13 abril 2008

No Cabeço de Santa Cruz em Lodões


Ontem foi dia de partir À Descoberta. Tinha muita vontade de continuar a minha caminhada pela Linha do Tua, mas o acidente desta semana estragou-me os planos. Vamos esperar as composições voltem a circular entre Mirandela e o Tua para continuar essa aventura.
A ideia do percurso de hoje chegou de França, do sr. Guilherme, emigrante de Lodões. Já há algum tempo que me vinha lembrando da existência de vestígios arqueológicos num cabeço perto de Lodões, conhecido como Cabeço da Santa Cruz, mas cujo nome é Cabeço de S. Pedro.
Já passei muitas vezes perto do Cabeço do Pereiro mas levava sempre outros destinos. Também nas muitas vezes que passo em Sampaio, via a cruz, em cima do morro e aumentava a minha curiosidade.
O dia estava muito pouco convidativo para passeios. Havia muitas nuvens e a chuva fez várias aparições durante a manhã. A meio da tarde clareou um pouco e pareceu-me que poderia ser possível fazer uma visita ao Cabeço de S. Pedro. Convenci o meu filho Rafael a acompanhar-me.
Deixámos o carro na estrada entre Roios e Lodões ali perto do caminho que dá acesso à Quinta de Vale de Cal e continuámos a pé. Há ali 3 cabeços sendo o Cabeço do Pereiro o mais alto (368 metros) e o de melhor acesso. O som da água na Ribeira de Roios a bater nas rochas fez diferença na escolha do percurso. Descemos por um caminho que segue em direcção a Sampaio acompanhando a ribeira de perto, situado entre esta e os três cabeços. Infelizmente também ao longo deste caminho há bastante lixo e ferro velho despejado ao acaso. Já nos encontrávamos a sul do último cabeço quando compreendemos que tínhamos que abandonar o caminho e seguir pelo monte.
O cabeço mais a Sul tem 319 metros de altitude. O acesso pela vertente Sul é muito difícil. É pena ter tão difícil acesso, dava um bom local para treino de escalada! Depois de alguma dificuldade na progressão devido ao mato conseguimos por fim chegar ao topo. Daí conseguimos ver com clareza o Cabeço de S. Pedro, também ele de acesso difícil e com 355 metros de altitude. Aproximámo-nos também pelo Sul, com uma bela visão, mas tivemos que ladear o cabeço para lhe termos acesso pelo Norte.

Foi precisamente no acesso por Norte que encontrámos os primeiros vestígios arqueológicos. Neste cabeço existiu um povoado fortificado, que se prolongou na idade do ferro até ao período do domínio romano. Praticamente inacessível por Este, Sul e Oeste, na vertente Norte do cabeço existiu uma linha defensiva feita de pedras miúda quartzítica. No interior deste linha defensiva os espaços existentes são muito irregulares e encontram-se cobertos por mato denso. Por mais que tentasse procurar alguma ordem não consegui. Encontrei pedaços de argila alguns de vasilhas.
A quantidade de pedra existente na zona mais alta parece sugerir a existência de alguma espécie de torre de vigia, como devem ter existido muitas outras ao longo dos montes que ladeiam o vale.
No alto do cabeço está cravada uma enorme cruz de madeira. Há vestígios de ali ter existido alguma estrutura em ferro talvez uma cruz com um gradeamento de ferro a rodeá-la, mas não se percebe com clareza. Ainda procurei vestígios de alguma cruz em pedra que tivesse sido tombada, mas não encontrei nada. A explicação o topónimo Cabeço de Santa Cruz parece evidente, não sei se há algo mais do que a existência de uma enorme cruz, naquele lugar há pelo menos muitas décadas.
A luz do dia ia diminuindo. Lá no alto, nas Portas do Sol, era onde hoje ele se recolhia e não onde nascia, como o habitual. Já não tivemos tempo de subir ao cabeço mais alto. Regressámos ao automóvel e depois à estrada, de regresso a Vila Flor.

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