27 novembro 2010

Peregrinações – Nossa Senhora de Lurdes (Vale Frechoso)

No dia 7 de Novembro levantei-me cedo. Objectivo: mais uma Peregrinação, desta vez a Vale Frechoso, mais concretamente à capela de Nossa Senhora de Lurdes.
Não foi necessário programar muito o trajecto, é um percurso que, com algumas variantes, já fiz várias vezes em BTT. São pouco mais de 18 quilómetros, por montes e vales, apenas pisando alguns metros de estrada alcatroada na passagem por Roios.
O primeiro desafio é muito custoso, mas o fresco da manhã ajudou. Trata-se de subir à serra através da Rua do Caniço. Até para um veículo de todo o terreno é complicado, tal é o declive.
Ainda não tinha perdido o casario da vila de vista e já avistava bonitos medronheiros carregados de frutos maduros. O medronheiro é uma espécie arbustiva bastante curiosa, e nesta época tem frutos coloridos mas também está repleto de flores pequenas e brancas.
Com a extensão que tinha para percorrer, sabia que não me podia descuidar muito, e não desperdiçar tempo foi uma das minhas preocupações nesta caminhada.
Descer para Roios, atrás da Serra, além de ser a descer é um percurso agradável pelo colorido do Outono que já se notava nas cerejeiras, nos castanheiros e até nas videiras, parte delas já podadas. Os arroios, a montante de Roios, já levavam alguma água, mas pouca.
Depois de seguir durante o caminho que sobe a encosta em direcção ao monte onde se encontra o marco geodésico do Maragoto, onde já estive por diversas vezes, larguei-o e segui à direita. Esta é uma das zonas mais agrestes e que conheço no concelho. Há poucos campos agrícolas e as estevas de mais de metro e meio de altura, ocupam uma grande extensão. Alguns dos montes foram limpos para a plantação de floresta. No borda do caminho vi a maior concentração de cogumelos venenosos que já vi na minha vida. Eram imensos e gigantescos. Quase todos eram da espécie Amanita mata-moscas (Amanita moscaria). Embora sem o seu vermelho vivo característico são bastante fáceis de identificar.
Existem nesta zona alguns pinheiros e enormes sobreiros. Talvez por isso, vi o maior bando de pombos bravos que já alguma vez vi na minha vida. Tinha mais de 30 aves! Trata-se do pombo torcaz (Columba palumbus L.), uma vez que o pombo (Columba livia) apenas o vejo com alguma frequência nas rochas ao longo da linha do Tua. Ainda me cruzei com alguns caçadores, mas, parece que eles não tiveram a mesma sorte que eu.
O caminho levou-me ao campo de futebol de onze de Vale Frechoso. Fazia muito frio e, talvez por isso, atravessei toda a aldeia sem encontrar uma pessoa sequer.
Um dos lugares que nunca dispenso de visitar nesta aldeia, até porque tinha de por lá passar, é antiquíssima fonte de mergulho, situada, como é natural, no Largo da Fonte.
A capela de Nossa Senhora de Lurdes está situada à entrada da aldeia, num pequeno promontório, orientada para poente. É uma construção esbelta, recortada no céu, com uma configuração única no concelho. O acesso faz-se directamente da estrada, subindo alguns degraus e plataformas. Nestas plataformas há bonitos desenhos feitos em calçada com seixos, pretos e brancos.
A capela é muito iluminada e tem vidraças que permitem admirar o bonito altar onde se destaca uma imagem de Nossa Senhora de Lurdes.
Em volta da capela há um pequeno adro que, juntamente com o escadório, os jardins laterais e a posição elevada da capela fazem dela um bom miradouro e um local a visitar em qualquer passagem por Vale Frechoso.
Com metade do percurso feito, havia que regressar a Vila Flor. Escolhi um percurso diferente daquele que segui à ida. Junto do ribeiro, mais uma vez o vermelho das folhas do sumagre despertaram a minha atenção. Nesta época do ano a sua cor destaca-se na paisagem em volta de praticamente todos os povoados do concelho, incluindo a vila. Ainda estou para perceber a razão da sua existência tão próximo das populações. Estou em crer que a tinturaria do cabedal não seria a única utilização dada a esta planta.
O tempo refrescou e caíram algumas pingas de água. Na mochila trago um impermeável.
Já próximo de Vila Flor, atrás da serra, vi na borda do caminho uma sancha. Hesitei em a apanhar, mas atrás daquele vi outra e mais outra. Quase sem querer, dei comigo a apanhar duas ou três variedades de cogumelos sem grande trabalho de os procurar. Entusiasmei-me com a recolha e só uma chamada de telemóvel lembrando que já estava atrasado para o almoço que fez fazer rapidamente o resto do caminho até Vila Flor.
Foi uma longa caminhada. O tempo fresco ajudou e os cogumelos que apanhei na parte terminal do percurso, foi um extra que não estava previsto.
GPSies - VFlor_VFrechoso_VFlor

1 comentário:

Transmontana disse...

Olá, Aníbal!
Isso é que é passear!!!
Que lindo conjunto de fotos nos mostra, neste dia de geada branquinha, aqui, por estes lados!!! Aí deve estar na mesma...
Um bom domingo, com muito sol, como nós temos!
Um abraço amigo
Anita