25 fevereiro 2012
Morreu o Dr João de Sá
XLIX
Andei perdido por caminhos ínvios,
procurando a palavra justa de espuma
para aplacar o ímpeto das torrentes.
Agora, aqui, meu débil discurso engrandece-se
amedrontado de tanta transparência,
próximo da divina perfeição emergindo
do luzente mar do fim dos nossos corpos.
Já não volto a perder-me, nem tu,
seguramente o sei, ninguém se
estrangula numa laranjeira,
ao romper do dia.
Em nenhum tempo regressaremos
animais a merecerem distinções e penas
em artificiosos firmamentos.
Nossos nomes irão deflagrar até se dissiparem
em incisões de névoa.
Ficaremos idênticos ao que éramos
antes de transpormos o pórtico da vida.
Poemas de Dr. João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: João de Sá (30-11-2008)
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