29 outubro 2009

Agonia solar

Hora de sombra e fim. A luz vermelha
Do sol exausto, é cinza na ramagem;
Os pulsos latejando, a fria aragem
É gelha, funda em perfil de velha.

No fluir dum riacho cor de telha,
Da tarde aérea, a subtil imagem
Derrama o pranto ardente da viagem
Que, por momentos, o seu vulto espelha.

Do Facho vem um anúncio de inquietude.
E o corpo harmonioso da virtude
Transmuta-se em arbusto de saudade...

E a hora, a treva, o vento, a água triste
É tudo o que, no mundo, sofre e existe
Sem ódio, sem revolta e sem vaidade!

Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.

27 outubro 2009

Cogumelos


Hoje aproveitei algum tempo livre para tentar a minha sorte na apanha de cogumelos. A apanha não foi significativa, 3 apenas, mas foi o suficiente para poder fazer algumas fotografias. Já há vários anos que espero poder fotografar e mostrar algumas variedades de cogumelos comestíveis do concelho, pode ser que este Outono se proporcione.

23 outubro 2009

As primeiras flores


Depois das primeiras chuvas começam a aparecer as primeiras flores do Outono. Nas capelas fui encontrar as merendeiras (Colchicum montanum) Flor do Mês em Setembro de 2008. Já há outras, mas são todas pequenas bolbosas que conseguiram armazenar reservas para agora poderem florir com a queda de apenas algumas gotas de água.
Durante esta semana choveu com alguma intensidade. Não  é ainda suficiente para fazer correr as ribeiras ou engrossar os rios. Faz muito frio e espera-se que continue a chover.
Também já sonho encontrar cogumelos selvagens, já foram encontrados alguns exemplares.

22 outubro 2009

Natureza Harmoniosa

Vagueio nos campos destas terras
Em jeito de... passeio,
Por estas encostas fartas
E rasos vales de natureza,
Que embelezam estas correntezas,
Espelham toda a bondade
De valados de... riqueza,
Cachos de saudade.
Trepo por estes caminhos pedestais
Que me provocam liberdade
Que procriam o meu voltar
Aqui rememoro a minha juventude
Nestas terras de arrebatar
De giestas de... ternura,
Das flores à verdura
Onde as urzes proclamam,
As estevas me chamam
Num convite irrecusável,
Entre fragas... admiráveis
Neste pedaço adoro o céu
Este sítio também é meu
Aqui abraço a natureza bela
Que vejo desta janela
Chamada Campo... meu paraíso,
Porque estas flores campestres
Que só em passeios pedestres
Me oferecem o que mais... preciso,
Paz... natureza... paz

Poema de Fernando Silva
Fotografia: Sobreiros em Vale Covo (Freixiel)

20 outubro 2009

Caminhada pelo vale Covo



Fez ontem um mês que fiz uma caminhada memorável entre as freguesias de Candoso e Freixiel. Já várias vezes falei do vale escavado entra Candoso e Mogo de Malta, Vale Covo, e circulei pelas suas encostas, mas nunca o tinha explorado com calma, a pé. O percurso que estudei, com algum pormenor, partia de Candoso, percorria o vale até Freixiel e regressava a Candoso por outro caminho, percorrendo o cume das montanhas.
Fui de carro até Candoso: Deixei-o no fundo da aldeia, junto das alminhas, onde me pareceu melhor situado para o regresso.

Subi a rua principal até junto da igreja e parti em direcção ao poente pela rua do Malbarato. Pensei em subir à capela de Nossa Senhora da Assunção, mas não foi necessário. Assim que deixei as últimas casas da aldeia entrei, de repente, no coração das fragas decoradas aqui e além por frondosos sobreiros. Também havia alguns castanheiros e pequenas courelas com oliveiras bem cuidada.

Uma família de corvos vigiava-me dos fraguedos mais altos. Quando era criança aprendi a olhar estas aves com superstição, mas agora sei que os corvos são muito inteligentes e úteis. Vivem em grupos familiares constituídos por um casal e um ou dois filhos. Acompanharam-me dos céus durante grande parte da tarde, alternando entre as duas encostas do vale.

O caminho desce em zig-zag pela encosta de encontro ao centro vale. Concentrei a minha atenção nas árvores. Os sobreiros são excelentes sobreviventes! Nem os incêndios, nem a seca, muito menos o abandono conseguem matar estas árvores fantásticas, que apresentam uma impressionante verdura, quando o resto da vegetação agoniza pela falta de água. De onde em onde avistam-se antigos fornos de secar os figos. Aquele vale está cheio deles, tal como a Cabreira e a zona do Vieiro. Também encontrei algumas construções em ruínas.

