23 fevereiro 2013

e de repente é noite (IX)

Demoro-me sob as romãzeiras,
viajante aturdido,
como quem espera que o tempo
se cumpra
para o nascimento de uma vida.
Onde mais permanecemos mais somos,
sabemo-lo dos círculos brancos
dos pastores
no ermo das montanhas.
É esta a verdade que esfolho
sobre um cativeiro de fragmentos
de coração, quando este
se partilhava
por uma demora de invernos
e uma impaciência de dedos
na relva de um paraíso prometido.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: tronco de oliveira centenária, em Freixiel.

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