30 dezembro 2007

Uma visita a alguns presépios, em Vila Flor

No dia 30 de Dezembro à noite dei um passeio por Vila Flor para admirar e fotografar os presépios. As ruas estavam desertas, fazia muito frio. Fica um conjunto de 8 presépios, é possível que haja mais.Presépio 1 - Encontra-se no Centro Cultural perto da entrada para o auditório
Presépio 2 - Encontra-se na Rua de Santa Luzia, perto da capela e penso que foi feito pelo agrupamento de Escuteiros.
Presépio 3 - Encontra-se no jardim na Rua de Santa Luzia, foi feito pelo agrupamento de Escuteiros.
Presépio 4 - Encontra-se na Largo do Rossio (merecia pelo menos uma lampadazinha!).

Presépio 5 - Encontra-se em frente à Escola EB2,3/S de Vila Flor e foi construído pela escola.
Presépio 6 - Encontra-se em frente ao antigo ciclo, sobre o muro, sem iluminação. Não sei quem o fez.
Presépio 7 - Está em frente ao Jardim-de-infância da Santa Casa da Misericórdia. Ocupa uma vasta área de relva.
Presépio 8 - Está em frente ao edifício da Câmara Municipal.

25 dezembro 2007

Fogueira de Natal


Dia de Natal
Álgido, cor do aço
Como costume fatal...
A fogueira a luzir no espaço!

Costume secular
Vem de tantos anos...
Do clarão crepuscular
De espíritos profanos!
...
Os anos dobram sobre si mesmo
Os dias correm velozes
A fogueira faz torresmos
E ao lado britam-se nozes!
...
Foram os homens ao monte...
Como bois levam os carros
Com a força de mastodontes
E embuldregados de barro!

Negrilhos, freixos e oliveiras
Tudo o que encontram caído
Para assarem as alheiras
Do Natal, recém-nascido!

E vem todo o povo
Formam à porta da igreja
Aparecendo sempre um bobo...
Que todo o povo moteja!
...
Folga o povo, folga o cura
Em íntima comunhão
Em tudo há doçura
Que a todos une o coração!
...
Deitam braçados de lenha
As labaredas retroam no ar
Estalam guiços na brenha
E a fogueira é um altar!

Altar que a tudo aquece
Em fraterna comunhão
A vida é fogo que não esmorece
E tudo enche de clarão!
...
Chega agora uma guitarra
E outro deita cantiga
E começa a algazarra
Até apertar a barriga!...
...
O lume, crepita no braseiro
Há estalos e chispas no ar
As labaredas comem o tocheiro
Que a roda anda a adensar!
...
Entre a brasa que se reacende
E a outra que expira
Há o aroma que rescende
E a essência que se aspira!

E cercado pelo povo
Se vai combustando o madeiro
Devorado pelo fogo
Ou morte d'amor primeiro!

E é neste foneticismo estático
Alimentado pela tradição
Que em dia matemático
Se reacende sempre o tição!

Fogo como o das Vestais
Continuará a devorar os séculos
Cobrindo de mofas os aventais
Abrindo bocas como espéculos!

Estas quadras fazem parte de um poema chamado Epopeia do lume, publicado no livro Riquezas e Encantos de Trás-os-montes, de Cristiano de Morais, em 1950 e que eu trouxe para me fazer companhia neste dia de Natal, longe de Vila Flor.

Um BOM NATAL na companhia de todos os que vos são queridos.
Aníbal Gonçalves

19 dezembro 2007

Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus)

