03 outubro 2010
Peregrinações - Nossa Senhora do Castanheiro (Valtorno)
A caminhada do dia 26 de Setembro de 2010, integrada na série “Peregrinações” levou-nos por terras de Carvalho de Egas , Valtorno e Seixo de Manhoses. O destino final foi a igreja de Nossa Senhora do Castanheiro, em Valtorno.
A manhã mostrou-se fresca e com uma luminosidade notável, logo à partida de Vila Flor. O caminho seguido foi sensivelmente o mesmo na caminhada ao Santuário de Santa Cecília. Com as obras da nova estrada, é cada vez mais difícil passar em certos locais, mas, como ao fim-de-semana não há máquinas em movimento, não tem havido grandes problemas.
Na barragem Camilo Mendonça havia já algumas pessoas a fazerem a sua ginástica matinal, sobre o olhar atento de uma garça-real, que procurava o seu pequeno-almoço. Fizemos um passeio pelo mini-zoo que se apresenta bastante povoado, pelo menos no que toca a aves. Pode ser que, um dia destes, aqui mostre um pouco do que aí pode ser visto.
Depois de passarmos o Concieiro, continuámos na mesma direcção entre as freguesias de Valtorno e Seixo de Manhoses. Este caminho vai terminar junto à igreja que pretendíamos visitar, mas não íamos segui-lo até ao fim.
Deixámos a crista da montanha a 700 metros de altitude e descemos em direcção a uma das curiosidades mais destacáveis de Valtorno, a fonte arcada conhecida pelo curioso nome de Paijoana. É uma fonte medieval, em arco, de que já fiz eco em várias anteriores visitas a Valtorno. Esta fonte inspira uma das mais curiosas lendas do concelho, como quase sempre, à volta de uma moura encantada. Estou sempre à espera da noite de S. João para visitar a fonte. Quem sabe não me toca a mim a manta de ouro que a dita moura tece num tear de marfim! Mas quando chega o dia de S. João, esqueço-me.
A localização desta fonte não é alheia à existência, logo atrás dela, de vestígios de um povoamento bastante antigo, de certeza mais antigo do que a fonte. Numa extensão bastante grande há vestígios de muralhas e de habitações. É o Cabeço Murado, ou como o povo diz, Cabeça Murada.
Quando nos dirigíamos para a Capela N.ª Senhora da Luz, no centro da aldeia passámos junto a uma estrutura da freguesia bastante interessante. Trata-se de um parque infantil, tendo ao lado uma área para assadores, mesas e casas de banho, que permitem a realização de convívios e confraternizações. Tudo numa zona muito aprazível e vedada. São espaços assim que são bem-vindos em qualquer freguesia.
A visita à capela de Nossa Senhora da Luz deixou o meu companheiro de viagem bastante chocado. Não compreendia como se pode chegar a tal abandono, quando o património histórico e religioso das nossas aldeias nem é assim tão abundante. Sentimentos semelhantes senti eu, na primeira vez que a visitei.
Descemos em direcção à capela do Santíssimo, onde se celebrava a Eucaristia. Teria sido interessante visitar o seu interior, mas será uma tarefa a realizar no futuro. Já poucos metros nos separavam da igreja de nossa Senhora do Castanheiro, que se ergue num outeiro a sudoeste da povoação.
A designação da igreja, Nossa Senhora do Castanheiro, deriva de mais uma lenda que dá contada da aparição de Nossa Senhora entre as pernadas de um velho e enorme castanheiro que, completamente desgastado pelo tempo, se apresenta ainda imponente, mesmo sem qualquer sinal de vida. A morte total é recente, uma vez que me recordo de ainda lhe ver algumas folhas verdes. A seu lado cresce um novo castanheiro, que, com o tempo se tornará grande e continuará a ser aquele onde apareceu nossa senhora, por mais alguns séculos.
A igreja também é digna de referência. Construída a algumas centenas de metros do povoado, deve ter sofrido ampliações e alterações ao longo dos séculos. Talvez a sua origem esteja numa capela românica do séc. XIII mas o o grosso do que a constitui actualmente é atribuído ao séc. XVIII. O seu portal românico é, sem dúvida, o elemento arquitectónico de maior valor e que mais chama a atenção, com um arco de volta inteira. Não foi possível entrar no seu interior, mas já aí estive por várias vezes.
Depois de atingido o objectivo, podíamos regressar por um caminho bastante rápido, passando novamente pelo Concieiro, mas, para tornar a caminhada mais agradável, seguimos pelo caminho dos moinhos que desce em direcção à Barragem de Valtorno-Mourão. Embora o época do ano não seja a mais propícia, este percurso é muito agradável. Mais agradável se tornaria se houvesse tempo para explorar as ruínas dos diferentes moinhos que vão aparecendo ao longo do ribeiro.
A certa altura começa a ver-se a barragem. Ganha uma tonalidade de azul interessante, vista do alto. Aos Domingos, e ao final das tardes, há sempre alguns pescadores a tentarem a sua sorte.
Quando chegámos ao cruzeiro, lugar onde se encontram muitos caminhos, seguimos aquele que nos levaria mais rapidamente ao Seixo, onde chegámos perto da uma da tarde. Satisfeitos com o percurso feito e para não chegarmos muito tarde a casa, telefonámos para nos irem buscar. Percorremos perto de 15 quilómetros a pé; o percurso foi muito interessante; já merecíamos o almoço.
Percurso realizado:
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