01 novembro 2012

e de repente é noite (XLIII)

Pousaram nenúfares na água do teu peito.
Estás na outra margem, onde já não há
memória doutras memórias. Aves nocturnas
procuram decifrar o imprevisível
do teu encontro marcado com o tempo
(que tempo? em que lugar?)
para o destruíres ou ele te destruir.
a que agora acontecesse não viria alterar
a sem-razão de tudo isto.
Seriam pequenas coisas. Tudo insignificante
ao lado da grandeza da morte.
Entanto, partilha comigo, ao menos,
o que de infinito ora visionas.
Que veja pelos teus olhos uma nesga
desse algo que me constrói e destrói,
para que me liberte da loucura.

  Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.

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