Uma das coisas que me deu mais prazer fotografar, foi a nidificação de um casal de Mergulhões-de-crista, na Barragem do Peneireiro. Na altura (Junho), decidi não falar no assunto, para não atrair mais visitantes às imediações, prejudicando a reprodução.
O Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus) é um uma pequena ave da família Podicipedidae da ordem Ciconiformes (a que pertence a tão conhecida cegonha). São aves de médio porte e encontram-se espalhados por todos os continentes, ocupando cursos de água e pequenas barragens.
Os mergulhões alimentam-se de peixes, insectos, moluscos e crustáceos, que caçam durante os mergulhos. São sobretudo aves solitárias mas formam casais durante a época de reprodução ou grandes grupos nas alturas de migração.
Já tinha conhecimento que um casal destes mergulhões nidificou na barragem na Primavera de 2006. Mantive-me atento e fiquei todo contente quando soube que um casal (quem sabe se o mesmo do ano passado) foi visto repetidas vezes. A primeira vez que os avistei foi dia 1 de Junho. Ainda procediam ao acabamento do ninho, mas já tinha alguns ovos. Enquanto a fêmea ficava quase todo o tempo no ninho, o macho mergulhava, arrancava do fundo material que transportava para o ninho que foi ficando casa vez maior. Este situava-se muito perto da margem e, mesmo não mostrando muito medo, os pequenos mergulhões não gostavam que ninguém se aproximasse da margem. Quando observados de longe, faziam a sua vida normal, revezando-se no ninho, alimentando, mergulhando aqui e aparecendo depois, a alguns metros de distância. Passei bons momentos observando-os. Estavam muito expostos e eu não quis chamar mais a atenção, divulgando o facto no Blog. Todas as pessoas que praticam desporto com regularidade à volta da Barragem sabiam da existência do ninho, era impossível não o ver. Pelo que soube algumas pessoas menos escrupulosas, até cães levarem para muito próximo do ninho!
Durante vários dias, ao fim da tarde, desloquei-me ao local para verificar se havia alguma evolução. Tinha comprado na altura uma câmara reflex digital, com um zoom de 200mm. Não era muito, mas permitiu-me fazer algumas fotografias sem ter que me aproximar, não interferindo na vida das aves. Além de fotografar os mergulhões, fiz também um bom leque de fotografias à volta da barragem, algumas coloquei-as no Blog.

A última vez que avistei os mergulhões foi no dia 22 de Junho. Quando passei perto do ninho, este tinha sido abandonado. Tinha quatro ovos intactos. Temi o pior. Não se viam os mergulhões por perto, mas pouco depois consegui descobri-los quase no centro da barragem. Tinha muita curiosidade em saber se tinham algum filhote e esperei horas, dentro do carro, esperando que se aproximassem um pouco da margem. Isso nunca aconteceu. Apoiando a objectiva na porta do carro com o vidro aberto, fiz algumas fotografias do casal. Só depois de chegar a casa e observar as fotografias no computador reparei na pequena mancha branca no dorso de um deles. Ampliado a fotografia via-se claramente a cabeça de um filhote. Durante todo o tempo o filhote deslocou-se sobre o dorso dos pais, bem entre as duas asas. Fiquei muito contente, pelo menos um ovo eclodiu! Parece-me que a movimentação de pessoas muito próximo do ninho levou a que o choco não decorresse convenientemente. Pelos vistos o mesmo ocorreu em 2006.
Ainda voltei à barragem nos dias seguintes, mas nunca mais avistei os mergulhões. Não sei o que aconteceu, simplesmente desapareceram. Fiquei com algumas fotografias, não muito boas em termos técnicos, mas que me derem imenso prazer. Aqueles fins-de-tarde em família, à volta da barragem, foram fabulosos.

16 dezembro 2007

A Fotografia +

Tem havido algumas alterações na lista da Fotografia + . Já foram feitas 207 votações. Lembro os mais distraídos que podem votar nas fotografias que mais gostaram no Blog. Basta abrir a fotografia e ver o nome do ficheiro, que em norma é VilaFlor###.jpg, sendo ### o número da fotografia. Na margem direita do Blog há local de votação chamado Fotografia +. Escolhem o número da fotografia que gostaram e depois clicam no botão Votar.
Podem votar uma vez cada semana (de Domingo a Domingo).
Para saber + (mais) sobre a votação na Fotografia + clicar >>>>aqui<<<<
Até ao momento as 5 fotografias mais votadas são:
VilaFlor300 (28 votos) 14%
VilaFlor270 (7) 3%

