01 novembro 2012

Douro

Novembro
também chegou
Podia ser outro

É Outono
Chegou - as parras empalideceram
Pálidas rosa avermelhado
O fumo dolente sobe pelos socalcos
Soprando pelas chaminés
Num bafo surdo
De um desabafo qualquer

Mas
As serras estão sempre aqui
Sempre os socalcos
Sempre as vinhas e olivais
As urzes e os carrascos
Carvalhos e arsãs
Sempre as casas de branco
Sem luto
Sem sombra
Sempre o rio

E as gentes

A gente
Sempre a miragem
De um sonho rasgado
Embutido na outra margem
Sempre a nossa terra
ainda província do outro Portugal

Queria adivinhar
Não sei qual dos segredos
Queria chegar
É-me fácil reconhecer as arsãs
Hoje
E todos os amanhãs


Poema de Manuel M. Escovar Triggo, natural do Vieiro, do livro "Acidentais", publicado em 1987 em Coimbra.

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