Eram quase dezoito horas quando cheguei à “crica da vaca”. Para quem não sabe é uma nascente, em que a água “nasce” das rochas. Curiosamente ainda corria abundantemente! Repus as minhas reservas de água e rebusquei alguns bagos de uva nas vinhas recentemente vindimada. Estava praticamente a um terço do meu percurso e já as sombras cobriam parte do vale. Acelerei o passo até chegar à entrada de Freixiel, mais concretamente à forca. Durante alguns minutos saboreei a tranquilidade da aldeia, indiferente ao meu olhar. A luz chegava pela abertura por onde a ribeira da Cabreira se esgueira em direcção ao Tua.

Abandonei o local e parti a toda a pressa pelo caminho da Redonda que liga a Samões. A luz foi-se esvaindo e o céu cobrou-se de todas as cores que o fogo pode conter. A preocupação de andar o caminho não foi suficientemente forte para me fazer andar. Rendi-me ao colorido do horizonte e captei cada silhueta de sobreiro, cada rochedo dourado, cada sombra no caminho.

Só quando a noite caiu por completo parei de fotografar o por do sol. Faltavam-me sensivelmente 5 quilómetros para chegar a Candoso e tinha sério receio de me perder. A zona que percorria é muito, muito agreste. È um percurso íngreme e, talvez por isso, me orientei melhor. Quando encontrei um caminho meu conhecido sosseguei um pouco. Já tinha estado naquelas paragens no dia 18 de Julho de 2007 quando subi ao marco geodésico do Pelão.

O tempo rendia e não havia maneira de vislumbrar ao longe as luzes de Candoso! De repente, do meio da noite, surgiram algumas luzes. Cheguei à aldeia já depois das oito e meia da noite. Foi uma caminhada longa, mais de 12 quilómetros. Se demorei muito, foi porque gozei o tempo e me fartei de tirar fotografias. Este percurso é excelente, quem sabe vou repeti-lo noutra época do ano.

Percurso:
GPSies - Candoso_Freixiel_Candoso

18 outubro 2009

Sinais do Outono


O meu vizinho estranhava que, sempre que eu entrava em casa, dava uma espreitadela para o seu quintal. Deve ter pensado que eu gostava de sopa de abóbora e estaria interessado nalgum dos exemplares que ali guarda. Hoje teve a confirmação do meu interesse. Não se tratava de um interesse gastronómico, mas sim fotográfico. Juntei vários elementos e fiz algumas fotografias.

14 outubro 2009

Ferro de passar


Esta fotografia mostra mais uma bonita peça existente no Museu Berta Cabral, em Vila Flor. Trata-se de um curioso ferro de passar, a petróleo, acompanhado de uma bonita base, em primeiro plano na fotografia.

13 outubro 2009

Ir à Terra

Outro dos livros que me acompanhou este Verão foi "Ir à Terra",  de Modesto Navarro. Trata-se de um livro de poesia, com 105 páginas, que se lê rapidamente. É necessário voltar ao início e reler tudo com calma. Este escritor tem uma forma própria de escrever. Fala da pobreza, do trabalho, das mulheres que se vendem para viver, sem rodeios, com uma linguagem que pode chocar. Os poemas retratam essencialmente situações do dia a dia, algumas em Vila Flor, outras noutros locais. 
O livro foi editado pelo autor em 1972 e distribuído pela Dina Livro, Lda.

Transcrevo um dos poemas que mais me agradou, chamado Ida e Volta.

Quem abandona o deserto
por certo
que não é desertor

Quem abandona o deserto
e sente
esta dor

Este campo abandonado
este destino incerto
e o patrão cercado

Quem abandona este deserto
parte certo
para o incerto

Quem abandona este deserto

Quem abandona este deserto

Quem abandona este deserto

Volta ao deserto
gosta do deserto
ama o deserto

Quer ter o deserto transformado
em troca do destino
incerto
As fotografias foram tiradas em Freixiel, uma no vale do Pelão e a outra perto da forca, em Setembro de 2009.

