Ai que tristeza me traz
O vento da minha terra!
Tear que faz e desfaz
Um palmo de céu e serra,
Ora com frios de paz...
Ora com tramos de guerra...
Traz-me notícias de amigos
Que no caminho ficaram,
Deixando já de se ver!
E de outros que vão morrendo,
Definhando, esmorecendo,
Na ilusão de crescer,
Só porque nunca sonharam!
Dos mortos fica a saudade,
Mágoa dos desaparecidos
Aos que ainda têm idade
Mas que de si mesmo esquecidos,
Lembremos, por lealdade,
Que os sonhos desmedidos
São a única verdade.
Ai vento de Vila Flor,
Traz-me novas de alegria,
Bem preciso de calor,
Que a noite vai longa e fria.
Não me fales mais de dor,
Mas da manhã que anuncia
Um novo espaço de amor.
Já o vento sossegou,
E minha terra magoada
Foi uma luz que esfriou
Mal chegou a madrugada.
Há quem a queira esquecida.
Há quem a queira negada.
Querem-na outros erguida,
Divulgada, engrandecida,
Como mulher recatada
Mas por todos possuída!
Poema de João de Sá do livro Vila À Flor dos Montes (2008).
Fotografias: Capelinhas e Cerejeiras junto à Quinta da Pereira, em Vila Flor.
1 comentário:
Bom dia, Aníbal!
Cá estou, de novo, para comentar o lindo poema de João de Sá, dedicado à sua e nossa terra: Vila Flor! Gostei muito! É a saudade de quem está longe da sua terra!
A foto também é muito linda!
Parabéns por tudo e, obrigada por partilhar!
Tenha um bom dia!
Anita
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