VilaFlor473 (9) 4%

VilaFlor304 (4) 2%

VilaFlor821 (4) 2%

15 dezembro 2007

Nossa Senhora da Lapa


Nos últimos tempos tenho subido bastantes vezes ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa. Se a vista sobre a vila é privilegiada, aquela que estende até onde o olhar alcança, é estonteante. Os poucos visitantes (e namorados apreciadores da paisagem), sobem até ao ponto mais alto, onde se situa o miradouro. Mas, encaixada nas rochas da encosta, um pouco mais abaixo, encontra-se a ermida da Senhora da Lapa, que dá o nome a todo o conjunto das capelinhas.
Porquê Senhora da Lapa? O culto a Nossa Senhora da Lapa é muito antigo e está espalhado por Portugal, Espanha e por todas as ex-colónias, principalmente Brasil. Parece ter nascido na Serra da Lapa, concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu. A primeira capela que lhe foi dedicada, foi construída no século XV. Nesta serra, uma menina encontrou escondida nas rochas uma imagem de Nossa Senhora, que levou para casa. A mãe, não dando importância, lançou-a na fogueira. A criança, muda desde a nascença, falou pela primeira vez, pedindo à mãe para não queimar a imagem.
A pequena ermida de Nossa Senhora da Lapa, em Vila Flor, encontra-se parcialmente encaixada numa pequena gruta (também designada por lapa), escavada no xisto da encosta. A tradição fala que aí apareceu Nossa Senhora. Há quem a olhe e veja uma pobre capela, mas, também há quem olhe e sinta de outra forma:
“Em noites escuras, sejam calmas ou tempestuosas, bilha sempre uma luzinha mortiça no alto da serra do Facho. Vê-se de longe, a tremeluzir, como pequenina estrela que se tivesse desprendido da cúpula e ali viesse poisar, entre pinheiros e fraguedos. Essa luz tem alguma coisa de mística, porque é votiva: é da lamparina duma ermida rústica, erguida à Senhora da Lapa pelo povo da vila, que se estende a seus pés.
Está, o pavio, mesmo por trás do vidro da única porta da capela, como um olho luminoso a velar pelas almas que habitam ao fundo - vigilância e bênção.


Merece atenção, a capelinha da Senhora da Lapa. É pequenina, sempre caiada de novo, encastoada numa mole de xistos eriçados em atitudes ciclópicas, escoltada por pinheiros de tronco direito e alto, com as comas sadias e cor e viço, onde o vento fere gemidos doces e fragrâncias resinosas. De roda, vegeta um mato plebeu, urzes, carquejas, arçãs, mentrastos, bordejando tocas onde a caça se esconde. Um único carreiro nos leva até ao alto, numa inclinação de grande esforço, e carreiro pouco pisado.
A capelania é dos pastores que por ali apascentam gados, nos baldios da serra. São eles que se revezam no azeitar da lamparina, solícita e ininterruptamente, para que nunca falte a chama devota a iluminar os longes da veiga e o interior da capela.
Este interior também é curioso. As duas paredes laterais, fortes como muralhas, e o tecto, entroncam na inclinação escavada dum rochedo, duma lapa enorme que, assim, forma a fundo do reduzido recinto, e nicho, amplo e natural, à imagem de Nossa Senhora, assente numa peanha que sobressai do tampo dum altar vulgar. Tudo muito branco, camadas de cal sobrepostas por caiações sucessivas, lajedo de granito já puído pelo desgaste talvez de séculos, caldeira de água benta num armarinho furado numa das paredes, a lâmpada já falada e algumas velinhas de cera penduradas a um lado, de promessas feitas - aquele ambiente é um recantozinho de regiões místicas, onde a gente se sente melhor, menos profana, mais tocada por influências do Céu...”

A esta descrição, feita em 1955 por Cabral Adão, acrescento a presença de uma caveira, à direita do altar, que sustenta uma curiosa lenda, contada na vila e que guardarei para outra altura.

13 dezembro 2007

Trás-os Montes (1)


Terra de patética beleza de Serras
E de luminosos cenários de maravilha
E onde p'lo meio de risonhas pedras
Há toda a fruta, desde a uva à ervilha!

Terra de geadas empolgantes
Como escamas d'armaduras prateadas
Brancos mantos de cavaleiros andantes
Ou de níveas virgens emplumadas!

