
O dia estava muito desagradável. Muito frio, muito nevoeiro e com ameaças de piorar ainda mais.


Parei várias vezes, passando os olhos pela paisagem mais próxima ou mais afastada e deixei arrastá-los pelas águas do Rio Tua que correm fartas mas tranquilas, não fora alguma açude das antigas azenhas que deram o nome à povoação.

O santuário tem um largo bastante grande que imaginei repleto de gente, música, cor e alegria, na festa a Nossa Senhora dos Remédios, no primeiro domingo de Setembro. Quanto se deve agradecer uns goles de água depois de percorrer toda a subida em procissão!
No santuário há um coreto, uma casa dos milagres e a capela que apenas pude admirar no exterior (não resisti a puxar a corda e dar duas badaladas no sineta). O campanário é em granito, com desenhos gravados e encimado por uma cruz (já incompleta) com Cristo pregado. Pareceu-me estar em alto relevo nele o ano de 1715.

Desci calmamente e entrei na aldeia pela Rua das Alminhas. Passei por uma fonte onde três grandes peixes vermelhos e alguns escuros, passeavam meios adormecidos pela água fria. Ao lado havia dois tanques públicos para lavar a roupa. Seguia questionando-me do nome da rua quando encontrei umas alminhas muito singelas com os dizeres: “Ó vós que ides passando, olhai para nós e ide rezando”. Encontrei também uma casa com um bonito arranjo de antiguidades.

Virei à esquerda e subi um pouco a Rua Cimo do Povo. Depois de uma rápida visita desci em direcção à igreja. Pelo caminho passei na Casa das Azenhas, onde se faz Turismo Rural. Continuei e entrei na igreja. Era Domingo e a chave estava na porta, coisa pouco habitual nas localidades que tenho visitado. A igreja, dedicada a Santa Justa, é pequena mas muito bonita. Como em todas as igrejas, S. Bárbara tem lugar de destaque. S. Justa ocupa o lado direito do altar mor. Numa parede lateral, a meio da igreja está, Nossa Senhora dos Remédios. Há também imagens de Nossa

Continuei a descer a aldeia. Encontrei bonitas casas tradicionais, em ruínas, a cair aos bocados. Na Rua da Capela encontrei a capela do Espírito Santo, pequena, num largo bem cuidado.
À direita havia um café e à esquerda um nicho com a Sagrada Família. Apeteceu-me um café mas continuei. Desci até ao rio. Tem um grande caudal e deliciei-me a observar a açude de uma antiga azenha.

Ouvia os carros a passar mais acima mas não há nenhuma ligação a essa estrada, tinha que voltar à aldeia. Ali perto descobri um carreiro pelo monte que permitiu subir até à estrada N604 que me levou ao Cachão.


