentando nos saimeis cavidade para o girar dos gonzos. O arco triunfal é pleno com 13 aduelas argamassadas e impostas salientes."
Da sua origem pouco se sabe. Não data escrita em nenhum lugar e apenas pelos elementos arquitetónicos é possível fazer uma possível datação. Também o seu elemento mais interessante, a cruz da Ordem de Malta gravada do lado direito da porta pode dar uma ajuda, ainda que vaga. A ordem de malta esteve na península Ibérica do Séc. XIV ao Séc XIX. Os técnicos dos Monumentos Nacionais indicam os finais do Séc. XV como altura provável da sua construção.
A sua situação é muito boa erigida numa pequena elevação com excelente vista para a aldeia e para o vale da Vilariça. Interessante será pensar como e onde seria o povoado no Séc. XV. Em redor da capela é possível encontrar restos de cerâmica e foram também encontrados dois machados de pedra polida, que apontam para a ocupação da zona em épocas muito anteriores às da construção da capela.
Em andanças que fiz por Benlhevai encontrei pessoas que casaram na capela e que dela têm ainda uma boa lembrança*. Toda a população da aldeia está convencida que a capela foi a primeira igreja matriz. Ela é alguns séculos anterior à atual igreja e é bem possível que fosse a única, quando a aldeia se formou e que em determinadas épocas tenha substituído a atual igreja matriz, em obras ou com falta de condições. Ao longo dos séculos tudo dá muitas voltas. De qualquer forma o termo - matriz - significa que havia outras igrejas, capelas, dependentes dela o que me parece ser pouco provável.
Mas vamos ao que interessa. A bonita capela foi recuperada. A Junta de Freguesia há muito tempo que ansiava por recuperar este património da freguesia e, com o apoio da autarquia, as obras na capela terminaram já algum tempo. Recentemente foi arranjado o espaço em frente à capela e está quase concluído a baixada que vai levar luz elétrica ao local. O terreno em redor é particular o que não permite fazer um melhor arranjo envolvente.
No dia 11 de agosto foi feita a inauguração da capela, com colocação da imagem de Nossa Senhora da Esperança.
A cerimónia iniciou-se com a celebração da Eucaristia na igreja matriz, seguida de procissão, bênção da capela e colocação da imagem no altar.
Na iconografia de Nossa Senhora da Esperança está sempre presente o Menino Jesus (esperança também é sinónimo da parto) e muitas vezes uma pomba (Espírito Santo). Outra interpretação é a esperança que Jesus representa para a humanidade. O Menino alimenta a pomba (humanidade) com bagos de uva que Nossa Senhora Segura na mão esquerda.
Um grupo de crianças e jovens vestidos a preceito participaram na eucaristia, acompanharam o andor de nossa, senhora e no final da inauguração distribuíram à assembleia bagos de uvas, como simbologia da colheita dos frutos, mas também de dons espirituais.
A cerimónia foi presidida pelo Sr. P. Leite e contou com a participação da esmagadora maioria da população da aldeia, todos muito satisfeitos por verem concretizada uma vontade de algumas décadas.
Ficou saber se será instituída uma festa anual em hora de Nossa Senhora da Esperança. Ouvi de algumas pessoas essa vontade, mas vamos esperar para o verão de 2014 para vermos como as coisas evoluíram.
Foi um momento bonito o que se viveu em Benlhevai.

*Devo ter interpretado mal. Segundo informações mais recentes, foi a Capela de Nossa Senhora do Carrasco que substituiu a igreja Matriz durante algum tempo.

06 agosto 2013

Ânsia

 Amanheceu. No píncaro do monte,
Saudava com amor a luz do dia.
Um véu azul, do val' se desprendia
Pra que um ninho de amor cedo desponte.

Um dentinho de sol, súbito, ria
Na diáfama linha do horizonte
Vindo louvar em cânticos de fonte
A minha terra - alvura e louçania!

Olho de cá do alto a vila, o ninho
De que me sinto ledo passarinho
Com ânsia de voar, sempre voar...

Dar volta ao mundo todo, aos quatro cantos,
E, fatigado dos maiores encantos,
Ao torrão que me deu, vir descansar!

 Soneto retirado do livro “Versos – Vila Flor”, impresso em Novembro de 1966, da autoria do Dr. Luís Manuel Cabral Adão.
 Notas: Luís Cabral Adão nasceu em Vila Flor, Trás-os-Montes, no dia 24 de Junho de 1910, tendo falecido em Almada a 6 de Agosto de 1992. Os restos mortais foram sepultados no cemitério da terra natal, assim se concretizando um anseio que expressamente havia manifestado.