Flores d'inverno, rendas de espuma, lavores
Escamas brancas, orvalho de luz
Miosótis, gotinhas geladas de flores
Aljôfares imaculados, com sorrisos de Jesus!

Terra de dias sem sol e apenas luarentos
De nevoeiros cerrados imitando oceanos
Envolvendo a terra fumarentos
De bafo espesso, de gigantes humanos!

Terra de nevoinha cristalizada
Fria, álgida, da cor do aço
Formando de dia e noite a geada
Que o sanceno coa do espaço.

Poema do livro de Cristiano de Morais, Riquezas e Encantos de Trás-os-Montes, 1950.
As fotografias foram tiradas no dia 13 de Dezembro de 2007. A primeira do Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em direcção ao Cachão/Mirandela; a segunda no Santuário de Nossa Senhora da Lapa, em direcção à foz do Sabor.

09 dezembro 2007

à Descoberta de Vila Flor, em grupo


No dia 9 de Dezembro a Descoberta de Vila Flor foi diferente. Tive a companhia de quase meia centena de ciclistas num passeio organizado pelo Clube de Ciclismo de vila Flor. Para além de apreciar a companhia de todos, havia um especial, o meu filho Rafael que pedalou comigo durante todo o percurso.
O dia acordou dourado e frio. Um pouco ventoso, mas nada que tirasse a vontade de um bom passeio a um grupo que se juntou, perto das nove da manhã junto à Câmara Municipal.
Com as condicionantes de ter que pedalar e tirar fotografias em simultâneo, fiz os possíveis por retratar um pouco do percurso. Nunca nos afastamos muito da vila mas passámos por locais bem bonitos. Não tive tempo para dedicar todo o tempo que queria à paisagem, registando aqui e ali algum pormenor a que acedi sem abandonar o percurso.
Passámos pela Barragem do Peneireiro; pelo marco geodésico do Concieiro; quase subimos ao Facho; estivemos perto de Vilas Boas e fizemos várias passagens por Vila Flor. Como já é habitual, aos Domingos, não se vê praticamente ninguém na rua. Mesmo assim, havia pelo menos dois autocarros estacionados na avenida, cheios de pessoas que aqui pararam para almoçar (infelizmente trazem merenda).
O passeio de BTT terminou com um almoço no restaurante Pala do Conde onde tive o prazer de encontrar emoldurada e colocada na parede, a narrativa de um passeio que fiz ao Nabo algum tempo atrás. Ver mais fotografias no Blog do Clube de Ciclismo de Vila Flor.

08 dezembro 2007

Outros Invernos

Hoje de manhã, fiz um curto passeio de bicicleta até ao Barracão. O dia estava fantástico, mas via-se o nevoeiro no Vale da Vilariça e algumas nuvens no alto do Facho. Com o ar fresco a bater-me na cara, pensei nos Invernos de outros tempos. Só passei dois Invernos em Vila Flor: o primeiro foi há 11 anos atrás e lembro-me de ter caído uma grande nevada. No ano passado, o que caracterizou o Inverno foi o nevoeiro, que gosta de se instalar aqui, ocultando toda a bela paisagem em redor. Mas, nem sempre foi assim.
Não é necessário procurar muito para encontrarmos no museu de Vila Flor fotografias ilustrativas do Inverno de outros tempos. Hoje deixo duas, do mesmo dia 12-02-1932, tiradas no mesmo local: em frente à Fonte Romana, em Vila Flor. Uma, em direcção à vila, vendo-se perfeitamente a casa onde hoje está o Café Fonte Romana, a casa do guarda-rios e um pouco do Arco de D. Dinis. Junto às pessoas nota-se uma espécie de ponte, uma vez que aí devia haver um curso de água que hoje quase não se nota (mas existe); a segunda fotografia, foi tirada em sentido contrário e mostra a zona onde hoje está a Escola EB2,3/S de Vila Flor e o Pavilhão Desportivo. Sei que mais tarde, no Verão, este local serviu de eira, com a azáfama (já da minha lembrança), das malhadeiras e palheiros. Em 1932 já existia um cruzeiro neste local, também visível na fotografia. Não sei se é o mesmo que ainda hoje ali se encontra.
Para ilustrar estas fotografias (ou ao contrário) deixo alguns versos de Cristiano de Morais.