10 outubro 2009

O Passado e o Presente (2)

Já aqui coloquei um pequeno excerto do livro "O Passado e o Presente", em dois actos e 10 quadros, escrita por Dr. Artur Trigo Vaz e levada à cena em Vila Flor, nos dias 31 de Dezembro de 1949 e 1 de Janeiro de 1950. Foi mais um dos livros que me acompanhou durante o Verão.
Não assisti a nenhuma das representações. Pelo que julgo saber aconteceram em 1931, 1949, 1950 e 1994. Nesta revista fica-se a a saber bastante da história de de Vila Flor, mas de uma forma alegre, às vezes crítica, outras vezes brejeira. Embora o teatro, mesmo que de revista, não seja coisa a que eu esteja habituado, senti-me bem a ler os diferentes quadros. Uma das passagens a que achei mais graça fala assim da bomba que existiu na Praça da República:
Estava na Praça em frente do Santo Cristo. Parece que estou a ver aquele movimento de criadas, umas de um lado para outro, com cântaros à cabeça, outras agarradas à manivela a fazer girar a roda grande que chiava nos gonzos, enquanto pelo cano largo, encurvado na ponta, saía, em goladas, a água que enchia os cântaros... Que saudades! ... Ainda tenho nos ouvidos aquele chiadouro monótomo... Isto tem beleza, história e poesia. Poesia de idílios amorosos; história simples da antiquada captação de água; beleza do cenário feminino... com exibição das esbeltas colunatas de pernis gorduchos das criadas, glabras e brancas, visíveis aos movimentos de vai-vem das ancas... Era um ror de rapazes a admirar o panorama, sorridentes e sempre prontos a atirar uma piada sem alvo, um gracejo juvenil, um insulto de ciúme, a desabafar uma afronta assolapada, a ripostar um desafio malcriado.
Todas as tardes era ali o ponto de reunião dos namorados. Brincadeiras sucediam-se sem parança. Era uma que, depois do cântaro cheio, só para ter de esperar mais um bocado pela vez; outra que prendia a rodilha molhada à roda da bomba só para se rir de ver as outras, que estavam próximas, todas molhadas; outra que se sentava na manivela só para ter o prazer de andar no baloiço... o prazer não seria só esse! E nesta brincadeira sem fim, não se lembravam que a senhora da casa onde serviam estavam à espera da água para fazer as migas ou deitar o bacalhau de molho... A bomba era o pretexto para muitas desculpas... Se a criada se demorava e a patroa ralhava, era a bomba que pagava as favas... "deita pouca água... eu não tive a vez mais depressa... se a senhora soubesse como tenho os braços de puxar..." Era a eterna desculpa... mas a culpa de todo o atraso era outra... era o namorico... O João ou o António que queria dizer umas palavrinhas, mas que se envergonhava no meio de tanta gente... Isso vai para o Museu e junto a ela um cartão das patroas aborrecidas, agradecendo à Câmara a boa ideia de encanar para casa a água e de acabar com a bomba, prelúdio dos namorados e causa de tantas arrelias. A bomba da praça poder-se-ia chamar a fonte dos amores envergonhados... os desavergonhados tinham a sua fonte predilecta "a Fonte grande". Lá vai para o Museu: a vergonha envergonhada a vergonha desavergonhada...
É possível que este livro se encontre na Biblioteca Municipal, eu encontrei-o no museu Berta Cabral.
Ver também : O Passado e o Presente (1)

06 outubro 2009

Flor…terra… mãe

Sobranceria de pulcritude
Aliada à força de honrar
Sustentas na maior plenitude
Os teus, a quem pretendes…preservar

Obtens gentes de filamento…lutadores
De estratos sociais diversificados
Que são, os teus verdadeiros valores
Por ti, constantemente honrados

Porque suportas na tua gratidão
A igualdade, a verdade o querer
Terra orgulhosa de inigualável rectidão
Detens sublime, candidez no teu ser

Terra mãe, de igualdade procedimento
Fértil em formosura de colossal fertilidade
Segues diariamente no meu pensamento
Sobretudo porque és flor…mãe…de verdade

Quando te leio, arrasas meu doce olhar
Falam de ti, provocas-me júbilo arrasador
Visito-te, colocas meu coração a palpitar
Orgulho-me de ti…minha Vila Flor

