31 julho 2009

No olhar


No olhar
noto chamas de esperança
com espaço ilimitado.
No céu
vejo algo a desfazer-se
com pedaços de alvura.
Pelos campos
sinto ar agitado
a vaguear com loucura.
E na vida
quanto destroçar
em ferida
a razão do verbo amar.

Poema de José Trigo, do livro "- Homem, quem és..., que és...?", Edições Tribuna, 2006.

Flor do Mês - Julho 2009

O Verão faz as delícias de muita gente, mas, para um “caçador” de flores, esta é uma estação para esquecer. Tenho fotografado muitas plantas em flor, em largos passeio a pé, que faço por várias aldeias do concelho, mas, são muitas vezes exemplares quase únicos ou pouco representativos. A ideia é que - a Flor do Mês - seja um símbolo do mês.
A escolha para mês de Julho de 2009 recaiu na planta conhecida como Fel-da-terra. Comecei a vê-la em flor já há algum tempo atrás, mas encontrei este mês um grande espaço cheio delas perto da Fonte do Olmo.O Fel-da-terra é conhecido por vários outros nomes (erva-da-febre; erva-de-chiron; erva-do-centauro; quenta-febre; Centáurea-comum; Centáurea-menor, etc.) e tem como nome científico Centaurium erythraea Rafn. Tal como noutros seres vivos, o nome científico revela-nos algumas particularidades, mas, no caso do fel-da-terra empurra-nos para uma aventura fascinante na mitologia grega. A palavra Centaurium (de centauro) e erva-de-chiron (Quíron) levam-nos à procura do centauro Quíron, metade homem metade cavalo, meio-irmão de Zeus, Posídon e Hades, caçador, conhecedor de música, de plantas medicinais, de cirurgia e de outros conhecimentos práticos prezados pelos antigos. Como profundo conhecedor do poder das plantas, é bem possível que o centauro usasse o puder curativo do fel-da-terra. A segunda palavra do nome (erythraea) lembra a Eritreia, jovem país no norte de África, junto à Etiópia.
A planta é praticamente invisível até ao momento em que lança uma haste floral com as suas bonitas flores rosa. A floração dá-se entre Abril e Setembro. É abundante em matos e terrenos incultos, mas também o encontro frequentemente em olivais e amendoais.
Esta planta é uma planta medicinal muito conhecida e procurada. É usada a planta inteira, depois de arrancada e seca. A lista de utilizações é enorme: estimula o fígado e vesícula biliar, aumenta o fluxo biliar, melhorando o apetite e a digestão; os sucos amargos excitam as terminações nervosas das papilas gustativas da língua, o que provoca, por acção reflexa, um aumento da secreção gástrica; é usado internamente para dispepsia, reclamações do fígado e da bexiga biliar, hepatite, icterícia, anorexia, síndrome pós-viral, falta de apetite na convalescença e enfermidades febris.
É mais uma pequena maravilha, que cresce livremente nos nossos campos e que muito poucos conhecem!