Chegado ao Cachão, no concelho de Mirandela, estava na hora de regressar. Ainda fiz algumas paragens para admirar Meireles, algumas rochas, medronheiros e a Quinta da Veiguinha. Cheguei a casa perto das cinco da tarde. Foi um grande passeio sempre rodeando aquele conjunto de montanhas que continuam a provocar-me para mais umas “descobertas”.
Quilómetros percorridos de bicicleta: 34
Total de quilómetros de bicicleta: 303
Total de fotografias: 5520
8 comentários:
Pois é amigo Aníbal lá continuas tu com as tuas passeatas,obrigando-nos a visitar assiduamente a tua página para conhecermos mais um pouco deste "Reino Maravilhoso".Continua, pois estás a fazer um trabalho espectacular.
Um abraço
R.Salvador
bem..., isso é que foi pedalar... subir por aí acima...já vi que tens muita preparação.
Um abraço.
boas tarde
é com prazer num dia de trabalho estava na net á procura de coisas bonitas, e não é que encontro a aldeia dos meus avós numas fotografias altamentes e com uma historia fantastica. Pois fica a saber que a caminhada de bicicleta que fez, eu faço todos os anos para poder levar ao cabeço a Nossa Senhora dos Remedios. E sim é assim na festa tem muita cor muita alegria muita sede mas também muito sofrimento. Mas fiquei contente por saber que á pessoas que dão valor ás nossas aldeias de Portugal.
Com um beijinhos muito especial e de louvor
Sofia Magalhães
Assisti neste ultimo fim de semana aos festejos da Srª. dos Remédios em Vilarinho. Já há uns anos que esta romaria festiva e de animação não se realizava, devidotalvez a ser sempre os mesmos a tomar a iniciativa do festejo. Por (infelicidade)ou felicidade, este ano lá se realizou a tão desejada festa para os da terra e para aqueles que tanto gostam de ir a Vilarinho. O empenho foi como sempre dos mesmos, mas valeu apena, houve grande diversão, animação e fé.Fé para aqueles que tão dolorosamente carregam nos andores ao longo do percurso difícil e debaixo de um calor escaldante, alimentam e esperam que Nª. Srª. dos Remédios os protejam, nos seus malificios. À Nª. SRª. dor Remédios, quero tambem daqui (já que o fiz aí) pedir graças a tdos aqueles que sofrem mas um muito especial para a Tia Alice que dentro de dias vai ser sujeita a uma intervenção cirurgica e tenho a certeza que com as preces de todos e a graça de N. Sª. Remédios, a Tia Alice vai voltar a estar com a sua ainda juventude no seio de todos nós.
À nª. SR. Remédios, a todos aqueles que se interessam pela saúde do próximo, o meu muito obreigado.
Lino - Porto
Chamam.lhes montes, terrinhas sem nada, terriola, mas para mim é: a minha qerida ALDEIA !
Sem duvida que este ano a festa teve a altura da aldeia, como já não se via á muitissimo tempo. A procisão, foi lindissima, custou para toda a gente, mas sem duvida quem foi digna. Com esperas que se volte a repetir !
Digo desde de já que as suas fotos estão fantasticas. Parabens pelo trabalho.
A minha Aldeia.
Tenho enorme orgulho de pertencer a esta Aldeia. Que nossa senhora dos Remédois abençoe todos que nela têm raizes.
Um abraço para o sr, Anónio neves
Bom... vou começar por felicitar o fotógrafo destas maravilhosas imagens,e agradecer ao mesmo tempo por ter tido a fabulosa ideia de "expor" a minha (a nossa)terra ao alcance de todo o mundo com um simples "click" desde este meio de t.i.c,muitos parabéns Anibal Gonçalves. excelente e apreciado trabalho.
Surgiu devido a uma "desgraça" ou "má fase" da sua vida, onde o mesmo, a sua família, amigos, uma aldeia, e até mesmo um concelho se vulcou para uma Fé do tamanho do Universo,contribuindo "condicionalmente e incondicionalmente" na celebração de uma romaria (em grande) LINDISSIMA como a da minha aldeia. Orgulhando-me assim de ser de Vilarinho e do Concelho de Vila Flôr. Agradecer também "atrevendo-me a chamar-lhe assim" Filho de Vilarinho; por ter escolhido a "nossa" terra para dar todo o seu empenho e dedicação por ela, levando-la ao ponto de ser o que é, OBRIGADO ANTONIO NEVES.
ass: Celso Teixeira.
Quando me afastei de Vilarinho, havia em mim uma alegria indescritível e uma tristeza dolorosa. Alegria porque novos horizontes se abriam; a constituição de uma nova família leva-nos a pensar no alimento, na educação, formação etc. Tristeza, porque a minha avó, a pessoa que mais me tocou e a quem adorava de uma forma quase doentia, ficou um pouco afastada desta minha caminhada a que chamamos vida. Mas foi a minha nova família, que me ajudou a suportar a dor dilacerante da sua partida. No Vilarinho da minha infância, havia muita criança e alegria...
Adelino Azevedo
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