19 setembro 2011

Flor do Mês - Setembro 2011

Uma das coisas que vou recuperar de anos anteriores é a Flor do Mês. Durante os anos de 2008 e 2009 escolhi uma flor representativa de cada mês, quase sempre selvagens, quase sempre abundantes e conhecidas. Além da dificuldade que tive em encontrar representantes para todos os meses do ano, também não foi fácil a identificação da espécie. Mas À Descoberta é isso mesmo, ir à procura, saber um pouco mais. Fotografar a natureza dá-me imenso prazer e as flores são dos elementos mais belos coloridos e perfumados que se podem encontrar. Não sei se vou encontrar uma Flor do Mês para mais este ciclo de Setembro a Setembro, mas a preocupação para o conseguir será mais um reforço para sair pelos campos, em longos ou pequenos passeios, de olhar atento e câmara em riste.
A representante do mês de setembro acabei de a fotografar há alguns minutos atrás. Bastou-me sair a porta de casa para aparecer o primeiro exemplar, mas, no final da rua, encontrei imensas plantas, todas elas com bastantes flores.
A Flor do Mês de Setembro é conhecida pelo nome de Tágueda (Inula viscosa (L.) Aiton), mas tem muitas outras designações (Énula-peganhosa, Erva-dificil-cheirosa). Basta um olhar para verificarmos algumas semelhanças com os mal-me-queres ou com a camomila. São plantas da família das compostas (agora Asteraceae), que têm flores muito fáceis de identificar.
Esta espécie é abundante em todo o país e é típica do mediterrâneo. Pertence a um grupo de plantas conhecidas por ruderais, que têm como característica comum instalarem-se com facilidade em ambientes fortemente alterados pela atividade humana como taludes, aterros, berma dos caminhos, etc.
A floração começa em Junho e prolonga-se até Outubro. Chama à atenção a forma como esta planta se mantém verde (e em flor) quando à sua volta tudo seca com o calor do Verão.
Além dos atributos peganhosa, viscosa, cheirosa, as designações em Espanha apontam-na como mata-mosquitos, mata-moscas, mata-pulgas. O aroma que liberta é agradável para uns, desagradável para outros (eu sou neutro). Encontrei algumas borboletas e abelhas a alimentarem-se nas suas flores (há poucas alternativas nesta época do ano). Dada a sua longa floração estival tem interesse para a manutenção das colmeias mas o mel a que dá origem não é muito apreciado.
A utilização medicinal da planta está registada ao longo da história em várias regiões. Os romanos, os árabes e os hebreus conheciam-na bem: tratamento das dores reumáticas, como cicatrizante ou até a utilização das folhas secas como tabaco!
A utilidade desta planta não se fica por aqui. A sua utilidade mais curiosa está ligada à luta biológica e à utilização como inseticida vegetal. A designação de olibarda (em castelhano), está ligada ao reconhecimento do efeito benéfico que a existência desta planta tem na diminuição da mosca-da-azeitona. Não é fácil compreender a relação, mas são insetos que parasitam a tágueda que vão atacar a mosca-da-azeitona. A natureza surpreende-nos com a mais pequena erva da borda da estrada.

Deixo uma lista das Flores do Mês a que dei atenção em anos anteriores.

2009
2008

05 setembro 2011

Parabéns! Cinco anos À Descoberta...