28 julho 2009

Mais uma caminhada ao Gavião

No dia 08 de Julho o passeio foi, mais uma vez, ao Gavião. Tinha marcado um encontro com alguns amigos, mas decidi partir mais cedo, a pé.
Pelo caminho que sai da Rua dos Louseiros rapidamente cheguei perto do novo Estádio. Cortando à esquerda está o caminho que leva à Fonte do Olmo. Dos frondosos olmos já nada resta, mas a fonte continua a ter muita água, água essa que alguém se lembrou de aproveitar. Estava um agricultor a bombear água para um depósito numa carrinha. A nascente parece inesgotável e aquela água dá-lhe bastante jeito para regar uma horta que tem um pouco mais acima. Continuei o caminho em direcção ao cruzamento do Arco com muita atenção. Há algum tempo fotografei por aí um nicho de alminhas, mas, perdi a sua localização e agora não consigo reencontrá-las!
Tinha planeado o percurso no computador. Depois de um quilómetro pela estrada do Arco, cortei à esquerda por um caminho rural. Nunca por aí tinha passado, mas, sabia perfeitamente onde ia ter. Já estive várias vezes junto do cemitério do Arco. É mais um miradouro para o Vale da Vilariça, de tantos que há espalhados pelo concelho. Descendo pela Rua das Fraguinhas, cheguei ao coração do Arco. O sol aquecia, apenas alguns idosos dormitavam à sombra das casas. Desci a rua até ao final, que se encontra com a ribeira onde a água já quase não corre. Foi feito um emissário para conduzir os esgotos do Arco todos para este local, aliviando a ribeira do Arco de alguma poluição.
Crescem boas hortas por aqui. São cuidadas com estremo carinho, repletas de flores de todas as cores, mais parecem jardins.
Segui por entre vinhas, oliveiras, figueiras e algumas manchas de mato compacto até ao Gavião, sempre com uma magnífica vista para o Nabo e Vale da Vilariça. Depois das 7 da tarde o silêncio era total. Do outro lado do Ribeiro Grande brilhava a torre da igreja da Vide, pousada altivamente na encosta que se entende até ao vale num manto salpicado de oliveiras.
Percorri mais uma vez as ruínas do Gavião, repletas de sombras devido ao sol cada vez mais rasante, vindo do Seixo.
Empreendi o caminho de regresso com passo rápido. O grupo de amigos já me esperava na Quinta de Valtorinho para um final de tarde/início de noite bem disposto. No repasto misturaram-se sabores, eram quase meia dúzia de “cozinheiras”!, mas o prato principal foram peixinhos do rio, trazidos de um rio perto da raia mirandesa.
Discutiu-se futebol, política, até fotografia! Não sei se o desfocado das fotografias se deve a alguma experiência fotográfica se ao efeito colateral da excelente petiscada.
O último troço do caminho fi-lo de carro (mas não ao volante).

27 julho 2009

Lodões - Festa de S. Tiago (2)

No Sábado fui a Lodões à Festa de S. Tiago. Cheguei já perto das 18 horas e pensei que me tinha enganado, tal era a paz em que a freguesia se encontrava mergulhada. Só fiquei com a certeza de que a festa ia mesmo acontecer, quando vi alguma movimentação em direcção da igreja.
Fiz uma volta por todas as ruas da aldeia. Já conheço bem cada rua, por isso concentrei-me em pequenos pormenores que me foram chamando a atenção. O sol ainda estava forte e criava grandes manchas de sombra dificultando a tarefa. Não pude deixar de fazer uma visita às alminhas, para mais tarde acrescentar na secção que estou a criar no Blogue. Em Lodões há duas alminhas.
Realizou-se depois a Eucaristia. Apesar de não se notar ninguém na rua, a verdade é que a igreja estava cheia. Não relacionei o nome de S. Tiago com Santiago de Compostela. A história da vida deste apóstolo, mártir e santo, foi o tema abordado no sermão. O discípulo, com o nome de Tiago, pescador no mar da Galileia, foi um dos mais próximo de Jesus juntamente com Pedro e João. Foi mandado decapitar pelo rei da Judeia e o seu corpo foi transportado para a Galiza. Também pode ter estado no norte de Portugal, possivelmente em Guimarães. Perdeu-se o paradeiro dos seus restos mortais, vindo a descobrir-se o seu possível túmulo no ano 814, graças a visões de um monge. Durante a Idade Média, Santiago de Compostela tornou-se um dos maiores centros de peregrinação do mundo cristão. É um local que eu gostaria de visitar.
Na imagem de Santiago aparece vestido de romeiro, mas, dado ser pescador, seria mais exacto vesti-lo de outra forma. Ao longo dos anos, a igreja foi desenvolvendo para cada santo a sua própria iconografia, o que permite distingui-los. No caso de Santiago, são normais uma concha, uma pequena cabaça, um bordão e um livro (foi um evangelizador). Alguns habitantes de Lodões faziam-se acompanhar de um pequeno bordão, com uma cabaça e uma concha, adquiridos numa viagem que fizeram a Santiago de Compostela.
Depois da procissão percorrer as ruas da aldeia e ter regressado à igreja, a imagem que foi transportada no andor foi ocupar um pequeno nicho preparado no jardim que envolve a igreja, para a receber. Uma outra imagem de Santiago encontra-se na igreja, do lado direito do altar, no lugar do padroeiro.
Realizou-se depois um leilão de uvas, que rendeu algum dinheiro à comissão organizadora da festa. Curiosamente, também em Amedo, concelho de Carrazeda de Ansiães, onde se festejou Santiago no passado fim-de-semana, são colocados cachos de uva no andor.
Como se tratava apenas de uma festa religiosa, não se realizou mais nenhuma actividade e regressei a casa já depois das 20 horas, quando as sombras já se estendiam por quase todo o vale.

nota: ver vídeo no post anterior.