Dias de nevoeiro e sincelo em Trás-os-Montes


Que fumarada tamanha
Ou noite de luar!
É cinza da montanha
Que Deus anda a espalhar
Ou vapor d'água a molhar!

Será dia, será noite?
Pergunta alguém no dealbar!
A lua com sua foice
Todos está a gelar
Parecendo o dia, a sonhar!...

Dia branco humedecido
Todo feito de luar
de luz sem sol, entumescido
A todos põe engauridos
Com nevoinha que vem do ar!
...
Recolheram-se as gramíneas
Tudo entrou pela terra dentro
Ao lado as couves azulíneas
Estevas dobradas p'lo centro
Como em tempestades fulmíneas!

Mas o espectáculo tem beleza
Grandeza e contemplação
É um cenário de beleza
Que transparecendo braveza
Torna meigo o coração.
...
Criando pingentes nas árvores
Nos arbustos e nos cinceirais
Enfeitando com brancos sabres
Ou níveas flores dos roseirais
Os espontânea beleza de catedrais!

Deus te abençoe dia cinzento
Feito de fumo e nevoeiro
Como brisa que trás o vento
Ou beijo d'amor primeiro
P'ra mim, tens encantamento.

Poema do livro de Cristiano de Morais, Riquezas e Encantos de Trás-os-Montes, 1950.
Tanto o livro como as fotografias, podem ser encontradas no Museu Municipal de Vila Flor.
O poema não foi transcrito na integra. Alguns significados: engaurido = engaranhidos = encolhidos com o frio; sincelo = senseno = pedaços de gelo pendentes das árvores ou dos beirais dos telhados; cinceirais = sinceirais? = salgueirais; tempestades fulmíneas = tempestades que destroem.

