Hoje, ao cair da noite, resolvi dar um passeio por Vila Flor par admirar a iluminação de Natal. Saí a pé, passando pelo Largo do 7.º Centenário que já repousava numa tranquilidade profunda. As folhas, quais lágrimas de Outono, jaziam espalhadas pelo chão, iluminadas pela luz difusa dos candeeiros, que lhe evidenciavam os seus tons adocicados.
Ao entrar na Av. Marechal Carmona situei-me literalmente no meio da rua. Esperava encontrar uma bonita visão, com a alameda de castanheiros da índia cheios de pequenas luzes, como pequenas estrelas no firmamento. A primeira sensação foi de algum incómodo, decidi aproximar-me mais procurando zonas mais povoadas pelas pequenas luzes. As palmeiras existentes estão iluminadas com potentes lâmpadas verdes e vermelhas! O vermelho, eu percebo, é a cor mais adequada para aquecer os pardais que acotovelam na ramagem procurando 0 calor e um lugar cómodo para dormir. Mas, e o verde? Foi então que me lembrei daqueles CD’s de música pimba que se vendem nas feiras que exibem sempre na capa manchas de verde e vermelho, apelando a um nacionalismo cada vez mais resignado.
Segui até à Câmara Municipal. O edifício está muito sóbrio, e ainda bem, porque já está bastante iluminado o resto do ano e o efeito é bastante agradável. Os Doutores Trigo Vaz e Francisco Guerra também “estavam verdes”, com um foco a iluminá-los por baixo, dando-lhe um ar bastante fantasmagórico. O belo conjunto de árvores, paraíso dos verdelhões, onde se inicia a Rua Doutor Oliveira Salazar, não estava verde, estava roxo! Bela iluminação para o dia das bruxas. Cria um ambiente frio, muito a jeito dos filmes de terror.
Cheguei à Praça da República, praça central de Vila Flor, de casas solarengas, cheia de tílias à espera de decoração. Percebi de repente do onde tinham vindo os focos verdes, vermelhos, roxos e azuis, vinham da fonte luminosas! A coitada, lançava milhares de lágrimas ao ar, inconsolável, despojada de toda a cor, de todo o brilho. Reconhecida pela minha pena, lançou um jacto mais alto, como grito desesperado fruto do desprezo. Outrora, há uma década atrás, a fonte era o ponto mais luminoso da Praça da República. O jogo de repuxos combinado com o de luzes, criava um bailado tão harmonioso e fascinante que hipnotizada quem por ali passava. Os carros paravam na estrada para a admirar! E eu, todas as noites descia da Rua 25 de Abril, onde morava, até à velha praça, só para completar o quadro mágico. Apenas faltava o som suave de violinos, talvez Vivaldi, ou quem sabe uns acordes mágicos de piano, de Chopin. Coitada da fonte… quando tudo à volta se veste de cor e luz, deixam-na abandonada, como viúva que já viveu e que deixou de ter direito ao sonho. Entristecido, deixei a apagada fonte. No dia seguinte, ao fim da tarde, quando a luz do sol lhe dá algum brilho, ela rejubila de alegria, com dezenas de crianças correndo em seu redor, esperando a hora em que os transportes escolares as levem a casa.
Entre a Casa Africana e da velha casa dos Corte Real, olhei a igreja. Também ela derramava algumas lágrimas azuis, em cachoeira, talvez solidária com a fonte, que avista com os seus olhos situados no alto das torres sineiras. Completava o quadro uma mulher com uma criança ao tiracolo que saída da farmácia, comprando alguns medicamentos para fazer face a alguma emergência. Gripe? Varicela? Por cima do ombro da mãe, com os seus caracóis a cair em cascata como a iluminação da igreja, lançou-me um sorriso que iluminou a rua até ao busto de Raul de Sá Correia, em frente ao museu.
Já era tarde, resolvi voltar a casa. Pelo caminho de regresso, reparei que o jardim na Rua de Santa Luzia foi poupado à iluminação. No topo da alvore mais alta, marca presença uma estrela, capaz de envergonhar o próprio Sol. Ao passar de novo no Largo do 7.º Centenário, este pareceu-me mais bonito. Por favor não coloquem aqui iluminação. Gosto muito de luz, de cor, mas o que é demais é… falta de gosto. Não me refiro às pequenas lâmpadas brancas (capazes de fazer efeitos muito mais belos do que os conseguidos), mas sim da iluminação fixa, com focos de todas as cores, folclórica, exagerada, própria de quem quer impressionar a qualquer custo. Um dia destes vamos encontrar os belos candeeiros que povoam o centro da vila, com uma lâmpada de cada cor! Numa vila que quer apostar na sua imagem de história e na qualidade dos produtos que a terra dá, os exageros ficam mal e já nos basta o Centro Cultural.