26 julho 2009

Lodões - Festa de S. Tiago


É um pequeno vídeo sobre Lodões e a Festa de S. Tiago que aconteceu no dia 25 de Julho de 2009. É uma boa forma de conhecer a aldeia.

24 julho 2009

O que pensa do VII TerraFlor ?

Durante os dias em que decorreu a VII TerraFlor, coloquei no blogue uma pequena sondagem: O que pensa do VII TerraFlor?
As hipóteses de resposta foram escolhidas por mim, umas mais sérias outras mais irónicas, capazes de abarcar um bom leque de tendências. Responderam 38 pessoas, que deram as seguintes respostas:
O modelo está esgotado - 5 (13%)
Está pobre, é da crise - 3 (7%)
Fantástica, não perco - 6 (15%)
Estamos em campanha eleitoral - 6 (15%)
O programa é pobre - 5 (13%)
Há muitos expositores - 4 (10%)
Tem um bom cartaz musical - 6 (15%)
A entrada devia ser gratuita - 4 (10%)
Há poucos sabores - 6 (15%)
O vinho e o azeite são reis - 8 (21%)
Só vou lá pela música - 0 (0%)
Há muitos sabores - 1 (2%)
É uma boa montra do concelho - 9 (23%)
O cartaz musical é fraco - 6 (15%)
Os concursos de ovinos e caprinos fica caro - 2 (5%)
Queria mais tasquinhas e restaurantes - 7 (18%)
Onde está o Zé Bento? - 6 (15%)
Parabéns - 12 (31%)
Eu podia ensaiar alguma interpretação das tendências manifestadas, mas não o vou fazer. Assim, cada um pode olhar para os números e fazer os seus próprios juízos. Parabéns à organização.

23 julho 2009

Deputado socialista diz no Parlamento que a linha do Tua não tem interesse turístico


A linha do Tua não tem interesse turístico. A opinião foi defendida pelo deputado socialista Luís Vaz, eleito pelo círculo de Bragança, ontem à tarde na Assembleia da República.
Durante o debate sobre a petição da Linha do Tua apresentada há um ano pelo Movimento Cívico pela Linha do Tua e que tinha como propósito defender a linha do Tua da construção de uma barragem, o deputado afirmou que “a linha férrea deixou de ser útil para as pessoas que ali vivem e trabalham, que optaram pelo transporte rodoviário”.
Luís Vaz salientou que a ferrovia poderia ter potencial turístico, mas não diz que “não conhece um único operador turístico que se tenha interessado pela sua exploração”.
Quem não gostou de ouvir estas palavras foi a deputada do Bloco de Esquerda, Helena Pinto. “Apetece-me dizer que fiquei quase sem palavras depois de ouvir tudo o que o deputado socialista disse. Só faltou concluir com viva a barragem, viva a EDP”, ironizou.
E José Silvano diz que Luís Vaz tem inveja de Mirandela. É desta forma que o presidente da câmara de Mirandela reage às declarações do deputado socialista, eleito por Bragança, proferidas, ontem, na Assembleia da República.
O também presidente da administração da Metro de Mirandela ficou surpreendido com esta posição de Luís Vaz. José Silvano considera que “só fala de Mirandela para cima e que não conhece o Vale do Tua”. Acrescenta que Luíz Vaz vestiu a pele de “deputado por Macedo de Cavaleiros” e que “como não passa lá a linha tem inveja que ela termine em Mirandela”.
José Silvano desmente também que não haja três operadores interessados em explorar a linha do Tua. "Basta consultar o estudo que as Câmaras fizeram para constatar que há empresas interessadas".
A petição sobre a linha do Tua vai ser votada esta sexta-feira.
Eduardo Pinto/RA

Nota: É caso para dizer: Se assim fala quem devia defender a região, o que esperar dos engravatados de Lisboa?