 É verdade, o Blogue completou cinco anos de existência. Os dias passam e somam semanas, as semanas meses e os meses anos. O blogue vai somando fotografias, palavras e visitantes. O objetivo principal mantêm-se inalterável: descobrir o concelho de Vila Flor, no terreno, percorrendo estradas caminhos e montes em busca das paisagens, das ruínas, dos rostos que fazem de recanto do nordeste um paraíso natural. Ao mesmo tempo são descobertas as palavras, livros de vilaflorenses que não se cansam de cantar a sua terra, que também eles descobriram.
 O quinto ano teve como novidade principal as caminhadas, a que chamei Peregrinações. A primeira teve lugar precisamente há um ano atrás e levou-me ao Vilarinho das Azenhas. Seguiram-se mais 25 caminhadas, distribuídas ao longo do ano, com as mais variadas condições atmosféricas. Descobrir o concelho a pé foi fantástico! Só assim se mantém a velocidade necessária para poder ver o que se vai encontrando ao longo do caminho. Estas Peregrinações tiveram mais duas características: a primeira foi a companhia do meu colega e amigo Helder Magueta, a quem agradeço muito. A sua companhia serviu de incentivo e seu interesse pelas rochas, flora e fauna, o seu gosto em conversar, foram elementos que contribuíram para um olhar e um contacto mais próximo, mais rico. A segunda característica, principalmente quando caminhei sozinho, foi a música. Comei a levar um leitor de MP3 com música e apercebi-me que a música dava uma outra dimensão a tudo o que via. É como ver um filme, com paisagens deslumbrantes e com um fundo musical que nos leva a viajar, quase voar, sobre as coisas, abandonando a nossa limitação corporal.
 No que diz respeito às notícias tentei manter um equilíbrio. Agora que as pessoas me conhecem, gostam (quase exigem) que eu esteja presente em muito do que acontece no concelho. Este blogue não pode tornar-se um depósito de notícias sobre o concelho. Como o que eu ganho é o simples prazer de conhecer e do contacto com as pessoas, não posso ceder à pressão de me tornar num pseudo-jornalista. O que escrevo no blogue é sempre uma visão pessoal, não são notícias.
 Ao longo deste último ano, para além das Peregrinações,  marcou-me: a homenagem a o Dr. Cabral Adão, em Setembro; o estudo que fiz sobre os cogumelos selvagens que se apanham na região e que espero continuar este Outono; o cantar dos Reis (são um momento único de contacto com a população do concelho); as amendoeiras em flor (este ano não publiquei muitas fotografias, mas fiz alguns passeios interessantes); a Páscoa (que este ano tentei acompanhar na Vila e nos livros que a descrevem noutros tempos); a TerraFlor (não estive todos os dias, mas participei no máximo possível).
 O meu tempo livre é cada vez menos e recorro-me da noite. Escrevo a altas horas da madrugada e nem sempre como deve ser. Por vezes os textos saem com gralhas e com falta de letras e palavras (agora com o acordo ortográfico a coisa complica-se). Com todas as limitações fiz perto de 150 postagens e recebi 185 comentários. Como comentadora mais presente não posso deixar de agradecer à Transmontana. É uma voz amiga e um incentivo À Descoberta. Publiquei perto de 600 fotografias, das 15400 que tirei.
A vertente BTT esteve arredada deste quinto ano de percursos. Fiz 60 km em bicicleta (2056 km nos 5 anos) e 373 km a pé (não contabilizei os dos anos anteriores).
 Como incentivo refiro os milhares de visitantes que o blogue continua a receber, 50 000 no último ano, e as muitas mensagens de emails que recebo. A limitação de tempo não me permite responder como desejaria, mas leio tudo com atenção, quase no momento em que escrevem, e aprecio muito que me escrevam ou que comentem no blogue.
E para o futuro? Tenho algumas ideia alinhadas. O importante é manter o entusiasmo. Com o passar dos anos as novidades, os pontos de interesse vão diminuindo. Pretendo regressar ao BTT, continuar a percorrer o concelho, a visitar o museu, a ler e dar a conhecer os livros que os vilaflorenses escreveram. Não faço grandes promessas para além da minha vontade de continuar À Descoberta de todo o concelho. Não é a minha terra natal, mas é a terra que vivo e todos os momentos são únicos.

Números do 5.ºano:
Páginas vistas - 92 132
Visitantes - 49 912
Comentários - 185
Postagens - 150
Km percorridos em BTT - 60
Km percorridos a pé - 373
Fotografias tiradas - 15 400
Fotografias publicadas - 584

Números totais (5 anos):
Páginas vistas - 508 898
Visitantes - 204 890
Postagens - 842
Km percorridos em BTT - 2 056
Fotografias tiradas - 95 475

Parabéns!

O Blogue À Descoberta de Vila Flor completou 5 anos. Na idade dos humanos é uma criança, na idade dos blogues é muito tempo. Em 5 anos os blogues passaram de uma plataforma inovadora onde toda a gente se encontrava a locais mais ou menos interessantes, não conseguindo rivalizar com o Facebook como lugar de encontro e de participação.
Aqui estão guardados mais do que 5 anos de história, são 5 anos de vida.

