Quando em Setembro de 2011 fiz o balanço do 5.ºano À Descoberta do Concelho de Vila Flor, deixei no ar a promessa de completar a volta por todas as aldeias do concelho, com pelo menos uma Peregrinação.
Depois disso não fui dando muitas notícias, mas, na verdade, as caminhadas nunca pararam. Certo é que houve uma diminuição na sua frequência, quer motivada pelo facto de aos Domingos ser dia de caça, o que causa alguns constrangimentos, quer pelas condições atmosféricas, mesmo não havendo muita chuva, o nevoeiro é um forte condicionante, limitando a orientação e mesmo as condições desejáveis a quem quer fazer fotografias. Mas, durante os meses de novembro e dezembro realizei algumas caminhadas que, mesmo não sendo muito longas, proporcionaram momentos fotográficos assinaláveis que terei muito gosto em partilhar.
Foi já no longínquo dia 1.º Outubro que fiz, juntamente com o meu colega de Peregrinações, uma caminhada que nos levou de Vila Flor à Ribeirinha, na freguesia de Vilas Boas. Seguimos um percurso em parte já mostrado, em parte novo, mas que há muito que desejava conhecer. Nas vezes em que me desloquei entre Vilas Boas e o Vieiro, ou mesmo na linha do Tua, entre Ribeirinha e Abreiro, ficava por conhecer uma área bastante agreste, nas encostas do rio Tua. Confesso que tinha bastante vontade de percorrer essas paragens a pé.
Na primeira metade do percurso seguimos mais ou menos o trajeto da Peregrinação do dia 24 de Setembro, à capela de S. Domingos, no Vieiro. O dia estava muito quente a ainda se fazia a vindima das últimas uvas.
O nosso destino era a capela de Stº. António, na Ribeirinha, onde chegámos perto do meio dia. Embora o percurso seja na sua maioria descendente, passámos junto à pedreira de Freixiel ( ou de Vilas Boas), ponto mais alto de onde se vislumbram terras de além-Tua. Também podem ser encontrados muitos antigos fornos de figos.
Tal como previa, as aldeias do Vieiro e da Ribeirinha, não estão tão afastadas entre si, como pode parecer. O caminho existe, é muito antigo, mas cada vez é menos percorrido. À exceção de alguns veículos todo-o-terreno, já ninguém se aventura por estas paragens com animais de carga e os carros de tração animal não são mais de que uma imagem na memória de muitos de nós.
Há entrada do povoado há um nicho recente, penso que seja dedicado a Nossa Senhora dos Bons Caminhos. Um pouco mais abaixo fica um dos espaços mais conhecidos do "pobo", o café Luke Luke, onde se podem comer alguns petiscos.
A capela de Stº António, segundo consta uma ermida do Séc. XVII, já foi por mim visitada há alguns anos atrás. O seu interior é simples e agora até o Stº António abandonou o seu lugar cimeiro, após uma queda que danificou bastante a imagem. Embora a Ribeirinha disponha de outro local de culto, uma capela nova também dedicada a Stº António, este espaço não está esquecido, antes pelo contrário. Todos os espaços possíveis estavam cheios de flores naturais (na sua maior parte sécias).
Embora o cansaço fosse bastante e o tempo escasso, houve ainda tempo para fazer um curto percurso pelo povoado. De salientar a existência de uma fonte de mergulho, arcada, que me passou despercebida em visitas anteriores. O espaço onde se encontra foi arranjado, mas a fonte apresentava-se cheia de ervas e suja, com ar de abandono. Acredito que pouca gente passe pelo local para admirar este património, mas espero encontra-lo mais apresentável da próxima vez que lá voltar.
A nossa viagem terminou junto ao apeadeiro da Ribeirinha, da Linha do Tua. Não sequer houve tempo para visitar o sr. Abílio, grande conversador e último guardião desta linha centenária que todos os autarcas anseiam por afogar.
O regresso a Vila Flor foi feito de carro. Foi mais uma Peregrinação a um dos locais mais remotos do concelho, onde poucos vão só pelo prazer de descobrir. Mas vale a pena, porque aqui até parece que o tempo corre mais devagar!
Percurso:
Diferenças de Altitudes 422 Meter (Altitude desde 194 Meter para 616 Meter)
Subida acumulada 112 Meter
Descida acumulada 486 Meter
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