Poema de Fernando Silva

02 outubro 2009

O Homem da Terra

Um dos livros que acompanhou durante este Verão foi "O Homem da Terra" do Dr. Luís Cabral Adão. Trata-se de um livro editado em 1986, pelo seu filho António Cabral Adão, que reúne algumas dezenas de textos escritos em épocas diferentes e que foram publicados, na época, em jornais. Este livro transporta-nos a diferentes pontos da país tendo no final alguns textos sobre o Egipto e a Terra Santa. Mesmo não havendo um fio condutor, há textos muito deliciosos, alguns que retratam aspectos de Vila Flor e da região, mas em todos transparece a sensibilidade e a magistral forma de escrever deste vilaflorense. Tudo o que eu possa dizer sobre o livro serão sempre palavras sem jeito, por isso transcrevi algumas páginas para aguçar o apetite a quem o queira ler.
Eu requisitei-o na Biblioteca-Museu Berta Cabral.
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Além, na veiga a Senhora, já chocalham as coleiras dos bois e o dia ainda vem em cascos de rolha. Está a manhã fresca. O ribeiro vai barulhento, engrossado pela chuva que caiu nos últimos dias, e ruge contínua e brandamente, disputando ao pio dos ralos e ao sussurro das árvores a sonorização de fundo deste madrugar sem Lua, onde as sombras se diluem num empastamento a que só as estrelas dum céu límpido dão ligeiríssimo relevo de cores mortas.
O Zé dos Ramos madrugou para meter a charrua aos torresmos encruados no chão cimeiro, a aproveitar o efeito dos pingos de água que vieram amaciar as terras, secas como carvões por uma estiagem desmedida.
- Eh, boi! Toma ali, mãozeiro dum raio!
Os brados do Zé dos Ramos, ao jungir os bois, ecoavam fortes pelo vale além, parece que enchendo tudo, e perdiam-se no horizonte distante, onde os primeiros laivos de claridade avisavam que ia amanhecer.
Piscanhoto, que a visibilidade não era nenhuma, apertava as sogas ao jugo, quase às apalpadelas.

- Ah, mê pai! Olhe o «Mulato», que não está quieto. Raças de rafeiro qu'inda me morde, ora não querem lá ver?!... - tartamudeava o Chico, filho do lavrador, oito anos numas calças rachadas no «sim-senhor» e uns olhos vivos em rosto de
grão de bico.
A junta lá foi posta à charrua com mais ou menos dificuldade. Zé dos Ramos virou a relha, com um pontapé seco, dado com aquele bute pesado e ferrado, no grampo da aiveca, que retiniu como um silvo; e já se viam dois palmos à frente do nariz
quando os bois iniciaram a lavra em passos vagarosos e arrastados.
- Ei, boi!
O Chico e o «Mulato» entendiam-se na brincadeira. O "garoto atirava pedras longe, à «pastor», e o rafeiro trazia-lhas à mão, ufano e a dar ao rabo.
- Busca, «Mulato»! Ah, espertalhão, que não falhas!
Ao lado do ribeiro, os choupos entraram de banhar-se de sol, pois já lhes davam os raios loiros no pino da ramaria. O chão tapetavam-no milhares de folhas amarelas, como penas de canário doente. O Outono entristece a Natureza e enternece a
poesia das coisas. A passarada é mais tristonha no seu piar; os ventos mais lamuriantes; a gente mais resignada na crueza do trabalho.
- Ei, boi!

Já virou, lá ao fundo, a charrua, com novo pontapé no grampo, que fez vibrar novo ruído de ferros. Sulcando fundo, a relha revira a terra debaixo para cima, soterrando o estrume que o Chico agora vai espalhando dos montículos largados das
caniças, no dia atrás, a toda a largura do chão arável.
- Olhe, pai! Não vê esta forquilha? 'Stá a pedir reforma.
Ora olhe! Estes dentes já estão curtos. Já não presta, veja!
- Tu é que não prestas, moço! Ainda é forquilha para muito tempo nas mãos doutro, nanja nas dum zinrilhas como tu.
- É!... - foi a resposta do rapazote puxando a pala do boné para tapar a cara do lado da piada.
Poisou o Sol os raios mornos na veiga da Senhora e beijou aquela terra fresca, negra do húmus, a exalar um ténue vapor no ar frio da manhã. Vieram as boieirinhas a procurar na terra revolvida o seu alimento favorito, seguindo a par e passo a rota
da charrua. Inundou-se de luz viva toda a extensão do vale, branquejando ao longe as casas da Quinta dos Melros, a capelinha da Senhora da Saúde e os pombais do morgado.
A lavra ia em meio, quando o Chico foi à povoação pelo almoço, com o «Mulato» a saltitar-lhe de roda.
Enquanto ele não vinha, o Zé dos Ramos soltou os bois, pô-los debaixo da nogueira com uma faixa de feno desenvencilhada e foi-se sentar à borda da mina, a petiscar fogo para um cigarro «forte».
Era um rapaz moreno, com tez rebatida de sóis e chuvas, arca do peito ampla, braços e pernas como troncos. Entre fumaças, recordou-se de ter sido ali, mesmo à boca da mina, que conhecera há nove anos a Gracinda, meses depois sua patroa, por vias de matrimónio. Ela lavava roupa e ele, que passava no caminho da banda de lá do ribeiro, em direitura à feira dos Palheiros, onde ia vender uma leitoa, sua única fortuna, chegou-se a matar a sede na bica que ali corria, fresquinha e pura que era um consolo. Falaram. Ficou de tal maneira de beiço preso que dali a pouco, tempo suficiente para se lerem os banhos e montar os arranjos, estavam unidos para sempre numa casota ao cimo da aldeia.
De então para cá, quanta emoção, quanta alegria e quanta tristeza? ... A doença dela, quando do primeiro parto. A trovoada de 1934, que lhe levou toda a novidade da courela da Madre. A morte dum boi, que o seguro não lhe pagara por não
estar em dia com o prémio. E como paga dum trabalho duro e constante, Deus só o premiava com filhos e mais filhos, que já tinha em casa um regimento deles: nada mais nada menos do que cinco! A mais novita fazia para o Entrudo dois anos.

