24 maio 2007

Deixem-me andar até ao fim da tarde


Serra

Deixem-me andar até ao fim da tarde,
Ébrio de longes, percorrendo os cimos.
Que ninguém me imponha os seus destinos.
Possa beber no gricho que me agrade.

Minha sede só em meu peito arde,
Não se compraz com o afastar dos limos.
Há fontes que a nós compete abrirmos,
Antes que a água tolde ou se retarde.

Podem tirar-me tudo, menos isto:
Subir a cumes de granito e xisto,
Na ânsia ardente de me ultrapassar.

A Serra, em mim, a difundir vertigem.
E esta dor que os outros não atingem,
De avistar Deus sem Lhe poder falar!

Poema de João de Sá. "Flores para Vila Flor", 1996.
A fotografia foi tirada dia 13 de Maio, perto de Vale Frechoso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá
Liiiiiiiiiiiiindo!!! Boa!! Virado pr'á poesia. Gosto.
E quem aqui se revê? Anh??!!
(ando com muito pouco tempo para comentar, o que tanto há para comentar... e se deve comentar... porque defendo que a melhor forma de mostrar que gostamos e de agradecermos é, COMENTARMOS...
Abraço
Esmeralda