Levantei voo à hora em que as estrelas
Emergiam do escrutínio da lonjura...
Não medi, nem distâncias, nem altura,
Todo eu era olhar, a recebê-las.
Em mim brotou o êxtase de vê-las,
De sentir, bem cá dentro, a tessitura
Dessas gotas de água alada e pura,
Movido pelo medo de perdê-las.
Vi-me vogar numa amplitude de opalas
De secreto fulgor, quase a tocá-las,
Fendendo o insondável do seu véu.
Mas para além, havia outros espaços,
Das minhas asas só ficaram braços,
E, do meu voo... só restou o céu!
Poema de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.
João Baptista de Sá, nasceu em Vila Flor, a 7 de Novembro de 1928.
Faleceu a 23 de Fevereiro de 2012.
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