20 julho 2009

VII TerraFlor; o quarto dia (19)

O quarto e último dia da TerraFlor foi o mais recheado de actividades. A primeira estava marcada para as sete da manhã, no Nabo. Tinha vontade de estar presente, mas o cansaço não me deixou acordar tão cedo. A largada de perdizes não é um espectáculo a que eu tenha muito prazer em assistir, mas, pela experiência que tive em eventos anteriores, é sempre uma actividade de sucesso.
Seguiu-se o 1.º Passeio de Cicloturismo TerraFlor. O percurso estendia-se por praticamente metade do concelho de Vila Flor e o calor que se fez sentir acabou por provocar alguns danos na hora de subir de Santa Comba da Vilariça para a Trindade. A chegada a Vila Flor aconteceu poucos minutos depois da uma da tarde. Participaram duas dezenas de ciclistas, mas a adesão dos amantes das duas rodas em Vila Flor foi pouca.
Às dez horas da manhã iniciou-se o XIX Concurso de Cabra Serrana, o V Concurso de Ovelha Churra da Terra Quente e a Mostra de Cão de Gado Trasmontano. Esta última, mostra de cão de gado, foi uma novidade na feira, uma vez que os dois concursos de cabras e ovelhas são já presença habitual. Não foi possível realizar um concurso de cães, porque o júri, de âmbito nacional, não poderia estar presente. Realizou-se a mostra como preparação para, possivelmente no próximo ano, se realizar já um concurso, com calendarização atempada.
O cão de gado trasmontano foi ao longo de séculos um auxiliar importante na defesa dos rebanhos contra o ataque de lobos. É uma raça reconhecida desde 2004 e é bastante frequente no Nordeste Trasmontano. Pode atingir 60 quilos, são de grande corpulência, mas têm um olhar doce e um carácter meigo e obediente. Há no concelho vários exemplares desta raça, mas, para poderem participar nos concursos, têm que estar inscritos no livro da raça, a cargo do Parque Natural de Montesinho.
O XVII Concurso da Cabra Serrana contou com a presença de 15 criadores, que apresentaram um total de 54 lotes de animais, perfazendo 108 caprinos nas várias classes. Também no V Concurso de Ovelha Churra houve um bom nível de participação. Como passei bastante tempo no recinto, graças a associação ANCRAS (Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana) que tiveram a amabilidade de me convidar para o almoço de confraternização, pude aperceber-me que também nestes concursos a adesão dos pastores do concelho foi muito reduzida. Mesmo assim, na hora da entrega dos prémios, muitas vezes se ouviu citar nomes e freguesias do concelho: Candoso, Benlhevai e Lodões. Lodões foi mesmo a freguesia que mais taças levou, com os rebanhos do senhor Embarcadiço e com o da Quinta do Barracão da Vilariça.
O almoço, para mais de 300 pessoas foi servido pelos três restaurantes em actividade no recinto da feira. Além de pastores, familiares dos mesmos, membros das associações envolvidas, estiveram presentes os mais elevados representantes da autarquia; Tozé Martinho e um grupo de acompanhantes e o alcaide de Santa Maria del Páramo (localidade espanhola com um programa de cooperação com Vila Flor). O prato servido foi à base de cabrito mas penso que também houve cordeiro. Eu comi caldeirada de cabrito, que estava bastante boa. O vinho era do concelho, mas nem sempre o engarrafado é o melhor, pelo menos na minha opinião.
Só com o cair da noite os stands começaram a abrir em força. Chegaram os Gigantones de Valtorno que fizeram uma rusga pela feira. A noite anunciava-se quente, pela temperatura, mas também porque a entrada era gratuita e iam actuar os artista do concelho.
A Academia de Música Zecthoven abriu a noite com actuação da sua “Banda Reciclada”. Depois subiram ao palco e foi mais uma oportunidade de vermos o potencial destes jovens aprendizes de música mas já muito compenetrados no seu papel no grupo. Foram muitos e de diversas idades os que passaram pelo palco.
Actuou de seguida o Grupo de Cantares de Vila Flor com o colorido que os caracteriza e com a sua muito tradicional dança do mastro. A letra das suas canções foi adaptada ao momento pelo escritor Fernando Silva, que lançou um livro no terceiro dia da TerraFlor.

