23 novembro 2011

e de repente é noite (XLIV)

Ergue as palmas de um saber feito
de resíduos de inimagináveis séculos
a este séquito de dúvidas.
Mas continua atenta aos queixumes dos choupos,
sinais da tragédia da água
a querer tornar-se seiva.
Sustenta nossas ténues certezas
com os fios do êxtase das rosas.
Não pertencemos àqueles a quem mais damos,
como os frutos silvestres.
Medem-se as oferendas pelos segredos
que revestem, não pelo que, aos sentidos,
em nudez entregam.
Cada coisa tem uma medida que completa,
perto ou longe,
o seu invisível contrário.

Poemas do Dr. João de Sá,  retirada do livro "E de repente é noite". Edição do autor; 2008.
Fotografia: frutos silvestres em carvalhos; Roios.

1 comentário:

Transmontana disse...

Bom dia, Aníbal!

Lindas, a poesia e a foto!
Parabéns e, obrigada pela partilha!

Um abraço que abranja toda a família.
Anita