23 janeiro 2012

e de repente é noite (IV)

Por onde caminhamos é o dia.
Na cabeça, a fala das coisas,
sem sabermos dos fios que a ligam
à sonolência da alma.
Rasga-se um postigo no infinito, e, de lá, a paz da tarde
contempla-nos no dócil ensombro
do esquecimento das avencas
no fundo da mina.
Adestramo-nos no manual das nuvens,
para uma hipótese de salvação.
E molda-se-nos à concha das mãos
tudo o que transbordou da corola das horas
por excesso de luz ou de sentido.

Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Vila Flor (21-01-2012)

1 comentário:

Transmontana disse...

Linda foto, para ilustrar um belo poema!
Parabéns, e... continue porque a gente está cá, para ver e apreciar!

Beijinhos para todos.
Anita