De cestinho na cabeça
Vai meu amor vindimar
P'ra que nada lhe aconteça
Vou ao Santinho rezar

Coro:
Levo no regaço pão
Na cesta uma flor
Trago no meu coração
O nome do meu amor

Esta terra tem azeite
Com fama no mundo inteiro
Tem pão tem mel e tem leite
Tem água do peneireiro

A flor da amendoeira
Chega pela primavera
A macieira e a pereira
São frutos da nossa terra

Os enchidos cá da terra
São o mais tradicional
Vila Flor não é quimera
Rainha de Portugal

Terra de boa hortaliça
De melancia e melão
Tem pinho e tem cortiça
Tem queijo e salpicão

Entre castanhas e figos
Azeitonas sempre à mesa
As delícias dos amigos e
Produtos à portuguesa

Feijoada à transmontana
Cabrito assado a rigor
Borrego na cataplana
Comidas de Vila Flor

Deixei os figos secar
Cogumelos apanhei
As uvas por vindimar
Quando meu amor beijei

O Grupo de Cantares de Freixiel levou a sua actuação para o palco, para desgosto meu. A iluminação que o palco tinha não me permitia fotografias com o mínimo de qualidade tal era a intensidade dos tons amarelos. Dançaram muito bem, com a alegria que os caracteriza e com a força arrancada do Pelão e da Cabreira. Desta vez tiveram uma instalação sonora à altura, o que permitiu também ver a sua qualidade vocal e instrumental que muitas vezes tem sido prejudicada por dificuldades técnicas.
O Grupo de Música Tradicional da Associação Cultural e Recreativa de Vila Flor subiu depois ao palco para mostrar a sua música e as suas canções. As letras foram também quase todas ajustadas ao momento e o som do acordeão, do cavaquinho, da flauta de bisel e da guitarra provocaram para a dança e muitos foram os que se deixaram levar.
Realizou-se depois o sorteio da Scooter. Ao segundo bilhete apareceu um jovem a reclamar o prémio e eu perdi a esperança de sair da feira de lambreta.
Para terminar actuou a Banda de Música da Associação Cultural e Recreativa de Vila Flor. Não deve ter sido muito agradável para o mestre e para os músicos tocarem praticamente sem público. A maioria das pessoas abandonaram o recinto pós o sorteio da scooter e à meia-noite e trinta minutos só já restavam os músicos.
Assim terminou o quarto dia e também a TerraFlor, Feira de Produtos e Sabores. Vamos deixar repousar as ideias e talvez ensaiar um possível balanço.
Entretanto a sondagem O que pensa do VII TerraFlor ? vai manter-se mais um dia, na margem direita do Blogue.

19 julho 2009

VII TerraFlor; o terceiro dia (18)


O terceiro dia da VII TerraFlor iniciou-se com o colóquio Cooperativismo e adegas do Douro. Apesar do tema ser muito interessante, foram poucos os produtores que fizeram questão de estar presentes. Ainda estou a tentar perceber o que se passa e talvez volte mais tarde a falar deste assunto. Achei o colóquio interessante. Penso que foram apontadas muitas linhas de rumo que a Adega Cooperativa de Vila Flor pode seguir, não sei é se há vontade e coragem para tanto. Este colóquio, que estava previsto para todo o dia, acabou por caber na manhã, terminando perto da uma da tarde.
Às dezassete horas, com o dia muito agradável, ao contrário dos dois últimos dias feira, seria de esperar que houvesse mais gente no recinto da feira, mas os visitantes foram poucos e os expositores presentes ainda menos. Não percebo porque é que a feira abre às dezassete horas se a maioria dos expositores só aparece às dezanove.
Hoje jantei na feira em companhia da família e de um amigo. Escolhemos entrecosto com batata a murro e uma salada mista. Para sobremesa comemos melão. Fomos bem servidos, a comida estava muito saborosa e o vinho ainda mais. Só a simpatia do servente é que deixa muito a desejar (quem é de Vila Flor, sabe de quem estou a falar). O preço não foi exagerado e por isso recomendo a todos que, amanhã, façam uma refeição na feira. Também ouvi gabar um cabrito que se comia noutro restaurante.
Pelas vinte uma horas foi o lançamento do livro do vilaflorense Fernando Silva, “Raiz da Minha Essência”. Tive o prazer de conversar com o autor durante a tarde e tenho já alguns poemas seus, que, a seu tempo, serão publicados no Blogue.
A noite foi-se animando com a chegada de um grupo de bombos da Associação da Tarana. Este grupo não constava do programa!
A noite estava muito agradável e o recinto da feira estava finalmente cheio de gente. Todos os factores se conjugaram para que a noite do dia 18 fosse realmente um sucesso. Quando os Santos e Pecadores subiram ao palco já havia uma multidão à sua frente para os escutar. Estes abriram a sua “Caixa dos Segredos” e encantaram toda a gente. Os Santos e Pecadores são um grupo pop, de grande sucesso, mas não deixa de ser pop. O vocalista, Olavo Bilac, tem realmente uma voz muito peculiar e bonita, que encaixa como uma luva em sucessos como “Fala-me de amor”, “Não voltarei a ser fiel” ou “Momento final”. Estas canções são a voz do Olavo. O público animava-se em cada sucesso e com toda a banda a puxar. A certo momento largaram-se os instrumentos eléctricos, à excepção da viola baixo e o concerto virou-se para o acústico. Criou-se um ambiente mais intimista muito do agrado dos casais de namorados.
O concerto prolongou-se um pouco para além da meia noite, ninguém estava com muita vontade de deixar o recinto. Foi um verdadeiro dia de feira/festa.

