Ano novo, vida nova - a expressão é conhecida, mas na aldeia de Benlhevai ela assume um significado de festa, convívio e encontro.
A história remonta há 16 anos atrás quando a Junta de Freguesia decidiu fazer um convívio, fornecendo o almoço a toda a população da aldeia. O objetivo primeiro era o de aproximar as pessoas, uma vez que havia algumas desavenças políticas. "À mesa" é mais fácil a aproximação.
A festa profana conjuga-se com a festa religiosa do primeiro dia de Janeiro, Dia de Santa Maria, dia de Ano Novo. Logo pela manhã começa a azáfama. Não é fácil preparar o almoço para tanta gente, mas a experiência já começa a dar os seus frutos e a grande fogueira está presente, para que não falte o combustível.
Pela manhã celebra-se a Eucaristia. A igreja está bem preservada e já é grande para a população da aldeia. Termina com cânticos ao Menino Jesus e com toda a gente a beijar o Menino e a sair pela porta da sacristia. Seguia-se depois a "arrematação das leiras". Os bens da igreja (terrenos de pasto, cultivo, colheita, alugueres e rendas) eram arrematados, renovando-se o ciclo anualmente. Esta arrematação já não se faz.
Toda a gente se dirige para o largo da aldeia, próximo da igreja, onde as mesas já estão postas e a comida acabada de fazer. Toda a aldeia está convidada e os visitantes também são bem-vindos.
A ementa foi variando ao longo dos ano, havendo mesmo a preocupação de não a repetir: num ano matou-se um porco, noutro comeu-se entrecosto de vitela, salsichas assadas com pão de forno, ou borrego estufado com batata cozida com casca, caldeirada de borrego, etc. Este ano marcaram presença frango e barriga de porco no churrasco e sopa de couve e feijão vermelho, feita em enormes panelas de ferro no lume da fogueira. Vinho e pão também nunca faltaram.
Este são convívio parece ter a aprovação das forças dívinas, uma vez que, nos 16 anos consecutivos em que se realizou nunca a chuva impediu o convívio.
A festa continua pela tarde e prolonga-se pela noite. Em edições anteriores houve a presença de ranchos folclóricos, grupos musicais, ou, a aparelhagem da junta de Freguesia animou a malta, prolongando a festa e o convívio.
Para acentuar a singularidade deste convívio em Benlhevai falta lembrar que os elementos da Junta são eleitos como independentes. Talvez em 2012 se tenha assistido ao encerramento de um ciclo, ou talvez não... vamos esperar por 1 de Janeiro de 2013.
Parabéns à Junta de Freguesia e a toda a população participante. A fraternidade de que tanto se fala na quadra natalícia não deve ficar só pelas intensões.
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