12 setembro 2008

em Vilarinho das Azenhas

No Domingo passado (dia 7), o passeio aconteceu em Vilarinho das Azenhas. O objectivo era participar na festa, no santuário de Nª Senhora dos Remédios.

Foi um passeio familiar, ao início da tarde. Já todos conheciam Vilarinho das Azenhas, mas nunca tinham subido ao morro onde se situa o santuário. São 398 metros de altitude, nada que se compare com a imponência do Faro, mas, mesmo assim, posso afirmar que é um excelente miradouro. Quando subi ao santuário pela primeira vez, em Janeiro de 2007, imaginei a procissão ao longo do percurso, desde a aldeia, até à pequena capela no topo do monte. Este ano quis ver com os meus próprios olhos.
Quando descia, de carro, em direcção ao Vilarinho, pensei ter-me enganado no dia. A Agenda Cultural, de Vila Flor anunciava a festa de Nossa Senhora dos Remédios, no seu santuário! Não havia movimento, não se via ninguém. Arrisquei seguir de carro até ao santuário. O caminho não está mau, mesmo para um carro ligeiro.
Junto à capela estavam três mulheres que esperavam que alguém chegasse com a chave, para colocarem flores no altar de Nossa Senhora. Fiquei a saber que a missa e a procissão tinham acontecido de manhã, na aldeia, e que não haveria procissão até ao santuário.Decidimos esperar também.

Mesmo com calor, o lugar remete para a introspecção. A visão que se tem de toda a cordilheira coroada pelo Faro é algo de esmagador, faz-nos sentir pequenos. Os monstros rochosos cativam o nosso olhar e assustam-nos, forçando-nos a tentarmos a fuga, rio abaixo, planando sobre a calma do rio amansado por azenhas, onde as rodas já não se ouvem. Da pequena aldeia, a nossos pés, só chegava paz. Nem o estrondo dos foguetes, nem a marcha da banda, nem o ladrar dos cães ou o cacarejar das galinhas. Dos açudes do rio não chegava nenhum som ao santuário. Apenas o reflexo do sol, que não conseguia penetrar nas águas, se multiplicava e subia à montanha, fazendo-nos semicerrar os olhos, não nos deixando ver além da Ribeirinha.
Procurámos a sombra da capela, encostados a uma parede que algum pagão não se importou de manchar, com promessas de amor.

Por fim chegou a chave. Entrámos todos na pequena capela. O interior é muito sóbrio. Destacam-se três altares, com aspecto de terem sido recuperados, possivelmente da igreja. Apenas o central estava ocupado pela imagem de Nossa Senhora dos Remédios. Quer a imagem, quer os altares (e também um púlpito), apresentam um aspecto impecável, fruto de um restauro recente.
Mantive-me afastado, deixando as pessoas fazer as suas orações a que se seguiu o trabalho de decoração da capela. Foram colocados vários arranjos de flores brancas, retiradas dos andores. Esta foi a homenagem possível, no santuário que parece mais distante, numa aldeia que tem pouca gente e onde a fé se alimenta cada vez mais à superfície.
Três carros deixaram o local. Nossa Senhora gozou, durante uma hora, da nossa companhia e ficou na capela perfumada, aquecida pelo sol da tarde, que, por pouco, não derruba a porta, com a vontade de beijar o altar.

Descemos à aldeia, passámos pela igreja e seguimos para o rio. Não imagino ir ao Vilarinho sem fazer uma visita ao rio. As frondosas árvores ostentam os seus frutos. Prestes a terminarem mais uma etapa, bebem a luz do sol, preparando-se para largarem as suas folhas, embaladas rio abaixo, nas águas ainda livres de barragens.
A Linha parecia triste. Abandonada, estendia os seus braços que quase abraçam o céu, num silêncio de enterro. Estará a linha destinada a receber algumas flores apenas em momentos de festa?

1 comentário:

Anónimo disse...

Mesmo sem festa, a descrição é maravilhosa e os postais muito bonitos!!! Continue, Aníbal...
Cumprimentos
Anita