Não esquecer a sondagem O que pensa do VII TerraFlor? na margem direita do Blogue.

18 julho 2009

VII TerraFlor; o segundo dia (17)

O segundo dia do TerraFlor teve animação do recinto, esteve a cardo da Companhia de Teatro Filandorra. Montaram numa barraquinha da feira a sua própria banca de venda de barro preto de Bisalhães e não havia "turista" que não fosse torturado para comprar um pote. Gosto muito de ver esta companhia de teatro e ainda me recordo da deus baco que trouxeram à feira TerraFlor em 2007. Desta vez obrigaram as pessoas a rir e a participarem, atirando as peças de barro uns aos outros, sem se partirem.
Depois veio a actuação dos EZ Special. Confesso que o nome não me dizia nada e nem tive a curiosidade de procurar saber alguma coisa. Quando me aproximei do palco verifiquei que, ao contrário do dia anterior, a assistência era muito jovens, quase só constituída por adolescentes. Sabiam as canções do grupo e cantavam-nas animadamente. Algumas músicas soaram-me a conhecidas e o seu som era muito agradável. A sua batida era forte, com o baixo e a bateria muito activas, conseguindo a colaboração do público. Curiosamente um dos ecrãs desapareceu de ontem para hoje.
A noite estava gelaaaada e era muito difícil estar com prazer no recinto. Depois da meia noite regressei a casa sem ainda ter feito uma volta completa à feira. Pode ser que amanhã consiga completar a volta.
Amanhã as actividades começam com um colóquio no Centro Cultural para análise do cooperativismo e adegas do Douro. É um tema importante, dada a situação da Adega Cooperativa de Vila Flor. É às nove da manhã.

17 julho 2009

Meireles - Festa em honra de Stª Marinha

É já nos dias 18 e 19 de Julho que têm lugar as festa em honra de Stª Marinha, em Meireles. Do programa destaco a Noite dos Bombos às 02:30 da madrugada!

VII TerraFlor; o primeiro dia (16)

Hoje abriu as portas a VII TerraFlor, Feira de Produtos e Sabores de Vila Flor. Num ano marcado pela crise, em que o consumo se tem retraído, faz ainda mais sentido mostrar produtos, conquistar mercado, procurar novas fontes de rendimento.A cerimónia de abertura teve lugar pelas 18 horas à entrada da feira. O presidente da autarquia, Dr. Artur Pimentel, desta vez sem a presença de qualquer representante do poder central, realçou a "presença" de dois grandes amigos: um, o presidente da câmara de Carrazeda de Ansiães, Eugénio de Castro, companheiro de muitas lutas, presente pela última vez na qualidade de presidente de câmara, uma vez que não se vai recandidatar ao lugar; o outro, Jorge Gomes, exonerado à pouco do cargo de Governador Civil do distrito de Bragança, que não pode comparecer. Regozijou-se também com a presença de um grupo de estudantes vindos de Espanha, em intercâmbio com alunos de Vila Flor.
Foi o próprio presidente da edilidade que destacou o Pavilhão n.º1 como sendo o principal da feira, aquele onde se concentram os produtos e os sabores, principalmente o vinho e o azeite. Foi para esse pavilhão que toda a gente se dirigiu.
Praticamente todos os stands estavam abertos, sendo visíveis algumas diferenças em relação a edições anteriores. Pareceu-me haver mais variedade nos produtos expostos mas menos produtos agrícolas, mesmo azeite e vinho. Também há representantes de várias padarias entre as quais os dois fornos tradicionais de Vila Flor que fazem um excelente pão, a par do folar de carne, da bola de azeite, bola sovada e económicos. Também estão representados os maiores industrias do concelho como a Sousacamp e a Sumol+Compal que comercializam as águas Frize.Numa curta conversa com Luís Martins das Frutas S. Pedro (Santa Comba da Vilariça), deu para perceber que a agricultura pode ser uma actividade rentável, produzir ao mais alto nível e vender grandes mercados a bons preços também pode estar ao alcance dos produtores da região.
Quem animou a noite foi Zézé Fernandes. Este nome era totalmente desconhecido para mim, mas fiz uma busca na Internet e consegui ver alguns vídeos das suas actuações. Por isso já fazia alguma ideia do seu género musical e fiquei com boas expectativas. É a música tradicional portuguesa na sua forma mais popular. Desde viras do Minho até algumas incursões no fado, tudo a um ritmo alucinante com as concertinas e o cavaquinho a animarem a malta. Também o Zézé fez de tudo para animar. Saltou do palco, correu por entre as pessoas, provocou as novas e cantou às velhas. Tem uma potente voz, deve-se dizer, e a sua postura é realmente invulgar não se poupando a representações, jogos com as câmaras e a dançar o vira enquanto canta. Quando cheguei, pouco depois das dez da noite, ainda havia pouca gente no recinto, mas o espectáculo foi crescendo e penso que foi uma noite agradável de folclore.