06 dezembro 2007

Noite, silêncio e... luz


Hoje, ao cair da noite, resolvi dar um passeio por Vila Flor par admirar a iluminação de Natal. Saí a pé, passando pelo Largo do 7.º Centenário que já repousava numa tranquilidade profunda. As folhas, quais lágrimas de Outono, jaziam espalhadas pelo chão, iluminadas pela luz difusa dos candeeiros, que lhe evidenciavam os seus tons adocicados.
Ao entrar na Av. Marechal Carmona situei-me literalmente no meio da rua. Esperava encontrar uma bonita visão, com a alameda de castanheiros da índia cheios de pequenas luzes, como pequenas estrelas no firmamento. A primeira sensação foi de algum incómodo, decidi aproximar-me mais procurando zonas mais povoadas pelas pequenas luzes. As palmeiras existentes estão iluminadas com potentes lâmpadas verdes e vermelhas! O vermelho, eu percebo, é a cor mais adequada para aquecer os pardais que acotovelam na ramagem procurando 0 calor e um lugar cómodo para dormir. Mas, e o verde? Foi então que me lembrei daqueles CD’s de música pimba que se vendem nas feiras que exibem sempre na capa manchas de verde e vermelho, apelando a um nacionalismo cada vez mais resignado.
Segui até à Câmara Municipal. O edifício está muito sóbrio, e ainda bem, porque já está bastante iluminado o resto do ano e o efeito é bastante agradável. Os Doutores Trigo Vaz e Francisco Guerra também “estavam verdes”, com um foco a iluminá-los por baixo, dando-lhe um ar bastante fantasmagórico. O belo conjunto de árvores, paraíso dos verdelhões, onde se inicia a Rua Doutor Oliveira Salazar, não estava verde, estava roxo! Bela iluminação para o dia das bruxas. Cria um ambiente frio, muito a jeito dos filmes de terror.
Cheguei à Praça da República, praça central de Vila Flor, de casas solarengas, cheia de tílias à espera de decoração. Percebi de repente do onde tinham vindo os focos verdes, vermelhos, roxos e azuis, vinham da fonte luminosas! A coitada, lançava milhares de lágrimas ao ar, inconsolável, despojada de toda a cor, de todo o brilho. Reconhecida pela minha pena, lançou um jacto mais alto, como grito desesperado fruto do desprezo. Outrora, há uma década atrás, a fonte era o ponto mais luminoso da Praça da República. O jogo de repuxos combinado com o de luzes, criava um bailado tão harmonioso e fascinante que hipnotizada quem por ali passava. Os carros paravam na estrada para a admirar! E eu, todas as noites descia da Rua 25 de Abril, onde morava, até à velha praça, só para completar o quadro mágico. Apenas faltava o som suave de violinos, talvez Vivaldi, ou quem sabe uns acordes mágicos de piano, de Chopin. Coitada da fonte… quando tudo à volta se veste de cor e luz, deixam-na abandonada, como viúva que já viveu e que deixou de ter direito ao sonho. Entristecido, deixei a apagada fonte. No dia seguinte, ao fim da tarde, quando a luz do sol lhe dá algum brilho, ela rejubila de alegria, com dezenas de crianças correndo em seu redor, esperando a hora em que os transportes escolares as levem a casa.
Entre a Casa Africana e da velha casa dos Corte Real, olhei a igreja. Também ela derramava algumas lágrimas azuis, em cachoeira, talvez solidária com a fonte, que avista com os seus olhos situados no alto das torres sineiras. Completava o quadro uma mulher com uma criança ao tiracolo que saída da farmácia, comprando alguns medicamentos para fazer face a alguma emergência. Gripe? Varicela? Por cima do ombro da mãe, com os seus caracóis a cair em cascata como a iluminação da igreja, lançou-me um sorriso que iluminou a rua até ao busto de Raul de Sá Correia, em frente ao museu.
Já era tarde, resolvi voltar a casa. Pelo caminho de regresso, reparei que o jardim na Rua de Santa Luzia foi poupado à iluminação. No topo da alvore mais alta, marca presença uma estrela, capaz de envergonhar o próprio Sol. Ao passar de novo no Largo do 7.º Centenário, este pareceu-me mais bonito. Por favor não coloquem aqui iluminação. Gosto muito de luz, de cor, mas o que é demais é… falta de gosto. Não me refiro às pequenas lâmpadas brancas (capazes de fazer efeitos muito mais belos do que os conseguidos), mas sim da iluminação fixa, com focos de todas as cores, folclórica, exagerada, própria de quem quer impressionar a qualquer custo. Um dia destes vamos encontrar os belos candeeiros que povoam o centro da vila, com uma lâmpada de cada cor! Numa vila que quer apostar na sua imagem de história e na qualidade dos produtos que a terra dá, os exageros ficam mal e já nos basta o Centro Cultural.
Fica para depois um passeio ao Rossio, mais tarde, quando já tiver recuperado deste choque luminoso.

04 dezembro 2007

Barragem de Valtorno/Mourão

A Barragem Mourão-Valtorno é hoje notícia na rádio RBA. A falta de água preocupa as pessoas e leva-as a pensar nos investimentos que foram feitos e nos futuros. Se a inauguração desta barragem contou com os políticos de primeira linha, o seu esvaziamento não mereceu atenção, não convinha a ninguém. Este empreendimento que custou dois milhões de euros, destinado a reforçar a capacidade da Barragem do Peneireiro, não tem desempenhado a sua função. Não sei se alguém consegue identificar uma barragem na fotografia. O cenário em 21 de Outubro era de obras e não de obra terminada!
O presidente da Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro, Alexandre Chaves, na altura da inauguração, assegurou que a região transmontana já se encontrava livre do cenário da seca! Estaria a falar desta região?
Para complicar as coisas as águas residuais de Valtorno parecem estar a contaminar a água da barragem. Não me admira nada. Presenciei já várias situações semelhantes, e, não sendo exclusivo de Vila Flor, não me deixaram nada feliz. Em Seixo de Manhoses, Vilarinho das Azenhas, Vila Flor, Arco, só para citar alguns exemplos, as águas escorem pelos rios ou ribeiros, espalhando no mínimo má imagem e mau cheiro. A água que corre na torneiras tem mau aspecto (tem melhorado) e parece-me não haver água (ou falta de vontade) para rentabilizar outro investimento que foi a piscina aquecida. Apesar de tudo isto, parece-me que os vilaflorenses vão pagar os mesmos impostos.
Não nos devemos preocupar. A iluminação de Natal está a ser preparada e dará com certeza fotografias interessantes que prometo mostrar. Até lá, ... vamos esperando a chuva.