(...)
Este é o homem da terra! Este é o homem que luta constantemente pelo pão de cada dia, tremendo ao frio, bufando ao calor, molhando-se à chuva, despeitorando-se ao vento. Este é o homem que tem na alma os reflexos puros das paisagens e dos gorjeios, que sente a vida na sua mais pura essência, porque a traz na mão a cada hora, porque a defende, porque a exalta na pujança duma seara ou na suculência dum fruto.
A sua alma é rude como rochedos revestidos de heras, firme como o calor do sol e boa como a germinação das sementes.
Este é o homem da terra, que se esgota no amanho da lavoura, durante meses, para se pagar de toda a tortura da batalha, com um sorriso de satisfação, perante os sacos cheios, na eira, ou as vasilhas atestadas, no lagar!
Este é o homem que ganha o seu pão para nos dar o nosso.
Eu te saúdo, pioneiro da vida! que, em prémio do teu esforço vital para a humanidade, recebes por graça de Deus uma ninhada de filhos, tão vivos e contentes como essas alvéloas gaiatas que te acompanham sempre, quando lavras a terra para as sementeiras de cada ano!
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Fotografias: 1 - Engarelas, em Folgares
2 - Casa no Gavião (Seixo de Manhoses)
3 - Alfaias agrícolas em Lodões
4 - Casas em Benlhevai

01 outubro 2009

Freguesia Mistério 32

A Freguesia Mistério n.º31 teve a participação de 22 pessoas. Foi uma das primeiras vezes em que a tendência, desde o início, se inclinou para a resposta correcta. A Nossa Senhora que está na fotografia é a imagem de Nossa Senhora do Carrasco que podemos encontrar na capela com o mesmo nome, na freguesia do Nabo. A distribuição dos votos foi a seguinte:
Freixiel (1) 5%
Lodões (1) 5%
Nabo (11) 50%
Roios (1)5%
Samões (1) 5%
Seixos de Manhoses (1) 5%
Valtorno (1) 5%
Vale Frechoso (1) 5%
Vilarinho das Azenhas (3) 14%
Vilas Boas (1) 5%
A votação não me surpreendeu, porque sei que há uma grande quantidade de pessoas do Nabo que visita o blogue e eu dei alguma ajuda quando divulguei uma pagela com a fotografia da imagem, a mesma que é distribuída pelos devotos no dia de festa, que aconteceu a 9 de Agosto.
Foi no dia 11 de Julho que estive no Nabo e tive o prazer de fazer algumas fotografias na capela. As pessoas da aldeia têm uma grande fé em Nossa Senhora do Carrasco e a capelinha está exemplarmente cuidada, tal como a igreja. Tive ainda tempo para conversar longamente com alguns habitantes. São poucos os que se lembram da festa junto à Capela de Santa Cruz, mas gostaria de saber mais sobre esse assunto.
A Freguesia Mistério n.º32 representa mais uma imagem de Nossa Senhora, mas desta vez num painel de azulejo. É numa freguesia fora do Vale da Vilariça, onde há também uma importante igreja românica.
Quem que freguesia podemos encontrar este painel em azulejo?
Fico à espera dos palpites.

S. Cecília

Durante o mês de Agosto, que este ano passei inteiramente À Descoberta do Nordeste Transmontano, visitei bastantes locais e assisti a muitas cerimónias. Hoje mostro a Eucaristia no Santuário de Santa Cecília, em Seixo de Manhoses, no dia 23 de Agosto de 2009.