As reportagens das caminhas/peregrinações estão atrasadas, mas, o verdadeiro prazer está em fazê-las e, felizmente, esse prazer tenho-o sentido quase semanalmente pelos caminhos gelados e encharcados do concelho.
Foi já no longínquo 28 de Novembro de 2010 que eu e o meu companheiro de caminhadas partimos para mais uma peregrinação, desta vez às ruínas da capela de S. Cristóvão, em Vilas Boas.
A manhã está gélida. Quando passámos junto a Samões vinha um vento gelado vale de Freixiel que nos fustigava a cara. Em conversa com um pastor da freguesia investigámos a melhor maneira de chagar a Vilas Boas sem pisar o asfalto. Esse percurso não era desconhecido, mas, questionar sobre o caminho é uma boa forma de meter conserva (que eu aproveito muitas vezes).
À medida que caminhávamos sentíamos o gelo ranger sob os nossos pés. O gelo levantava a terra, formando curiosas formações por debaixo dela. Nunca nas caminhadas anteriores me tinha apercebido de tanto gelo, apesar de estar um sol esplêndido.
Com uma temperatura assim não o melhor é não fazer pausas e caminhar depressa para manter o corpo quente. Passámos perto da pedreira e junto à Quinta do Reboredo. Não demorou muito até chegarmos a Vilas Boas. Como era Domingo, aproveitámos para fazer uma passagem pela igreja matriz que estava aberta. Dentro de pouco tempo ia celebrar-se a missa dominical.
Ao caminharmos pelas ruas de Vilas Boas esbarramos sempre com motivos de interesse, sejam eles capelas, cruzeiros, nichos ou simples recantos cheios de beleza na sua rusticidade.
Encaminhámo-nos pela estrada de Meireles até encontrarmos uma estátua representando S. Cristóvão. É também este o cesso para a queijaria onde se fabrica o tão conhecido Queijo Terrincho.
Uma das razões que nos levou a subir ao monte de S. Cristóvão foi o facto da Junta de Freguesia ter aberto um caminho da queijaria às ruínas da antiga capela. Pelo eco que me chegou há o interesse em recuperar a capela. O local é lindíssimo e as ruínas devem ser antiquíssimas. Há ainda algumas pedras trabalhadas da ombreira da porta. As paredes eram feitas de pedra miúda, em xisto. Notam-se algumas pedras no local onde deve ter sido o altar. Não sei se há intenção de recuperar ou simplesmente arrasar tudo e fazer de novo. Acho que seria interessante uma nova construção integrasse algumas pedras da capela original. Não notei preocupação com a preservação.
Não foi a primeira vez que estive no local, mas, era necessário fazer uma longa caminhada para ali chegar. Com o caminho que agora foi rasgado, chega-se lá em poucos minutos (e algum suor).
A nossa caminhada podia ter terminado por ali, nas ruínas da capela de S. Cristóvão, mas, o desafio de subir ao cimo do morro com o mesmo nome não nos deixou parar. É uma escalada que necessita muito esforço e envolve algum risco. Quem tem fobia às alturas não deve fazer aquele trajecto e muito menos olhar para trás.
Depois de alcançado o cume das rochas tem-se uma das visões mais fantásticas que possível gozar no concelho de Vila Flor.
Sentados nas rochas recuperámos a respiração e comemos o que já é a nossa “merenda” típica, fruta.
Já não tivemos coragem para descer pela escarpa por onde subimos. Isso obrigou-nos a contornar o cabeço pelas traseiras, por ponte e voltar ao caminho. Não é tão assustador mas não é isento de riscos, porque é difícil andar por lugares tão agrestes. As urzes rasgam a roupa e as rochas são duras e afiadas como facas. Só com muito cuidado e bastante tempo voltámos ao caminho.
O regresso a Vilas Boas foi muito rápido. Esperámos que nos fossem buscar de carro, no largo do Cruzeiro de Nossa Senhora do Rosário, um dos pontos mais centrais do povoado.
1 comentário:
Olá, Aníbal!
O passeio, tal como o descreve, foi longo, mas rendeu bons frutos: viu coisas lindas, das quais nos dá conta, com belas fotos!
Obrigada por repartir!
Um abraço
Anita
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