03 dezembro 2007

Todos os (olhares) caminhos levam ao céu


No dia 29 de Novembro fiz uma rápida passagem pelo alto da Serra do Facho. O objectivo não era tanto tirar fotografias, mas dar um passeio de bicicleta, para manter a forma (ou a falta dela).
Quem conhece o caminho que sobe da Rua do Carriço em direcção à serra sabe que é um caminho impróprio para cardíacos. A subida é muito acentuada, só se faz com a bicicleta pela mão.
Os medronheiros, que povoam a serra, já estão maduros. Fiz um desvio para os admirar e provar. Quando se sobe serra acima somos obrigados a levantar o olhar, o céu estava realmente azul. Comecei a avistar a paisagem em direcção à foz do Sabor. O vale encontrava-se emerso num mar de nevoeiro. O passeio prometia fotografias diferentes, acelerei o passo. A minha desconfiança confirmou-se quando cheguei à crista da montanha: havia nevoeiro desde o sopé da Serra de Bornes, até à foz mas que se estendia até Roios, aqui bem perto.

Quando cheguei ao ponto mais alto da serra, no marco geodésico do Facho verifiquei que o nevoeiro também se estendia Cabeço abaixo, tapando tudo desde Meireles até para lá de Mirandela. Levava comigo a pequena Nikon, que não me permitia “aproximar-me” dessas longas distâncias. Contente com a minha visita, a natureza brindou-me com um desfile de nuvens das mais diversas formas, suspensas num céu azul, que se foi tornando cada vez mais brilhante. Os tons alvos pareciam querer espalhar-se por todo lado. Cobriam o escuro da terra com véus de tule brancos e salpicavam os céus com formas caprichosas penduradas a grande altitude lembrando já o algodão espalhado na árvore de Natal. Sem me mover muito, joguei com as formas que se destacavam contra o céu azul, manchando-o de branco: o marco geodésico, uma cruz de madeira e algumas árvores. Criei alguns quadros, “desenhei” alguns cenários e cada vez o meu “modelo” correspondia mostrando todo o encanto que uma manhã gelada pode ter. Neste meu fascínio pelo infinito do céu, lembrei-me do título deste post todos os caminhos levam ao céu”, porque todos os caminhos que subiam a serra apontavam para o alto e todas as fotografias procuravam o céu.
Não pude saborear o espectáculo durante mais tempo. Infelizmente a nossa vida não é só feita de momentos mágicos. Montei na bicicleta e deixei-me levar, serra abaixo, a grande velocidade.
Quilómetros do percurso em BTT: 5
Total de quilómetros em bicicleta: 1665

01 dezembro 2007

Freguesia mistério 10


A freguesia mistério, ou era muito difícil, ou não motivou suficientemente os visitantes do Blog para uma maior/melhor votação. Votaram 15 pessoas e apenas uma elegeu a resposta certa. A mó da fotografia, embutida na parede, encontra-se bem no centro antigo de Vila Flor, na Rua Sidónio Pais.
Espero que não percam o entusiasmo e votem na nova Freguesia Mistério (10). A fotografia apresenta uma estátua do Cristo Rei, com quase 2 metros de altura colocada num local público, bem à vista de toda a gente. Em que freguesia se podemos encontrar esta estátua? (Mais uma pista: a estátua foi inaugurada a 5 de Maio de 2002).

A distribuição dos votos da Fregesia Mistério n.º9 foi a seguinte:
Benlhevai (1) 7%
Carvalho de Egas (1) 7%
Freixiel (3) 20%
Nabo (3) 20%
Sampaio (2) 13%
Valtorno (2) 13%
Vila Flor (1) 7%
Vilarinho das Azenhas (2) 13%
Como se pode ver, apenas uma pessoa votou em Vila Flor!

Participe votando.
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