
Quando voltei a casa continuei a pensar naquele “caixote de madeira” e no dia 19 voltei ao museu. Procurei por todos os lados alguma referência que me desse indicação da marca, do modelo, da ano de fabrico, mas não encontrei nada. A caixa tem da largura 17 cm e de altura 24 cm. Depois de aberto um pequeno fecho que tem no lado direito, a traseira mexeu-se. No interior da pequena caixa estava um fole com 35 cm de comprimento. O lado esquerdo da câmara é a base da mesma, que serve de suporte para o fole se poder alongar e permitir a fotografia. Quando o fole recolhe, a base desliza para a traseira da máquina completando a pequena caixa de madeira, que assim podia ser transportada com facilidade.
O suporte para a fotografia não era o filme mas sim uma placa fotográfica, para uma única fotografia. Seria interessante saber o ano de fabrico desta curiosa câmara!
As primeiras câmaras fotográficas não tinham fole, baseavam-se num princípio ainda mais simples: duas caixas de madeira que deslizavam uma sobre a outra, permitindo a focagem.
O fole só foi introduzido depois de 1882. Foi também no fim da década de 80 que começaram a surgir os primeiros obturadores de diafragma, de forma a limitarem a quantidade de luz que passava pela objectiva. Esta câmara tem uma solução curiosa: trata-se de um disco metálico com 3 orifícios de diâmetros variáveis. Fazendo rodar o disco, coloca-se o orifício pretendido no interior da objectiva, funcionando de forma bastante semelhante do do diafragma das câmaras actuais. Esta câmara também já tem obturador, sobe a forma de uma cortina de tecido, colocada entre o diafragma e a placa sensível. Não consegui descobrir qual era a sua velocidade de obturação ou se a mesma era regulável. Este funcionamento é mais moderno do que o usado ainda nas câmaras de alguns fotógrafos que existem em certos locais históricos, que tiram a tampa da objectiva, contam determinados “segundos”, e voltam a colocar a tampa da objectiva manualmente, para interromper a entrada da luz!Não consegui saber o ano do fabrico da câmara. Inclino-me para que seja anterior a 1900, uma vez que em neste ano já a Kodak comercializada uma máquina que utilizava rolo, com capacidade para 100 fotografias, que revolucionou a história da fotografia.
Noutras ocasiões falarei de mais câmaras fotográficas antigas que existem no museu.
3 comentários:
Excelente trabalho de investigação e documentação museográfica. Estou certo que a "coca-bichice" do Aníbal o levará a descobrir ainda mais sobre esta bela peça, ou, no mínimo, sobre este tipo de "caixotes" fotográficos, verdadeiros tetetravós da nossa tecnologia digital....
Eu realmente adorei a foto do caixote fotográfico achei ele lindo, uma verdadeira relíquia (se podemos dizer assim).A verdadeira beleza da antiguidade indiscritível... mas você já parou pra pensar como é engraçado o fato que uma câmera tirou foto de outra câmera!?!
queria informar que tenho uma Máquina igual a essa não ademira como bisnéto de um fotografo concentuado como foi meu visavô Eduardo Correia, medalhado com ouro e prata em exposições em Lisboa Paris Viena etc. em 1925 e eu tenho uma foto onde está ele com uma máquina igual a essa,por isso penso que será do fim do sec.XIX inicio do sec.XX
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