Fica para depois um passeio ao Rossio, mais tarde, quando já tiver recuperado deste choque luminoso.
Ao entrar na Av. Marechal Carmona situei-me literalmente no meio da rua. Esperava encontrar uma bonita visão, com a alameda de castanheiros da índia cheios de pequenas luzes, como pequenas estrelas no firmamento. A primeira sensação foi de algum incómodo, decidi aproximar-me mais procurando zonas mais povoadas pelas pequenas luzes. As palmeiras existentes estão iluminadas com potentes lâmpadas verdes e vermelhas! O vermelho, eu percebo, é a cor mais adequada para aquecer os pardais que acotovelam na ramagem procurando 0 calor e um lugar cómodo para dormir. Mas, e o verde? Foi então que me lembrei daqueles CD’s de música pimba que se vendem nas feiras que exibem sempre na capa manchas de verde e vermelho, apelando a um nacionalismo cada vez mais resignado.
Segui até à Câmara Municipal. O edifício está muito sóbrio, e ainda bem, porque já está bastante iluminado o resto do ano e o efeito é bastante agradável. Os Doutores Trigo Vaz e Francisco Guerra também “estavam verdes”, com um foco a iluminá-los por baixo, dando-lhe um ar bastante fantasmagórico. O belo conjunto de árvores, paraíso dos verdelhões, onde se inicia a Rua Doutor Oliveira Salazar, não estava verde, estava roxo! Bela iluminação para o dia das bruxas. Cria um ambiente frio, muito a jeito dos filmes de terror.
Cheguei à Praça da República, praça central de Vila Flor, de casas solarengas, cheia de tílias à espera de decoração. Percebi de repente do onde tinham vindo os focos verdes, vermelhos, roxos e azuis, vinham da fonte luminosas! A coitada, lançava milhares de lágrimas ao ar, inconsolável, despojada de toda a cor, de todo o brilho. Reconhecida pela minha pena, lançou um jacto mais alto, como grito desesperado fruto do desprezo. Outrora, há uma década atrás, a fonte era o ponto mais luminoso da Praça da República. O jogo de repuxos combinado com o de luzes, criava um bailado tão harmonioso e fascinante que hipnotizada quem por ali passava. Os carros paravam na estrada para a admirar! E eu, todas as noites descia da Rua 25 de Abril, onde morava, até à velha praça, só para completar o quadro mágico. Apenas faltava o som suave de violinos, talvez Vivaldi, ou quem sabe uns acordes mágicos de piano, de Chopin. Coitada da fonte… quando tudo à volta se veste de cor e luz, deixam-na abandonada, como viúva que já viveu e que deixou de ter direito ao sonho. Entristecido, deixei a apagada fonte. No dia seguinte, ao fim da tarde, quando a luz do sol lhe dá algum brilho, ela rejubila de alegria, com dezenas de crianças correndo em seu redor, esperando a hora em que os transportes escolares as levem a casa.
Entre a Casa Africana e da velha casa dos Corte Real, olhei a igreja. Também ela derramava algumas lágrimas azuis, em cachoeira, talvez solidária com a fonte, que avista com os seus olhos situados no alto das torres sineiras. Completava o quadro uma mulher com uma criança ao tiracolo que saída da farmácia, comprando alguns medicamentos para fazer face a alguma emergência. Gripe? Varicela? Por cima do ombro da mãe, com os seus caracóis a cair em cascata como a iluminação da igreja, lançou-me um sorriso que iluminou a rua até ao busto de Raul de Sá Correia, em frente ao museu.
Já era tarde, resolvi voltar a casa. Pelo caminho de regresso, reparei que o jardim na Rua de Santa Luzia foi poupado à iluminação. No topo da alvore mais alta, marca presença uma estrela, capaz de envergonhar o próprio Sol. Ao passar de novo no Largo do 7.º Centenário, este pareceu-me mais bonito. Por favor não coloquem aqui iluminação. Gosto muito de luz, de cor, mas o que é demais é… falta de gosto. Não me refiro às pequenas lâmpadas brancas (capazes de fazer efeitos muito mais belos do que os conseguidos), mas sim da iluminação fixa, com focos de todas as cores, folclórica, exagerada, própria de quem quer impressionar a qualquer custo. Um dia destes vamos encontrar os belos candeeiros que povoam o centro da vila, com uma lâmpada de cada cor! Numa vila que quer apostar na sua imagem de história e na qualidade dos produtos que a terra dá, os exageros ficam mal e já nos basta o Centro Cultural.
Fica para depois um passeio ao Rossio, mais tarde, quando já tiver recuperado deste choque luminoso.
1 comentário:
Olá
Mas que fonte inspiradora!Beeeeeeeeem!!!!!
Se releio é porque gosto; se gosto é porque me faz bem aquilo que leio...
Obrigada! Parabéns!
Abraço da
Esmeralda
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