Para os distraídos, há um novo desafio na margem direita do blogue: O que pensa do VII TerraFlor? Podem ser seleccionados vários itens e, mesmo depois de votar é possível alterar a votação valendo sempre a última. Tentei brincar um pouco com a situação é assim que deve ser entendida.

15 julho 2009

Pelos caminhos da serra

Há quase 2 meses que a minha actividade física pelos caminhos do concelho está praticamente parada. Viajar de carro não é a mesma coisa, e, no regresso a casa, há sempre aquela sensação de pouco ter visto. Interessante é viajar a pé ou de bicicleta.
A queda de bicicleta que tive em Abril têm-me levado a descobrir outras coisas, como o sistema de saúde que não existe ou o indiferente atendimento prestado nos hospitais públicos. Não interessa muito falar disso, porque daria um (triste) romance. No Centro de Saúde de Vila Flor fui sempre bem atendido, enquanto andei a fazer curativos ao ombro, o mesmo já não se passou com a médica de família. Depois de esperar um mês e meio pela consulta, quando me atendeu, limitou-se a dizer que o caso não lhe dizia respeito, que consultasse o médico do seguro. Se eu quisesse conselhos jurídicos não ia ao médico! Perece-me que a existência do médico de família pretendia humanizar as relações entre as famílias e os centros de saúde, mas isso não acontece com os médicos que se preocupam demasiado com os seus objectivos estatísticos.
Lamentações à parte, hoje pretendo falar, e mostrar, uma caminhada que realizei no dia 22 do mês passado. Apeteceu-me andar bastante. Algumas horas a ouvir os próprios passos cansa o corpo mas descansa a mente.
Tracei mentalmente o percurso, longo, para durar à volta de seis horas: ir até Samões; descer a Freixiel; passar a serra para o Vieiro; subir a Vilas Boas e regressar a Vila Flor.
Abasteci a mochila com bastante água e alguma fruta e pus-me a caminhar. De início senti algum desânimo, perdi os momentos mais bonitos da Primavera. O que se vê pelos campos é mais um Verão antecipado, com muita, muita falta de água. Aqui, e além, as plantas levam as suas energias ao limite para completarem o ciclo e produzirem as suas sementes.
O caminho é conhecido. Partindo de Vila Flor pela rua do Loureiro atinge-se Samões em poucos minutos entrando na aldeia pela Rua do Cruzeiro, atrás da igreja. Desci ao fundo do povo pela Rua do Salgueiral e segui pelo caminho já tantas vezes percorrido até Freixiel. Os ribeiros estavam secos, os caminhos cheios de pó que mais parecia cinza! Já em Freixiel procurei um bar para me reabastecer de água, mas não antes de mais uma visita à Forca. Estava um calor abrasador. Com a mochila cheia de garrafas de água fresquinha preparei-me para percorrer um troço novo para mim, subir a serra em direcção ao Vieiro. Já estive várias vezes no alto da serra da Feiteira, mas nunca subindo pela vertente virada a Freixiel.
Passei a ribeira da na Ponte do Vieiro. Este nome vem-lhe precisamente por ser a antiga ligação a este lugar, agora praticamente abandonada. Depois de passar o campo de futebol de 11, que não é usado há muito tempo, comecei a compreender a razão porque são poucos os que por aqui passam. A subida é íngreme e esgotante. Valeu-me a sombra de algumas árvores e a água fresca que levava, caso contrário não teria conseguido chegar ao alto da montanha. O caminho pode ser utilizado por tractores ou outros veículos todo o terreno, para bicicleta será um grande desafio. Não é fácil passar dos 340 metros de altitude a mais de 600.