02 setembro 2011

TerraFlor - Dia do Mundo Rural (26-08-2011)

O último dia da feira TerraFlor foi dedicado ao mundo rural. Coincidindo com a feira quinzenal, era certo que haveria muito gente no recinto da feira, local onde se realizaram também os diferentes concursos constantes no programa. O dia estava agradável. Depois de terem caído as primeiras chuvas é habitual a transação de muitas couves, que acompanharão nos campos a sementeira das nabiças (de que darei conta no blogue quando estiverem em flor).
Estavam previstos os seguintes concursos: XXI Concurso da Cabra Serrana; VII Concurso da Ovelha Churra da Terra Quente; II Concurso de Cão de Gado Transmontano. Havia uma novidade agendada: o I Leilão de reprodutores de Cabra Serrana e Ovelha Churra. Estes concursos trazem a Vila Flor um grande número de criadores, vindos dos mais variados pontos do distrito e dos distritos vizinhos.
Este facto deve-se ao envolvimento da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra da Terra Quente (ANCOTEQ) e da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana (ANCRAS). Estas associações são responsáveis pelos concursos de ovinos e caprinos fomentando a melhoria de efetivos dos seus associados. A presença de criadores do concelho é, pelo que tenho visto nos últimos concursos, fraca à exceção dos ovinos.
Prestei especial atenção ao concurso de Cão de Gado Transmontano. Não porque goste particularmente destes animais, tenho até algum medo deles e já apanhei alguns sustos nas minhas andanças pelo concelho, mas porque neste concurso se pôde aprender bastante. O técnico que julgou os animais, fê-lo ao microfone, justificando as suas opções com o estalão da raça, distribuído aos concorrentes, mas acessível a toda a gente. Após assistir ao concurso em vários escalões, comecei eu próprio a tentar julgar os animais expostos. É bastante complexo, mas , como tudo, pode aprender-se.
 Só foi apresentado um exemplar oriundo do concelho no concurso de Cão de Gado Transmontano, tratou-se de um macho, de um pastor de Freixiel.
Se com os cães até me atrevia a dar uma opinião, com os ovinos e os caprinos limitei-me a assistir e a conversar com alguns criadores. O julgamento era feito por técnicos no mais completo silêncio e os resultados só foram anunciados à hora de almoço.
O leilão de reprodutores começou timidamente, mas melhorou, com várias pessoas a fazerem lances sucessivos. Como as associações davam ao criador 50 euros por cada animal posto em leilão, só foram aceites lances de criadores inscritos nas associações, embora houvesse outros interessados.
O almoço foi servido no polivalente da Escola EB2,3/S de Vila flor, para os criadores e seus familiares.
Da ementa fizeram parte os produtos da região, com destaque para o prato principal, caldeirada de borrego. Foram distribuídos os prémios dos ovinos e caprinos o que atrasou bastante a refeição.
À mesa terminaram as atividades do Dia do Mundo Rural, possivelmente aquele que é o dia maior da TerraFlor.
Ao fim da tarde encerrou definitivamente a Feira de Produtos e Sabores, uma vez que a feira quinzenal só durou até à hora de almoço. Nessa mesma tarde teve início a XVI Feira da Maçã do Vinho e do Azeite em Carrazeda de Ansiães. Este figurino da TerraFlor, com este calendário, teve vantagens e desvantagens, mas isso ficará para um balanço posterior.

01 setembro 2011

Freguesia Mistério n.º50

A Freguesia Mistério n.º49 teve em votação mais um penedo. Desta vez não um penedo no seu ambiente natural, mas uma adaptação do homem. A pergunta era: Em que freguesia podemos encontrar este rochedo? A miniatura da fotografia mostrada apresentavam "as costas", ou seja, o que é possível ver quando se abandona a freguesia em questão. Não podia apresentar a outra face pura e simplesmente porque o nome da freguesia aparece lá escrito.
Participaram 17 pessoas que concentraram os seus palpites apenas em três freguesias. A resposta correta era Valtorno, que obteve 65% dos palpites. Poucas desafios têm tido esta margem de respostas certas. O rochedo que está na fotografia pode ser encontrado junto à freguesia de Carvalho de Egas (perto do cruzeiro e da estrada para a Stª Cecília). Outros semelhantes podem ser visto junto de Alagoa, ou quando se deixa o termo do Mourão para entrar no de Valtorno. Estão, portanto, em todas as entradas (e saídas) da freguesia. Dão as boas-vindas a quem entra e agradecem a quem sai. No concelho de Mogadouro é possível encontrar estas mensagens em todas as freguesias, com marcos em granito e ferro, colocados pela autarquia. Em Vila Flor esta parece-me ser a primeira freguesia a fazê-lo.
Os palpites ficaram distribuídos desta forma:
Freixiel (1) 6%
Vale Frechoso (4) 24%
Valtorno (11) 65%
Vila Flor (1) 6%
O desafio do mês de Agosto consistiu em adivinhar em  em que freguesia se poderiam encontrar as imagens mostradas. Está fácil de ver que se trata dos três pastorinhos, com o Francisco em primeiro plano. Há pelo menos três imagens de Nossa Senhora de Fátima com os três pastorinhos, em três freguesias distintas. O tamanho e o espaço que ocupam permitem aos olhares mais atentos distingui-las. Será que os palpites estão certos?

