No dia 30 de Abril, parti À Descoberta da Trindade. Ainda são bastantes quilómetros que separam a trindade de Vila Flor, mas, depois de ter superado a prova da meia maratona em BTT no dia 22 de Abril, os quilómetros não me assustam muito. Tenho mais receio de ter problemas na bicicleta.
Tinha percorrido cerca de 3 quilómetros, quando começaram a cair as primeiras gotas. Olhei para o alto da colina dos Folgares e deduzi que a coisa não estava para brincadeiras. Deixei a bicicleta na beira da estrada e corri a procurar abrigo, junto de um idoso de Samões, numa pequena cabana, num terreno próximo. À chuva seguiu-se granizo em quantidade, depois, o céu ficou com boas abertas o que me abriu também boas perspectivas.
As valetas estão como jardins! Flores de todas as cores e formas, desafiam a objectiva e os conhecimentos de qualquer aprendiz em botânica.
À medida que ia avançando, tornou-se mais frequente o manto amarelo das maias (Cytisus scoparius). É muito interessante verificar como num concelho tão pequeno existe tanto contraste em termos de flora!
Estava a admirar a beleza do vale do Tua, quando olhei em direcção à Senhora da Assunção. As nuvens que se aproximavam, eram assustadora. Hesitei entre continuar, ou em refugiar-me em Vale Frechoso, que estava próximo. Optei por continuar. Tive sorte. Pude observar do alto, como a chuva se despenhou sobre Vila Flor, continuando pelo Vale da Vilariça, por vezes acompanhado de trovões.
Cheguei à Trindade sem grandes contratempos. Já ali tinha estado nos meus percursos por 3 ou 4 vezes. A aldeia é pequena, mesmo muito pequena. Rapidamente percorri todas as ruas voltando sempre ao ponto inicial, a igreja. Foi mesmo a principal razão porque fui à Trindade, mas, por mais que procurasse, não consegui que ninguém me abrisse a porta, para a poder visitar. Fiquei nas redondezas mais de duas horas, até que desisti.
Comecei a descer para Valbom quando encontrei um caminho que sobe para o cemitério da Trindade. Meti por ele e fiquei fascinado com a beleza da vegetação. Passei o cemitério e continuei a subir, procurando um ponto de onde pudesse ver o vale. De repente começou a chover e a trovejar. Assustei-me a sério. Temi pela máquina fotográfica que ainda não se refez do pó da Vilariça e já estava a “tomar banho”. Não tive coragem de procurar abrigo nos grandes sobreiros que por ali há. Alguns deles apresentam as típicas marcas de terem sido rasgados pela lâmina afiada das faíscas. Estava encharcado quando cheguei a Valbom. A chuva parou dando-me tempo para visitar um lagar de azeite, recuperado, e para falar com alguns habitantes.
Já tarde, parti em direcção a Santa Comba. Já não havia tempo nem luz para mais fotografias.
Depois de Lodões, subi a Roios. A escuridão nos céus voltou, já não podia esperar que a tormenta passasse. Cansado e molhado, cheguei a casa ao cair da noite. O saldo do passeio foi muito positivo. Não visitei a igreja da Trindade mas apanhei um banho do verdadeiro templo, a Natureza.
Quilómetros percorridos neste percurso: 45
Total de quilómetros de bicicleta: 983
Total de fotografias: 20 272
3 comentários:
Já há uns 15 dias que não espreitava a tua página, a ver o que escreves e as fotos que ilustram os textos.
Vejo que nada mudou, isto é, continuas imparável, diariamente a escrever e a colocar fotos que falam de ti.
Desta vez deu-me para rir com a descrição da tua molhadela por causa de querers fotografar a igreja de uma terreola. Isso é que é persistência!
Até um próximo comentário!
P.S.Eras capaz de gostar de ir de Chaves a Santiago de Compostela em bicicleta?
Viva Euroluso
É com gosto que te vemos por cá.
A igreja da Trindade é intrigante para mim. Uma aldeia tão pequena não justifica aquela igreja, então porque foi construída?
Adorava ir a Santiago de bicicleta ou a pé (eu próprio me defini como amante da aventura). A questão é que todos os dias têm só 24 horas...
Um abraço
A trindade é uma aldeia muito bonita.
As fotos estão boas!
E os comentários também.
Foi lá que a minha mãe nasceu.
Gonçalo (8 anos).
Enviar um comentário