O cansaço não me fez esquecer a razão de estar ali, apreciar a paisagem de Freixiel e e sua evolvente. Não tive coragem de subir ao ponto mais alto, onde se encontra o marco geodésico, mas, mesmo assim, é fantástico tudo o que se avista. São montes e vales cheios de desafios, para outras caminhadas, um nunca acabar de locais interessantes para descobrir.
Do cume a vista alarga-se também para Norte, alcançando outros locais de desafio desde o Faro, o Rio Tua e o olhar perde-se pelo concelho de Mirandela, Macedo quase se conseguindo ver terras de Castela. Mas, mais próximo, quase dormindo de num ninho de giestas e granito está Vieiro. A minha vontade era descer, encosta abaixo, em sua direcção, mas o tempo começava a escassear. Fiz um desvio para Nascente, em direcção à Palhona e à estrada que desce para o Vieiro. Desta forma consegui cortar alguns quilómetros ao percurso e ganhar tempo.
Comecei junto ao enorme cruzeiro que se encontra perto da estrada, um novo troço para mim desconhecido. O objectivo era chegar a Vilas Boas. Não acertei à primeira com o caminho, mas depois de saltar algumas paredes, encontrei finalmente o rumo certo e progredi com facilidade. A certa altura encontrei uma cruz gravada numa pedra. Tenho encontrado vários semelhantes no concelho de Vila Flor e Torre de Moncorvo, mas só dentro das localidades, nas paredes das casas. Despertou-me a curiosidade ver este num local tão descampado. A minha primeira ideia é que tenha algo a ver com o caminho seguido pelos romeiros para o Cabeço. É uma possibilidade. Segui todo o caminho com atenção, mas não consegui encontrar mais nada semelhante.
Eram quase 20 horas quando cheguei a Vilas Boas. Tinha esgotado as minhas reservas de água e de energia. Encontrei um comércio aberto e repus as da água. Lentamente segui pelo caminho que conduz à Fonte de Nossa Senhora. Estavam duas idosas sentadas nos degraus da fonte a repousarem da sua caminhada. Sentei-me junto delas e fiquei a ouvi-las contar recordações de outros tempos, duma época em que a fonte era um dos pontos fulcrais do santuário. A fonte está agora melhor cuidada do que da última vez que ali estive. Incentivado pelas idosas bebi da água milagrosa na esperança que regenerasse as forças para chegar a casa. Já não subi ao santuário. O horizonte já se pintava de ouro quando subi a calçada de granito que nos leva de Vilas Boas. O frontispício da pequena capela parecia ganhar imponência à medida que o sol descia banhando-o com a sua luz cálida.
Guardei a máquina na mochila e concentrei-me no caminho. Já não havia mais luz para fotografias. Junto ao campo de futebol de Vilas Boas encontrei companhia para regressar a Vila Flor. São muitos os que se passeiam de entre Vila Flor e o Barracão, mas alguns chegam mesmo ao Cabeço! Não consegui cumprir todo o percurso que tinha planeado, mas que importa? Foi uma longa tarde de sol.
Percurso:
GPSies - Passeio_Samoes_Freixiel_Vieio_VilasBoas

14 julho 2009

À Descoberta, no Nabo

No Sábado, dia 11, passei algumas horas a descobrir particularidades no Nabo. Pela primeira vez tive tempo para me sentar e conversar com um grupo de pessoas junto à igreja. É outra forma de Descobrir o concelho, que infelizmente não tenho tido oportunidade de utilizar muito.
Quando me vim embora, depois de subir a Rua do Rebentão, parei. Já a sombra do Gavião se estendia tapando algumas casas. Fiz mais uma fotografia, esta que vos mostro hoje.