26 abril 2014

e de repente é noite (XXI)

Havia um poço
de água muito fria
e seus perenes avisos
de obscuridade.
Havia uma bica de bronze
onde pousava a boca
sem ter sede,
só por nela teres bebido.
O dia anunciado
nas fendas da janela.
Fragrâncias matutinas
no voo dos primeiros pombos
a branquear o dia.
E um súbito encantamento
em nossos peitos:
um vulcão de sonhos
mais alto que a manhã.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Albufeira do Peneireiro

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