As caminhadas marcaram o 5º ano do Blogue. Com o recomeço de uma nova etapa, achei que devia dar continuidade a estes momentosos inesquecíveis pelos caminhos do concelho, pelo menos até percorrer todas as localidades, freguesias e anexas. Foi com este intuito que programei mais alguns percursos, no seguimento das Peregrinações do ano passado.
O destino escolhido para o dia 24 de Setembro foi as ruínas da capela de S. Domingos, no lugar de Vieiro, freguesia de Freixiel (a capela está a 4km de Freixiel). Fiz a primeira visita a esta capela em 2007, nas primeiras descobertas do concelho. Posteriormente, sempre que passo no local, mais propriamente na estrada do Vieiro, a poucos quilómetros da aldeia, paro o carro e espreito para as ruínas. Por vezes desço alguns metros de encosta admirando-a mais de perto. Ir até à ao local, desde Vila Flor, a pé, foi a primeira vez que que o fiz.
Sinto-me um privilegiado quando percorro os caminhos às primeiras horas da manhã! A luz é fantástica e a paisagem não parece tão seca como poucas horas depois. Com o outono já bastante avançado, o colorido vem sobretudo dos frutos, alguns cultivados, outros selvagens. Muitas vinhas ainda estavam por vindimar, mas as uvas não pareciam tão boas como noutras zonas do concelho.
Aproveitei esta deslocação para visitar outro local onde já não ia há bastante tempo: o marco geodésico do Pessegueiro. Está situado no ponto mais alto (822 metros) acima da pedreira que está situada perto da estrada. Marca o estremo entre as freguesias de Vilas Boas e Freixiel. Neste local agreste, cheio de pó, nesta altura do ano, avista-se uma grande extensão de paisagem, proporcionando uma bela vista de Freixiel e uma grande extensão de terreno do outro lado do Tua, até à linha do horizonte. O local é tão fantástico e tão isolado que um melro azul o escolheu para sua casa. O seu território preferido é mais em Vale Carneiro e Borralho (Samões), mas avistei-os várias vezes nesta caminhada.
Também os fornos dos figos são presença constante nesta zona do concelho. Encontrei alguns, mas é possível que muitos passem despercebidos, tapados pela vegetação espontânea.
No local conhecido pela Palhona há um enorme cruzeiro em granito. É impossível passar por ali sem notar a sua presença. Muitos cruzeiros marcam locais onde morreram pessoas, não sei se é este o caso, mas penso que não, porque tem grandes dimensões. Esta localização também se pode dever à confluência de vários caminhos neste local. Além da estrada atual, a ligação entre Freixiel e Vilas Boas, por caminhos rurais, pode ser feita passando pela Palhona.
A algumas centenas de metros, por um caminho que segue quase paralelo à estrada, ficam situadas as ruínas da capela de S. Domingos. Estão situadas numa zona bastante mais baixa do que a estrada. É esta a razão de muita gente passar no local e poucos se aperceberem da existência das ruínas. Pelo que dizem os "livros", por ali passava a estrada real Porto-Moncorvo. A capela tinha um alpendre e estava sempre aberta, recebendo os viajantes que circulavam nesta estrada. Foi reconstruida ali entre 1744 e 1766. Existe a convicção de que a sua localização primitiva seria no local S. Domingos, onde existe um habitat romanizado.
A capela apresenta alguns elementos barrocos bastante bonitos. É muito pequena e merecia ser recuperada. Se já há muitos anos era um local de alguns assaltos, sou levado a pensar que nos dias de hoje era capaz de não resistir ao vandalismo. Se pensarmos que mesmo o Santuário de Nossa Senhora da Assunção foi assaltado há poucos dias atrás, notamos que estamos numa época sem valores, em que nada, nem ninguém está seguro.
Terminada a minha caminhada, depois de percorridos cerca de 10 km, subi à estrada e esperei pela minha boleia, junto à fonte de 1955 mas que ainda jorra água abundantemente. Aproveitei para me refrescar.
2 comentários:
Bom dia, Aníbal!
O seu trabalho de hoje levou-me ao mais recôndito das minhas memórias de criança, quando ia à "Trás-da-Serra", onde tínhamos uma vinha com figueiras e oliveiras e, indo lá, a capela de S. Domingos era visita obrigatória. Já se encontrava muito degradada, mas não, completamente em ruínas, como deve ser ,agora, o caso. É pena que nunca tenha sido reconstruída, mas, se calhar, seria assaltada, também.
Senti saudades desses tempos de meninice, passados na minha terra natal!
Obrigada pelo que de bom nos traz à memória!!!
Um abraço amigo e beijos a toda a família!
Anita
Olá professor!
que pena ver morrer assim o nosso património...
não há quem lhe deite a mão...
tenham uma boa noite!
Fátima F.R.
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