Colóquio: Agricultura – Comercialização e Estratégias de Mercado

Não estive presente na abertura e primeiros dias da IX TerraFlor, mas fiz questão de participar no colóquio Agricultura – Comercialização e Estratégias de Mercado, que teve lugar no dia 25 de Agosto, com início pouco depois das 14 horas. Embora a agricultura não seja uma presença constante na minha vida, sou filho de agricultores, está presente na minha formação académica e bastava interessar-me pelo que se passa em Vila Flor, concelho marcadamente rural para me interessar pelo assunto. O Azeite é o produto referência do certame e já tinha tido um dia que lhe foi inteiramente dedicado (que perdi, com muita pena minha).
O programa das apresentações fazia pensar que os temas estariam mais relacionados com as hortícolas e com a fruta, com grande interesse para a agricultura do vale da Vilariça, mas também para outros pontos do concelho onde se produz fruta, como por exemplo Candoso.
 Não estranhei, mas as cadeiras do anfiteatro do Centro Cultural ficaram maioritariamente vazias. Este será um dos pontos em que os agricultores do concelho também têm que melhorar bastante: acreditar nos técnicos especializados e procurar informação atualizada como forma de melhorar a rentabilidade das suas explorações.
O colóquio iniciou-se com a algumas breves palavras proferidas pelo representante da TerraFlor, Eng. Fernando Barros. Congratulou-se por ver envolvidas todas as associações de agricultores do concelho e lamentou a falta de assistência para escutar as apresentações de grande interesse para a agricultura concelhia.
O primeiro orador do colóquio Eng. Augusto Ferreira (da CONFAGRI) louvou o trabalho da Associação de Agricultores do Nordeste Transmontano, sua parceira. Dentro do tema Desafios e oportunidades para o sector hortofrutícola no contexto atual, começou por fazer uma abordagem à Política Agrícola Comum e à situação de Portugal à evolução da realidade europeia. A PAC consome cerca de 40% do orçamento comunitário, embora este valor tenha vindo a baixar. Falou depois na produção frutícola a nível global e das dificuldades que o sector se debate. Uma das maiores dificuldades na comercialização no caso português está na falta de organização dos produtores de forma a poderem melhorar a qualidade, terem mais eficiência na produção e maior poder de negociação.
A Engª Marta Baptista (Fenafrutas) apresentou o tema O Sector hortofrutícola e o mercado. Visão do sector cooperativo. Mostrou dados estatísticos das exportações e das importações de Portugal de diversos produtos agrícolas. Focou a atenção nos produtos hortícolas e nas frutas. Apresentou de forma sintética as dificuldades que estes sectores apresentam e quais as soluções possíveis, nomeadamente: reforço da organização; marketing; baixar os custos de produção; formação para diretores, gestores e sócios; redimensionamento das cooperativas; promoção; melhoramento da competitividade e certificação de produtos.
Reforçou a importância do cooperativismo, apresentou as exigências mínimas para a constituição de uma organização de produtores e as vantagens que daí podem advir em de apoios económicos e em competitividade.
No tema 3 – Regadio da Vilariça – situação atual e perspetivas futuras, usou da palavra o Eng. Fernando Brás, presidente da Associação de Beneficiários do Regadio do Vale da Vilariça. A associação pretende fazer a gestão de todo o perímetro de rega, desde a barragem da Burga até à Foz do Sabor. Há ainda um longo caminho a percorrer com o levantamento de todas as parcelas do regadio e a implementação de contadores da água gasta por telegestão. Será necessária a união dos agricultores para a reconversão e formação de blocos de produção, tendo em atenção as características dos solos e a água disponível. Não basta ter água, é necessário saber geri-la como um bem comum, escasso e que é necessário rentabilizar. Reforçou também a necessidade de uma melhor organização.
 No período de perguntas e respostas destacaram-se duas ideias: é necessária uma maior organização dos produtores; é cada vez mais difícil negociar e chegar às bancas das grandes superfícies.
Terminado o colóquio, pelas 17 horas e trinta minutos, seguiu-se uma prova de produtos no recinto da feira.
As diferentes associações de produtores disponibilizaram amostras que foram degustadas pelos participantes do colóquio e por alguns visitantes da Feira que foram passando pelo local. Desde o azeite, passando por várias marcas de vinho, queijo, pimentos e tomates, frutos secos, em calda ou em compota, até às salsichas de carne de ovelha e de cabra. Foi um desfilar de sabores como nunca em tinha saboreado em todas as edições da TerraFlor em que estive presente.